Quando falta menos de um mês para o início do Tour de France, no mundo do ciclismo não se pensa noutra coisa. Quem será o vencedor, em que forma chegarão os principais favoritos e quais serão as surpresas deste ano são os principais tópicos de conversa de todos os amantes da modalidade. Pois bem, esta semana temos uma óptima possibilidade de espreitar aquilo que se poderá passar no futuro. É a semana do Critérium du Dauphiné. Esta é uma prova que existe claramente para preparar o Tour de France. Muitos quilómetros percorridos nos Alpes e um contra-relógio curto, na primeira etapa, para aquecer os motores.
Como é habitual, os grandes favoritos à conquista do Tour marcam presença no Critérium, mas este ano existe uma particularidade engraçada. Nem Froome, nem Contador, nem Nibali participaram na grande prova anterior do calendário, o Giro d’Itália, facto que pode trazer um interesse extra para a edição deste ano. Chegarão os três em força para atacar esta prova ou irá notar-se falta de ritmo em algum deles? Quererão eles marcar já posição para o Tour, dando um sinal de força, ou preferirão rolar longe dos limites para evitar alguma possível queda ou lesão que os enfraqueça num futuro próximo? Poderá até algum deles querer fazer bluff e deixar passar uma mensagem de menos força para depois surpreender? Serão perguntas para as quais só teremos reais respostas durante o Tour de France, mas estes são motivos capazes de nos prender ao Critérium du Dauphiné deste ano. Não esquecer nesta equação o nome de Van Garderen, que também não marcou presença no Giro e pode fazer uma excelente prova, até porque é visto como uma das mais fortes ameaças àquele que é o pódio que muitos já prevêm como certo no Tour deste ano (outra ameaça será Valverde, mas depois de não marcar presença no Giro d’Itália e de agora passar o Critérium du Dauphiné fica mais complicado prever como chegará o espanhol à grande prova do ano).
Froome, Contador e Nibali, os três grandes favoritos para a edição deste ano Fonte: zimbio.com
Outro ponto de interesse é precisamente o oposto do acima referido. Será interessante verificar em que forma chegam a esta prova aqueles ciclistas que tiveram um rendimento ao mais alto nível em Itália. Wilko Kelderman e Ryder Hesjedal fizeram top 10 e, passado apenas uma semana do término da prova italiana, poderão ainda mostrar um alto nível de ritmo competitivo.
Ontem o pelotão já correu o contra-relógio inicial. Uma etapa curta, de apenas dez quilómetros e quatrocentos metros, e que, como era esperado, não deu para fazer grandes diferenças. Froome venceu a etapa, Contador fez segundo e Nibali oitavo, estando separados por apenas 13s. Foi um bom aquecimento, nada mais do que isso. Vêm aí as montanhas e aí sim virá o espectáculo. De qualquer maneira, é de salientar a forma como Froome e Contador começaram, ocupando desde já os dois lugares mais altos do pódio da classificação geral, algo que muito provavelmente irá acontecer bastantes vezes até ao final de Julho.
Chris Froome durante o contra relógio da primeira etapa Fonte: cyclingnews.com
No ano passado, Froome venceu o Critérium du Dauphiné e depois venceu o Tour. Acontecerá o mesmo este ano ou conseguirá Contador bater o pé ao britânico? Apesar de não ser definitivo, é sempre um bom indicador vencer já e marcar posição para o futuro. A verdade é que, por muito que não se queira, todos os pensamentos já estão naquilo que se vai passar a partir de 5 de Julho. Os dados estão lançados, começou o estágio para o Tour de France, façamos bom proveito!
A Suíça chegou há poucos dias ao Brasil para participar pela 10ª vez num Campeonato do Mundo. Depois de carimbar o passaporte numa fase de qualificação tranquila (não sofreu nenhuma derrota e superiorizou-se a adversários como Islândia e Eslovénia), o sorteio ditou que ficassem no grupo E, juntamente com França, Equador e Honduras. Se a França é um adversário de peso, os outros dois são teoricamente inferiores aos helvéticos. Actualmente no 6º (!) lugar no ranking da FIFA, a Suíça tem a grande responsabilidade de chegar aos oitavos-de-final.
Depois de duas idas aos quartos-de-final na década de 30 (1934 e 1938), quando os Mundiais ainda se disputavam apenas com eliminatórias, a Suíça teve uma digna prestação em 1950, no Brasil, embora não tenha ido além da fase de grupos. Em 1954 recebeu a competição, eliminou a Itália na primeira fase e perdeu para a Áustria num jogo que terminou 7-5 (não, não houve prolongamento!). Seguiram-se duas presenças discretas em 1962 e 1966 (sem fazer um único ponto em ambas as edições) e um interregno até 1994, onde foram esmagados pela Espanha nos oitavos-de-final. Em 2006 também chegaram aos oitavos (curiosamente, ficaram em 1º no grupo à frente de… França) e acabaram por ser eliminados nos penalties pela Ucrânia. De resto, em 2010 quedaram-se pela fase de grupos.
Uma maior aposta na formação desde o início do século fez nascer grandes talentos, melhorou a Liga do país (o Basileia, agora orientado por Paulo Sousa, tem tido prestações muito interessantes na Europa) e conduziu a Suíça a grandes resultados internacionais em torneios jovens. A convocatória para este Mundial é a prova disso: Senderos, Barnetta e Ziegler foram campeões da Europa sub-17 em 2002, enquanto Seferovic, Xhaka e Rodriguez foram campeões do Mundo sub-17 em 2009 – duas gerações que se misturam e que têm tudo para dar sucesso.
Desde que Ottmar Hitzfeld assumiu o leme, a Suíça foi eliminada do Mundial 2010 por Espanha e Chile na fase de grupos e não conseguiu apurar-se para o Euro 2012, ficando a léguas da Inglaterra na qualificação. Esta é, pois, a última oportunidade para o treinador alemão de deixar uma marca indelével na história do futebol suíço, uma vez que vai abandonar o cargo no final do torneio. Com um leque de jogadores entre os 21 e os 30 anos, quase todos eles nos melhores campeonatos da Europa – especialmente na Alemanha -, a Suíça tem todas as condições para chegar os oitavos-de-final. Shaqiri, Inler, Benaglio e companhia podem ser uma das grandes surpresas deste Mundial!
OS CONVOCADOS
Guarda-redes – Diego Benaglio (Wolfsburgo), Roman Bürki (Grasshopper) e Yann Sommer (Basileia).
Defesas – Steve von Bergen (Young Boys), Johannes Djourou (Hamburgo), Michael Lang (Grasshopper), Stephan Lichsteiner (Juventus), Ricardo Rodriguez (Wolfsburgo), Fabian Schär (Basileia), Philippe Senderos (Valência) e Reto Ziegler (Sassuolo).
