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Jogadores que Admiro #20 – Vítor Baía

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Nascido a 15 de Outubro de 1969 e de seu nome Vítor Manuel Martins Baía (conhecido, apenas, como “Vítor Baia”), este ex-guardião de clubes de renome como Barcelona ou Futebol Clube do Porto dispensa apresentações, sendo que o seu maior cartão-de-visita é somente o facto de ser, ainda na actualidade, um dos jogadores como mais títulos colectivos do mundo (e chegou a ser, durante vários anos, o jogador com mais – isto a falar de futebol, claro): 33.

Atormentado por diversas lesões no joelho que o impediram de se afirmar como um dos melhores guarda-redes da história do futebol, quem conhece e percebe de futebol, quem sabe da especificidade que é preciso ter na posição mais recuada no xadrez do futebol, sabe que ele o foi. A prova daquilo que digo está assente nos 39 prémios individuais que foi acumulando ao longo da carreira, começando na época longínqua de 88/89, onde ganha o prémio “foot-Reuch”, que distinguia o melhor guarda-redes nacional e que teve a cereja no topo do bolo quando, em 2004, na épica época do Futebol Clube do Porto do então “desconhecido” José Mourinho, Vítor Baia arrecadou, primeiramente, o prémio “UEFA best-goalkeeper” (referente à Europa) e, nesse mesmo ano, o “FIFA best-goalkeeper” (referente a todo mundo). Pelo meio foi conquistando outros galhardetes, como o de guarda-redes do ano para a “european sports magazine” (94/95) ou o prémio carreira, em 2003. Os seus últimos dois troféus enquanto desportista foram entregues na época de 2008, com a distinção da “Ordem do Infante D. Henrique (República Portuguesa)  “ e “Prémio “alto prestígio” pela Confederação do Desporto de Portugal”.

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Baía alcançou a glória europeia em 2004, ao vencer a Liga dos Campeões
Fonte: somosporto.org

Feito este difícil processo de escolha de títulos, desengane-se quem pensa que fico por aqui: acima do jogador fabuloso que foi, acima do grande legado de defesas que nos deixou, Vítor Baía assumiu-se como um grande Homem! Um verdadeiro Homem com “H grande e maiúsculo” que fundou, em Junho de 2004, aquela que é uma das instituições de caridade de maior sucesso em Portugal: a fundação Vítor Baía 99 (número que ostentou durante a sua carreira). Para mim, este último parágrafo já chegaria para fazer esta rubrica. Grandes homens fazem grandes coisas, e Vítor demonstrou sê-lo. Milhares de crianças e famílias carenciadas estão-te eternamente gratas, Vítor.

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Logotipo da Fundação Vítor Baía
Fonte: Blog Pronúncia do Dragão

Porém, a vida do ex-guardião “Azul-e-Branco” e “Blaugrana” nem sempre foi um mar de rosas… Sendo ele o primeiro jogador internacional a atingir as 75 internacionalizações e ainda tendo o recorde de imbatibilidade das nossas redes (1191 minutos), Vítor Baía foi vítima de um processo de escrutínio público sujo e, atrevo-me a dizer, nojento (permita-me o leitor o uso de tal linguagem): foi repentinamente afastado da selecção nacional tendo sido substituído por um jogador que estava a emergir mas que não passava de um guardião banal: Ricardo. Na altura, o bode expiatório de Gilberto Madaíl (por quem não nutro qualquer sentimento de agradecimento) foi Scolari, “sargentão” brasileiro, campeão do mundo e com fama de “quero, posso e mando”. Eram opções, dizia-se. Até ao dia em que o brasileiro, numa entrevista, se “descaiu” e admitiu que não convocava Baía pois essa fora uma imposição de Madaíl, na sua chegada a Portugal para assinar contrato. Foi o então Boavisteiro Ricardo que assumiu as rédeas da baliza nacional (onde se revelou um defensor de penaltys exímio mas um péssimo guarda-redes fora dos postes, para tal estatuto de “número 1” – uma espécie de… Beto?).

