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FC Porto 2-1 SC Braga: Baralhar, partir e resolver a partir do banco

eternamocidade

Uma das críticas que muitas das vezes aponto ao adepto português é a sua obsessão pelo mero resultado. Bem sei que só com vitórias é que as equipas podem aspirar a títulos, mas nada como um belo jogo de futebol, como vimos esta tarde no Estádio do Dragão, para perceber que uma vitória pode ser tanto mais festejada quanto suada se for perante um adversário com tanta qualidade como o Sp. Braga.

Ao contrário do que tem acontecido esta temporada, Lopetegui optou por não mudar grande coisa relativamente ao onze que havia empatado, na última quarta-feira, na Ucrânia, perante o Shakhtar: Jackson Martinez foi o único regressado ao onze portista, substituindo o outro ponta de lança do plantel, Aboubakar. Do lado bracarense, Sérgio Conceição colocou Tiago Gomes no lugar do lesionado Djavan e recolocou Aderlan Santos ao lado de André Pinto, retirando do onze Vincent Sasso.

Na primeira parte, destaque para a postura do Sp. Braga: indo ao encontro daquilo que tinha dito na antevisão ao jogo, Sérgio Conceição montou uma estratégia ofensiva, sem nunca se amedrontar pelo poderio portista. Dessa forma, não raras vezes o Dragão viu o FC Porto errar na primeira parte, devido em grande medida à forte pressão que Rafa, Pardo e Zé Luís faziam sobre a primeira fase de construção defensiva portista. Com um meio-campo muito combativo, desenvolvido a partir da qualidade tática de Rúben Micael e da inteligência de Pedro Tiba, os portistas nunca conseguiram ser pragmáticos no momento da decisão, com Marcano a não construir jogo ofensivo, enquanto Herrera e Óliver perdiam quase sempre os duelos e as bolas no meio-campo.

Martins Indi estreou-se a marcar com a camisola azul e branca  Fonte: zerozero.pt
Martins Indi estreou-se a marcar com a camisola azul e branca
Fonte: zerozero.pt

Por isso, as transições ofensivas do Sp. Braga foram uma constante e as oportunidades acabaram por se repartir, o que fazia adivinhar que o golo iria aparecer mais tarde ou mais cedo. E foi mesmo isso que aconteceu: aos 25 minutos, Bruno Martins Indi aproveitou o desvio de Maicon ao primeiro parte para cabecear para a baliza deserta do Braga, fazendo o primeiro para a equipa portista. Mesmo em vantagem, e à semelhança da história escrita na Ucrânia, os portistas voltaram a acionar o verbo “complicar”: por entre passes errados e desconcentrações na marcação aos avançados do Braga, a equipa de Sérgio Conceição foi conseguindo chegar com cada vez mais perigo à baliza de Fabiano. O empate, à passagem do minuto 32, por Zé Luís, foi suficiente para perceber que, entre a pressão dos bracarenses e os erros infantis portistas, o empate a uma bola ao intervalo era o desfecho justo, mesmo que antes do apito de Pedro Proença para o descanso Danilo tenha enviado uma bola à trave da baliza do brasileiro Matheus.

Ao intervalo, as entradas de Rúben Neves e Quintero, para os lugares de Marcano e Herrera, foram opções naturais de Lopetegui: depois de um primeiro tempo com um meio-campo tão apagado, era preciso mais velocidade e intensidade na construção do jogo ofensivo portista. Tal como aconteceu no jogo da Liga dos Campeões frente aos ucranianos, o técnico espanhol acabou por jogar as cartadas certas: Rúben Neves foi o pêndulo que o FC Porto precisa em frente aos centrais; enquanto Juan Quintero foi um verdadeiro quebra-cabeças para o meio-campo bracarense. Entre os dribles a meio-campo e as tabelas com Brahimi, Tello e Jackson, o pequeno colombiano acabou mesmo por dar a estocada decisiva na equipa de Sérgio Conceição: ao minuto 59, uma tabela com Brahimi levou Quintero a desfeitear o guarda-redes do Braga.

Tello foi um perigo à solta para a defesa arsenalista  Fonte: zerozero.pt
Tello foi um perigo à solta para a defesa arsenalista
Fonte: zerozero.pt

Até ao final da partida, o FC Porto procurou sempre apostar nas transições ofensivas, com Tello a mostrar-se a um grande nível, enquanto Brahimi acabou por fazer uma exibição irregular. Com a entrada de Evandro para o lugar do argelino, os portistas ficaram mais sólidos no meio-campo, ainda que o Sp. Braga se tenha aproximado não raras vezes com perigo da área portista. O remate ao poste de Aderlan Santos, na sequência de um livre, é apenas um exemplo do constante perigo que o Sp. Braga hoje demonstrou no relvado portista. Com muito suor e dificuldade, fica para a história o regresso às vitórias do FC Porto e a brilhante réplica dada pelo Braga no Dragão.

 

A Figura
Pedro Tiba/Tello
– o excelente jogo no Dragão levou a que eu tenha optado por uma nomeação repartida. O médio bracarense e o extremo portista foram as principais figuras das respetivas equipas e merecem a distinção.

O Fora-de-Jogo
Herrera
– o médio mexicano fez mais uma exibição muito fraca e acabou por sair ao intervalo. A qualidade de Herrera é inegável, mas a quantidade de erros que comete é confrangedora e decisiva numa equipa como o FC Porto.

A notoriedade e os que não perdem a bola

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escolhidificil

“Espero siempre la mejor versión de cada jugador. El que sea. Vosotros os fijáis en los goles, yo en algo más que los goles

As palavras são de Luis Enrique, técnico do Barcelona, depois do encontro frente ao Athletic em que o Barca venceu por 2-0 e Messi ficou sem marcar. Na altura, dizia o treinador espanhol que estava satisfeitíssimo com a exibição do argentino porque se tinha apresentado a grande nível, embora sem fazer golos. E Luis Enrique não é parvo nenhum, pois não?

É possível Messi – ou qualquer outro jogador – apresentar-se a um nível mais alto num jogo em que não marca golo nenhum do que numa outra partida em que faz dois ou três golos? Muitos dirão que não, mas claro que sim. O golo é apenas o momento de maior notoriedade na partida e, por consequência, aquele de que mais se fala, que aparece nos resumos e que acaba por sentenciar um jogador à aclamação ou deterioração da sua imagem aos olhos de adeptos e imprensa. Mas se a recuperação da bola ou o início da jogada que não entram no resumo não existissem, não haveria golo. A ideia é simples mas regularmente esquecida pelos amantes do futebol. O mesmo se aplica às movimentações ofensivas dos avançados ou médios que são muitas vezes esquecidas, mas cruciais. No Sporting, Fredy Montero é quem mais sai prejudicado por esta forma redutora de avaliar os futebolistas.