Avançados – Josip Drmic (Nuremberga), Mario Gavranovic (FC Zurique), Admir Mehmedi (Friburgo), Haris Seferovic (Real Sociedad) e Granit Xhaqa (Borussia Moenchengladbach).
A ESTRELA
Xherdan Shaqiri Fonte: scaryfootball.com
Nascido em Gjilan, no Kosovo, Xherdan Shaqiri emigrou para a Suíça com um ano de idade e foi em território helvético que despontou para o futebol. Hoje, somente com 22 anos, o extremo canhoto tem já um palmarés muito bem recheado e é quase unanimemente considerado a estrela da sua seleção (apesar do protagonismo do capitão Inler).
Formado no Basileia, a potência hegemónica do futebol suíço no presente milénio, foi lá que deu nas vistas. A sua velocidade com e sem bola, o seu poder de choque (apesar dos 167 cm), a sua técnica prodigiosa e a inteligência demonstrada dentro das quatro linhas levaram o Bayern de Munique a despender cerca de 12 milhões de euros na sua contratação há dois anos atrás.
A nível de clubes, nunca perdeu um campeonato nacional enquanto sénior (foi tri-campeão suíço e bi-campeão alemão), venceu as Taças de ambos os países onde jogou e já foi campeão europeu e mundial pelos bávaros.
No que diz respeito à selecção nacional, após um bem-sucedido percurso nas camadas jovens fez a sua estreia pelos AA da Suíça em Março de 2010, num amigável diante do Uruguai. Participou no Mundial 2010 com apenas 18 anos, cumprindo alguns minutos no jogo diante das Honduras, e a partir daí tornou-se um habitual titular. Já leva 33 jogos e 9 golos com a camisola do seu país.
Se já era muito rápido e imprevisível em todas as suas acções, tecnicamente evoluído e fisicamente poderoso quando saiu do Basileia, no Bayern adquiriu experiência e maturidade táctica. Neste momento, é o jogador mais perigoso e desequilibrador da sua selecção e a grande esperança dos seus adeptos.
O TREINADOR
Ottmar Hitzfeld Fonte: sdgpr.com
Ottmar Hitzfeld dispensa apresentações. Com 65 anos e uma carreira repleta de títulos, é um dos mais conceituados treinadores do mundo. Todavia, no comando técnico da selecção suíça continua a faltar-lhe um grande resultado.
A maior parte do seu percurso enquanto jogador foi feita no futebol suíço (representou Basileia, FC Lugano e Lucerna, com um intervalo de três anos no Estugarda) e foi lá que iniciou também o seu trajecto enquanto técnico. Depois de Zug 94 e FC Aarau, foi duas vezes campeão da Suíça com o Grasshoppers. Foi assim que se lhe abriram as portas do Westfalenstadion: no Borussia Dortmund, onde cumpriu seis temporadas, venceu duas Ligas Alemãs e alcançou o único título de campeão europeu da história do clube em 1996/97. Depois dessa época de sonho, seguiu para o Bayern, onde voltou a erguer uma Champions e conquistou uma Intercontinental, somando ainda mais cinco Bundesligas ao seu currículo. Em 2005 foi eleito o melhor treinador de sempre da história do Bayern pelos adeptos, depois de já ter sido considerado o treinador do ano pela UEFA e pela IFFHS. Ao todo, são 18 títulos ao longo de 30 anos de carreira.
Ao cabo de sete anos na Baviera aceitou o desafio da Federação Suíça e sucedeu a Köbi Kuhn como seleccionador depois do Euro 2008. Este Mundial representa a última etapa de Hitzfeld nesta carreira de seleccionador suíço, uma vez que Vladimir Petkovic, actual treinador da Lazio, já foi anunciado como sucessor do germânico. Um bom resultado trar-lhe-á a glória que merece; uma má prestação resultará numa grande desilusão, uma vez que não conseguir passar da fase de grupos em três grandes competições será manifestamente insuficiente.
O ESQUEMA TÁTICO
A Suíça costuma apresentar-se em 4-5-1, assente num meio-campo muito sólido e coeso. Na baliza, Benaglio tem o lugar garantido (Sommer é a segunda opção). Na defesa, as grandes dúvidas residem no centro da defesa – Von Bergen e Senderos (vindo de lesão prolongada) projectam-se como os possíveis titulares, mas Djourou ou Schär também podem aparecer no onze inicial, já que tanto um como outro têm jogado com regularidade. Nas laterais, o veterano Lichtsteiner e o jovem Rodriguez assumirão com certeza a titularidade. No meio-campo, Behrami e Inler compõem um duplo pivot muito trabalhador e bem rotinado (ambos actuam no Nápoles) que equilibra a equipa. O também “napolitano” Dzemaili é a mais frequente alternativa a este duo; o ex-Sporting Gelson Fernandes é a outra hipótese. Dois alas e um médio mais ofensivo aparecem entre estes dois e o ponta-de-lança: Shaqiri e Stocker devem ocupar as faixas e deixar para o jovem Xhaka o espaço central. Embora não seja muito utilizado, o experiente Barnetta também pode ser o “número 10”. Em alguns casos, Hitzfeld opta por um segundo avançado, normalmente Admir Mehmedi, quando precisa de uma solução mais ofensiva (foi o que sucedeu no último amigável, frente ao Peru). Quando ao homem mais adiantado, tem havido alguma indefinição desde o abandono do melhor marcador de sempre da selecção, o histório Sebastian Frei: Derdiyok começou por ser a opção durante o início da qualificação (mas nem sequer foi convocado), cedendo depois o lugar a Seferovic (que nem é titular na Real Sociedad). Porém, face à grande época que fez e ao momento que atravessa (marcou os três golos da Suíça nos dois primeiros jogos de preparação, frente a Croácia, 2-2, e Jamaica, 1-0), deverá ser o jovem Josip Drmic a primeira opção. Provavelmente, Gavranović, o outro ponta-de-lança, terá pouco tempo de jogo.
O PONTO FORTE
Um meio-campo muito batalhador e forte em todos momentos e em todas as vertentes do jogo. Inler e Behrami – assim como Dzemaili e Xhaka – são jogadores muito completos – fortíssimos fisicamente, inteligentes do ponto de vista táctico, bastante fiáveis com a bola no pé, experientes e habituados a jogar juntos. Um “tampão” com estas características oferece qualidade nos momentos de transição e segurança defensiva à equipa (a Suíça não perdeu na fase de qualificação, só sofreu 6 golos e deve-o mais à qualidade do seu meio-campo do que da sua defesa).