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Ao longo da carreira, o guarda redes fez 80 jogos na equipa principal da Selecção Portuguesa
Fonte: Blog Dazuis

Outra das amarguras que estão “incrustadas” em Vítor Baía foi a forma como saiu do seu clube de coração, o clube que foi muito responsável para hoje o “ex 99” ser um dos únicos nove jogadores a terem conquistado os três principais troféus europeus (até então): Taça UEFA (agora Liga Europa), Taça das Taças (hoje em dia Supertaça Europeia) e Liga dos Campeões. Falo, portanto, do Futebol Clube do Porto. Algo que não foi bem explicado, penso eu… Vítor Baía, após “pendurar as luvas”, assumiu um cargo na estrutura azul-e-branca. Tudo apontava para um jogo de homenagem, mas tal não se sucedeu, e o mesmo afastou-se (ou foi afastado…) do cargo que assumira cerca de dois anos antes. Hoje continua ligado ao Porto através do “dragon force vintage”, que é a equipa de ex-estrelas que disputam o campeonato indoor com clubes espanhóis. Um dia gostaria de ver esta história esclarecida…

Bem, Vítor, que se pode mais dizer de ti, depois de conquistares 12 campeonatos, cinco Taças de Portugal, nove taças Cândido de Oliveira, uma Taça UEFA, uma Liga dos Campeões, uma Taça Intercontinental, 1 Taça das Taças, 2 Taças do Rei de Espanha, 1 Supertaça de Espanha e 1 Taça da Catalunha…? Apenas que foste enorme, és enorme! Espero um dia voltar a ver-te intimamente ligado ao meu Porto, que com tanto orgulho representaste. “Longe de vista, mas perto dos corações”; e a tua história de amor pelo Porto não acabará aqui. Nada será esquecido, és uma lenda do nosso clube! Obrigado por tudo, campeão! Continua!

Portugal 5-1 Irlanda: Estamos preparados!

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Às 17 horas do dia 16 de Junho, o país vai parar para assistir ao 1.º jogo da seleção das quinas diante da poderosa Alemanha. Hoje realizou-se o derradeiro teste antes desse mesmo encontro e Portugal venceu por 5-1.

O jogo de hoje foi muito importante para Portugal porque fez com que os portugueses ficassem mais descansados relativamente à condição física de 3 jogadores habitualmente titulares: Cristiano Ronaldo, Pepe e Raúl Meireles.

Portugal entrou muito bem na partida e aos 3 minutos Hugo Almeida inaugurou o marcador. Rúben Amorim faz uma bela recuperação de bola, entrega na direita a Varela que faz um cruzamento teleguiado para a cabeça de Hugo Almeida que, com alguma facilidade face à passividade defensiva da Irlanda, marca. Grande começo de Portugal!

Aos 18 minutos, Cristiano Ronaldo marca um belíssimo livre em que acerta em cheio no poste e, passados 2 minutos, faz um passe de calcanhar para o cruzamento de Fábio Coentrão que culmina num autogolo irlandês. Ronaldo a mostrar que está bem fisicamente e preparado para ajudar a equipa a tentar vencer a Alemanha. Perto do intervalo (36 minutos) Hugo Almeida volta a marcar, com Varela a fazer a sua 2ª assistência. Hugo Almeida a mostrar que está preparado para lutar por um lugar na frente de ataque no Mundial. A 1ª parte termina e fica na retina uma boa atitude, uma boa organização e uma grande intrusão entre todos os jogadores.

Hugo Almeida brilhou com 2 golos Fonte: zimbio.com
Hugo Almeida brilhou com 2 golos
Fonte: zimbio.com

No segundo tempo, a República da Irlanda entrou mais agressiva e organizada. Ao minuto 51 surpreendeu a defesa nacional, marcando um bom golo de oportunidade. Aos 64 minutos Paulo Bento mexeu na equipa, tirando Cristiano Ronaldo, Neto, Raúl Meireles e Hugo Almeida para dar lugar a Nani, Pepe, André Almeida e Hélder Postiga. Estas substituições foram importantes para gerir a condição física dos jogadores e para dar mais alguns minutos a outros jogadores.

Aos 72 minutos sai Varela para dar lugar a Vieirinha. Passados 5 minutos, Vieirinha marca o seu 1º golo com a camisola das quinas, a passe de Nani. À passagem do minuto 82, Fábio Coentrão marca e fecha o resultado em 5-1. Mais uma assistência de Nani, confirmando a boa entrada do mesmo, e excelente finalização do lateral do Real Madrid. A partida termina e Portugal goleia por 5-1.

Este resultado é muito importante porque motiva os jogadores, porque foi sem dúvida alguma a melhor exibição de todos os amigáveis e porque Portugal apresentou uma atitude excelente.

