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Portugal 0-1 Alemanha: Mini-Mannschaft rouba-nos o sonho!

cab seleçao nacional portugal

Justo e inequívoco. Assim se pode caracterizar o triunfo da selecção alemã sobre Portugal na final do Europeu Sub-19. Com o dobro dos ataques, o dobro dos remates e muito mais posse de bola, a Alemanha controlou sempre as operações e nunca deixou de se revelar mais madura, mais pragmática e mais fresca do que Portugal ao longo da partida.

Depois de traçarem um percurso notável até à fase final do Europeu, Portugal e Alemanha confirmaram na Hungria que eram as duas equipas mais fortes da competição. A equipa portuguesa, de resto, venceu os três jogos da ronda de qualificação, venceu os três jogos da ronda de elite e venceu os três jogos da derradeira fase de grupos. Com este trajecto 100% vitorioso, repetiu a presença do ano passado nas meias-finais. Novamente contra a Sérvia, uma vez mais com penalties à mistura. Desta vez a sorte sorriu à turma lusitana e os nossos meninos tiveram o mérito e o privilégio de disputar à tão ansiada final.

André Silva foi um dos jogadores em destaque neste Euro Sub-19  Fonte: UEFA
André Silva foi um dos jogadores em destaque neste Euro Sub-19
Fonte: UEFA

A história do jogo desta tarde resume-se rápido: a Alemanha, com o seu futebol simultaneamente musculado e técnico, dominou durante os 90 minutos e venceu bem. Na primeira parte, Portugal apresentou-se com um bloco baixo (muitas vezes com onze homens atrás da linha de meio-campo), confiando na mobilidade e na capacidade de explosão dos seus atacantes para chegar ao golo através de transições rápidas. Porém, a pressão alta e o excelente posicionamento defensivo dos germânicos inviabilizou a maior parte das saídas de bola dos pupilos de Hélio Sousa, que se viram obrigados a recorrer demasiadas vezes ao ineficiente jogo directo para chegar à área adversária. A qualidade de passe, a velocidade de circulação e a confiança com a bola no pé – o ADN da equipa portuguesa até à final – não se fizeram notar e pouco antes do intervalo Mukhtar fez o golo que tranquilizou a Mannschaft e que acabou garantir a vitória alemã. No segundo tempo, mais do mesmo. Apesar de mais afoita, chegando mais vezes à baliza adversária e pressionando mais à frente, a selecção portuguesa nunca foi capaz de pôr em causa a supremacia da Alemanha, que, com inúmeras ocasiões para dilatar a vantagem, continuou a ser a equipa mais perigosa.

Este torneio, e esta final em particular, permitem-nos tirar algumas conclusões em relação aos dois finalistas. Por um lado, a Alemanha colheu mais um fruto da sua acertadíssima política futebolística – este título resultou da mesma aposta na formação que levou Lahm a erguer o troféu da Copa do Mundo há poucos dias e que fez da Bundesliga um dos mais fantásticos campeonatos do planeta. Com um conjunto de jogadores muito jovens mas muito experimentados (todos com rodagem no futebol sénior, a maior parte deles em equipas do primeiro escalão), a Alemanha limitou-se a confirmar o favoritismo com que partiu para a final.

A Alemanha venceu e convenceu neste Euro Sub-19  Fonte: UEFA
A Alemanha venceu e convenceu neste Euro Sub-19
Fonte: UEFA

Por outro lado, Portugal voltou a provar que há muito talento dentro no nosso país, que o trabalho desenvolvido pelos clubes e pela FPF no futebol juvenil tem sido muito bem feito e, ao mesmo tempo, que urge mudar a filosofia do nosso futebol se queremos manter-nos competitivos face às grandes potências do desporto-rei. O que não nos falta são grandes jogadores jovens. O que nos falta é apostar de forma sistemática, contínua e convicta nesses grandes jogadores jovens. Tal como acontece na Alemanha. Os clubes portugueses – não só “três grandes”, mas todos os clubes profissionais – têm de dar oportunidades reais aos jogadores das suas canteras. Tal como acontece na Alemanha. Olhamos para o onze da Alemanha e vemos onze jogadores de onze clubes diferentes. Olhamos para o onze de Portugal e vemos um jogador do Ribeirão (a excepção), um jogador do Manchester City (que ilustra o êxodo cada vez mais frequente e cada vez mais precoce de jovens promessas lusas para o estrangeiro) e… nove jogadores das equipas B dos “três grandes”. Está tudo dito!

Para finalizar, não posso deixar de confessar o orgulho que senti ao ver esta mui nobre geração de guerreiros portugueses chegar à final. Portaram-se lindamente, dignificaram as quinas que trouxeram ao peito e fizeram-nos sonhar. Sob pena de ser injusto, gostaria de destacar três jogadores: Rony Lopes, a estrela; Tomás Podstawski, o capitão; André Silva, o melhor marcador. Giram eles bem as suas carreiras e podem em breve vestir a camisola da selecção principal de futebol.

Um miúdo de 17 anos e uma questão … central

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atodososdesportistas

Depois de um jogo de apresentação (a)típico aos sócios (os adeptos esperavam ver uma equipa fresca e futebol espectáculo, mas os jogadores estavam claramente em ritmo de treino, em ritmo de equipa que está a gerir índices físicos), a calmaria voltou ao reino ao dragão e cada vez mais o plantel azul-e-branco começa a ganhar contornos finais: Abdoulaye, Josué, Licá e Ghilas viram confirmada a já anunciada saída da equipa (ao que tudo indica, o argelino irá rumar a Braga para ganhar minutos e… golos), Jackson chegou ao Porto e mostrou-se disponível a renovar (o que é um volte-face nesta novela que o empresário do colombiano insiste em continuar), e Kadu, Graça, Kayembe e Paciência nem jogaram no jogo de apresentação, o que dá a certeza de que numa fase inicial serão relegados para a equipa B.

Para “arrumar a casa” restam fechar os dossiers de Defour, Varela e Sami (no caso do médio a saída para a Holanda é eminente; o extremo, que pediu para sair, ainda não se sabe onde será colocado, e Sami é dado como outro possível jogador a rumar a Braga por empréstimo, coisa que em nada me agradaria) e concluir o plantel com a aquisição de um defesa central e, a sair Sami, de um avançado com características de “nº 9” (visto que com a entrada de José Angél fechámos assim as alas da defesa portista). Para estas posições fala-se no espanhol Marcano e no mexicano Jimenéz – coisa que em nada é novidade para quem tem andado dentro do universo portista.

