Durante anos (décadas?) os Sportinguistas mostraram descontentamento com a crise de identidade, rumo e resultados que imperava no clube. Os adeptos tinham três grandes exigências:
1. Dirigentes competentes que defendessem o clube;
2. Jogadores esforçados que honrassem a camisola;
3. Adeptos unidos.
Hoje, volvido um ano de mudanças completas, começo a chegar à conclusão que talvez os Sportinguistas não estejam ainda preparados para ter dirigentes competentes que defendem o clube, jogadores esforçados que honram a camisola e adeptos unidos em torno de um ideal. Outros problemas se levantam:
1 – A notória competência na gestão do Sporting tarda em traduzir-se num número satisfatório de novos sócios. Bruno de Carvalho e a sua direção devolveram ao clube a sua identidade, fecharam a torneira que jorrava gastos irresponsáveis, arregaçaram as mangas e lideram, nesta altura, um clube credível e confiável.
Quem coloca, hoje, dinheiro no Sporting, sabe que com ele está a ajudar o clube e não a encher os bolsos a um trafulha. Sabe que está a contribuir para o Sporting atingir rapidamente um rumo bem traçado que tem uma meta que todos os adeptos desejam. Mas ainda poucos perceberam que não são apenas os outros que têm de contribuir. São todos. Não basta ter bons líderes, é preciso ter uma tropa inteira que seja capaz de cerrar fileiras e marchar pelo clube. E isso ainda não aconteceu.
2 – Uma equipa de miúdos da cantera, raça, ambição e vontade de ganhar. Hoje a equipa de Futebol do Sporting Clube de Portugal é feita destes ingredientes – exatamente os pedidos em anos anteriores. Com menos interferências extra-futebol estaríamos na liderança da Liga, isto no nosso ano zero. O que se pede mais?
Não sei. Mas sei o que eu pedia a menos: críticas. Assobios. Estupidez. Bipolaridade.
É frustrante estar em Alvalade a gastar a voz e a palma das mãos para apoiar os nossos miúdos, para vir um qualquer frustrado estragar tudo em segundos com apupos. Será de assobios que o Carrillo precisa para se manter 90 minutos concentrado no jogo e perder alguma displicência? Será de insultos que o Wilson Eduardo necessita para controlar a sua ansiedade e ter mais calma na hora da finalização? Há quem ache que sim.
3 – Croquetes e Brunetes, Curva Sul e Curva Norte. Estas eram as fações do Sporting, que tinham diversos problemas entre si. A nova direção sanou-os. Com competência, com credibilidade e com confiança, uniu os Sportinguistas, convenceu os mais céticos e juntou todos os ultras na mesma bancada, recriando a maior Curva de Portugal. Mas foi suficiente?
No sábado voltámos a ver divisão. Não numa Curva, mas numa claque. Divisão que levou ao esquecimento do nosso propósito em Alvalade. Como podemos unir vozes entre grupos, se mesmo dentro de um grupo os adeptos não se entendem? Como podemos correr milhares de kms atrás do Sporting, se há quem não o faça PELO SPORTING mas sim por política e ideais extremistas?
Digam-me: é isto que é ser diferente? É que durante anos (décadas?) tudo o que nos orgulhou fomos nós mesmos, os “adeptos diferentes”. Hoje são os dirigentes e os jogadores que nos mostram o que é ser Sporting. Então e agora, orgulhamo-nos de quê?