De realçar – os 2 golos oportunos de Hugo Almeida; o bom regresso de Cristiano Ronaldo, que quase marcou; a boa exibição de Rúben Amorim, que como é habitual, fez um jogo muito competente; as 2 assistências de Varela, mostrando que é uma alternativa viável aos extremos habitualmente titulares; os regressos de Pepe e Raúl Meireles, que estiveram bem fisicamente; o 1º golo com a camisola nacional de Vieirinha e, por fim, a grande entrada no jogo de Nani, respondendo da melhor forma às críticas sobre a sua má forma (bom domínio de bola, arrancadas velozes e 2 assistências para golo).

Rui Patrício e a dupla de centrais foram competentes, embora não tenham tido muito trabalho. William Carvalho e João Moutinho estiveram um pouco tímidos e apagados. Foi uma vitória muito importante para Portugal e os portugueses podem finalmente respirar de alívio relativamente à sua grande estrela, Cristiano Ronaldo.

A Figura:

Hugo Almeida pelos dois golos que marcou à matador, que demonstraram estar pronto para o Mundial.

O Fora-de-Jogo:

William Carvalho registou uma pobre e tímida exibição e não foi claramente o jogador que nos tem habituado.

Revista do Mundial’2014 – Argélia

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Longe de ser uma favorita a ganhar o Campeonato do Mundo, a selecção da Argélia chega ao seu 4º Mundial com a importante função de desestabilizar aquele que é o caminho dos chamados “favoritos”. Depois da surpresa no jogo contra a Inglaterra no Campeonato do Mundo, em 2010, em que conseguiu um empate e, na altura, alcançar a terceira posição do grupo, a Argélia foi a última selecção africana a qualificar-se para o Brasil. Por isso mesmo, a “inofensiva” selecção argelina é das mais perigosas deste Mundial, no que às aspirações das selecções mais fortes diz respeito. No grupo H, com a refrescada Bélgica, a Rússia e a Coreia do Sul, não é utópico considerar uma surpresa por parte da selecção africana, que apesar de tudo tem na sua orgânica jogadores com a escola europeia do futebol.

Com dois jogadores do campeonato português a marcarem presença nesta equipa (Ghilas, do FC Porto, e Slimani, Sporting), a selecção da Argélia viu na sua qualificação uma difícil barreira a ultrapassar. Num play-off contra o Burkina Faso, conseguiu virar uma derrota (3-2) na primeira mão, em vitória (1-0) na segunda, e alcançou pela segunda vez consecutiva a fase final de um Mundial.

A selecção da Argélia chega, por isso, ao Brasil sem aspirações maiores do que, como disse Slimani, “deixar a sua marca”. Vistas as coisas por esta perspectiva, este pode até ser um trunfo para o sucesso da caminhada argelina no Mundial.

OS CONVOCADOS

Guarda-Redes: Mohamed Zemmamouche (USM Alger), Rais Mbolhi (CSKA Sofia), Cedric Si Mohamed (CS Constantine)

Defesas: Carl Medjani (Valenciennes), Aissa Mandi (Reims), Madjid Bougherra (Lekhwiya), Faouzi Ghoulam (Napoli), Rafik Halliche (Academica Coimbra), Essaid Belkalem (Watford), Liassine Cadamuro (Majorque), Djamel Mesbah (Livourne), Mehdi Mostefa (Ajaccio)

Médios: 
Sofiane Feghouli (Valencia), Saphir Taider (Internazionale), Medhi Lacen (Getafe), Abdelmoumen Djabou (Club Africain), Yacine Brahimi (Grenade), Hassan Yebda (Udinese), Nabil Bentaleb (Tottenham), Riyad Mahrez (Leicester)

Atacantes:
 Islam Slimani (Sporting), Hilal Soudani (Dinamo Zagreb), Nabil Ghilas (Porto)

A ESTRELA

Saphir Taider Fonte: fedenerazzurra.com
Saphir Taider
Fonte: fedenerazzurra.com

Apesar de o vice-presidente da Federação Argelina de Futebol, Zefizef Djahid, ter dito que na sua selecção não há estrelas, há naturalmente jogadores a destacar. Pela técnica, por um lado, mas pela capacidade de alcançar campeonatos europeus mais competitivos. Jogadores como os defesas Carl Medjani, do Olympiacos e Djamel Mesbah, do Parma, os médios Sofiane Feghouli, do Valencia e Hassan Yebda, do Granada, e que já passou pelo Benfica, e os avançados Islam Slimani, do Sporting e Ishak Belfodil, do Inter são as grandes estrelas e as maiores referências desta selecção. No entanto, e apesar de o destaque natural e expectável ser Fehgouli, quis deixar esse lugar para o jovem médio do Inter de Milão Saphir Taider.