Posto isto, e acreditando que o nosso plantel não fugirá muito destes nomes acima referidos, venho aqui escrever sobre a minha principal preocupação neste Futebol Clube do Porto: “os centros”. Não os centros cruzados, porque aí temos um leque de opções que qualquer equipa gostaria, mas sim os centros da defesa, meio campo e ataque.

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José Ángel chega ao FC Porto para competir por um lugar com Alex Sandro
Fonte: uefa.com

No centro da defesa, Martins Indi está destinado a ocupar a vaga de Mangala e jogar como “central esquerdo” ao lado de Maicon/(outro central), pois o brasileiro não me parece mostrar ainda a consistência para ser um jogador regular, embora goste muito dele e acredite que poderá vir a ser! No “extremo oposto dos centros”, a posição de nº 9, a ser entregue a Jackson, e se Jackson estiver com a cabeça no Dragão, estou descansado.

Resta-me o “centro central” (perdoem-me esta dança de centros!), e é aqui que reside a minha dúvida/medo: Lopetegui é um treinador que aposta em jovens, que não tem medo de atacar o título com uma equipa liderada maioritariamente por miúdos, miúdos que, por virem do Barcelona, Real Madrid e Atlético, podem ter egos bastante perigosos… Mas será que Lopetegui será corajoso o suficiente para apostar num jogador que já demonstrou ter qualidade para agarrar desde já a posição 6 e ser o novo “polvo” do onze azul-e-branco? Falo, pois claro, de Rúben Neves. Com 17 anos feitos em Março do corrente ano, tem idade de júnior mas uma maturidade que impressiona todo e qualquer espectador que o veja jogar. Devo referir que, como Jorge Jesus falou quando Matic saiu do conjunto da Luz, concordo que apostar num jovem da formação de imediato é quase impossível (“era preciso nascerem 10 vezes”), mas, no caso de Rúben, parece-me que este menino é um desses casos raros. Transporta a mística do dragão ao peito e, a par de Helton e Quaresma, é o jogador com mais anos de casa. Não peço que lhe entreguem a braçadeira de imediato (como é lógico!), não peço que façam dele o “novo William de Carvalho” (que apareceu em circunstâncias semelhantes, lembro…); peço, sim, que Lopetegui… aposte nele!

Ser o novo “polvo” pode ser demasiado para um jogador que não se limita a defender (relembro o jogo de apresentação e muitos da pré-época que confirmou que o jovem gosta de aparecer em zonas de finalização), um jogador que se assume marcador de cantos e bolas paradas laterais e que, acima de tudo, não tem medo de ser o pêndulo do meio campo quando a equipa faz as rápidas viragens de jogo que tanto temos visto serem efectuadas.

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Varela com a camisola do FC Porto – uma imagem que não se repetirá na nova época
Fonte: uefa.com

Não quero atribuir a Rúben o peso (que é impossível de lhe fugir) de ser uma espécie de novo Fernando, com o sentimento de dragão de Lucho e uma alma de Moutinho que enche o campo. Por isso, vou apenas chamar-lhe… Miúdo. Um miúdo no qual tenho imensa esperança, um miúdo cujo futebol me transmite imensa alegria e ainda mais vaidade quando tenho oportunidade de dizer “aquele miúdo joga no meu clube!”. Por isso, Rúben, não deixes de trabalhar! O futebol é recompensado pelo esforço que cada um deposita no seu dia-a-dia, e acredito, do pouco que vi, que ainda serás uma das revelações da época (sendo que da pré-época já foste a maior dos três grandes).

Com isto, não me estou a esquecer de Casemiro, Herrera, Oliver e até mesmo de Evandro, Carlos Eduardo, Quintero ou Brahimi (estes últimos dois só num esquema com um “nº 10”, e quanto a Evandro ou Carlos Eduardo parece-me que um deles terá um empréstimo à espreita), mas, respeitando sempre as escolhas do treinador, penso que, pelo menos para competições internas, começar a introduzir Rúben Neves seria o tónico perfeito para a explosão de um jogador que tem tudo para vingar de dragão ao peito e, quiçá, com o tempo ser um dos mais jovens capitães de sempre da equipa da Invicta. São 17 anos de puro talento que espero não ver serem desperdiçados devido aos milhões gastos em jogadores de grande qualidade mas que até ao momento justificam menos estarem a jogar do que a nova coqueluche azul-e-branca.

Os próximos dias serão demonstrativos daquilo que são as ideias finais do timoneiro portista, e estou confiante de que as minhas palavras se traduzirão em campo…

FORÇA, MIÚDO!

Tour de France 2014: o rescaldo

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Cabec¦ºalho ciclismo

Todos os anos, no dia seguinte à final do Tour, a sensação é a mesma. Uma vontade enorme de voltar atrás no tempo. É que esperar mais um ano para ver esta corrida mágica parece sempre uma eternidade! Seria bem mais fácil carregar no rewind e andar três semanas para trás. Este ano esse sentimento é redobrado. Sinto que as quedas nos roubaram o que poderia ter sido uma das melhores Voltas à França dos últimos (largos) anos. À partida tínhamos Froome, Contador e Nibali em busca da camisola amarela e, sabendo agora o nível que Nibali apresentou, que luta fantástica teria sido entre eles. Tínhamos Cavendish que queria aproveitar o facto de a prova começar no seu Reino Unido para mostrar ao mundo que ainda é o melhor sprinter do mundo. Tínhamos também (agora um interesse mais nacional) Rui Costa como chefe de equipa, o que me despertou uma enorme curiosidade pois tanto eu como muitas gerações passadas nunca tivemos oportunidade de ver um português nesse papel, ainda por cima com a camisola de campeão do mundo! Um lugar no top10 parecia realisticamente alcançável e com possibilidade de sonhar com um pouco mais. Pois é, não tivemos nada disso e fica também um sentimento de grande frustração. Apesar de tudo, não foi um Tour para esquecer, muito pelo contrário – tivemos uma boa corrida com momentos memoráveis, mas é impossível não pensar no que poderia ter sido.

Destaques

Vicenzo Nibali -> Começo pelo óbvio, que prestação sensacional! O italiano terminou com uma vantagem superior a 7min30s do segundo classificado, apresentando um nível muito acima de toda a concorrência que, apesar de ter sido privada dos dois maiores nomes, não era propriamente composta de meninos de coro. Ainda havia Valverde, Pinot, Rui Costa, Garderen, Mollema, Ten Dam, Rolland… A verdade é que o tubarão se destacou de tal maneira nas montanhas que parecia que estava a nadar num mar cheio de sardinhas. 16 anos depois de Pantani, um italiano volta a ganhar o Tour e junta-se ao restrito grupo daqueles que venceram as três grandes provas. Fica também para a história uma etapa memorável em que, apesar de ser o camisola amarela e ter mais de 5min de vantagem sobre o segundo classificado, Nibali atacou de uma forma que já não se via um líder da classificação fazer há muitos, muitos anos, deixando a mensagem clara de que ele estava num planeta à parte de todos os outros e que, mesmo que houvesse Froome e Contador no pelotão, não seria fácil batê-lo.

