O Sporting venceu hoje a Supertaça e, na minha opinião, a vitória nem sequer é o ponto mais positivo da noite. Os “leões” estiveram muito bem em campo, com alguns destaques, como João Mário, Naldo, Paulo Oliveira e Slimani.
O Benfica entrou mal nas duas partes, e nunca foi uma equipa perigosa no ataque. Lembro-me apenas de um cabeceamento de Jonas na primeira parte e pouco mais. No final, ainda tentaram o tradicional “chuveirinho”, mas sem sucesso. Não se pode dizer que os “verde e brancos” tenham tido mais oportunidades, mas foram sempre mais ofensivos e o jogo foi mais jogado no meio campo “encarnado” do que no leonino.
Apesar de se apresentar sem William Carvalho, o Sporting esteve muito bem, com Adrien e João Mário a não sentirem problemas perante Talisca (será que ele soube que o jogo era no Algarve?) e Samaris. Islam Slimani fez um jogo fantástico, em que faltou apenas a cereja no topo do bolo, diga-se, o golo. O argelino comanda os colegas nos momentos de pressionar a defensiva contrária, corre por todo o lado e até já sabe jogar bem com os pés, coisa que não acontecia quando cá chegou. Muito mérito também para Leonardo Jardim e Marco Silva, que não devem ser esquecidos neste momento. Em suma, Slimani foi um quebra-cabeças constante para os dois centrais sul-americanos do Benfica, ao contrário de Teo Gutiérrez que, ainda assim, foi o homem-golo da partida. O colombiano marcou um golo limpo na primeira parte (mais uma vez aconteceram “coisas esquisitas” no Estádio Algarve entre Benfica e Sporting) e desviou o remate de André Carrillo, que só parou no fundo das redes. Contudo, Gutiérrez parece ainda um pouco preso de movimentos, não tendo ganho um “sprint” a Jardel e a Lisandro López, que foi um dos melhores na equipa do Benfica.
Nas alas, Bryan Ruiz e Carrillo estiveram bem na circulação de bola e nas movimentações em frente da grande área benfiquista, mas, naturalmente, estarão a um nível ainda mais alto com o decorrer da temporada. Para já, as movimentações e trocas posicionais perto da linha defensiva adversária fazem crescer água na boca dos sportinguistas. Prova disso é o golo que foi válido, e que nasceu de uma incursão de “La Culebra” no espaço deixado entre Fejsa e a dupla de centrais do Benfica. No meio campo, como já disse, Adrien esteve muito bem a nível defensivo, mas João Mário é que fez um jogo monstruoso. Receção e controlo de bola, visão de jogo, maturidade, inteligência na posse de bola foram predicados mostrados com grande classe pelo jovem formado em Alvalade.
A nível defensivo, Naldo e Paulo Oliveira estiveram gigantes, tanto na marcação a Jonas e Mitroglou, como nas “dobras” aos companheiros quando estes eram ultrapassados pela velocidade de Ola John ou pela magia de Gaitán. Pelo que vimos até agora, estão resolvidos os problemas na defesa do Sporting, que tanto atormentaram o clube na época passada. Continuo a acreditar plenamente que, se houver justiça, Paulo Oliveira terminará a época em França, no Europeu com a seleção portuguesa. Jefferson, sempre em alta rotação e com cruzamentos venenosos, é garantia de qualidade e João Pereira, apesar de ainda não estar na melhor forma física, também não nos deixou ficar mal hoje.
Em relação ao Benfica, penso que faltam soluções, principalmente para as alas, tanto a nível defensivo como ofensivo. Nélson Semedo não comprometeu mas não é solução para agarrar desde já a titularidade e Sílvio mostrou alguma fadiga e falta de concentração. Se tivesse sido João Pereira a ter cartão amarelo e pisar Slimani como fez Sílvio no início da segunda parte, seria um escândalo… No ataque, Ola John até esteve bem, mas quando o holandês é titular e Gonçalo Guedes é a primeira opção que sai do banco para aquele lugar, alguma coisa está errada nas “águias”.
A equipa de arbitragem falhou, principalmente em três lances. O golo mal anulado a Gutiérrez, a expulsão perdoada a Sílvio e um penálti claríssimo a favor do Benfica, cometido por Carrillo sobre Gaitán, que também não percebo como Jorge Sousa não assinalou.
O Sporting mostrou já ter as garras bem afiadas neste princípio de época, onde poderá efetivamente lutar por títulos. Carlos Mané (que entrou bem na partida, com alguns dos seus raides característicos), Alberto Aquilani, William Carvalho, Ewerton ou Fredy Montero são elementos que também acrescentarão qualidade e competitividade ao onze preferido de Jesus no início de época. Afinal de contas, está aí também o início do campeonato e o “play-off” da Liga dos Campeões contra o CSKA Moscovo.
Nota final para Jorge Jesus: continua a ser demasiado vaidoso e até “gabarolas” nas vitórias, coisa que lhe poderá sair cara numa altura mais adiantada da época. Está a trabalhar muito bem a nível técnico, mas deverá ser mais contido a nível de discurso, apesar de manter este polémico e duvidoso estilo de há seis anos para cá.
A Figura
Slimani – Já o disse acima, mas repito: Slimani está feito um jogador de alto gabarito. Já o tinha visto nas bancadas de Alvalade frente à Roma, e novamente hoje. O argelino corre, serve, é a verdadeira referência atacante dos “leões”. Até já faz assistência de calcanhar… A luta pela titularidade só poderá ser entre Fredy Montero e Teo Cutiérrez, porque Slimani, a jogar assim, é intocável.
O Fora-de-Jogo
Luís Filipe Vieira – Poderá ser estranho colocar aqui o presidente do Benfica, mas Rui Vitória não tem as mesmas soluções que os seus antecessores tiveram, como Vieira tinha prometido. O plantel está notoriamente mais fraco e Rui Vitória terá tarefa mais difícil. Este é um duro golpe em Luís Filipe Vieira e na estrutura “encarnada”.
Foto de capa: Página de Facebook do Sporting Clube de Portugal