A equipa leonina tem-se apresentado, do meio campo para a frente, com elementos criativos, que procuram todos eles uma forma comum de jogar e pensar. Toque maioritariamente curto, maior procura de espaços interiores, muita movimentação sem bola e regular oferta de linhas de passe diversificadas ao portador da bola. A excepção é Slimani. O argelino, muito acarinhado pelos adeptos leoninos, tem características opostas às referidas, tendo no seu jogo aéreo o seu ponto mais forte e um dos poucos em que é realmente bom. Como se explica a adoração da massa adepta pelo seu ponta-de-lança? Ele peca nos momentos de menor notoriedade (embora em quase todos eles!). No banco está Montero, que é tudo aquilo que se procura na equipa de Marco Silva.

Montero e Slimani são dois avançados de características opostas  Fonte: ojogo
Montero e Slimani são dois avançados de características opostas
Fonte: ojogo

Então, como avaliar um jogador? “The art is to play the ball so that the receiver can go to action effectively“, dizia Johan Cruyff. Guardiola, por seu lado, diz que o melhor jogador é o que nunca perde a bola. Em tanto uma como outra definição, quem é o que (muito) mais se aproxima do pedido? Fredy Montero, pois claro. Mas sair da zona de conforto, no meio dos centrais, e oferecer uma linha de passe – muitas vezes decisiva para o desenrolar da jogada, até quando a bola acaba por não lhe ser concedida a si – não aparece nos resumos e não encanta os adeptos. Pelo contrário, Slimani não só não oferece novas soluções como é incapaz de dar seguimento a grande parte das bolas que lhe são endereçadas, tornando-se ora um peso morto na dinâmica da equipa, ora um jogador incapaz de dar continuidade aos ataques do Sporting. Qualquer olhar mais atento constata este facto.

A falta de unanimidade nesta matéria deve-se depois à outra face que divide os dois avançados: devido à sua agressividade, porte físico e capacidade de cabeceamento, Slimani é um jogador que se coloca em evidência nos momentos de maior notoriedade com muito mais facilidade do que Montero. O colombiano é igualmente importante na altura da finalização, mas privilegia a sua inteligência e leitura de jogo dentro da área para aparecer, como ontem frente ao Penafiel, em posições de golo. Quantos pensaram ontem que Slimani nunca faria o golo que Montero fez? Poucos, porque o essencial no golo é a leitura do 10 do Sporting que lhe permitiu antecipar a oportunidade. E essa competência oferece muito menos notoriedade do que a agressividade no cabeceamento, por exemplo.

Dirão alguns que a maior tarefa dos avançados é fazer golos. Eu acho que é aproximar a equipa do golo. Quer seja marcado por eles, ou não.

Vídeo da autoria do blog Sporting Visto Por Nós

Tottenham 1–0 Southampton: este menino sabe agitar as águas!

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premier league

Tarde tranquila em White Hart Lane, no reencontro de Pochettino com a sua antiga equipa. De um lado a equipa da casa, o Tottenham, à procura de uma vitória que injectasse moral numa equipa com um plantel de alto nível mas com resultados que têm deixado muito a desejar e ainda a questionar a escolha do treinador. Do outro lado os saints, orientados por Ronald Koeman, que têm sido a equipa sensação da Premier League, mesmo tendo perdido vários pilares da também fantástica época passada.

Antes do início do jogo parecia que as posições na tabela estavam trocadas, com o Tottenham a surgir no 11º lugar com 8 pontos e o Southampton em 3º lugar com 13 pontos. Mas não era engano: é o reflexo do excelente arranque de Koeman e da desilusão de Pochettino.

O jogo foi, no cômputo geral, equilibrado. Uma primeira parte com maior teor ofensivo para o lado dos spurs, mas com um Southampton bem organizado e a responder em contra-ataque. Logo aos 15 minutos, um fora-de-jogo dúbio impediu que uma bela jogada rápida e de primeiro toque tirasse o golo aos spurs. A frustração na cara de Adebayor era visível. Com o avançar do tempo o jogo começou a ganhar ritmo e as disputas de bola no meio-campo eram cada vez mais. O Tottenham começa a crescer no jogo e acaba mesmo por acampar no meio-campo dos saints. Após dois remates perigosos, um de Lamela outro de Eriksen, a equipa londrina acabou mesmo por chegar ao golo. Tudo começou com um belo arranque de Adebayor, que colocou a bola de imediato em Chadli, que serviu Christian Eriksen à entrada da área para um remate bem colocado junto ao poste esquerdo da baliza de Forster. Um grande golo do médio ofensivo dinamarquês, que jogo após jogo se continua a afirmar como estrela da companhia. Ainda antes de terminar a primeira parte, os adeptos levaram as mãos à cabeça ao verem Chadli a enviar a bola ao poste, numa jogada em que apenas tinha o guarda-redes opositor pela frente.

Este encontro marcou o encontro de Mauricio com a sua antiga equipa que, agora sob o comando de Ronald Koeman, tem sido a sensação deste campeonato Fonte: Premier League Twitter
O actual e o antigo treinador do Southampton
Fonte: Premier League Twitter

Esperava-se uma segunda parte vibrante, com o Tottenham à procura do golo que sentenciasse o jogo ou com o Southampton à procura de virar o jogo e continuar a senda de vitórias. Nenhuma destas situações aconteceu. A segunda parte foi calma, com o Southampton com mais posse de bola e duas equipas a disputar o jogo a meio-campo. Nas poucas ocasiões criadas, os guarda-redes, Hugo Lloris e Forster, estiveram à altura. Só já perto do fim é que tivemos alguma acção, com Mané a falhar de baliza aberta aos 84 minutos. O empate esteve tão perto, mas o extremo falhou o golo fácil.

No fim, tivemos uma vitória dos spurs que podemos considerar justa. Foram mais ambiciosos e quando tiveram oportunidade dominaram no meio-campo adversário. O treinador dos londrinos, no fim do encontro, definiu a vitória como justa. Considerou que a sua equipa esteve bem e que tem vindo a criar condições para vir a melhorar.

Espero que este jogo seja uma injecção de moral para os spurs, que contam com um plantel de grande qualidade e que pode ir muito mais longe e fazer muito mais. Por outro lado, espero que o Southampton não se deixe abater, que mantenha a mesma garra que tem mostrado até agora e que continue a baralhar as contas lá no topo da tabela e a fazer da Liga Inglesa, onde qualquer um pode acabar em qualquer posição, a liga mais competitiva do mundo.

A Figura

Christian Eriksen – o jovem dinamarquês deu ânimo a um meio-campo sem ideias e marcou um excelente golo que deu a vitória à sua equipa. Eriksen tem continuado a demonstrar o seu enorme valor e promete em breve ser um dos melhores do mundo.

O Fora-de-Jogo

Danny Rose e Wanyama – o lateral-esquerdo dos spurs não esteve definitivamente nos seus dias. Cometeu muitas faltas e viu-se aflito para parar o lateral-direito dos saints. Também Wanyama não teve uma prestação ao nível a que nos tem habituado. Faltas, passes falhados, falta de ambição e agressividade. O queniano foi o espelho de um meio-campo adormecido que obrigou o Southampton a apostar essencialmente na velocidade das suas alas.