 

Rafal Majka -> Antes de começar a prova refilou publicamente com a sua equipa porque não queria ir ao Tour, preferia ficar a preparar-se para a Vuelta. Apesar disso, desde cedo que lançou o desafio a Rodriguéz pela luta da camisola da montanha. Venceu esse duelo com larga vantagem e trouxe a camisola das bolinhas para casa. Pelo meio venceu duas etapas e deu muito espetáculo nas montanhas. Para quem não queria ir, nada mau! Disse depois que se apaixonou pela prova (como não?) e que mal pode esperar para voltar. Depois do que fez no Giro mostra-se cada vez menos como uma promessa de futuro e cada vez mais como um grande ciclista da actualidade.

 

A “brigada francesa” -> Há muitos anos que a França não colocava um homem no pódio do Tour, mas este ano colocou dois. Dois no top3 e três no top6. Péraud, Pinot e Bardet fizeram provas impressionantes e sempre com duelos interessantes entre si. Péraud e Pinot disputaram até ao contra relógio um lugar no pódio com Valverde e durante a etapa, quando rapidamente se percebeu que Valverde estava em dificuldades, ofereceram-nos um duelo ao segundo pela segunda posição no pódio. Já entre Pinot e Bardet, para além da luta na classificação geral, havia também outro duelo particular, o duelo pela camisola branca, que premeia o melhor jovem. Se Pinot perdeu a luta com Péraud, venceu a luta com Bardet conquistando a camisola branca com 3min11s de vantagem. Para além disso, a equipa AG2R venceu a classificação por equipas com 34min46s de vantagem sobre a Belkin, segunda classificada, e com uma vantagem superior a uma hora para todas as outras equipas. Em França, esta edição não será esquecida tão rapidamente.

 Belkin -> Tenho de fazer uma pequena menção à equipa holandesa que, além de levar uma etapa para casa, ficou em segundo lugar na classificação por equipas e a par da AG2R é a única equipa a colocar dois ciclistas no top10.

Rafal Majka, um dos grandes destaques da prova.  Fonte: Cyclingweekly.co.uk
Rafal Majka, um dos grandes destaques da prova.
Fonte: Cyclingweekly.co.uk

Surpresas

A “brigada francesa” -> Novamente. Foi a grande surpresa do ano e nada mais se compara. Ninguém apostava à partida em três franceses no top10, quanto mais em dois no pódio. É verdade que isto se deve ao facto de não haver Froome e Contador, mas mesmo depois dos seus abandonos, muito poucos acreditavam que isto poderia acontecer.

 Desilusões

Valverde -> Nunca conseguiu um lugar no pódio do Tour e este ano não soube aproveitar a melhor oportunidade que alguma vez teve ou terá. Sem Froome e sem Contador, todos esperavam que Valverde fosse no mínimo terceiro classificado, mas apresentou-se no contra relógio em tão má forma que desceu de segundo para quarto e não esteve à altura da camisola de campeão espanhol que envergou nesse dia. O desastre foi tão grande que, aos 35 anos de idade e com um Quintana a disparar na mesma equipa, parece que acabou a aventura do Tour para este ciclista que marcou o século XXI. É pena vê-lo sair da ribalta desta forma, mas parece-me que apenas lhe resta a Vuelta, e isto por ser a prova do seu país natal.

 

Rui Costa -> Coloco o ciclista português nas desilusões não tanto pelo seu desempenho na estrada, mas por não ter tido capacidade física este ano para resistir às durezas do Tour. Rui Costa fica doente e abandona a prova mais cedo deixando uma série de expectativas por cumprir. Felizmente para ele, ainda está na fase da carreira em que há sempre o próximo ano.

Peter Sagan teve um Tour agridoce Fonte: cyclingperspective.com
Peter Sagan teve um Tour agridoce
Fonte: cyclingperspective.com

 PS: Não posso acabar este artigo sem mencionar Peter Sagan. A verdade é que não sei em que categoria o colocar. Sagan esteve em destaque por vencer novamente a camisola verde (já a 3ª consecutiva), mas também foi uma surpresa e desilusão o facto de não ter conseguido vencer nenhuma etapa.

FC Porto 0-0 Saint Etienne: Finalmente em casa

amarazul

Hoje escrevo de um ponto de vista diferente. Totalmente inédito. Aproprio-me de todas as características de uma criança que vive o seu sonho. Hoje, escrevo regressado do Estádio do Dragão pela primeira vez na minha vida e com um sonho realizado. Finalmente em casa!

Viajar para o Porto era uma aventura e entrar no Dragão nada mais seria do que ouro sobre azul. Ao fundo da imensa escadaria, o mais belo estádio do país, lá estava, à minha espera. Era a minha primeira vez na minha ‘casa’. Nervoso, inspirei fundo, controlei toda a ansiedade e dei o primeiro passo. Não queria voltar atrás. Subi cada degrau com tanta vontade quanto possível para me sentar naquela cadeira azul e ver o meu Porto jogar. Para ver o meu Futebol Clube do Porto apresentar-se aos adeptos com o Saint Etienne. O resultado, 0-0, deixa a desejar – mas foi o que menos interessou.

Afirmo, com toda a razão que me compete e possa ou não ser dada, que não há melhor palco do que este para se gritar Porto, respirar Porto, viver Porto. Durante cerca de três horas, o relvado encheu-se de estrelas para deliciar os quase 50.000 espectadores presentes.

Dragão. Seguindo a tradição, foi ele, fiel ícone chinês, o primeiro protagonista do dia, com Julen Lopetegui a fazer as honras de espada na mão e a compor um dueto praticamente perfeito. Seguiu-se um hastear de bandeiras de proporções épicas e os primeiros grandes aplausos, com a equipa a chegar literalmente a reboque num veículo potente, fazendo jus ao espírito de guerreiros sempre preparados (o tal epíteto que a nova marca de equipamentos, Warrior, associou a esta equipa).

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Como sempre e em especial hoje, o azul e branco pintou o Estádio do Dragão.