Destaco Taider pela juventude, pela promessa que representa e pelo percurso fulminante até chegar a Itália. Depois do Grenoble ter descido de divisão, Taider chegou ao Bolonha, de onde saiu para jogar no Inter de Milão, não sem antes ter passado pela Juventus. Apesar de ter nascido em França, optou por jogar na selecção argelina pela sua ligação em termos de ascendência. É do médio que podemos, digo eu, esperar os maiores desequilíbrios no Mundial do Brasil.

O TREINADOR

Vahid Halilhodžić
Vahid Halilhodžić
Fonte: planotatico.com

É o bósnio Vahid Halilhodžić que comanda a selecção argelina. Depois de ter passado por equipas como o Lille, o Rennes e o PSG, em França, o Trabzonspor, na Turquia e o Dínamo de Zagreb, na Croácia, passou ainda pela selecção da Costa do Marfim antes de chegar à frente dos destinos da selecção da Argélia. É, de resto, ele o responsável pela qualificação argelina para o Campeonato do Mundo. Esta foi a aposta da Federação Argelina numa maior coerência e estabilidade no que ao alcance de objectivos diz respeito. Halilhodžić trouxe essencialmente experiência e consistência à selecção do norte de África desde que assumiu o comando, em 2011.

O ESQUEMA TÁTICO

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O PONTO FORTE

A vontade e o colectivo são os pontos fortes desta selecção da Argélia. Uma equipa sem aspirações muito elevadas que faz da presença no Mundial em si um objectivo alcançado. Para além de ter jogadores dotados (de resto, fazendo uma análise macro – sem querer generalizar os jogadores do norte de África têm, por norma, uma técnica mais evoluída) teve a “sorte” de calhar num grupo que lhe permite sonhar com um lugar na fase a eliminar, embora este fosse, por defeito, um acontecimento improvável.

O PONTO FRACO

A selecção da Argélia é, apesar de tudo, uma selecção com uma organização e orgânica pouco definidos, com uma personalidade pouco vincada. Existe uma discrepância grande no que diz respeito ao ritmo de competição dos jogadores e aos próprios modelos de jogo nos respectivos clubes, o que não oferece a esta selecção uma consistência táctica suficiente para abordar o jogo com as selecções com que se vai deparar no plano teórico. Será uma questão de ver quanta força tem a raça.

O ataque é a melhor defesa

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Os balanços de final de época costumam ter indicadores diversificados. Costumam mesmo complementar-se conforme a sua diversidade estatística. Num deles poderá não existir a equipa que menos cartões viu mas estará o número de assistências protagonizadas por cada jogador, enquanto que noutro existem dados sobre os cartões vistos por cada equipa mas tem em falta a quantidade de passes decisivos por futebolista.

Até se podem juntar esses balanços de época e obter-se exatamente os mesmos dados… mas nunca as mesmas opiniões, e essas, pela sua subjetividade, fazem de cada balanço de época único. Qual é o onze ideal para os analistas? Qual foi o melhor jogador jovem? Que equipa ganhou o rótulo de “equipa-sensação”?

Tudo o que foge ao factual, numa “ficha” deste género, contribui para que haja diversidade e distinção. Parece ser uma verdade La Palissiana… embora, no que à Premier League 2013/2014 diz respeito, esta esteja seriamente ameaçada, especialmente no que toca à eleição da equipa sensação, que parece recolher o consenso dos analistas – Southampton Football Club.

Os Saints surpreenderam tudo, “estacionando” a sua performance no oitavo posto da Premier League com uma distância considerável (seis pontos) para o nono classificado, ficando apenas atrás de equipas financeiramente superiores e com obrigação de lutar por, pelo menos, lugares europeus – Tottenham, Everton, Arsenal, Chelsea, Liverpool e Manchester’s.