Chelsea 2-0 Arsenal: Wenger empurra Mourinho para 1º

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premier league

Jogo grande da semana, ambiente quente típico de dérbi londrino e os nervos começaram a fazer-se sentir cá fora, com alguns desacatos entre adeptos das duas equipas. Cerca de 3000 adeptos da equipa do norte de Londres foram impedidos de entrar no recinto, o que motivou o atraso inicial do jogo (era para começar às 14h05 e só começou às 14h20). Até nisto a liga inglesa está um nível acima das restantes ligas europeias: quantos jogos do campeonato nacional começaram já sem os adeptos da equipa adversária no recinto? Imensos.

O Chelsea apostou numa pressão alta e no primeiro quarto de hora teve muito mais bola, mas sem criar verdadeiro perigo, um pouco condicionado pela má entrada em jogo de Schürrle: o alemão cada vez que tocava na bola entregava a posse da mesma à equipa adversária; a bola parecia que queimava. Aos 20 minutos há lugar para um caso extra-futebol quando, após uma entrada assassina de Cahill sobre Alexis Sanchéz, Wenger sai da sua área técnica e empurra Mourinho. Ânimos exaltados por parte dos dois treinadores, que acabaram por ser prontamente, e devidamente, advertidos pela equipa de arbitragem.

Hazard, por volta dos 25 minutos, começa a dar o ar de sua graça e arranca um amarelo a Chambers, numa das suas jogadas estilo rolo compressor que só o belga sabe fazer. Nesta altura um amigo meu dizia-me “o que falta a esta equipa é um Ronaldo, ou um Messi” e eu respondia calmamente: o Ronaldo do Chelsea é este menino. Nem dois minutos passavam e já estava o dito menino a rasgar a defesa toda dos Gunners e a conquistar um penalti. Com calma e com classe converteu e colocou a equipa de Mourinho na frente.

O Arsenal tentava reagir em contra-ataque, geralmente conduzido por Alexis, e chegou, inclusive, a fazer passes mortíferos, a isolar vários jogadores. Primeiro Wilshere, que domina mal e permite a defesa a Cech, e depois Cazorla, que não acreditou, decidiu voltar para trás e acabou por desperdiçar uma excelente oportunidade. Até ao final da primeira parte não aconteceu mais nada digno de registo. Contudo o jogo prometia e, no reatamento, o Arsenal entrou mais pressionante e determinado a mudar o rumo dos acontecimentos. Cazorla foi o primeiro a ameaçar, com um remate rente ao poste que pôs em sentido a equipa da casa.

O empurrão de Wenger a Mourinho marcou o jogo. Fonte: MaisFutebol
O empurrão de Wenger a Mourinho marcou o jogo.
Fonte: MaisFutebol

No entanto, o Chelsea equilibrou o jogo e, com um ex-conhecido Arsenalista a pautar o jogo (Fabregas) e com a genialidade de Hazard, voltou a tomar conta do jogo e a criar perigo. Numa das cavalgadas de Hazard, a bola embateu no poste após ressaltar num jogador adversário e quase traiu Szczęsny. A equipa da casa crescia e os adeptos e o Arsenal sentiam que o segundo golo podia chegar a qualquer momento. Enquanto na primeira parte o jogo estava extremamente táctico e jogava-se muito no meio campo, na segunda o ritmo de jogo mudou e o futebol típico ofensivo inglês fez-se sentir, com oportunidades de perigo junto das duas balizas. Até que aos 77 minutos Fabregas viu coroada a sua exibição com um passe a isolar de forma genial Diego Costa, que somou mais um à já exagerada conta de golos na Premier League, com um chapéu irrepreensível a Szczęsny.

O 2-0 significava a morte do artista e a solidificação da liderança dos Blues. Só um milagre conseguiria salvar a equipa de Wenger, milagre esse que não chegou. Vitória do Chelsea, justa e relativamente fácil. Mourinho soma e segue e ameaça seriamente a conquista do título 2014/2015; reza a lenda que a segunda época de Mourinho nos clubes onde passa é recheada de títulos, este ano resta-nos esperar para ver.

A Figura

Hazard – jogo fantástico do belga, que mostrou o porquê de ser um dos melhores jogadores do mundo.

O Fora-de-Jogo

Wenger – o empurrão a Mourinho não é digno da suposta classe e tranquilidade do francês. Fica-lhe mal, especialmente num jogo que é visto por todo o mundo.

Penafiel 0-4 Sporting: Domínio e tranquilidade foram a receita

Ze Pedro Mozos - Sob o Signo do Leao

O Sporting partia para este encontro frente ao Penafiel com uma injecção de moral. Mas não era uma qualquer: os dois últimos jogos do clube leonino não acabaram com os resultados desejados (e merecidos), mas as boas exibições do conjunto orientado por Marco Silva em ambas as partidas serviram para animar os adeptos sportinguistas – a quem endereço desde já os meus parabéns pelo magnífico apoio dado do início ao fim nos dois últimos encontros – e para pôr em sentido os adversários. Respirava-se confiança em Alvalade.

Para além desta onda de optimismo que rodeava o Sporting – criada não tanto por aquilo que o Sporting já provou em campo, mas pela ideia que ficou do quanto pode vir a fazer ao longo desta temporada –, a convocatória de Fernando Santos, que incluiu a chamada dos seis portugueses que foram titulares contra Chelsea e FC Porto, veio dar ainda mais ânimo e motivação à equipa leonina.

As condições eram, portanto, ideais para a confirmação de uma equipa que é, cada vez mais, candidata ao título de campeã nacional. E o jogo começou com algumas mudanças no onze leonino em relação aos dois últimos jogos: entra Jefferson, sai Jonathan Silva; entra André Martins, sai Adrien Silva.

A primeira parte do jogo foi pouco intensa e praticou-se um futebol muitas vezes enfadonho. O Sporting dominou e criou algumas situações de perigo através de Nani e Slimani, mas sem nunca fazer abanar as redes da baliza de Haghighi. Para o registo ficam mais duas situações em que Naby Sarr comprometeu mas que acabaram por não se revelar grande perigo para Rui Patrício.

Nani foi um dos que mais lutou no primeiro tempo, mas ao intervalo continuava tudo empatado  Fonte: zerozero
Nani, um dos mais inconformados no primeiro tempo
Fonte: zerozero.pt

A segunda parte foi muito diferente sobretudo depois das duas primeiras substituições, à passagem do minuto 57, que fizeram entrar Adrien Silva e Freddy Montero para o lugar de William Carvalho – que ainda não está ao nível daquilo que foi na época passada – e de André Martins, respectivamente. O Sporting cresceu, aproveitou melhor os espaços concedidos pelo Penafiel, encheu o campo e acabou por chegar ao primeiro golo através de Slimani, que, não conformado, acabou por bisar dois minutos depois. 72 minutos de jogo e a equipa leonina estava na frente do marcador, materializando tardiamente a superioridade dos leões.