Num jogo de apresentação, já se sabe, a equipa roda entre si até todos (ou quase) os elementos pisarem o relvado. Na primeira parte, um equipamento; na segunda, o alternativo. Mas não foi apenas a isto que se resumiu o encontro: o Futebol Clube do Porto deu indícios de magia e deixou promessas de uma boa época. Não, não foi o jogo com mais oportunidades de golo; assim como não foi o mais dominado – até porque Fabiano foi o guarda-redes que mais esteve em ação. Mas foi um encontro perante cinquenta milhares de adeptos com fome de golo, protagonizado por uma equipa nova, jovem e em evolução. Foi, em suma, a festa azul e branca.

Pecou apenas pela falta de golos, mas, no final, o recinto fez esquecer o resultado e põe água na boca daqueles que por ali passarão ao longo das próximas semanas. Despeço-me feliz como não havia imaginado. Não quero largar a cadeira azul. Não lhe quero virar as costas. Quero ficar sentado a contemplar o relvado que agora cheira novamente à água que o trata. Quero ficar.

É um até já, Dragão. Um até já emocionante. Que comece a época!

A Figura

O Dragão. O estádio, as cores, a organização, os participantes, os futebolistas, os adeptos. Num jogo de apresentação, o tempo ê distribuído por todos aqueles cuja candidatura a interveniente foi aceite e tudo o resto ganha uma outra força. Os 47.000 espectadores presentes e a enorme festa proporcionada pelo Futebol Clube do Porto.

No relvado propriamente, Oliver Torres. Como dizem, “chegou, adaptou e encaixou”. O jovem reforço está no Porto para brilhar e se dúvidas houvessem ficaram esclarecidas no seu primeiro jogo perante os agora seus adeptos, onde se assumiu como a principal figura ao acrescentar dinâmica a todo o meio campo ofensivo com passes rasgados de uma lateral à outra e da parte recuada do terreno ao último terço, onde mostra grande à-vontade.

O Fora-de-jogo

Insatisfação. Tomamos consciência da dimensão e das exigências de um clube quando, num jogo (amigável, claro) de apresentação aos adeptos, se ouvem assobios – que servem ainda para nós nos apercebermos de quão a leste estão muitos dos adeptos. Ser exigente é bom, sim. Querer ganhar também. Mas no devido espaço e lugar. O Futebol Clube do Porto está em reconstrução, mostra sinais disso e promete melhorar. Hoje era dia de celebrar a festa que é o futebol.

Liga Fut7: Quem ganha é o desporto

É no campo dos Unidos da Pontinha que se jogam todas as decisões. A tarde é de sol, e os intervenientes começam a chegar. Falamos da fase final da Liga de Futebol 7, organizada pela SideLine. Mas em que consiste? A SideLine é uma empresa de organização de eventos, quer desportivos, quer de outro cariz, e organiza, há quatro anos, o campeonato de futebol de 11 empresarial. Como forma de complementar a liga, foi criado este mini-campeonato no final da época, para garantir que as equipas tenham ritmo durante as férias. Nas palavras de Vitor Alves, CEO da SideLine , este torneio de futebol 7, que já vai na segunda edição, tem sido um sucesso. “Das 30 equipas do campeonato de futebol 11, oito mostraram-se interessadas. O nosso objectivo é promover a camaradagem e o desportivismo. São esses os valores presentes, mas, como em qualquer prova, há sempre ambição e todas as equipas querem ganhar. ” Neste segundo ano da prova, os moldes são diferentes. Dois grupos numa primeira fase e depois eliminatórias para se decidir os finalistas, ao contrário do antigo molde, de um campeonato a duas voltas.

Vítor Alves, o CEO da SideLine Foto: Ricardo Pais
Vítor Alves, o CEO da SideLine
Foto: Ricardo Pais

Ricardo Fonseca, gestor de projectos, explica as mudanças. “Este novo formato aumenta a competitividade e faz com que todas as equipas tenham hipóteses. Mesmo não terminando em primeiro no grupo, é sempre possível sonhar com o título. No antigo molde, corríamos o risco de o último classificado não aparecer ou jogar sem motivação num jogo importante na luta pelo título. Daí estas mudanças”. O fair-play e a camaradagem estão sempre presentes. “Observamos sempre o comportamento dos jogadores em campo, principalmente de equipas novas e que se queiram inscrever na Liga de futebol de 11. Qualquer conduta agressiva é punida com três ou quatro jogos, para darmos a entender ao jogador que esse não é o caminho que queremos”, afirma Ricardo Fonseca.

Calendário de jogos:

7.º/8.º lugar: NG Remax vs C.D. Olivais e Moscavide

5.º/6.º lugar: Vodafone vs Emel

3.º/4.º Fidelidade vs Biqueiras Aço

Final: G.D. M.P.L. vs CARRIS

Camaradagem, desportivismo e convívio são as palavras de ordem nesta prova e isso é notório desde o primeiro momento. Treinos ou jogos, estes valores estão lá. Há as habituais bocas e discussões de quem joga futebol, mas é tudo entre jogadores que já se conhecem há algum tempo. Rivais dentro de campo mas amigos dentro e fora dele. O primeiro jogo é entre o NG Remax e o Olivais e Moscavide, pelo 7.º lugar. Uns quilos a mais, a idade também já não perdoa, mas há ali vontade de se fazer aquilo de que mais se gosta e com alguma qualidade. Há livre, e é o numero 16 do Olivais e Moscavide (um dos melhores em campo para o conjunto da zona da Expo) que abre o marcador num grande pontapé. O jogo está vivo; o guarda-redes da equipa lisboeta mostra que a idade é apenas um número, ao segurar o resultado com algumas defesas brilhantes. Ouve-se no banco de suplentes “E anda o Benfica atrás de um guarda-redes, com este aqui”. É a boa disposição que caracteriza esta prova.

Mas nem o número 19 nem o guarda-redes fazem valer ao Olivais e Moscavide. Ninguém acompanha o ataque pela esquerda e os jogadores estão demasiado juntos. Ninguém abre o jogo, ninguém se desmarca. Já os homens da Remax sabem o que fazer em campo e não lutam apenas pelo 7.º lugar. Nuno Duarte pode acabar como melhor marcador da prova, só precisa de três golos. Fruto de jogadas bem trabalhadas e ataques rápidos, o NG Remax chega ao intervalo por 4-1. Uma reviravolta justa no marcador. Já Nuno Duarte só está a um golo do objectivo. Vindo de lesão, o número 9 da Remax chega ao topo de melhores marcadores no segundo tempo. O guarda-redes da imobiliária também vai mostrando serviço, com algumas defesas, mas já não há nada a fazer para o Olivais e Moscavide. No final, o 6-2 para o NG Remax dá o 7.º lugar a estes, mas todos saíram vencedores de um jogo que, mais do que definir lugares, juntava amigos.

