Sempre ouvi dizer que tudo tem um preço, que há até quem vendesse a sua mãe se fosse necessário, expressão excessiva a querer apenas ilustrar o amor maior que existe, o de uma mãe a um filho/filha que não deveria ser possível mensurar.
A verdade é que tudo é quantificável, dependendo do nível de apego que o detentor tenha ao que o investidor pretende adquirir. A questão mais preocupante é perceber que a sociedade cada vez menos dá valor ao que sente e mais ao que pode ter, ao que pode comprar, ou à vantagem financeira que ter alguma coisa lhe pode garantir.
Já poucos são os que dão valor às demonstrações de afecto, preferindo escolher quem lhes possa comprar tudo o que desejam, o que não deixa de ser uma demonstração de afecto mas que vai desvanecendo conforme o poder de compra.
Relativamente aos “Sportinguistas” que estão a vender os seus lugares em Alvalade a sócios e adeptos rivais estão no fundo a vender-se e a vender o seu” amor” ao Sporting por algumas dezenas de euros, quiçá centenas. Pouco importa o valor.
Bem sei que há quem defenda que “amor com amor se paga” e há sócios leoninos que estão desiludidos com o Sporting, o que os faz pensar que se o seu clube não retribui com o mimo de “títulos” que eles esperam então também não têm a obrigação de o amar. A questão é que o verdadeiro amor é incondicional.
Não podem fazer juras de amor e vir depois traí-lo por géneros. Ou amas ou não amas. Não se ama mais ou menos dependendo do que o outro lado nos dá. Se deixares de amar tens apenas de o assumir e dar lugar a outro que verdadeiramente ame.
Mas pior do que deixar de amar é, antes de deixares o lugar livre, conhecendo tu de antemão quem ocupará o lugar, garantires pelo menos que não fica entregue a alguém que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que tudo de mal aconteça ao que era supostamente objeto do teu “Amor”. Ou então nunca foi amor. Isso é pior que traição, é uma atitude que demonstra ódio, porque, para além de abandonares esse amor ainda deixas no lugar quem sabes o irá tentar prejudicar.
Amor não se explica, sente-se. Mas não se compra, nem sem vende.
Se vendeste não é Amor, nunca foi, porque o abandonaste quando ele mais precisou.