Assente num 4x2x3x1, facilmente desdobrável num 4x3x3 com a subida dos alas e convertível num 4x5x1 com a compactação do meio-campo, o Southampton contou, acima de tudo, com uma personalidade defensiva fantástica, misturando, no seu setor recuado, saber e a garra subjacente à irreverência da juventude. Um cocktail que resultou plenamente, conforme atestam os golos sofridos desta equipa, que se sagrou a sexta melhor defesa da temporada à frente do vice-campeão Liverpool e ainda a quarta equipa menos batida a jogar fora de portas, apenas atrás de Chelsea, Everton e Manchester United!

Rickie Lambert foi fundamental no processo defensivo dos Saints. Fonte: Skysports
Rickie Lambert foi fundamental no processo defensivo dos Saints.
Fonte: Skysports

O setor do meio campo terá tido o principal papel nesta fantástica performance, designadamente o duplo pivô, habitualmente composto por Jack Cork e pelo francês Morgan Shneiderlin. O primeiro mais posicional, e o segundo mais liberto, mas fundamental na destruição de jogo contrário. A evidenciá-lo está o facto de ser o terceiro jogador da Premier League (com outros seis jogadores) com a média mais alta de desarmes por jogo – 3,4.

Lá atrás, nas alas, os miúdos Nathaniel Clyne e Luke Shaw demonstraram uma maturidade e um carácter impressionantes para as idades que têm (23 e… 18!), que serviram de bilhete de acesso do segundo à seleção nacional. No eixo central, uma dupla de betão, composta por um experimentado Dejan Lovren (24 anos, mas cinco deles de seleção e com passagem, como titular, pelo Lyon) e pelo “nosso” José Fonte, com qualidade no passe e no poder de interceção. Aliás, o croata foi mesmo o quarto melhor defesa central neste capítulo… entre os principais campeonatos europeus.

Boruc também teve um papel importante na guarda da baliza dos Saints, mas poucas foram as chances de golo que a equipa permitiu e muitas as bolas que não chegaram a pingar o meio-campo dos vermelho-e-brancos. Culpa de uma disciplina tática irrepreensível e de uma pressão alta sufocante…

… ou seja, o mérito da defesa é imenso, mas é escusado imaginar um Southampton tão sólido lá atrás sem a contribuição da pressão exercida pelos seus avançados, especialmente o trintão Rickie Lambert, muitas das vezes o primeiro defesa da equipa e com um pulmão cheio para um jogador da sua idade e da sua posição. Sempre apoiado por Jay Rodríguez e por Adam Lallana (descaídos para cada um dos flancos, e igualmente incansáveis) na busca incessante pela bola, constituiu sempre o primeiro defesa da equipa do Southampton e, com auxílio dos seus “escudeiros”, ao impedir a livre circulação de bola do adversário (que se traduziria, mais tarde, em poucas oportunidades de golo consentidas), condicionando-lhe a primeira fase de construção, reforçou a ideia de que o ataque é, de facto, a melhor defesa.

Revista do Mundial’2014 – Camarões

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No grupo em que está a selecção anfitriã, está também presente aquela que é uma das maiores potências do continente africano. Com jogadores como Samuel Eto’o e Alex Song, as duas maiores estrelas do país, os “leões” vão chegar ao Brasil com a esperança de passar a fase de grupos.

Um sonho? Sim. Impossível? Não, de todo. No entanto, o grupo de homens comandado por Volker Finke dependerá apenas de si para passar a fase inicial da Copa. Num grupo onde estão México, Croácia e Brasil, os Camarões terão de batalhar bastante para conseguir tal feito.

Tendo em conta o grupo onde estão inseridos, os “leões” quererão chegar o mais longe possível, sendo que uma passagem para a próxima etapa será, em si, uma enormíssima vitória.

OS CONVOCADOS

Guarda-redes – Charles Itandje (Konyaspor), Sammy Ndjock (Fetihespor) e Loic Feudjou (Coton Sport).

Defesas – Allan Nyom (Granada), Dany Nounkeu (Besiktas), Cédric Djeugoue (Coton Sport), Aurélien Chedjou (Galatasaray), Nicolas Nkoulou (Marselha), Henri Bedimo (Lyon) e Benoît Assou-Ekotto (Queens Park Rangers).

Médios – Eyong Enoh (Antalyaspor), Jean II Makoun (Rennes), Joel Matip (Schalke 04), Stéphne Mbia (Sevilha), Landry Nguémo (Bordéus), Alexandre Song (FC Barcelona) e Edgar Sally (Lens).