O golo de livre do Olivais e Moscavide Foto Ricardo Pais
O golo de livre do Olivais e Moscavide
Foto Ricardo Pais

No rescaldo, o responsável da Remax achou que foi um “jogo difícil devido ao calor”, mas em que a vitória foi justa. O segredo, afirma, “foi a rodagem de jogadores com o calor que se sentia”, mas realça a boa réplica do Olivais e Moscavide, equipa que já tinham defrontado três vezes. O balanço “acaba por ser positivo”, isto apesar de na edição passada terem conseguido o 3.º lugar. Agora é tempo de descansar, mas sem a certeza da participação no campeonato de futebol de 11, pois “faltam patrocínios e sem eles é complicado”.

Do lado do Olivais e Moscavide “faltaram alguns elementos do grupo que joga futebol 11 e já conheciam o adversário”; quem sabe, com esses jogadores, a partida “poderia ter sido mais nivelada”. Ainda assim, o que interessa é ver como “o pessoal de mais idade se mantém activo, mesmo defrontado jovens de 20 anos”. Para o ano, o objectivo do clube é esse mesmo, continuar a fazer com que as pessoas pratiquem desporto e convivam, sempre dignificando o clube.

Falámos também com Nuno Duarte, o melhor marcador da prova. O seu colega diz ser também o seu empresário e está disposto a negociar um contrato milionário. A sua mulher liga-lhe. “Já estou atrasado, vai dar-me na cabeça”. Entre as gargalhadas destes episódios, Nuno afirma que ser o melhor marcador da prova “é um trabalho de equipa que já deu frutos o ano passado”. Mesmo tendo estado parado por lesão, “o jogo correu bem e este é um prémio para a equipa”. Ainda assim, afirma que a equipa esteve abaixo do que esperavam, e isso deveu-se à condição física dos jogadores. Para o ano, fica a promessa de tentar fazer golos, mas o que interessa é ajudar a equipa.

Nuno Duarte consagra-se o melhor marcador da prova
Nuno Duarte consagra-se o melhor marcador da prova
Foto: Ricardo Pais

Mas como funciona a preparação destas equipas, sendo elas amadoras?

Sendo os atletas trabalhadores das empresas que representam, os treinos são à noite durante os dias da semana. “São treinos onde o objectivo é descomprimir do trabalho, promover a união e espírito de equipa e manter o pessoal em forma”, afirma o responsável da Vodafone. Também da parte da EMEL a ideia é a mesma. “Queremos sair da rotina do trabalho e os treinos ajudam o pessoal a conhecer-se melhor e a criar um bom grupo de amigos.”

Todos os responsáveis passam pelas mesmas dificuldades. “Nem sempre é fácil conciliar os treinos com os horários de trabalho”, afirmam. Mas os treinos correm sempre bem. “O importante aqui é o pessoal manter o contacto uns com os outros”, refere um dirigente do Olivais e Moscavide. A boa disposição e a vontade de jogar à bola entre amigos superam sempre as dificuldades.

Para isso muito se deve o apoio das empresas a este projecto. O Clube Vodafone apoia no que for preciso os seus trabalhadores, ex-trabalhadores e associados. Tudo em nome da prática desportiva. Também a CARRIS apoia os seus atletas e não só no futebol. “A CARRIS dá-nos condições para treinarmos duas vezes por semana. Como existem mais modalidades na empresa e devido à situação do país, nem sempre é fácil garantir ajudas para todos, mas a empresa vai ajudando no que pode.”

Vodafone vs EMEL Foto: Ricardo Pais
Vodafone vs EMEL
Foto: Ricardo Pais

Chegámos à disputa pelo 5.º e 6.º lugares. Vodafone e EMEL jogam entre si. A equipa ligada aos parques de estacionamento é estreante neste tipo de competições e procura participar na próxima edição de futebol de 11. Ricardo Fonseca, da SideLine, não tem dúvidas de que esta equipa vai participar. “Tiveram uma boa prestação nesta prova, estiveram bem disciplinarmente e estão dentro daquilo que se pretende para esta prova. Tenho a certeza de que receberão um convite nosso para participarem no próximo campeonato”.

O futebol é mais técnico e mais físico. A idade continua a pesar, mas o talento está lá. Os guarda-redes vão brilhando, com grandes defesas. O jogo acaba com um 6-0 para a equipa da Vodafone. A diferença entre as duas equipas é notória; a Vodafone joga junta há mais tempo, enquanto a EMEL formou agora o seu grupo e só contou com sete jogadores, e isso fez a diferença. No entanto, a EMEL deixou bons apontamentos para uma futura participação no campeonato.

Para o responsável da EMEL, a derrota deve-se aos poucos atletas que tinham à disposição. “Tive de jogar à baliza, posição que não é a minha”. Mas o balanço é positivo para este grupo formado recentemente. “O que nós queremos é divertirmo-nos e jogar à bola, portanto foi bom. Encontrámos equipas que jogam o ano inteiro e que têm mais rotinas do que nós. Nós formámos o grupo agora, mas correu bem, tivemos uma boa atitude, muita entrega e eu gosto de que este grupo seja à minha imagem. Eu dou tudo em campo e eles hoje também o fizeram. Encontrámos pessoas bastante simpáticas e não houve confusão, que é o mais importante”.

Para o responsável da Vodafone, mais do que acabar em 5.º, o importante são os resultados sociais desta prova. “Fomos uns vencedores justos e o balanço é positivo, por termos começado em 8.º e acabarmos em 5.º. Mas para nós é sempre um balanço positivo, porque, independentemente dos resultados desportivos, os resultados sociais são muito importantes. Obviamente que entramos sempre para ganhar, mas mais importante é o pessoal se divertir”.

O jogo do 3.º e 4.º lugares não se realizou. A equipa do Biqueiras Aço, que conta com alguns ex-jogadores da Primeira Divisão de futebol, como Jorge Andrade, não compareceu por não conseguir juntar jogadores suficientes. Assim, o 3.º lugar ficou para a Fidelidade, que não precisou de comparecer em campo. “Por uma questão de bom senso, decidimos assim. Não fazia sentido os jogadores da Fidelidade estarem a deslocar-se até ao estádio, a equiparem e a darem o pontapé de saída. Deixámos essas burocracias de lado e entregámos o 3.º lugar à Fidelidade”, afirma Vítor Alves, o CEO da SideLine.

MPL unido em busca da vitória Foto: Ricardo Pais
MPL unido em busca da vitória
Foto: Ricardo Pais

Chegava a tão esperada final. De um lado, o Grupo Desportivo MPL, um dos favoritos à conquista; do outro lado, a CARRIS, um outsider, que muitos não esperavam que chegasse à final, tendo eliminado outro grande favorito, o Biqueiras Aços. Seja numa prova amadora ou numa prova profissional, as finais não se jogam, ganham-se. A velha frase cliché aplica-se na perfeição aqui. Intensidade e raça eram presença num jogo que decidia tudo. Os jogadores deixavam tudo em campo, por vezes de forma exagerada. Alguns choques mais agressivos, alguma linguagem que é habitual devido à emoção e ao calor do momento.

