Capitão à procura de lugar ao sol no banco – Entrevista a Beto

    BnR: Que comentário faz atualmente ao campeonato português?

    Beto: Acaba por ser um pouco mais do mesmo, são os três eternos candidatos ao título. Muitas vezes aparece, como neste momento, o SC Braga a fazer bons campeonatos. Mas acredito que o título será sempre disputado entre os “três grandes”. Cada vez mais há um desnível entre os “grandes” e as equipas médias ou pequenas, como queiram chamar. Acredito que está mais equilibrado, mas onde os “três grandes” continuam a ser reis e senhores.

    BnR: O futebol português também tem sido assolado por polémicas. Como é possível cativar os jovens para o desporto-rei com este ambiente?

    Beto: Sabem uma coisa que digo? E não levem a mal isto que vou dizer, mas cada vez mais os protagonistas deixaram de ser os jogadores. É importante que os miúdos vejam as referências a falar, porque os jogadores são as verdadeiras estrelas. E cada vez mais vejo toda a gente a falar à volta do futebol. Existem agora outros “Domingos Desportivos” mas não a falar de futebol. Acha que esses programas de segunda a sexta são benéficos para o futebol?

    BnR: De todo…

    Beto: Tiraram o protagonismo às estrelas do futebol. Eu joguei em Espanha, como disse há pouco, e se eu perguntar quem é o presidente do Sevilha ou do Málaga, vocês sabem? Mas se eu perguntar quem é o presidente ou o diretor desportivo, por exemplo, do Feirense ou quem era o presidente ou o diretor desportivo do Arouca… Entendem onde eu quero chegar? Não é ser cínico ou puxar a brasa à minha “ex-sardinha”, como se costuma dizer, mas é a realidade do futebol português. Neste momento, não tem o protagonismo quem o deveria ter. Todos os dias existem polémicas, o “diz que disse”, e aquilo que os meninos gostavam de ver e ouvir eram os jogadores.

    O treinador do 1º Dezembro considera que os jogadores devem voltar a ser or principais protagonistas do futebol português Fonte: número f/Bola na Rede
    O ex-treinador do 1º Dezembro considera que os jogadores devem voltar a ser or principais protagonistas do futebol português
    Fonte: Número F/Bola na Rede

    BnR: Passando agora para o campo da seleção nacional, campeã da Europa em 2016 e apurada para o Mundial a disputar na Rússia. Quais são as expectativas para a competição?

    Beto: As expectativas são muito boas, eu acredito que Portugal possa fazer um grande mundial. Acho que não podemos elevar a fasquia e dizer que somos um candidato ao título mundial, acho que não devemos entrar nessa arrogância por termos sido campeões da Europa. Mas podemos ter uma palavra a dizer, o que é diferente. Agora acho que é muito cedo para nos pormos num patamar de candidatos ao título mundial. Mas eu acredito que, com a qualidade que a equipa tem, e conhecendo bem o mister Fernando Santos, porque fui treinado por ele, com o espírito de grupo que ele forma, Portugal pode ter um desempenho muito bom no Mundial da Rússia.

    BnR: E olhando para os centrais, temos elementos mais experientes, como o Pepe ou o Bruno Alves, mas depois também existem alguns jogadores a aparecer, como Rúben Dias, Rúben Semedo…

    Beto: Sim, Portugal sempre teve bons centrais. Acaba por ser, como disseste, uma mescla de centrais com alguma idade, experientes e com maturidade, que podem aportar à equipa coisas muito boas, com uma irreverência de centrais novos, que se querem afirmar e mostrar ao mundo do futebol. Por isso acredito que, independentemente de quem vá ao Mundial, Portugal tem centrais com qualidade e que podem fazer um bom desempenho no Mundial, sem dúvida.

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    Diogo Janeiro Oliveira
    Diogo Janeiro Oliveira
    Apaixonado por futebol, antes dos livros da escola primária já lia jornais desportivos. Seja nas tardes intermináveis a jogar, nas horas passadas no FIFA ou a ver jogos, o futebol está sempre presente. Snooker, futsal e andebol são outras paixões. Em Portugal torce pelo Sporting; lá fora é o Barcelona que lhe enche as medidas. Também sonha ver o Farense de volta à primeira…                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.