Tudo ficou mais calmo e o Sporting continuou a fazer um jogo seguro e tranquilo. Tudo corria bem à equipa leonina sem grande esforço. Os pupilos de Marco Silva jogavam com tranquilidade – uma receita já há muito indicada – sem nunca sair do meio-campo do adversário. Foi portanto com naturalidade que os leões aumentaram a vantagem para 3-0 através de… Montero. O colombiano entrou bem no encontro e acabou por marcar o golo que há muito lhe fugia, pondo fim a um jejum que durava desde Dezembro.

Montero voltou aos golos ao fim de quase dez meses  Fonte: zerozero.pt
Montero voltou aos golos ao fim de quase dez meses
Fonte: zerozero.pt

O quarto golo leonino chegou através de uma jogada de ataque que acabou com Nani a picar a bola por cima do guarda-redes do Penafiel e fazer o golo que já merecia, sobretudo pela primeira parte que efectuou.

Um bom jogo do Sporting, que, apesar de tudo, esteve melhor no segundo tempo. Marco Silva só pode estar satisfeito com este jogo, que acabou em goleada de uma forma quase natural. “O Sporting está a melhorar a olhos vistos”, disse o jovem técnico leonino durante a semana. E tem toda a razão, míster!

A Figura
Freddy Montero – podia estar aqui Slimani, que desbloqueou o marcador e acabou por bisar através de um belo remate após grande assistência de Cédric. Mas o avançado colombiano voltou aos golos esta noite depois de longos meses de jejum e, para além disso, ainda fez a assistência para o quarto golo dos leões. Montero nunca baixou os braços e jogou para a equipa em vez de procurar o golo, que haveria de surgir naturalmente. E, mais do que merecidamente, surgiu hoje.

O Fora-de-Jogo
André Martins – perdeu a titularidade para João Mário há três jogos. Podia ter aproveitado a oportunidade que Marco Silva lhe deu hoje, confiando-lhe a titularidade em detrimento de Adrien Silva, mas não o fez. Não só por mérito de João Mário mas também por demérito próprio.

Torneio de Veteranos SideLine: A qualidade (ainda) está lá

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Em mais uma parceria com a SideLine, o Bola na Rede deslocou-se a Caneças para assistir à final do torneio de Veteranos. Para saber em que consiste a SideLine e quais os eventos que organiza, leia a seguinte reportagem.

Em que consiste este Torneio de Veteranos? Segundo Ricardo Fonseca, Secretário Técnico da SideLine, este torneio marca o início da nova época e é uma forma de as equipas se conhecerem. De Veterano, e apesar de a média de idades ser alta, só tem o convívio que já é característico nos eventos da SideLine. Depois da competição vem o merecido descanso e um lanche ou almoço onde os rivais em campo se tornam amigos à mesa.

Como funciona? Este torneio está dividido em dois grupos. As equipas de cada grupo jogam entre si e as duas primeiras de cada um jogam a final. Os segundos classificados disputam o 3º e 4º lugares, os terceiros jogam para o 5º e 6º lugares e os quartos classificados vão discutir o 7º e 8º lugares.

No sábado jogou-se a fase de grupos. Em Caneças, o Grupo A acabou com a seguinte classificação:

Sem Título

Este grupo teve a particularidade de só num jogo ter existido um vencedor, de resto apenas se registaram empates. O Tires beneficiou da vitória e conseguiu um lugar na final.

No mesmo dia, mas em Marvila, disputaram-se os jogos do grupo B, que acabou com a seguinte classificação:

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Neste grupo jogava o campeão Biqueiras Aço, que não conseguiu passar o Olivais e Moscavide, que iam disputar a final.

Assim sendo, chegávamos ao Domingo de todas as decisões. No jogo que decidia o 8º e 7º lugares, o MPL venceu por 3-2 o São Domingos.

Para o 6º e 5º lugares, teríamos o confronto entre o Banco de Portugal e o Hospital Santa Maria. Mesmo com a média de idades alta, desengane-se quem pensa que a qualidade podia não ser alta. Ambas as equipas proporcionaram um grande jogo de futebol e mostraram que a idade é apenas um número, pois a qualidade está lá sempre. No final, a vitória por 2-0 para o Hospital Santa Maria assenta na perfeição a uma equipa que foi melhor; o principal destaque foi o belíssimo golo do 2-0.

Para Miguel Sá, o responsável do Banco de Portugal, a vitória do adversário é justa. “Tivemos de fazer um jogo mais calculista e mais defensivo. Não esquecer que a nossa equipa é das mais velhas em termos de idade no torneio, portanto o resultado é justo, o adversário foi superior, mas há que destacar que dentro das nossas limitações fizemos um trabalho sério neste torneio.”

Os jogadores do Hospital Santa Maria mostram que o talento está lá Foto: Pedro Moura
Os jogadores do Hospital Santa Maria mostram que o talento está lá
Foto: Pedro Moura

Para o Banco de Portugal, há um jogo que fica na memória e que poderia ter dado a final. “Temos o jogo com o Estrelas de Lisboa atravessado, pois empatámos a uma bola e criámos imensas oportunidades, falhando mesmo um penálti. Se tivéssemos ganhado talvez estivéssemos hoje a jogar a final em vez do Tires, pois passávamo-los na classificação.”

No entanto o balanço é positivo, e Miguel Sá avisa que esta equipa pode fazer coisas boas no campeonato. “Se 80% dos jogadores treinarem, temos capacidade para fazer uma equipa para lutar do 5º lugar para cima. Mas é uma situação que não controlamos; se vão 10 jogadores treinar, no próximo treino vão 15 e no outro só vão oito. Estamos sempre dependentes da disponibilidade das pessoas.”

Pelo 3º e 4º lugares temos um dos grandes nomes da prova e do campeonato. O Biqueiras Aço é o campeão em título e é sempre um dos favoritos à conquista destes torneios, que contam com muitos ex-jogadores de futebol profissional. Falhado o objectivo de ir à final, o campeão teve se contentar com o 3º lugar, ao vencer o Estrelas de Lisboa. Logo ao início do jogo ouve-se uma dica de alguém dos Biqueira Aço para o adversário: “não ataquem por este lado, ainda nem aqueci, tenham dó”. Mais um exemplo de boa disposição já característico nos eventos da SideLine. O Biqueiras Aço ganha por 3-1, um resultado que mostra a diferença entre as equipas. Se de um lado está o campeão em titulo, com jogadores com experiência, do outro está uma equipa nova, com muitos jogadores sem experiência no futebol 11.

