Sem Adrien, novo modelo

    O Sporting está a atravessar um momento menos bom em termos de exibições e resultados. Esse baixar de forma da equipa começou a partir do momento em que foi necessário dar menos minutos a um determinado jogador.

    Nos primeiros pontos perdidos ainda pensei que era porque o Sporting, ao contrário de outros, após os jogos europeus, tinha a desvantagem de ter que jogar fora para o campeonato, juntando-se a isso o facto de serem deslocações difíceis a equipas do norte que sempre nos criaram problemas, no caso, Rio Ave e Vitória de Guimarães. No entanto, pensando bem, em todos os pontos perdidos houve um denominador comum: a falta de Adrien Silva na equipa.

    Podem dizer que, contra o Rio Ave, Adrien jogou. Quanto a isso devo relembrar a necessidade que Jorge Jesus sentiu em retirar Adrien mais cedo do jogo de Madrid devido ao desgaste que tinha sofrido. Desgaste esse que, juntamente com o golpe de perder um jogo nos últimos minutos trouxe para o Rio Ave um Adrien sem o poder de pressão e frescura que sempre apresenta. Para corroborar esta minha ideia, e que muitos defendem segundo já li, em Madrid sofremos dois golos após a saida do capitão. Em Guimarães sofremos 3 golos após a saída do mesmo. Em Alvalade, contra o Tondela, parecia que estávamos a jogar ao “meiinho”.

    Ou seja, sem Adrien, o meio campo do Sporting perde pressão alta na saída de jogo das equipas adversárias, e qualidade na definição dos lances ofensivos. A equipa adversária pode variar jogo sem qualquer pressão. Adrien corta a construção de jogo do adversário, para além de toda a qualidade técnica a guardar a bola e encontrar espaço para sair de pressão. Podem dizer que um jogador não pode fazer tanta diferença numa equipa, mas este faz, pelo menos nesta forma de jogar do Sporting.

    Foi muito importante a permanência de Adrien Silva no plantel em agosto Fonte: Sporting CP
    Foi muito importante a permanência de Adrien Silva no plantel em agosto
    Fonte: Sporting CP

    Já no ano passado eu dizia que podiam vender qualquer um menos o Adrien, e notou-se que o treinador também pensava o mesmo. Apesar de quase ter obrigado o capitão a ficar, sabia que durante a época, em alguns momentos teria de ficar sem ele. E em vez de treinar outro modelo para a equipa quando não estivesse Adrien, tentou trazer algum que pudesse fazer o mesmo papel. Seria mais fácil ter um modelo de jogo alternativo. Já ouvi dizer que temos em alguns dos jogadores emprestados alguém capaz de fazer o mesmo, mas não me parece. Para aguentar a intensidade durante um jogo inteiro e ter aquela capacidade técnica e táctica, terão que nascer dez vezes (onde já ouvi esta?).

    Dir-me-ão que mesmo assim os emprestados terão mais qualidade que Elias. Não sei, porque também não sei como encaixariam ou não na equipa. Sei que alguns trariam mais intensidade, mais que isso não sei. Meli, por exemplo, está lá e não sei se é bom… Eu escolheria o Paulista que até estava a fazer bons jogos de pré-época. Mas também não podemos contar com ele. E mesmo esse não conseguiria aguentar o ritmo que Adrien coloca no nosso meio campo.

    A culpa de jogarmos de forma lenta sem o Adrien não é dos jogadores, porque eles são lentos por natureza. Alguns parecem melhores com Adrien em campo porque aí não ficam tão expostos. Os próprios defesas laterais ficam menos expostos porque o adversário não consegue circular e variar jogo nos flancos com tanto à vontade. E por muito bom ou mau que seja um jogador, quantas mais vezes tiver que fazer uma determinada acção, mais hipóteses terá de errar.  Acontece isso com os laterais, mas também com os centrais, porque se o meio campo não pressionar o adversário, estes terão todo o tempo de pensar o jogo, correr com a bola, lançar nas costas. Eu não vou ser dos que vêm agora dizer que os nossos jogadores não são bons… Só que parecem melhores com o capitão no campo.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.