O PONTO FRACO
De facto, o eixo central da defesa pode ser encarado como a principal debilidade da equipa. Os laterais, Lichtsteiner e Rodríguez, e o guarda-redes, Benaglio, dão garantias, mas não há nenhum central de grande nível na Suíça. Além disso, não têm uma dupla bem oleada, ao contrário de várias outras selecções, dado que os quatro centrais – Steve von Bergen, Djourou, Schär e Senderos – têm formado várias composições diferentes nos últimos tempos. A falta de estabilidade e coordenação neste sector pode ser fatal.
“Nem pensámos em Portugal ou na Alemanha, só nos perguntávamos «Outra vez os Estados Unidos?»“. Quando Asamoah disse isto, depois do sorteio, não estava a menosprezar a Alemanha e Portugal, mas sim a realçar mais um encontro com os Estados Unidos em Mundiais. Podemos dizer que o Gana tem tido uma história de sucesso nos Mundiais, e essa história está ligada aos Estados Unidos, selecção que vão defrontar pelo terceiro Mundial consecutivo. A história ganesa começa em 2006. Do contingente africano na Alemanha, onde apenas a Tunísia não era estreante, o Gana foi a única selecção que conseguiu passar aos oitavos de final, ao superar um grupo onde estava Itália, Republica Checa e, claro, Estados Unidos. Ao passar um grupo que se antevia complicado para os franceses, o Gana ganhava o rótulo de equipa-sensação da prova. Nos oitavos-de-final, seria eliminado pelo Brasil. Em 2010, o Gana encontrou a Alemanha, a Austrália e a Sérvia na fase de grupos e passou em segundo, atrás dos alemães. Nos oitavos-de-final, a história voltaria a repetir-se, com os americanos a serem de novo os adversários do Gana. A selecção africana acabaria por cair nos quartos-de-final, nas grandes penalidades, frente ao Uruguai.
Neste Mundial, os Black Stars, como são conhecidos, querem voltar a fazer uma prova igual ou melhor em relação às edições passadas. Mas a missão não será fácil. Para além dos seus companheiros de Mundial, os Estados Unidos, o Gana tem pela frente duas selecções que estão, para muitos, no top 10 de favoritas à conquista da prova, Portugal e Alemanha. Será difícil fazer o mesmo que nos outros anos, mas o Gana estará sempre à espreita de um possível deslize destas duas selecções e tem plantel para ombrear com elas. E, claro, vai querer manter a invencibilidade frente aos Estados Unidos, no terceiro confronto consecutivo.
OS CONVOCADOS
Guarda-redes: Stephen Adams (Aduana Stars), Adam Kwarasey (Stromsgodset – Noruega) e Fatau Dauda (Orlando Pirates – África do Sul)
Defesas: Daniel Opare (Standard Liege – Bélgica), Harrison Afful (Esperance Tunis – Tunísia), John Boye (Rennes – França), Jonathan Mensah (Evian – França), Rashid Sumalia (Mamelodi Sundowns – África do Sul) e Samuel Inkoom (Platanias – Grécia)
Médios: Michael Essien, Sulley Muntari e Rabiu Mohammed (Kuban Krasnodar – Rússia), Mubarak Wakaso (Rubin Kazan – Rússia), Afriyie Acquah (Parma – Itália), Emmanuel Agyemang-Badu (Udinese – Itália), Kwadwo Asamoah (Juventus – Itália), Albert Adomah (Middlesbrough – Inglaterra), Andre Ayew (O. Marselha – França) e Christian Atsu (Vitesse Arnhem – Holanda)
Avançados: Abdul Majeed Waris (Valenciennes – França), Jordan Ayew (Sochaux – França), Asamoah Gyan (Al Ain – Emirados Árabes Unidos) e Kevin-Prince Boateng (Schalke 04 – Alemanha)
A ESTRELA
Kevin-Prince Boateng Fonte: Getty Images
É difícil apontar uma estrela. Entre os experientes Essien e Muntari, ou os grandes valores, como André Ayew, Kwadwo Asamoah e Asamoah Gyan, a selecção ganesa está bem servida. No entanto, o destaque vai para Kevin Prince-Boateng. O irmão de Jerôme Boateng (vão defrontar-se neste Mundial) é conhecido pela sua versatilidade, podendo jogar nas alas ou no meio. A sua velocidade e força serão precisas se o Gana quiser voltar a brilhar no Mundial, sem esquecer o seu drible.
O TREINADOR
Kwesi Appiah, o técnico do Gana Fonte: Ghanasoccernet.com
James Kwesi Appiah pegou na selecção do Gana em 2012. O antigo internacional ganês já tem alguns anos de trabalho com a selecção, tendo trabalhado como adjunto da selecção principal entre 2007 e 2012 e tendo conquistado os All Africa Games com a selecção sub-23 do Gana. Entrou para a história como sendo o primeiro treinador negro a apurar o Gana para um Mundial. A confiança no trabalho do seleccionador é muita, tendo Appiah renovado por mais dois anos.
O ESQUEMA TÁTICO
PONTO FORTE
O ponto forte desta selecção é o meio campo/ataque. O Gana assenta o seu jogo no meio-campo, onde os experientes Essien e Muntari são peças fundamentais, tanto a defender como a distribuir jogo. Na frente, a velocidade de Boateng, Ayew e Asamoah, e a mira apontada de Asamoah Gyan podem fazer estragos. Com uma média de três golos por jogo e sendo Asamoah Gyan um dos melhores marcadores da fase de apuramento, os ganeses prometem pôr em sentido as defesas adversárias.
PONTO FRACO
O ponto fraco é a defesa, principalmente as laterais. A grande parte dos golos concedidos nasce das laterais ofensivas do Gana. Se contra selecções mais fracas isso não foi problema, no Mundial, principalmente frente à Alemanha e a Portugal, isso pode tornar-se fatal.
Rafael Nadal venceu Novak Djokovic por 3/6, 7/5, 6/2 e 6/4 e conquistou o seu quinto título consecutivo de Roland Garros, igualando assim a façanha de Bjorn Borg e confirmando-se, ainda mais, como um dos melhores jogadores de terra batida de todos os tempos.
No primeiro set, verificou-se a regularidade habitual de inicio de final de Grand Slam. Ambos os jogadores a explorarem o jogo um do outro. Djokovic beneficiou de dois factores: um conjunto de pancadas ganhantes superior à de Rafael Nadal e que lhe permitiram galvanizar o público em momentos chave, e claro do andamento do marcador que o beneficiou na construção do resultado ao conseguir o break no jogo decisivo (o sétimo) e que lhe permitiu de seguida servir para fechar o primeiro parcial.