CARRIS quer continuar a surpreender
A CARRIS quer continuar a surpreender

O MPL entra melhor e chega ao intervalo a ganhar por 3-0. A diferença deve-se ao facto de ter conseguido juntar mais jogadores do que a CARRIS. O momento do jogo é o segundo golo, quando Paulo Rodrigues, antigo guarda-redes da selecção portuguesa de futebol de praia, marca de baliza à baliza. Os seus colegas comentam em tom de graça: “Como é possível que o segundo melhor marcador da equipa seja o guarda-redes?”. Na segunda parte, o jogo fica quente. Há uma expulsão duvidosa para o MPL e os ânimos aquecem; alguns jogadores ameaçam ficar de cabeça perdida e há algumas bocas. Apesar de esta ser uma prova onde a amizade e o fair-play estão presentes, a emoção e a importância do jogo levam a alguns comportamentos menos próprios, que acabam mal o jogo termina.

No final, o MPL leva a taça para casa numa vitória justa. As bocas e algumas atitudes durante o jogo ficam de lado e saúdam-se os intervenientes na partida. De parte a parte, dá-se os parabéns pelo jogo realizado pela Carris e pela vitória do MPL.

A festa foi do MPL
A festa foi do MPL
Foto: Ricardo Pais

Para a CARRIS, o que correu mal foi o facto de o núcleo duro de jogadores não estar presente. “Quatro dos jogadores que nos trouxeram até aqui não estiveram presentes hoje, por estarem de férias ou a trabalhar. Tive de jogar, coisa que já não faço”, afirmou o responsável. Ainda assim, esta equipa superou todas as expectativas. “Muitos não acreditavam que chegássemos aqui. Eliminámos um dos favoritos. Foi uma experiência gira. Muitos destes jogadores nunca jogaram futebol de 7, e eu tive de tentar colocar algumas das ideias do futebol 7 neles, portanto acaba por ser uma boa participação”. E como se prepara uma equipa que nunca jogou futebol de 7? “Treinar futebol de 11 é diferente de treinar futebol de 7. Os treinos que fazíamos eram num pavilhão, uma espécie de futsal, e eu tentei incutir essa ideia de futsal mas com 7. E depois o espírito e a união desta equipa ajudaram a chegar à final”.

Para o ano, o objectivo passa por alcançar a subida, algo que vem fugindo há dois anos. “Vamos tentar este ano. A época passada morremos na praia, ao perdermos nos penaltis o jogo que dava acesso à primeira divisão. Vamos voltar a lutar pela subida de divisão, pois esta equipa merece estar na primeira divisão”.
Do lado dos vencedores, esta é uma vitória que resulta da união do grupo. “Todos nós ficámos contentes com a vitória… Disfrutámos ao máximo da prova, e a base deste sucesso é a união deste grupo e a ajuda de algumas pessoas, como o Mário Lopes, o mentor do MPL. Em torno dele criámos esta união, criámos mais condições para o que, no fundo, nós queremos, que é jogar à bola”.

Os campeões Foto: Ricardo Pais
Os campeões
Foto: Ricardo Pais

No final, é tempo de entregar os prémios individuais e colectivos. A CARRIS faz a guarda-de-honra aos vencedores, numa imagem que resume muito bem o torneio. A boa disposição, o fair-play e a amizade imperaram. Entre jogadores, dirigentes e organizadores, que sempre se mostraram bastante acessíveis. É de salutar estas iniciativas, onde quem fica a ganhar são as pessoas e o desporto.

Top 10 – Promessas a seguir em 2014/15

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Esta lista compila dez promessas do futebol internacional para a temporada 2014/2015 (só constam jogadores nascidos depois de 1 de Janeiro de 1994):

[tps_title]10º Simone Scuffet[/tps_title]

Simone Scuffet, uma das jovens promessas italianas na baliza

É o guarda-redes mais jovem a actuar como titular nas principais ligas europeias. Com apenas 17 anos ganhou a titularidade na Udinese, aproveitando a lesão de Brkic, e mostrou uma maturidade acima do normal. Esteve até para ser o terceiro guarda-redes da Itália no Mundial do Brasil. Apesar de o clube italiano ter um novo treinador, não é expectável que Scuffet volte ao banco de suplentes. 

O Passado Também Chuta: Romário

o passado tambem chuta

Acabou o Campeonato do Mundo e o Brasil – berço de génios do pontapé e vizinho de países que não tiveram menos celebridades – chora entre golos de caipirinha e caipirosca. Desta feita, o Brasil, a Argentina ou o Uruguai ficaram perto de estar perto. Vinda da Europa, a velha e rançosa Alemanha arrecadou o campeonato sem contemplações ou sentimentalismos. No entanto, os futebóis brasileiro, argentino ou uruguaio merecem que lhes preste homenagem na figura de um dos seus monstros do pontapé. Escolherei um baixinho, muito baixinho, e ainda que seja brasileiro quero que represente ou simbolize o futebolista destas potências hoje derrotadas. Tostão, aquele Pelé branco que jogou e ganhou o Mundial de 1970, disse que não se importaria de deixar o seu lugar na canarinha ao génio que o ocuparia. Imagino que muitos, a esta altura do baile, estarão a pensar: “só pode estar a pensar no Romário.” Claro! Só posso estar a pensar no Romário…

Criticou o despesismo deste Campeonato, mas, além disso, foi um grande; um ex-craque que soube manter-se fora dos discursos apologéticos protagonizados pelo Pelé ou pelo Ronaldo. Os contabilistas das estatísticas guerreiam para poder afirmar se ele ou Pelé foram os máximos goleadores da história; Romário marcou e fartou-se de marcar, mas marcava sem manifestar muita admiração pelo esforço físico ou trabalho entre jogos. Gostava da noite e a noite gostava dele. Gostava da bola e a bola gostava dele. Um treinador que teve o prazer de o ter como jogador (Hiddink) contou: “antes de jogos importantes, aparecia e dizia: «coach, tranquilo, Romário vai marcar e ganharemos». E a verdade é que marcou em oito dos dez jogos com essas características”.