Biqueiras Aço vs Estrelas de Lisboa Foto: Pedro Moura
Biqueiras Aço vs Estrelas de Lisboa
Foto: Pedro Moura

Para o Estrelas de Lisboa, este foi um importante torneio para preparar a época que aí vem. “Deu para os jogadores se conhecerem melhor, para perceberem no que falham e no que são melhores. Deu para jogadores habituarem-se às dimensões de um campo destes”, afirma o treinador. Para o capitão o balanço também é positivo: “Vínhamos com perspectiva de treinar e fazer jogos de preparação para a próxima época. Podemos dizer correu quase na perfeição, só tivemos uma derrota e o resto foram só empates, o que mostra que estamos no bom caminho.“

Grande parte dos jogadores do Estrelas de Lisboa nunca jogou futebol. Como se faz a preparação de um grupo sem essa experiência? O treinador responde. “Os que têm mais experiência ensinam os menos experientes os movimentos do jogo e tentam mostrar o que é o futebol  11, pois não é aos 45 ou 50 que se aprende a jogar na plenitude. Quando se quer aprender, é tudo fácil e este grupo de jogadores quer sempre melhorar.”

 

Chegava assim a final. Olivais e Moscavide jogava frente ao UDR Tires. As duas equipas chegavam aqui depois de vencerem os seus grupos. Tal como se esperava, foi um jogo de muita luta e muita garra, mas no entanto o nulo mantinha-se. Só perto do fim é que o nulo se desfez para o lado do Olivais e Moscavide, o que despertou a reacção do Tires. Houve emoção até ao fim, com o Tires a carregar e a tentar o empate. Já se tinha dito aqui que, apesar da idade já não perdoar, o talento está lá e o maior exemplo disso é o capitão do Tires. Quem o vê jogar não diz que já tem 50 anos. Ágil, rápido e a comandar a equipa, os anos não passam por ele. O motor do Tires tem muita qualidade, graças aos anos que passou a jogar futebol, mas não consegue ajudar a dar a volta ao resultado, e é o Olivais e Moscavide que leva a taça para casa.

Olivais e Moscavide vs UDR Tires Foto: Pedro Moura
Olivais e Moscavide vs UDR Tires
Foto: Pedro Moura

Para o Olivais e Moscavide, a final foi um jogo disputado. “Foi um bom jogo para uma final. Um bom jogo comparativamente aos outros que fizemos, bem disputado. A vitória poderia pender para os dois lados, e ambas as equipas estão de parabéns. ” As equipas já se mostram preparadas para o campeonato que aí vem, campeonato esse para o qual o vencedor do torneio tem um objectivo especial. “O nosso objectivo é fazer um bom campeonato e, principalmente, manter as pessoas activas. Queremos fazer da actividade física uma rotina, pois as pessoas desleixam-se.”

Para o Tires, a final foi dos melhores jogos do campeonato. “Foi um bom jogo para a nossa idade, repartido e equilibrado. Dos jogos que se realizaram aqui no campo do Caneças entre ontem e hoje foi dos melhores que ocorreram.” Para uma equipa com jogadores com experiência de distritais e segunda divisão, o objectivo está definido. “Ficar nos quatro primeiros com o mesmo espírito de veterano e de companheirismo que nos caracteriza.”

Os vencedores Foto: Pedro Moura
Os vencedores
Foto: Pedro Moura

No final é tempo de entrega de prémios. Lamenta-se a falta de comparência dos árbitros nos jogos de um dos grupos, situação essa que foi resolvida pelos membros da SideLine e que não manchou a imagem do torneio, que decorreu da melhor maneira, com um grande espírito de companheirismo por parte de todas as equipas, algo que já marca os eventos da SideLine, e com jogadores que, apesar da idade, mostraram que não esquecem. Há que a agradecer à SideLine pela realização destes eventos e por toda a disponibilidade para com os elementos do Bola na Rede.

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Bi-campeonato: Todos pelo mesmo?

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coraçãoencarnado

Zero pontos. Dois jogos já se foram e o número em forma de círculo lá nos continua a chatear. Sim, dois jogos, duas histórias diferentes. No entanto, o resultado foi o mesmo, a derrota e os tão odiados zero pontos. É a liga dos grandes, dos gigantes, e era nessa mesma liga que eu queria mostrar que sou gigante. Porquê? Fácil, porque em Portugal todos sabem que somos enormes e, apesar de lá fora também o saberem, às vezes apetece-me mostrar mais e mais e mais… Bem, chega de filosofias e vamos aos factos. Como é lógico, não junto o jogo com o Zenit no mesmo barco do jogo com o Leverkusen. Mas ao olhar com atenção para os dois jogos existem algumas verdades que, por muito que eu as queira disfarçar, insistem em aparecer: claramente o plantel é mais limitado do que o do ano passado – não só o onze base é mais fraco, como o Jesus tem menos alternativas no banco; claramente o grupo é demasiado equilibrado – apesar disso não me parece uma desculpa válida e já vou explicar porquê; finalmente, a história dos últimos anos repete-se na Liga dos Campeões.

Ponto por ponto: parece-me óbvio que o Jesus tem menos soluções viáveis, apesar de este ter sido um dos anos onde mais dinheiro gastámos (não vou assumir nem especular que foi mal gasto, simplesmente as soluções ainda não estão lá). Não quero perder muito tempo com este assunto, que tem sido discutido vezes demais, mas quanto ao onze, se reparamos no guarda-redes, dupla de centrais, defesa-esquerdo, número 6, segundo avançado e mesmo a posição de ala-direito (apesar de adorar o Salvio, parece-me que o Markovic permitia mais flexibilidade no ataque, chegando muitas vezes a trocar com o Nico), constataremos que a equipa perdeu claramente em todos os sectores. Desde o guarda-redes até ao ataque.

Agora vamos ao grupo: Zenit, Leverkusen e Mónaco. Onde estão os gigantes europeus? Só vejo o Benfica. Pois é, não estão. Sim, é um grupo equilibrado, mas parece-me que era perfeitamente aceitável que passássemos este grupo. Tenho de olhar para o jogo do Leverkusen, pois, como todos sabemos, contra o Zenit enfrentámos uma noite não só gelada como também repleta de azar. Na Alemanha, aquelas onze papoilas que eu vi subirem ao relvado tremiam. Pele de galinha. O Jesus não se mexeu o suficiente nos primeiros vinte minutos. Porquê, Jesus? Grita com eles, chama-lhes tudo o que puderes, mas por favor não me voltes a fazer o que fizeste. Não me faças ver o meu Benfica com medo na Alemanha, com os jogadores encolhidos. O que é que lhes disseste antes do jogo, Jesus? Onde é que estava o gigante europeu, a jogar em casa ou a jogar fora? Quem é que devia tremer por todos os lados quando o Salvio, o Gaitán ou o Enzo tocassem na bola? Pois é, certamente não éramos nós. Gostava também de arrumar este tema, porque apesar de tudo aquilo que eu disse, tenho a certeza de que eles deram tudo. E vão continuar a dar (mas sem medo da próxima vez).