Na segunda partida era Rafael Nadal que partia com o peso de correr atrás do prejuízo e as coisas até estavam a parecer demasiado fáceis para o espanhol. Nadal quebrou o serviço de Djokovic e colocou-se a vencer por 4-2, servindo para o 5-2. Num momento raro o espanhol cedeu à pressão e permitiu a recuperação a Djokovic que conseguiu equilibrar a contenda levando o set a 5-5. No desempate Rafael Nadal conseguiu com toda a justiça colocar-se em vantagem para selar a vitória deste segundo parcial, comemorada em jeito de vitória final, mas que galvanizou o espanhol para enfrentar a terceira partida. A pressão estava agora do lado de Djokovic novamente.
Nadal com o troféu de Roland Garros Fonte: Sports Keeda
E que bem que começou a terceira partida para Rafael Nadal, com o espanhol a entrar a vencer por 3-0, e com Novak Djokovic a deixar apontamentos preocupantes, como perda de equilíbrio numa das trocas de campo. Sempre foi conhecida a falta de tolerância do sérvio ao calor, mas ainda assim o calor de Roland Garros não é sequer justificação para o “sofrimento” de Djokovic. Com 4-2 Djokovic falha uma bola fácil a meio court e Nadal partiu para a vitória decisiva deste set que acabou por selar com um 6-2.
Na quarta partida, Rafael Nadal entrou mais solto, fruto de estar na frente do marcador, e fisicamente mais presente do que Djokovic, levando assim o espanhol a conseguir dominar a fase inicial. Ainda assim e como ambos são feitos da fibra dos campeões a partida não foram “favas contadas” para Nadal. Djokovic conseguiu puxar novamente o ascendente até si e apesar da desvantagem no marcador os pontos passaram novamente a ser mais disputados. Djokovic conseguiu empatar a partida a quatro, mas Nadal não se assustou e conquistou os dois jogos seguintes, selando assim a vitória por 6/4.
Com esta conquista o espanhol conquistou assim o seu quinto titulo consecutivo de Roland Garros, batendo o mítico record de Bjorn Borg para gáudio dos adeptos espanhóis. De referir ainda as dificuldades físicas de Djokovic em momentos da partida, mas que não servem obviamente de desculpa para a superioridade de Nadal ao longo de quase todo o encontro.
Na variante feminina, Maria Sharapova conquistou mais um título do Grand Slam, ao derrotar a surpreendente Simona Halep por 6/4, 6/7 e 6/4, conquistando o seu quinto título do Grand Slam, naquela que a tenista Russa classificou como a “final mais difícil da vida”.
Segue-se agora a sempre interessante época de relva, onde os fãs de Roger Federer suspiram sempre por uma recuperação do suíço que foi, ou é, um dos maiores especialistas neste tipo de terreno. Depois de Roland Garros segue-se assim o mítico torneio de Wimbledon.
A actual campeã mundial entra neste Mundial para tentar um feito inédito: ser bi-campeã mundial e bi-campeã europeia. A tarefa não se avizinha fácil, até porque o grupo que lhe saiu em sorteio conta com uma sempre forte Holanda e um aguerrido Chile, sendo a Austrália o provável outsider.
É uma das seleções com mais presenças em Mundiais -14 -, apenas suplantada por Brasil, Argentina, Itália, Alemanha e México.
La Roja, como é habitualmente conhecida, fez um apuramento relativamente tranquilo, onde tinha como principal rival a França, que superou sem superior dificuldade, terminando em primeiro do grupo sem grande pressão.
Da Espanha espera-se bastante neste Mundial: é uma das principais favoritas, diria até que a principal favorita a par de Brasil, surgindo depois um rol de seleções das quais se espera sempre grandes resultados.
Um futebol assente na posse e circulação de bola, com uma defesa coesa e forte é o que podemos esperar desta Espanha, que chegará ao Mundial com pressão de apresentar sobretudo um futebol que seja capaz de criar empatia com os adeptos, mas longe da pressão que terá o anfitrião Brasil.
OS CONVOCADOS
Guarda-redes – Iker Casillas (Real Madrid), Reina (Napoles) e De Gea (Manchester United)
Defesas – Azpilicueta (Chelsea), Sergio Ramos (Real Madrid), Piqué (Barcelona), Albiol (Napoles), Juanfran (Atlético de Madrid), Javi Martínez (Bayern de Munique) e Jordi Alba (Barcelona)
Médios – Sergio Busquets (Barcelona), Xabi Alonso (Real Madrid), Koke (Atlético de Madrid), Juan Mata (Manchester United), David Silva (Manchester City), Cazorla (Arsenal), Xavi Hernandéz (Barcelona), Andrés Iniesta (Barcelona) e Cesc Fábregas (Barcelona)
Avançados – Diego Costa (Atlético de Madrid), Fernando Torres (Chelsea), Pedro Rodriguez (Barcelona) e David Villa (Atlético de Madrid)
A ESTRELA
Diego Costa Fonte: radionicaragua.com.ni
Escolher uma estrela entre jogadores desta qualidade é complicado e será até injusto para alguns, mas a estrela é aquele que veio colmatar um dos muito poucos defeitos que a seleção apresentava: o poder ofensivo que tem vindo a decair, ano após ano, com o avançar da idade de Villa e o baixo rendimento de Torres. Diego Costa é, portanto, o artista desta Espanha. Um jogador que cresceu a pulso, começando no modesto Penafiel, transferiu-se para Braga e daí saiu directamente para Espanha, para o Atlético de Madrid, atingindo o auge da sua carreira com a conquista do campeonato espanhol, um feito histórico dos colchoneros. Vem de uma temporada assombrosa, facturando golos de todas as formas e feitios e é um jogador de combate, com uma capacidade goleadora incrível. Encaixa perfeitamente no esquema de jogo Espanhol, que joga habitualmente só com um ponta-de-lança, tal como o Atlético de Madrid. Contudo, nem tudo são rosas: Diego Costa chega a este Mundial com bastantes problemas de lesões que o têm vindo a assombrar neste fim de temporada. Veremos se chega em plena forma.
O TREINADOR
Vicente Del Bosque Fonte: skysports.com
Pouco há a dizer sobre Vicente del Bosque. Um homem com muita experiência, campeão do Mundo e da Europa, com um leque de jogadores que praticamente conhece na totalidade do anterior Europeu, e com uma filosofia de jogo mais do que definida – claramente pontos a favor da Espanha. O seu maior defeito é um treinador bastante conservador que tem alguma dificuldade em conseguir responder a resultados mais adversos, que surgem muito poucas vezes, diga-se.