Avançados – Samuel Eto`o (Chelsea), Eric Choupo Moting (Mainz), Benjamin Moukandjo (Nancy), Vincent Aboubakar (Lorient), Achille Webo (Fenerbahçe) e Fabrice Olinga (Zulte-Waregem).

A ESTRELA

Alex Song  Fonte: winnersports.co.uk
Alex Song
Fonte: winnersports.co.uk

Alexander Song. Podem claramente discordar da minha opinião, mas Samuel Eto’o só poderá demonstrar o seu virtuosismo e capacidades que lhe são reconhecidas se a bola lhe chegar de facto. E será muito através de Song que os Camarões irão afunilar o seu jogo para esta estrela, aí sim, pautar o jogo como bem quer.

O TREINADOR

Volter Finke  Fonte: copadomundo.uol.com.br
Volter Finke
Fonte: copadomundo.uol.com.br

Volker Finke. Com pouco mais de um ano no comando da selecção camaronesa, Finke não é de todo um treinador inexperiente. Com uma carreira impressionante na Bundesliga, onde treinou durante 16 (!) anos o Friburgo, Volker Finke terá à sua frente um trabalho muito complicado. Com um contrato de dois anos, o seleccionador terá de provar a sua qualidade neste Mundial.

O ESQUEMA TÁTICO

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O PONTO FORTE

O ponto forte desta equipa é, sem dúvida alguma, o seu poderio ofensivo. Com uma frente de ataque capaz de colocar qualquer defesa em sentido, Samuel Eto’o, Webo e Moukandjo serão as armas mais perigosas da selecção. Não esquecer também o jovem avançado Vincent Aboubakar, que actualmente joga no Lorient e se apresenta como um jogador, também ele, perigosíssimo e capaz de causar inúmeros estragos.

O PONTO FRACO

O ponto mais fraco desta equipa é o que se encontra no sentido oposto, isto é, a defesa. Apesar de contar com nomes importantes no futebol mundial, a defesa camaronesa tem vindo a demonstrar que não está, de todo, ao nível dos jogadores que apresenta na linha ofensiva.

Revista do Mundial 2014 – Colômbia

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16 anos depois, a Colômbia regressa à elite do futebol internacional num Campeonato do Mundo, onde é tida como uma das selecções cotadas da competição. Com uma geração recheada de talento e criatividade, os colombianos têm razões para sonhar com excelentes prestações de uma equipa composta por alguns jogadores de classe mundial. A experiência das suas defesas, e a irreverência e virtuosismo dos seus atacantes, são as principais armas da esquadra comandada pelo conceituado técnico José Pekerman.

Inserida num dos grupos mais equilibrados do Mundial, juntamente com Japão, Costa do Marfim e Grécia, a selecção colombiana pode assumir-se como a mais forte deste grupo C. Assim sendo, é provável que a equipa atinja os oitavos-de-final da prova e só a partir daí se provará se a equipa tem estofo para comprovar as elevadas expectativas que o mundo do futebol lhes coloca para este Campeonato do Mundo.

A campanha de qualificação de Los Cafetones começou por ser atribulada, com a equipa a somar uma série de maus resultados nos primeiros cinco jogos, o que levou ao despedimento de dois técnicos num curto período de tempo. Hernan Dário Gomez, o seleccionador que iniciou o apuramento para o Brasil, saiu após o primeiro jogo da fase de qualificação para o seu lugar; surgiu, de forma interina, Leonel Alvarez. A dança de treinadores acabou com a chegada de José Pekerman, um experiente treinador argentino, que estabilizou a equipa e conseguiu implementar os seus processos de jogo num leque de jogadores em sub-rendimento.

A partir do momento em que Pekerman surgiu no comando da Colômbia, as vitórias e o bom futebol começaram a ser uma marca da equipa, e os oito triunfos em 13 jogos, sob a orientação do argentino, conduziram a selecção tricolor ao segundo lugar da fase da qualificação sul-americana. Jogadores como Falcão, James Rodriguez e Fredy Guarin foram fundamentais na segura campanha da Colômbia até ao Brasil, numa equipa com um espírito de entreajuda bastante apurado.