Passou dois anos no Barcelona  Fonte: YouTube
Passou dois anos no Barcelona
Fonte: YouTube

Como sabemos foi campeão com todos os clubes por onde passou e maravilhou os amantes do futebol, mas, hoje, quero que seja só o símbolo de um passado genial de três países que são viveiros de craques, muitos deles indisciplinados e irreverentes. Romário dizia que não lia jornais desportivos e que desconhecia a constituição habituais das equipas rivais. Ele jogava; não cantava no coro da paróquia. Levou-se mal e bem com jogadores e treinadores; jamais deixou de ser ele.

Ainda sendo um craque deslumbrante, regressou ao Brasil e manteve-se sobre os relvados e a marcar golos como poucos. E não treinava ou – melhor dito – não treinava como exige, hoje, o futebol atlético que se pratica. Situado na área, apanhava a bola com o pé; de costas para a baliza e para o defesa, normalmente gigante, e como se o seu pé fosse uma colher arrepanhava a bola enquanto o marcador ficava à procura da relva ou a ver se a bancada não caía! Romário enviava a bola para onde se produz o orgasmo futebolístico; para a baliza.

Para poder enquadrar este texto no sentido de representação que pretendo dar-lhe, só mencionarei um dos muitos títulos que Romário ganhou: campeão Olímpico.

Um Mundialito sem emoção

cab futebol de praia

A lógica perdurou. Estava mais do que visto que a vitória de Portugal neste Mundialito ia ser uma realidade. A qualidade das outras seleções era pouca e Portugal aproveitou para fazer deste pequeno torneio um treino para adquirir mais rotinas e dar mais experiência aos seus jogadores. Portugal apresentou em todos os jogos um 5 inicial com Hidalgo na baliza, Jordan e Torres mais recuados e Madjer no apoio a Belchior. No banco, Mário Narciso contava com Coimbra, Alan, Bruno Novo e José Maria, que entravam constantemente em bloco, para substituir os 4 jogadores titulares. O selecionador nacional optou, maioritariamente, por uma troca total dos seus jogadores do campo e acabou sempre por se dar bem. Não só porque as outra seleções não tinham argumentos para mais, mas também porque, pela primeira vez na sua história, Portugal tem quase tanta qualidade no seu 5 inicial, como no seu banco de suplentes. Esta é, muito provavelmente, a melhor equipa de Portugal.

No jogo de hoje, Portugal bateu o Japão por 8-2, depois de ter vencido os E.U.A. por 14-1 e a Hungria por 5-0, e confirmou a sua superioridade perante todas estas equipas de segunda categoria do Futebol de Praia. Tenho realmente muita pena que, neste ano, não tenhamos tido a presença das melhores seleções do mundo, como é o Brasil, a Rússia ou a Espanha, mas a vitória neste Mundialito pode ser importante para dar confiança para o Campeonato do Mundo do próximo ano, que se realiza em Portugal. Madjer, a cada jogo que passa, continua a reforçar o seu estatuto como melhor jogador de sempre da modalidade e, pela minha parte, só desejo que continue a jogar ao mais alto nível por muitos mais anos. Belchior é o jogador em melhor forma nesta equipa e é o substituto natural do capitão de Portugal como maior referência da equipa das Quinas. Para isso, precisa apenas de deixar de ser tão individualista em determinadas alturas do encontro. É também um orgulho continuar a ver Alan a representar Portugal. Os seus 39 anos estão bem escondidos no seu espírito guerreiro e de entreajuda com os seus colegas. Sem querer individualizar muito mais, queria apenas deixar uma menção honrosa para Jordan. Que jogador fantástico. O prémio de melhor jogador deste Mundialito só surpreende quem não viu a competição. Jordan sabe defender, tem uma técnica fora do comum e uma invulgar capacidade para finalizar os lances de ataque.

Resumindo e concluindo, houve, de facto, um facilistismo tremendo da organização para entregar, quase de bandeja, este título a Portugal. Mas convém pensarmos nos pontos positivos dessa medida e verificar que esta vitória só pode dar motivação e reforçar o entrosamento dos jogadores nacionais.

PORTUGAL - EUA
A seleção nacional tem motivos para estar otimista para o Mundial do próximo ano
Fonte: ASF

Mundialito’2014:

Vencedor: Portugal

Melhor Jogador: Jordan

Melhor Guarda-Redes: Nuno Hidalgo

Melhor Marcador: Belchior

Eusébio Cup – Benfica 0-1 Ajax: Pobre homenagem ao Rei

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cabeçalho benfica

Na primeira edição da Eusébio Cup sem a presença ilustre do Rei no Estádio da Luz, o Benfica foi derrotado pelo Ajax por 1-0 e voltou a não conseguir manter o troféu em casa. Jorge Jesus, a poucos dias do primeiro jogo oficial da temporada, tem ainda muito trabalho pela frente. Na primeira parte, os encarnados até tiveram uma grande oportunidade para marcar quando Nico Gaitán apareceu isolado frente a Vermeer, mas o argentino não conseguiu marcar. E como quem não marca, sofre, Ricardo Kishna aproveitou os erros de César e Artur para deixar o Ajax em vantagem ao intervalo. Na segunda parte, com jogadores menos rotinados, o Benfica teve muitas dificuldades para criar perigo junto da área. O penalty falhado por Jara aos 82′ e a perdida incrível de Ola John isolado frente ao guarda-redes foi o melhor que os encarnados conseguiram fazer.

Jorge Jesus: Procurou apresentar, de início, o melhor 11 possível, dadas todas as condicionantes que têm afetado o plantel. Tirando o guarda-redes e a dupla de centrais, parece-me que a equipa inicial de hoje vai ser muito semelhante à que se irá apresentar no primeiro jogo oficial da época, que é já daqui a duas semanas, frente ao Rio Ave.

– Artur: Muito mal na abordagem ao lance do primeiro golo. Continua sem dar a segurança necessária à defesa do Benfica.

– Dupla de centrais: É medonha. Sidnei está pesado e lento. César é imaturo e comete demasiados erros.  Jorge Jesus deve estar a fazer figas para que Luisão, Lisandro e Jardel regressem rápido.

– Loris Benito: A chegada de Eliseu pode impedi-lo de jogar tanto como queria. Mas eu mantenho que este é um jogador interessante. Muito seguro defensivamente, pese embora algumas falhas posicionais habituais de quem chegou há pouco tempo. Precisa de jogar e de ser mais desinibido nas suas manobras ofensivas.

– Talisca: Obviamente que não tem a intensidade de Enzo Pérez, mas o médio brasileiro tem imensa qualidade. Muito bom a segurar a bola e com excelente visão de jogo. Sabe sair sempre a jogar e procura sempre a melhor opção para servir os seus companheiros. Arrisca-se a ser uma das revelações do Benfica deste ano.