O ESQUEMA TÁTICO
O esquema táctico espanhol é uma das maiores incógnitas para este Mundial. Oscila entre 4-5-1 que se desdobra num 4-3-3 em fase de ataque, mas muito dinâmico, com Busquets e Xabi Alonso como unidades mais recuadas, deixando a Xavi a maior responsabilidade de criar, jogando com Silva e Iniesta a cair nas laterais e com Cesc, Villa ou Costa na frente.
A grande questão neste mundial é Xavi, que chega com claras debilidades físicas, depois de uma temporada muito aquém das expectativas – a idade começa a pesar claramente. Assim, surgem as dúvidas: será Cesc a assumir essa posição criativa? Ou colocar Silva no centro e fazer entrar Koke para uma das laterais será a solução?
Por outro lado, também um 4-4-2 pode ser ajustado, juntando Cesc, Villa ou Torres a Diego Costa retirando um dos médios, normalmente Iniesta.
Há muitas dúvidas, mas tendo em conta que o conservadorismo do treinador muito provavelmente teremos o habitual onze no primeiro jogo do Mundial: Casillas, Azpillicueta, Ramos, Piqué e Jordi Alba; Xabi Alonso, Busquets, Xavi, Iniesta, Silva e Diego Costa.
O PONTO FORTE
O ponto forte de La Roja é claramente o meio-campo. Com um leque de soluções incrível, associado a uma qualidade de excelência, e isto contando que ficou de fora Thiago Alcântara, por exemplo, por lesão. Um meio-campo muito organizado, com muitos anos de rotina, campeão mundial e bi-campeão europeu, com uma coesão fantástica e uma circulação de bola inigualável.
O PONTO FRACO
Encontrar um ponto fraco nesta seleção é, quiçá, a tarefa mais complicada. As duas grandes pechas que eram a lateral direita e o ponta-de-lança estão solucionadas com a capacidade defensiva e polivalência de Azpillicueta e com uma maior necessidade ofensiva com Juanfran, assim como com o já referido Diego Costa.
Penso que o ponto mais fraco poderá residir em duas questões:
– Um futebol que, embora muito rotinado, está muito batido e apresenta poucas surpresas aos seus adversários.
– Um leque de jogadores em final de carreira, que já ganharam tudo que havia para ganhar e cuja motivação pode ser não ser tão elevada como outrora.
O povo uruguaio vive há mais de 50 anos à espera do regresso do sucesso que haviam conquistado nos anos de 1930 e 1950, alturas em que conquistaram o Campeonato do Mundo de Futebol. Curiosamente, na última vez em que se sagraram campeões, o torneio deu-se no mesmo país em que se jogará o de 2014: no Brasil. Crente na repetição da história mas sobretudo na qualidade de Suárez e de Cavani, este país tem a remota esperança de que poderá voltar ao topo do mundo futebolístico já no próximo mês.
Mas não será fácil. A tremida qualificação (em 5º lugar, na zona da América do Sul) deixa no ar alguma insegurança em relação ao que poderá render uma daquelas que é mais regularmente apontada como possível surpresa do Mundial. Por outro lado, é difícil recordar uma outra selecção do Uruguai com tanta qualidade individual nos últimos anos, o que faz deste conjunto de jogadores um perigo eminente para qualquer que seja o seu adversário. Olhando, por exemplo, para a frente de ataque uruguaia, podemos constatar que Tabárez tem ao seu dispor pelo menos quatro pontas de lança que seriam titulares no conjunto de Portugal.
Um outro elemento que pode vir a ser relevante e vantajoso para a equipa uruguaia é o facto de nunca uma equipa europeia ter ganho um Mundial jogado no continente americano. Em sentido inverso, ambos os Mundiais conquistados pelo Uruguai deram-se na América do Sul. No entanto será necessário mais do que o apoio do seu povo, as condições climatéricas favoráveis ou uma combinação de factores extra-futebolísticos para que Suárez e companhia tenham sucesso no Brasil. Passar o (complicadíssimo) grupo com Itália, Inglaterra e Costa Rica será um grande passo para esse sucesso.
OS CONVOCADOS
Guarda-redes – Fernando Muslera (Galatasaray), Martín Silva (Vasco da Gama) e Rodrigo Muñoz (Libertad).
Defesas – Diego Lugano (West Bromwich), Diego Godín (Atlético Madrid), José María Giménez (Atlético Madrid), Martín Cáceres (Juventus), Maxi Pereira (Benfica), Jorge Fucile (FC Porto) e Sebastián Coates (Nacional).
Médios – Egidio Arévalo Ríos (Morelia), Walter Gargano (Parma), Diego Pérez (Bolonha), Alvaro González (Lázio), Álvaro Pereira (São Paulo), Cristian Rodríguez (Atlético Madrid), Gastón Ramírez (Southampton) e Nicolás Lodeiro (Botafogo).
Avançados – Luis Suárez (Liverpool), Edinson Cavani (Paris Saint-Germain), Diego Forlán (Cerezo Osaka), Cristian Stuani (Espanyol) e Abel Hernández (Palermo)
A ESTRELA
Luis Suárez é a estrela maior do conjunto do Uruguai Fonte: generalseveriano.wordpress.com
Luis Suárez foi, nesta época, o melhor marcador da Premier League e um dos grandes impulsionadores para a excelente época do Liverpool. O avançado afirmou-se como um dos melhores do mundo na sua posição e, não fosse existirem os extraterrestres Messi e Ronaldo, seria um dos mais fortes candidatos à Bola de Ouro de 2014. Melhor marcador da zona de apuramento da América do Sul com 11 golos, dele os Uruguaios não esperam menos do que golos, golos e golos. Contudo, a estrela do Liverpool poderá não estar no auge da sua forma no Mundial depois de ter sido operado ao joelho esquerdo no dia 22 de Maio. A sua presença nos convocados foi, aliás, uma das grandes dúvidas até terem sido oficiais os 23 escolhidos por Oscar Tabarez. Se se apresentar nas suas máximas potencialidades, esta é uma selecção que poderá ganhar qualquer jogo. Principalmente porque a seu lado estará um outro avançado fantástico chamado Cavani e… no banco está Forlán.