Antes do pesadelo Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Antes do pesadelo
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

É tempo de perceber o que correu mal, mas olhar para o que tem corrido bem: apesar da limitação do plantel, a verdade é que o Jesus tem conseguido tirar o máximo de cada jogador no campeonato. E onde estamos? Bem lá em cima, com uma vantagem confortável. As exibições não têm sido geniais, provavelmente na maioria dos jogos não temos cilindrado ninguém, mas não é isso o que eu quero – o que eu quero é o bicampeonato. Sim, quero voltar a mostrar a nossa grandeza aos portugueses. Por isso, vamos apoiá-los incessantemente, tal como temos feito. Não sei se vamos passar ou não na Champions mas sinceramente ainda acredito! Mas mais do que isso tudo, quero ser campeão dois anos seguidos, algo que não conseguimos há tempo demais…

Benfiquistas, vamos esquecer o que aconteceu para lá das nossas fronteiras e vamos continuar a gritar até não podermos mais. E começamos já amanhã, frente ao Arouca! Raça, Força e Querer. Três palavras para relembrar durante este fim-de-semana. Por muito que nos custe perder na Europa, que todos nós nos sintonizemos com os objectivos do clube – ser bicampeão (desculpem mas nunca é demais lembrar). Ah! Se por acaso não passarmos aos oitavos da Champions, que venha mais uma final da Liga Europa.

Acabo este texto apresentando-me como um benfiquista doente que vos acompanhará todos os sábados. Será um prazer escrever para o “Bola na Rede”. Bem-vindos ao “Coração Encarnado”.

Bayern… e mais quem?

bundesliga

À passagem da 7ª jornada, o Bayern de Munique já é líder isolado da Bundesliga. Até aqui, nenhuma novidade. Poucos são aqueles que não acreditam que a equipa de Pep Guardiola mantenha esta posição até Maio, mas a questão que se coloca é: quem é que surgirá logo de seguida, ocupando as restantes posições de acesso à Champions League?

BORUSSIA DORTMUND

Nos últimos anos, quando falamos em Bundesliga só nos vêm dois nomes à cabeça – Bayern e Dortmund. Se Jurgen Klopp acabou por cima dos bávaros em 2010/11 e em 2011/12, a verdade é que da temporada 2012/13 para cá os homens da Baviera não têm dado hipóteses absolutamente nenhumas aos seus rivais e o campeonato tem sido um passeio. Penso que este ano a situação não será diferente, portanto, na minha opinião, o principal objectivo do Dortmund é assegurar o 2º lugar, coisa que já não será nada fácil.

Depois de ter perdido Mario Götze para o Bayern no Verão passado, desta vez foi Lewandowski a partir para o mesmo destino. Foi um duro golpe na equipa, mas creio que não será por aí que o Borussia parta em desvantagem. A saída do polaco foi muito bem colmatada com as compras de Immobile ao Torino e de Adrián Ramos ao Hertha Berlin e não nos podemos esquecer de que há Reus e Aubameyang para o ataque.

O grande problema da época transacta foram as lesões – Klopp viu-se privado de Marcel Schmelzer, Neven Subotić, Mats Hummels, Łukasz Piszczek, Ilkay Gündogan e Błaszczykowski durante grande parte da época,  jogadores fulcrais que ao que parece estão de volta. Estes são os verdadeiros reforços da equipa alemã, sobretudo Gündogan, que volta mais de um ano depois, e ainda Kagawa, que regressa à sua verdadeira casa depois de uma passagem falhada por Old Trafford. Um plantel fortíssimo e que provavelmente teria mais hipóteses de ser campeão num outro campeonato que não o alemão.

Gundogan será um "reforço" vital para Klopp  Fonte: asia.eurosport.com
Gündogan será um “reforço” vital para Klopp
Fonte: asia.eurosport.com

BAYER 04 LEVERKUSEN

Pelo que se tem visto, esta é a equipa da moda na Alemanha. Roger Schmidt chegou do Red Bull Salzburg e cedo conquistou a imprensa e os adeptos. Trabalha com um futebol super-pressionante e de um cariz ofensivo tal que lembra o Dortmund de Klopp. Schmidt usa jogadores rápidos nas alas e fortes no miolo, uma conjugação perfeita para quem pratica esta pressão, sobretudo no início da partida, tentando marcar logo nos primeiros minutos e gerir depois com relativa facilidade, já que é impossível manter o ritmo frenético durante os 90 minutos.

Leno oferece segurança na baliza e o centro da defesa é ocupado por Ömer Toprak, que esteve excelente na época passada, e por Kyriakos Papadopoulos, que chegou neste Verão do Schalke 04. Spahic é ainda uma boa alternativa e, apesar de a velocidade aos 34 anos não ser a mesma, compensa alguma lentidão com a sua experiência e um grande sentido posicional. Tin Jedvaj veio por empréstimo da Roma e, com 18 anos, tem ganho o lugar na faixa direita da defesa. No lado esquerdo há outro jovem – Wendell. Oriundo do Grêmio, o lateral de 21 anos chegou e convenceu, sendo já dono e senhor da posição. No centro do terreno, como disse, o Bayer apresenta jogadores como Simon Rolfes, Stefan Reinartz, Lars Bender e ainda o jovem Levin Öztunali – todos eles fortes fisicamente.

Mais à frente, aí sim, os jogadores têm já outras características, como a velocidade e a técnica. Vindo do Hamburgo, Hakan Çalhanoğlu, de apenas 20 anos, já talvez a grande estrela da equipa. Com uma técnica muito evoluída e uma colocação de remate e passe fora do normal para a sua idade, o turco tem tudo para se afirmar como um dos melhores do mundo se continuar a sua evolução. Do outro lado aparece Karim Bellarabi, também reforço de Verão, e é mais um jogador rapidíssimo e com muita técnica, tal como o coreano Son Heung-Min. Estes três jogadores são quem joga no ataque apoiando o experiente goleador Stefan Kießling, que dispensa apresentações. No banco há ainda Josip Drmic, mais um reforço interno (ex-Nuremberga), que tem também muito talento a explorar. Perante um plantel desta categoria, posso dizer que o Bayer 04 é, para mim, o maior candidato ao segundo lugar da Bundesliga.

Son e Çalhanoğlu, as estrelas de Leverkusen  Fonte: bundesliga.com
Son e Çalhanoğlu, as estrelas de Leverkusen
Fonte: bundesliga.com

SCHALKE 04

Depois de um início de época algo conturbado – alguns adeptos mineiros chegaram mesmo a pedir a demissão do técnico Jens Keller -, o clube parece estar melhor, sobretudo depois da vitória sobre o seu eterno rival Borussia Dortmund. A equipa não mudou muito. Benedikt Höwedes continua a comandar uma defesa composta ainda por Kolašinac, Felipe Santana, Dennis Aogo, Uchida, Christian Fuchs e Joël Matip – uma rectaguarda algo irregular, um pouco lenta mas muito forte no jogo aéreo.