Os encarnados não conseguiram dedicar a vitória ao Rei Eusébio
Fonte: SL Benfica

– O nº10 em Gaitán: Não sei se a ideia de lhe oferecer a camisola 10 foi apenas um prémio para o argentino pelos muitos anos de casa, e, ao mesmo tempo, procurar sensibilizá-lo para ficar na equipa, mas os resultados foram inconsequentes. O mágico esteve apagado.

– Salvio: Ainda se nota alguma falta de ritmo, mas apresentou bons pormenores. Vai ter um papel decisivo no Benfica deste ano.

– Dupla Lima/Cardozo: Não funciona. É cada vez mais evidente que este esquema de Jorge Jesus necessita de dois avançados móveis e o paraguaio não se enquadra, de todo, neste modelo. Saviola, há uns anos, era o único que conseguia disfarçar as fragilidades de Cardozo neste esquema. Derley, no segundo tempo, trouxe muito mais agressividade ao ataque do Benfica.

Ola John: Trouxe mais rapidez e intensidade ao ataque do Benfica. Está a demonstrar que tem argumentos para lutar por um lugar no plantel deste ano.

João Cancelo: Tem grandes argumentos técnicos e hoje entrou endiabrado. Se Jorge Jesus lhe conseguir transmitir os princípios básicos do posicionamento do lateral em campo, pode vir a ser uma opção muito válida para o plantel do Benfica do próximo ano.

João Teixeira: Tem sido uma das revelações da pré-temporada e hoje voltou a deixar boas indicações. Enorme sentido posicional, sabe sempre o que fazer em campo e procura jogar simples. Uma boa opção que Jesus encontrou para o seu meio-campo.

Bebé: Entrou com vontade excessiva de demonstrar serviço e isso pode tê-lo prejudicado. Não gostei de o ver na ala.

Eliseu: Está fora de forma e vai ter de demonstrar muito mais para alcançar o nível do seu colega de posição, Benito.

Franco Jara: Completamente perdido em campo. Conseguiu arrancar um penalty aos 82′, mas foi incapaz de o concretizar.

Ajax: A equipa de Frank de Boer esteve muito organizada e Ricardo Kishna foi a figura em destaque. Não é por acaso que comparam o jovem holandês a Angel Di María. Impressionante capacidade de arranque e de desequilibrar no 1 para 1.

Samurais, faraós, colorimetria e dores de cabeça na terra dos moinhos

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relacionamentodistancia

Primeiro, e mais importante do que qualquer assunto de natureza futebolística, quero aqui declarar que não quero saber do tom de verde escolhido para os calções do equipamento principal do Sporting. São verdes. Já chateia tanta discussão. Se fossem vermelhos e tivessem uma águia na parte da frente, então tínhamos motivo de debate. Se fossem cor-de-rosa com um dragão, tínhamos motivo de discussão. São verdes. “Ah mas deviam ser pretos ou brancos, ou…”. São verdes. O que conta é o que está… debaixo dos calções. São verdes, get over it.

Passando a coisas sérias, no embate de hoje frente ao Utrecht (the “t” is silent), o sexto da pré-época dos leões, Marco Silva repetiu o onze que venceu o Benfica, na final da Taça de Honra. Dos reforços, apenas Oriol Rossel alinhou de início, no vértice mais recuado no triângulo do meio-campo.

Os holandeses começaram melhor, a trocar a bola num futebol apoiado e tomando a iniciativa da partida. O Sporting, com menos bola, ia pressionando em bloco coeso, com dinâmicas interessantes e pouco usuais na ocupação de espaços por parte de André Martins, que ia aparecendo adiantado, jogando entre o avançado e o extremo. À passagem do minuto 20 surgiria o primeiro golo, por André Martins, que, após remate de Adrien Silva, tirou o guardião adversário do caminho e assinalou mais um tento nesta fase de preparação. Um pequeno parênteses: esta abundância de golos por parte do internacional português não é obra do acaso. Mas já lá vamos.

O médio português voltou a marcar e a convencer
Fonte: Mais Futebol

O Sporting estava, nesta fase, no controlo do jogo. Boas combinações no meio-campo, Capel a jogar como se da final da Champions se tratasse, até Carillo jogou como se o futebol se tratasse um desporto colectivo, imagine-se. À meia hora de jogo, Montero viria a desperdiçar uma oportunidade soberana de voltar a marcar quando, isolado, tentou oferecer o golo a um colega. Adeptos no estádio e no sofá levaram, coreograficamente, as mãos à cabeça. Esta foi a primeira de três, ainda antes do intervalo. Outro pequeno parênteses: parece-me que a incapacidade de Montero concretizar também não é obra do acaso. Mas já lá vamos.

Pouco depois, o segundo golo, fotocópia do primeiro. Remate de Adrien Silva, defesa incompleta e recarga de Cédric, a empurrar para o 2-0.

A segunda parte trouxe João Mário e Carlos Mané, juntamente com uma descida de ritmo da equipa verde e… verde. O Utrecht pegava no jogo, o que levou Marco Silva a colocar William Carvalho para o lugar de Rossel, a.k.a. o SEU lugar. Boeck defendeu um penálti esquisito, palmas para ele, o capitão desta tarde. Pouco depois, golo do Sporting. De quem? Junya Tanaka, que tinha entrado 3,2 segundos antes para empurrar um cruzamento apetitoso de Jefferson. O Oliver Tsubasa do Campo Grande fazia o quarto em dois jogos e confirmava a vitória tranquila do Sporting. Juntamente com o japonês, entrou também Shikabala para a direita, com fome de bola e vontade de fazer estragos. A jogo vieram ainda Paulo Oliveira, Esgaio e Slavchev, com pouco tempo para impressionar. Boeck faria ainda uma defesa impressionante e Mané abanou com a trave, num belo remate após bom trabalho de Slavchev.

E agora as dores de cabeça. Ou o André Martins se acalma de jogar tanto à bola ou o João Mário se arrisca a ficar demasiado tempo no banco numa época que deveria ser a sua. Ou o Montero começa a meter um golito de vez em quando ou arrisca-se a passar de segunda para terceira opção na frente (o Samurai parece-me um jogador de características semelhantes mas com mais instinto e confiança do que “El Avioncito”, por agora). Nas alas, Carrillo, Capel, Mané e Shika… difícil… Quem trabalhar mais, agarra os dois lugares. Tudo dores de cabeça (boas) para o Mister resolver até ao início da temporada. Faltam ainda alguns testes com um grau de dificuldade maior, todos eles importantes para perceber, juntamente com eventuais entradas e saídas no plantel, que equipa irá apresentar o Sporting contra a Académica na primeira jornada do campeonato. Mas… já lá vamos.