O TREINADOR
Tabarez, técnico da selecção do Uruguai Fonte: 9worldcup.com
Oscar Tabárez, que está à frente da selecção uruguaia desde 2006, já conquistou o respeito do seu país e do seu grupo de jogadores há algum tempo: em 2010 obteve um muito bom 4º lugar no Campeonato do Mundo da África do Sul; em 2011 venceu a Copa América, prova onde Brasil e Argentina são claros favoritos. Estes resultados são elucidativos da qualidade do técnico uruguaio, principalmente se tivermos em conta a fraca prestação que esta selecção havia apresentado nos anos anteriores à sua contratação. Uma das características desta equipa, para além da grande garra e entrega típica dos países sul-americanos, é a capacidade de se adaptar a diversas formações. 4x4x2, 4x3x3 ou até 3x4x3 são sistemas em que o Uruguai jogou recentemente. Pessoalmente, não sei até que ponto esta polivalência colectiva pode vir a ser positiva: se, por um lado, é complicado prever como o Uruguai irá jogar, por outro, as rotinas podem vir a ser colocadas em causa também porque uma selecção tem sempre menos tempo de trabalho do que uma equipa. Cabe a Tabárez decidir sobre qual o melhor sistema a apresentar.
O ESQUEMA TÁTICO
O PONTO FORTE
O Uruguai tem na qualidade individual do seu 11 titular (e em alguns substitutos até) o seu ponto forte. Na baliza, Muslera fica a dever algo a muito muito poucos guarda-redes mundiais. Na defesa, os centrais são fortes, seguros e autoritários. Cáceres, pela esquerda, dará menor profundidade ofensiva mas uma estabilidade defensiva importante e Maxi Pereira, pela direita, é – como se sabe em Portugal – um jogador bastante competitivo embora não se trate de um fora-de-série. O meio-campo é fortíssimo, pressionante e imprime uma intensidade elevadíssima ao jogo. Gargano e Arevalo enchem o campo e encarregam-se de que é complicado para qualquer selecção jogar no meio-campo do Uruguai. Depois, embora dependa do sistema que Tabarez utilize, Gaston Ramirez é um médio mais criativo, capaz de jogar entre linhas e de explorar os espaços abertos quer através da condução de bola quer do passe de ruptura e Cristian Rodriguez é um jogador de ala que deixa sempre tudo no campo. No banco estarão ainda Lodeiro, jogador semelhante a Gaston Ramirez e Álvaro Pereira, ex-Porto, que pode fazer a ala esquerda. Contudo, é na frente que se encontra o maior poderio da equipa: Suárez e Cavani são possivelmente a melhor dupla de avançados do mundo e, inspirados, são capazes de desiquilibrar qualquer jogo. Forlán, embora já não se encontre na melhor forma, é ainda uma excelente opção, tal como Stuani e Abel Hernández. Em termos de jogo jogado, a alta intensidade de jogo que a equipa consegue imprimir é talvez o ponto mais forte desta selecção.
O PONTO FRACO
A falta de jogo exterior pode vir a ser um problema para Oscar Tabarez se os seus adversários forem capazes de fechar bem o corredor central e, dessa forma, impedir que o Uruguai o utilize na sua manobra ofensiva. Tanto no meio-campo como no ataque, os melhores jogadores uruguaios são todos eles jogadores que privilegiam o jogo interior. Suárez, Cavani, Forlan, Gaston Ramirez, Lodeiro, estes são os mais perigosos, criativos e os que podem criar mais problemas aos adversários no momento de ataque e, ao mesmo tempo, são todos eles fortes no centro do terreno e mais fracos quando encostados numa linha. É certo que tanto Suárez como até Cavani conseguem flectir bem do flanco para o meio, mas resta a dúvida sobre como irá o Uruguai apresentar o seu jogo, por exemplo, na partida de estreia frente à Costa Rica, que adoptará certamente um sistema bem defensivo e de linhas juntas.
Um cabeceamento. Um cabeceamento no minuto final foi suficiente para alterar o resultado de um jogo cuja crónica final parecia estar escrita há muito. No entanto, falar de Portugal versão 2014 sem falar de incertezas continua a ser falar de um Portugal que não se apresentará no Mundial do Brasil. E foi esse mesmo conjunto que se reflectiu na madrugada deste sábado em Boston, nos Estados Unidos, onde a equipa das quinas esteve perto de ceder um novo empate.
Tendo pela frente a fresca ‘turma’ do México, que desde cedo procurou apoderar-se do papel ofensivo, a Caravela Portuguesa esteve longe de se exibir a um nível que lhe permita aspirar a grandes conquistas em mar internacional e foi apenas com um salvamento de última hora que a fez ganhar a primeira de duas batalhas navais em águas norte-americanas: aos 92′, Bruno Alves saltou e correspondeu na perfeição a um cruzamento exímio de João Moutinho, para celebrar o único golo do encontro.
Moutinho assistiu Bruno Alves para o único golo da noite Fonte: Getty Images
Sem mais uma vez contar com Cristiano Ronaldo, Paulo Bento viu os seus comandados enfrentarem bastantes dificuldades e desperdiçarem a grande maioria das oportunidades de que dispuseram (lá na frente esteve Éder, o ponta de lança cujo ponto fraco é precisamente a finalização) enquanto o México, por sua vez, contava com o tão bem conhecido Herrera a criar situações de perigo constantes. Foi, aliás, ao conjunto da América Central que pertenceram as melhores hipóteses, não sendo portanto descabido o desejo de outro resultado pelos Tricolor.
Se o único tento do encontro chegou por intermédio de bola parada, também as restantes situações de perigo criadas por Portugal vieram do espaço aéreo, sendo notória a ausência de jogadores como Ronaldo e Ricardo Quaresma para explorar as alas com a bola no solo: Nani, titular, esteve longe do seu melhor, enquanto Varela teve pouco tempo para procurar ajudar os companheiros.
O encontro não foi, de facto, um exemplo de como lutar por um triunfo às portas da maior competição futebolística do universo, consequência da redução de rendimento na última meia-hora de jogo e do cansaço acumulado – que se revelaram numa praticamente total existência de coesão.
O jogo com a Grécia não convenceu e o embate com o México valeu pelo triunfo alcançado em cima do apito final. Feitas as contas, 1 golo marcado e 0 sofridos em dois encontros de preparação realizados. Resta um e terá lugar já na próxima madrugada de terça para quarta-feira, frente à República da Irlanda, ainda nos Estados Unidos da América.
Apesar de ser provável uma nova ausência de Cristiano Ronaldo, o duelo terá obrigatoriamente de servir para Paulo Bento (que hoje apenas recorreu a quatro das seis alterações a que tinha direito) afinar os últimos detalhes deste conjunto que quer lutar pelo título. Até lá, Portugal tem de se unir e esperar que todos os atletas estejam em condições de ‘atacar’ o Mundial.
Éder foi o rosto do desperdício Fonte: Getty Images
A Figura
Bruno Alves, pelo golo, e Eduardo, pela exibição consistente. Como aliás é habitual sempre que Cristiano Ronaldo está ausente, o sector ofensivo da selecção nacional portuguesa esteve apagado e foi necessária a intervenção de um central num lance de bola parada no último minuto para decidir a partida, que, por várias vezes, poderia ter testemunhado uma alteração no marcador do Gilette Stadium no lado contrário – por isso, valeu Eduardo.