No meio-campo foi acrescentada qualidade no passe e remate com Tranquillo Barnetta e a velocidade de Sidney Sam juntou-se à de Farfán. Há ainda Marco Höger, Neustädter, Kevin Prince Boateng e as jovens promessas Julian Draxler, Clemens, Max Meyer e Goretzka. Neste capítulo, o Schalke 04, a manter estes verdadeiros diamantes e lapidando-os da melhor maneira, é talvez e equipa com melhor futuro na Alemanha. Difícil será mantê-los… Huntelaar é sempre um perigo no ataque, mas convém lembrar que o holandês já tem 31 anos e a sua queda de produção será algo natural.

Aos 31 anos, Huntelaar continua a ser o matador do Schalke 04  Fonte: talksport.com
Aos 31 anos, Huntelaar continua a ser o matador do Schalke 04
Fonte: talksport.com

WOLFSBURG

Depois de ter ficado a apenas 1 ponto da Champions League na época passada, a turma de Dieter Hecking tem certamente como principal desafio garantir um lugar que dê acesso à liga milionária de 2015/16. Aliás, nem se trata apenas de uma questão meramente desportiva, mas também financeira. O Wolfsburg tem sido das equipas alemãs a investir mais em jogadores, sobretudo jovens, de forma a criar bases para uma equipa de sucesso nos próximos 3/4 anos.

Na baliza continua tudo igual, com Diego Benaglio como capitão. À defesa foi adicionado um elemento – trata-se de Sebastian Jung, que chegou este Verão do Eintracht Frankfurt e vem para ocupar a posição mais fraca do plantel, a de defesa direito. Também sem grandes mexidas no meio-campo, foi mais uma vez apenas acrescentada qualidade – Aaron Hunt trocou o Werder Bremen pelo Wolfsburg e Josuha Guilavogui chegou por empréstimo do Atletico Madrid. Com 35 anos, era também tempo de Ivica Olić ver ser preparada a sua sucessão no centro do ataque. Nicklas Bendtner não confirmou o que prometeu no início da sua carreira no Arsenal. Nem no Sunderland. Nem na Juventus. Nem no Arsenal novamente. Ainda assim, os responsáveis do clube alemão apostaram nele. O dinamarquês tem aos 26 anos uma oportunidade de provar que ainda pode dar muito ao futebol.

Vieirinha é o único portugês no lote dos principais candidatos à Champions na Alemanha  Fonte: schwaebische.de
Vieirinha é o único portugês no lote dos principais candidatos à Champions na Alemanha
Fonte: schwaebische.de

Para além do campeão (que será com quase toda a certeza o Bayern de Munique) sobram ainda dois apuramentos directos para a Liga dos Campeões e o 4º lugar dá ainda acesso ao play-off. Para mim, esses três lugares serão ocupados por três destas 4 equipas, mas há ainda equipas como o FSV Mainz 05, Hannover 96 ou Borussia M’gladbach que têm feito boas campanhas e praticado bom futebol com resultados. O melhor será mesmo esperar pelo fim da época apreciando o fantástico futebol jogado na Bundesliga.

Valência 3-1 Atlético Madrid: 13 minutos bastaram

la liga espanha

Poucos poderiam prever o início de loucos que o jogo entre o Valência e o Atlético de Madrid nos proporcionou. Ambas as equipas chegavam a este encontro sem qualquer derrota e em igualdade pontual. Em apenas 13 minutos os comandados de Nuno Espirito Santo já venciam por 3-0. A equipa do Atlético entrou totalmente desconcentrada e a cometer erros defensivos infantis. No meio de tudo isto, André Gomes teve mais um momento de magia, ao marcar um grande golo. O Atlético ainda reduziu através de Mandzukic, após um grande remate de Tiago. De realçar ainda que ficou por assinalar uma grande penalidade a favor da equipa de Simeone e que Siqueira falhou uma grande penalidade. Na segunda parte assistimos a um jogo muito físico, marcado por picardias entre os jogadores e sem grandes ocasiões de golo.

Em alta competição não são permitidos momentos de desconcentração. O Atlético que o diga. De resto, se tirarmos os primeiros 13 minutos do encontro, a equipa madrilena até foi superior ao Valência, como as estatísticas demonstram (mais posse de bola, mais remates, mais cantos). Não estou com isto a tirar mérito à equipa che, que se apresentou bastante organizada e eficaz – Nuno Espírito Santo soube entender os momentos do jogo na perfeição.

Os portugueses André Gomes e Tiago estiveram em destaque no duelo de hoje  Fonte: libero.pe
Os portugueses André Gomes e Tiago estiveram em destaque no duelo de hoje
Fonte: libero.pe

A nível individual, quero destacar elementos de ambas as equipas, positivamente e negativamente. No Valência impressionaram-me bastante Gaya e André Gomes: o jovem lateral-esquerdo vindo da cantera já apresenta uma qualidade e uma maturidade bastante acima da média; André Gomes saiu aos 70 minutos ovacionado pelo Mestalla e realizou mais uma excelente partida, marcando novamente golo de grande classe. Do lado do Atlético gostava de realçar Tiago e Mandzukic: apesar dos 33 anos, o internacional português continua a demonstrar uma disponibilidade física incrível e ainda uma serenidade em campo invejável; Mandzukic, apesar do golo, não realizou uma partida ao seu nível habitual – não conseguiu esticar o jogo do Atlético como tão bem fazia Diego Costa e ainda está muito longe de fazer esquecer o luso-espanhol.

Em suma, os primeiros 13 minutos foram decisivos para o resto da partida. Um Valência mais concentrado contrastou com um Atlético apático. Os campeões espanhóis ainda tentaram reagir, mas era uma missão muito difícil, se não impossível. O penalty falhado pelo ex-Benfica Siqueira em nada veio ajudar; talvez com o 3-2 antes do intervalo a história tivesse sido outra. Com esta vitória o Valência assume o comando provisório do campeonato espanhol, ficando agora à espera do que o Barcelona possa fazer frente ao Rayo Vallecano. Nuno Espirito Santo continua a realizar um excelente trabalho, respondendo aos críticos que o apontavam como um dos treinadores que mais rapidamente iria ser despedido.

Um novo Real Madrid

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la liga espanha

Há um Real Madrid diferente em Espanha. O atual campeão europeu, que conquistou a sua décima Liga dos Campeões na última época em Lisboa, no Estádio da Luz, promete ser bastante distinto, no aspeto tático, daquilo que era na temporada passada. As saídas de Di María e de Xabi Alonso, juntando às contratações de Kroos e James Rodriguez, impõem uma nova ideologia de jogo. Se para melhor ou para pior só o avançar da temporada irá responder. Essa é, inclusive, sempre uma questão suscetível a várias interpretações. Jogar bem não significa vitória, ou vice-versa.

Interessa, isso sim, analisar que tipo de alterações Carlo Ancelotti tem aplicado ao anterior sistema tático e, não menos importante, tentar perceber de que forma essas mudanças afetam o rendimento da equipa em geral e de alguns jogadores específicos. O Real Madrid da temporada 2013-2014 baseou toda a sua identidade de jogo num 4-3-3 clássico, mas ainda assim híbrido o suficiente para se ajustar a qualquer adversário. Aliás, o 4-3-3 que ofereceu a la decima aos adeptos do Real Madrid era um sistema altamente influenciado pela grande estrela dos merengues: Cristiano Ronaldo. O português, atual Bola de Ouro, “obriga” a um sacrifício coletivo, que, no final de contas, é brutalmente recompensador. Os títulos falam por si.

