O que o Sporting deve fazer para se tornar crónico campeão

    O futebol é o desporto que está sempre associado ao fair-play, à honestidade, ao jogo limpo, joga bonito e o respeito pelo adversário. Frequentemente se vê serem usadas essas frases feitas, “clichés”, mensagens de Marketing, e tentativa de passar uma imagem de associação a algo bom.

    A ideia é boa, no entanto, como se costuma dizer, o exemplo vem de cima. Mas no futebol, o que vem de cima, e com isto refiro-me a quem manda, pode vir muita coisa, mas poucos bons exemplos.

    Quem manda, principalmente das equipas mais bem-sucedidas em Portugal, está constantemente associado a esquemas obscuros, tentativas de ganhar vantagens, muitas vezes conseguidas, com pagamentos de favores que criam uma interligação tão grande entre as várias associações que existem dentro deste mundo que lhes retira depois qualquer poder quando devem arbitrar e condenar alguém que infringiu as regras, sob pena deles mesmos serem implicados no que estão a tentar avalizar.

    Tudo isto faz com que, apesar de todos sabermos que as pessoas ganharam muito por terem tido a vantagem de poder fazer o que nenhum outro podia apenas por não ter amigos ou pessoas que devem favores nos lugares certos, ninguém dentro do futebol pode fazer nada por estar de alguma forma “preso” num favor que lhe foi feito, ou por algo que foi permitido em determinado momento e o “restringe” dos seus deveres.

    Ninguém faz nada também porque a certo momento pode precisar de determinado favor, e no fim todos ganham de alguma forma, uns mais que outros, e de maneiras diferentes, o que passa então a mensagem de que no futebol português tudo é permitido desde que se consiga criar as redes certas.

    Assim sendo, o Sporting tem de fazer o que os outros, com os quais se quer equivaler para competir em Portugal, fazem e lhes é permitido fazer. Porque, ao recusar-se a seguir o mesmo caminho e a usar o mesmo “modus operandi” não pode exigir-se que ganhe como os outros ganham.

    Porque, por muito que os “Românticos” considerem que é possível competir de igual para igual dentro das leis com quem luta fora delas, na realidade isso é impossível, por esses terem uma vantagem competitiva enorme pelo facto de poderem fazer tudo sem restrições.

    Sporting
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Uma vez que estamos em Portugal, e sabemos como outros conseguiram e continuam a ganhar constantemente, o Sporting terá que ser humilde e aceitar os ensinamentos dos seus rivais para se tornar o novo “Rei” da “Fruta“, dos “Padres” e sem medo de ser apanhado em escutas ou mails, porque daí não resultará qualquer punição.

    Agora virão os que dizem que nos podemos orgulhar de ser o clube que não precisa de esquemas, mas serão os mesmos que vêm criticar tudo e todos porque o Sporting não consegue ganhar tanto quanto os outros.

    Portanto, decidam-se. Ou querem ter a possibilidade de poder ganhar tanto quanto os rivais, ou aceitam que isso não será possível e mantemo-nos como os “bem comportados“ e apenas isso.

    Podem dizer que mesmo assim conseguimos ganhar o campeonato, e eu aceito se concordarmos que podemos continuar a ganhar uma vez de 20 em 20 anos. E acreditem que, por muito que os jogadores ou o treinador sejam de topo, vamos continuar neste rácio enquanto o futebol português aceitar e assobiar para o lado mediante este tipo de dirigismo que o mesmo segue.

    Há 20 anos atrás, o poder estava mais dividido, e tínhamos nos nossos quadros algumas pessoas que se sabiam movimentar, tinham jogo de cintura, e por isso conseguimos equilibrar as forças. Um dos sinais que isso é verdade é o facto dessas pessoas continuarem hoje no futebol. Porque convenhamos, só esse tipo de pessoas se mantem tantos anos no dirigismo do futebol.

    Agora ganhámos porque aconteceu uma mudança de poder, com a perda de influência de um, que criou espaço para outro crescer, e nesse “entretanto” o Sporting conseguiu uma “aberta” para ganhar. No fundo, apanhou-os “distraídos”.

    Agora com determinadas pessoas reapossadas do poder que outrora tiveram, e recentemente era de outros, tornou-se novamente praticamente impossível o Sporting ganhar, pelo menos o título maior em Portugal.

    Agora o Sporting terá que decidir. Se quer continuar à espera destes momentos esporádicos para conseguir ganhar algo, ou arrepia caminho e actua de acordo com as leis do futebol português, ou a única lei que é “Sem leis” para quem tem o poder. Falta-nos conseguir esse poder.

    Porque quando perguntam pelos títulos conquistados por outros clubes e/ou presidentes, ninguém quer saber ou vai lembrar que foi numa época em que se provou ter-se conseguido através de favores, ou outra vantagem qualquer punível pelas leis do código penal. Os títulos continuarão a contar para o clube, para o presidente que os conseguiu, e os adeptos e sócios pouco ou nada se importarão como os mesmos foram alcançados.

    Como se costuma dizer, “No final das contas só fica na memoria quem ganhou, e pouco importa a forma como se ganhou”. Dos fracos não reza a história, e por isso queremos um Sporting Forte. Que sejamos lembrados por ganhar, não importa a forma, porque disso ninguém se lembrará.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.