O Fora-de-Jogo
Eficácia (ou falta dela). Uma vez mais, a comitiva portuguesa esteve longe de ser feliz na frente, sendo que Éder foi o principal rosto do desperdício numa noite que acabou por se revelar de sorte.
No verão de 2014, o Futebol Clube do Porto ganha uma nova identidade. Chegam ao fim os catorze anos de parceria com a Nike – entenda-se, representam uma Liga dos Campeões, duas Liga Europa, uma Taça Intercontinental, nove Campeonatos Nacionais, seis Taças de Portugal e nove Supertaças – e celebra-se um inédito contrato com a Warrior.
Mas o que é e de onde vem a Warrior? Aos mais distraídos, ou aos que não acompanhem de forma relativamente regular as ligas estrangeiras, pouco ou nada dirá, mas nos últimos anos a marca tem vindo a afirmar-se no mercado internacional: primeiro com o Liverpool, depois com o Sevilha.
Quintero e Jackson serviram de modelos dos novos equipamentos. Fonte: Instagram do FC Porto
Como adepto satisfeito com as indumentárias produzidas pela Nike e, mais ainda, seguidor convicto do Liverpool, muito assustado fiquei com a notícia de que a fornecedora de equipamentos do FC Porto seria outra a partir da próxima temporada. Porquê?
Uma vez mais, apenas quem já estava a par do trabalho da Warrior me compreenderá. Os equipamentos até agora produzidos eram quase assustadores. No entanto, e como não poderia deixar de ser, o Futebol Clube do Porto foi diferente. Pelo menos, até ter tido possibilidades de o ser: a indumentária principal aproxima-se dos tempos clássicos dos equipamentos do futebol, com menos riscas e um traçado old fashion, mas encanta.
Quanto ao alternativo, segue nada mais nada menos do que as linhas polémicas da marca norte-americana, misturando vários tons de azul em riscas diagonais – uma escolha ousada que promete dar que falar.
Abdoulaye, Helton e Varela com o arrojado equipamento alternativo Fonte: Facebook do FC Porto
Se a ‘veste principal’ faz jus à classe azul e branca, a segunda opção aproxima-se das peças de vestuário que, tal como referi no início, me deixam com receio da Warrior. Concluída a primeira fase da parceria, nada há a fazer senão esperar e ver se, tal como com o Liverpool e o Sevilha, os equipamentos secundários melhoram de ano para ano.
Primeiro jogo do Mundial. O início da festa da Copa em São Paulo com um Brasil vs Croácia. É caso para dizer que tinha que calhar a fava a alguém. A selecção em que todos os jogadores parecem terminar em “ic”, comandada por Niko Kovac, pode ser uma das revelações deste Mundial, desde logo pelos nomes sonantes de jogadores como Modric (Real Madrid), Rakitic (por enquanto no Sevilha), e Mandzukic (Bayern de Munique), num grupo A em que se prevê uma difícil luta pelo 2ºlugar contra México e Camarões (o Brasil, esse, só com uma catástrofe não irá assegurar o 1ºlugar).
Com um apuramento bastante tremido, a Croácia ficou em 2º no Grupo A de Qualificação, a 9 pontos do 1ºlugar, a Bélgica. O play-off foi posteriormente discutido com a modesta Islândia, e a classificação para o Brasil foi apenas concluída no jogo em casa com um resultado de 2-0 (na Islândia tinha-se dado um empate sem golos), um pouco aquém daquilo que seria de esperar.
O que pode dar a Croácia neste Mundial? Um bom futebol de ataque, seguramente, já que os seus três médios criativos (Rakitic, Modric e Kovacic) estão acima da média no panorama mundial e podem dar azo a excelentes exibições em casa de um país conhecido pelo seu “joga bonito”. Desde 1998 (quando ficou em 3º) que a selecção vermelha e branca não passa da primeira fase, e 2014 parece um bom ano para o fazer.
A selecção croata acaba por ter pouca pressão, já que pouca gente acredita numa excelente prestação sua neste Mundial, não aparecendo sequer numa 2ª ou 3ª linha de favoritos. O que se espera, sim, são bons jogos contra México e Camarões, selecções com estilos de jogo muito distintos da Croácia, sendo certo que uma boa exibição na jornada inaugural contra o anfitrião brasileiro, com os olhos de todo o mundo postos na televisão, poderá fazer toda a diferença no seu trajecto.
OS CONVOCADOS
Guarda-Redes – Stipe Pletikosa (Rostov), Danijel Subasic (Monaco) e Oliver Zelenika (Lokomotiv Zagreb);
Defesas – Darijo Srna (Shakhtar Donetsk), Dejan Lovren (Southampton), Vedran Corluka (Lokomotiv Moscou), Gordon Schildenfeld (Panathinaikos), Danijel Pranjic (Panathinaikos), Domagoj Vida (Dínamo de Kiev), Sime Vrsaljko (Genoa);
Médios – Luka Modric (Real Madrid), Ivan Rakitic (Sevilla), Ognjen Vukojevic (Dínamo de Kiev), Mateo Kovacic (Inter de Milão), Marcelo Brozovic (Dínamo Zagreb), Ivan Mocinic (Rijeka) e Sammir (Getafe);
Atacantes – Mario Mandzukic (Bayern de Munique), Ivica Olic (Wolfsburg), Eduardo da Silva (Shakhtar Donetsk), Nikica Jelavic (Hull City), Ante Rebic (Fiorentina) e Ivan Perisic (Wolfsburg).
A ESTRELA
Luka Modric Fonte: thepfa.com
O artista da Croácia dá pelo nome de Luka Modric, um médio completo, formado no Dínamo de Zagreb, escola mítica de jogadores balcânicos, mas com uma vertente bastante completa no que toca à dimensão cognitiva. Viu a sua carreira ascender a outros palcos, talvez ao mais combativo da Europa, quando chegou ao Tottenham e à Premier League. Num país onde o futebol perde a táctica e a racionalidade, onde o coração manda mais que a razão e onde os adversários se atrevem a jogar sem coberturas e com constantes desequilíbrios defensivos, Modric adaptou-se, ganhou massa magra, e foi génio em terras de Sua Majestade.
Chegado ao Real Madrid pela mão de José Mourinho, Luka encontrou o famoso duplo pivot da era moderna, serviu de “volante”, mas não serviu o Real. Ainda que o croata não saiba jogar mal, sem grande expressão passou o primeiro ano na capital espanhola abaixo das expectativas.