Ronaldo conquistou a Bola de Ouro antes de vencer a Champions>/i>  Fonte: dnaindia.com
Ronaldo conquistou a Bola de Ouro antes de vencer a Champions
Fonte: dnaindia.com

Ainda sobre o 4-3-3 época transata, o treinador italiano utilizava no meio-campo, sempre que podia, um triângulo no meio-campo constituído por Xabi Alonso a trinco, Modric a box-to-box e, para muitos considerada a chave do sucesso, Di María a interior esquerdo. Na frente, o outro trio era composto pelos rapidíssimos Ronaldo (esquerda), Bale (direita) e Benzema (centro). Como todos sabemos, a mobilidade e velocidade dos três homens da frente foi uma das características marcantes do estilo de jogo do Real Madrid. Se Benzema procurava imenso o jogo exterior, obrigando a mobilizar os centrais adversários, Ronaldo e Bale faziam o movimento interior, criando desequilíbrios nas alas e permitindo a subida dos laterais ( Coentrão e/ou Carvajal).

No entanto, e tal como referi acima, a colocação de Di María a interior esquerdo foi, talvez, a maior etiqueta do jogo merengue na época passada. E, de tudo, o mais curioso é que a questão do jogador argentino não se prende com o processo ofensivo – ainda que também tenha sido fundamental no último terço do terreno. Surpreendentemente, Di María trouxe ao jogo madrileno um equilíbrio defensivo perfeito. O ex-jogador do Benfica era o suporte de Cristiano Ronaldo e conseguia facilmente efetuar as dobras necessárias ao meio-campo (muito pelo fato de o português raramente acompanhar o lateral adversário). Com Di María em campo, o Real Madrid tinha uma maior capacidade de contenção e agressividade sobre a linha intermédia e, sobretudo, não permitia uma elevada percentagem de transições aos adversários. Porém, Di María já não jogador do Real Madrid. Foi-se o jogador-chave para o equilíbrio do Real Madrid e Ancelotti teve de arquitetar uma nova forma de jogar.

A questão James Rodriguez e Kroos

Com James Rodriguez e Kroos no primeiro onze oficial da época, o Real Madrid venceu a Supertaça Europeia, frente ao Sevilha, por 2-0, e deu um enorme espetáculo futebolístico. A crítica foi unânime nos elogios ao conjunto madrileno. O estado de graça, porém, foi curtíssimo. Rapidamente surgiram problemas: derrotas, empates e exibições paupérrimas. O estado de alerta fez acordar tudo e todos. Ancelotti inclusive. O experiente treinador italiano não perdeu tempo e decidiu reajustar várias posições no conjunto de Madrid. Ajustou o sistema tático aos novos jogadores e, num curtíssimo espaço de tempo, tudo mudou. O 4-3-3 deixou de imperar. O Real Madrid deambula, atualmente, entre dois sistemas táticos bem diferentes.

James e Kroos substituíram Di María e Xabi Alonso em Madrid  Fonte: Marca
James e Kroos substituíram Di María e Xabi Alonso em Madrid
Fonte: Marca

Nos últimos jogos, a equipa apresentou um modelo em 4-2-1-3, com Kroos e Modric a médios, James a médio-ofensivo, Ronaldo e Bale como alas e, por fim, Benzema a avançado. Este é um sistema tático ofensivo e, simultaneamente, uma boa forma de nunca perder apoio entre os setores. Para além disso, permite que Ronaldo e Bale troquem de posição com James Rodriguez, provocando vários desequilíbrios na retaguarda do adversário. Como é óbvio, tanta capacidade para trocas no setor ofensivo é sempre uma boa arma perante equipas pequenas, que defendem grande parte dos 90 minutos. O Real Madrid tem, com este novo esquema, uma maior (e melhor) circulação de bola. Cobrem com grande eficácia todos os espaços entre linhas, ganhando quase sempre as segundas bolas, e, simultaneamente, há uma grande disponibilidade para o passe curto, resultando assim numa maior capacidade no transporte de bola e eficácia no passe. Sem dúvida que as duas novas peças neste plano de Ancelotti fazem toda a diferença. Tanto Kroos como James são exímios no passe e dispõem de uma notável leitura do jogo. Principalmente com o alemão, que era figura central do Bayern de Munique, a equipa ganha imensa qualidade no centro de terreno.

O outro sistema que Ancelotti tem utilizado, essencialmente quando necessita de atacar com grande volume ofensivo, é o 4-2-4. Nesta formação, à imagem do anterior, Modric e Kroos são os médios mais posicionais. A médios interiores podemos ver James e Isco e, na frente, a dupla Bale e Ronaldo fazem de avançados. Com este sistema o Real Madrid perde alguma profundidade nas alas mas ganha bastante qualidade e intensidade no corredor central. Os laterais não sobem tanto e o volume de jogo ofensivo pelas ala é consideravelmente inferior. Na verdade, não existindo um trinco puro, o perigo de exporem em demasia a retaguarda faz com que os laterais tenham um maior cuidado e preocupação a nível defensivo. Isto é algo básico no futebol mas permite perceber que o afunilamento de jogo pelo centro do terreno é quase obrigatório e inato aos madrilenos.

Ancelotti dispôs a equipa assim no último jogo  Fonte: coiso
Ancelotti tem recorrido a este sistema quando precisa de maior volume ofensivo
Fonte: footyformation.com

Ainda assim, o mais importante destes dois modelos é o fato de permitir com grande facilidade que Ronaldo apareça na zona central. A ideia de Ancelotti é, sem dúvida, dar carta branca ao português para aparecer na zonas de finalização e evitar que seja obrigado a acompanhar as subidas do lateral contrário… evitando um grande desgaste físico. Sabendo que o internacional português tem está perto dos 30 anos e, naturalmente, acabará por perder o enorme fulgor físico de que dispõe, os responsáveis do Real Madrid, ao que tudo indica, pretendem que o internacional português concentre toda a sua energia no processo ofensivo. E isto, caro leitor, faz toda a diferença. Não é por acaso que o internacional português tem feito o melhor inicio de temporada de toda a carreira. Em dez jogos, Ronaldo leva catorze golos. Uma marca notável e verdadeiramente incrível.

Por fim, o “novo” Real Madrid é uma equipa mais disposta à circulação e controlo de bola, sem, no entanto, descurar as transições rápidas. Aliás, com Kroos, James e Modric, por muita largura que exista no posicionamento da equipa, o jogo vertical irá reinar em quase todos os momentos. E por falar em reinar, só o decorrer da época irá responder se o clube madrileno mudou para melhor ou para pior. Irrefutável é que o Real Madrid está diferente.