Emergiu o verdadeiro jogador, puro, criativo quando confrontado com outra dinâmica, outro sistema de jogo. Carlo Ancelloti promoveu um 4-4-2/4-3-3 ao longo da temporada que permitiu ao croata recuperar toda a sua magia, mostrando a capacidade de acelerar o jogo sem correr e de caminhar entre-linhas como só os grandes jogadores sabem. A virtuosidade e a simplicidade do croata são compatíveis com a medalha da Champions que ganhou no passado dia 24 de Maio no Estádio da Luz e que certamente fará dele uma das coqueluches deste Mundial.
O TREINADOR
Niko Kovac Fonte: croatiaweek.com
Niko Kovac: O treinador croata de 42 anos, que enquanto jogador chegou até a ser capitão da selecção dos Balcãs, assumiu a função de seleccionador nacional em Novembro de 2013 (sendo o seu irmão Robert Kovac o seu adjunto), antes mesmo do derradeiro play-off de acesso ao Mundial contra a Islândia. Quando calçava as chuteiras passou por clubes como Hertha de Berlim, Bayer Leverkusen, Bayern de Munique e Red Bull Salzbug, e quando as retirou treinou apenas o Red Bull Salzburg e a selecção sub-21 croata antes de se impor como seleccionar nacional.
Talvez a experiência enquanto jogador na posição de meio-defensivo – com características que, além de lhe permitir ganhar a bola no meio-campo defensivo, também o possibilitavam de levar a bola no pé para o ataque -, o tenha feito assumir o 4-2-3-1 na selecção croata, com um meio-campo formado por Rakitic (o mais recuado dos três), Modric e Kovacic (com um papel mais livre no ataque), todos jogadores com poucas aptidões defensivas.
O ESQUEMA TÁTICO
Existem desde logo dois apontamentos a fazer. Em primeiro lugar, Mandzukic não poderá jogar o primeiro jogo do Mundial (contra o Brasil) por estar suspenso, e certamente Jelavic irá assumir o papel de número 9 na estreia da selecção croata.
Em segundo lugar, é uma incógnita como Kovac irá montar o meio-campo croata, já que que nenhum dos 3 supostos titulares (que o treinador utilizou em ambos os jogos do play-off) tem características defensivas, ainda que sejam bastante diferentes entre si. É possível que no jogo contra o Brasil o seleccionar croata ponha em campo um médio defensivo como Vukojevic (actualmente no Dynamo Kiev) de modo a assegurar a solidez defensiva da sua equipa, sendo, no entanto, algo pouco provável já que este, que é o único real médio-defensivo croata, teve apenas 2 minutos de jogo desde que Kovac está no comando técnico.
O PONTO FORTE
A criatividade no meio-campo. Não é fácil encontrar um meio-campo neste Mundial com características como as do meio-campo croata. Com a utilização do mais que do provável triângulo formado por Rakitic, Modric e Kovacic, a selecção dos quadrados vermelhos apresenta três médios criativos, playmakers, que, ainda que possa ter algumas deficiências a nível de solidez defensiva, permitem um estilo de jogo atractivo e bastante ofensivo.
Por infelicidade, Niko Kranjcar (Queens Park Rangers), mais um talento croata que poderia fazer parte deste meio-campo criativo, não pode estar presente neste Mundial por se ter lesionado no último mês de Maio.
O PONTO FRACO
A falta de explosão nas alas. Olic (34 anos) e Perisic (25 anos) não são os habituais extremos técnicos e velozes que sozinhos podem decidir um jogo. Se há criatividade que chegue e sobre no meio-campo, nas alas a questão é bem diferente e acaba por ser o principal handicap desta selecção. Resta a possibilidade de Kovacic jogar a extremo no caso de se der a entrada de um médio-defensivo no meio-campo croata.
Depois de um mau começo no Fiji Pro, Saca ganhou finalmente um heat. Mas vamos começar mesmo do início. Cloudbreak acolheu mais uma etapa do WCT e Saca tinha pela frente na primeira ronda o seu grande amigo Adriano de Sousa e o experiente surfista australiano Kai Otton. Com ondas a rondar o metro e meio, Saca deve ter feito a mais fraca prestação desde que eu me lembro. Num limite máximo de 15 ondas por bateria para cada surfista, Tiago Pires apanhou apenas duas ondas e fez um score total de 1,57 pontos em 20 possíveis. Andava portanto perdido o “portuguese tiger”, facilitando assim o caminho aos seus adversários diretos. Adriano de Sousa acabou mesmo por ganhar o heat, com um score total de 11,90 pontos, e Kai Otton ficou na segunda posição, com 10,16 pontos. Sendo assim, os dois últimos classificados são enviados para as repescagens e o primeiro lugar passa automaticamente ao round 3.
O round 2 estava prestes a começar e os nervos começavam a apertar devido à fraca prestação de Tiago no primeiro round. Ia agora ter pela C.J. Hobgood, detentor do título mundial em 2001. Com ondas agora um pouco maiores, Tiago demorou a encontrar-se, mas na sua sétima onda fez um score de 7.77 pontos, com manobras bem explosivas e bem executadas. A acrescentar a esta, fez um 6.10, dando-lhe assim um score bastante razoável, de 13.83 em 20 possíveis. Já C.J. não encontrou as ondas perfeitas, finalizando a bateria com um score de 7.40.
Saca num grande “floater” em cloudbreak Fonte: surftotal.com
Chegado o round 3, Saca enfrentava agora um dos melhores e mais consistentes surfistas do tour, Taj Burrow. Com bastante vontade de ganhar, Tiago Pires começou bem e fez logo uma onda de 5.17 pontos, que podia ter sido bem melhor se tivesse finalizado a última manobra. Taj ripostou com uma onda com batidas fortes, resultando assim uns 6.17 pontos. Tiago Pires voltou a responder com uma onda que lhe valeu 5.57 pontos. Taj não se deixou ficar para trás e apanhou mais uma onda (5,07 pontos), que somou à sua primeira onda, finalizando a bateria em primeiro lugar com um score total de 11.24 pontos. Tiago Pires ficou bastante perto de chegar ao round 4, mas infelizmente o score de 10,74 não foi suficiente. Acabava assim o sonho português na quinta etapa do WCT.
Gabriel Medina foi o grande protagonista de toda a etapa devido ao foco, concentração e carisma. Com grande notões em quase todas as baterias, o surfista brasileiro chegou à final contra Nat Young e rebentou com a esperança americana. Gab Medina tornou-se assim campeão desta etapa, tal como sucedeu na segunda etapa do WCT, em França. Medina tem agora grandes possibilidades de se tornar campeão mundial, com apenas 21 anos.