Apesar da ausência de Falcão, a grande estrela da equipa, por lesão, Pekerman terá à sua disposição um leque de fabulosos pontas de lança que encantam no futebol europeu e que prometem fazer esquecer El Tigre. Bacca, Jackson Martinez, Teofilo Guitierrez ou Adrian Ramos são todos avançados de excelência e sinónimo de golos. No meio campo, Guarin  é um poço de força, que alia uma incrível capacidade física a uma incrível meia distância. À sua frente no terreno terá o mágico James Rodriguez, o pensador de jogo da equipa e o elemento mais preponderante na manobra ofensiva de Los Cafetones.

Com uma das melhores gerações de sempre, a selecção colombiana reúne todas as condições para fazer o melhor Mundial da sua história. Nunca, em quase cem anos de existência, o futebol colombiano teve uma selecção nacional tão equilibrada, poderosa ofensivamente e com valores seguros nos sectores defensivos e intermédios. Se a alma desta equipa está nos seus portentosos avançados, é justo afirmar que a experiência dos seus defesas, a juntar ao poder técnico e físico do meio-campo, são pontos que poderão conduzir a Colômbia a uma fase muito adiantada da competição.

OS CONVOCADOS

Guarda-redes: David Ospina (Nice/França), Farid Mondragón (Deportivo Cali/Colômbia) e Camilo Vargas (Independiente Santa Fé/Colômbia).

Defesas: Camilo Zúñiga (Nápoles/Itália), Pablo Armero (West Ham/Inglaterra), Cristian Zapata (Milan/Itália), Mario Yepes (Atalanta/Itália), Carlos Valdés (San Lorenzo/Argentina), Santiago Arias (PSV/Holanda), Eder Álvarez Balanta (River Plate/Argentina);

Médios: James Rodríguez (Monaco/França), Abel Aguilar (Toulouse/França), Carlos Sánchez (Elche/Espanha), Fredy Guarín (Inter/Itália), Juan Fernando Quintero (FC Porto/Portugal), Aldo Ramírez (Morelia/México), Alex Mejía (Atlético Nacional/Colômbia), Víctor Ibarbo (Cagliari/Itália) e Juan Guillermo Cuadrado (Fiorentina/Itália).

Avançados: Jackson Martínez (FC Porto/Portugal), Teófilo Gutiérrez (River Plate/Argentina), Carlos Bacca (Sevilha/Espanha) e Adrián Ramos (Borussia Dortmund/Alemanha).

A ESTRELA

Sem Falcão, James será a maior estrela da selecção colombiana Fonte: Revista Futebolista
Sem Falcão, James será a maior estrela da selecção colombiana
Fonte: Revista Futebolista

Na ausência de Radamel Falcão, James Rodríguez assume-se como a estrela mais cintilante da constelação colombiana. Com uma técnica apuradíssima, o jovem de apenas 22 anos é o pensador do jogo ofensivo da equipa e o elemento que mais desequilibra na formação colombiana. Do seu pé esquerdo de altíssima qualidade sairão, certamente, passes mortíferos a explorar a velocidade dos avançados e dos laterais.

Depois de uma época de estreia positiva ao serviço do Mónaco, onde ajudou a sua equipa a alcançar o acesso directo à Liga dos Campeões, marcando nove golos e fazendo dezenas de assistências, James irá aparecer muito confiante no Brasil para colocar a funcionar a máquina colombiana. Seja como número 10, ou descaído para a ala esquerda, iremos ver muitas vezes este jogador a tentar organizar o jogo da equipa e conduzir a bola com a rapidez e elegância que o caracterizam. Dele também podemos esperar remates de belo efeito e eficácia nas bolas paradas, bem como uma entrega total ao jogo, própria de um incrível talento que se quer mostrar num Campeonato do Mundo.

O TREINADOR

Pékerman irá comandar a Colômbia no Mundial do Brasil Fonte: ETCE/ Carlos Ortega
Pékerman irá comandar a Colômbia no Mundial do Brasil
Fonte: ETCE/ Carlos Ortega

José Pékerman é um conceituado treinador argentino, maioritariamente reconhecido pelo seu sucesso enquanto treinador das camadas jovens da Argentina. Entre 1994 e 2001, orientou os Sub-20 argentinos, tendo vencido três mundiais na categoria.

Depois do excelente trabalho nos escalões jovens, Pékerman foi designado seleccionador da equipa principal do seu país, em 2003. Conhecedor profundo do futebol sul-americano, Pékerman foi finalista vencido na Taça das Confederações, em 2005, e entrou no Mundial da Alemanha, um ano depois, entre os principais favoritos. Os argentinos praticaram um futebol de enorme qualidade, ficando na retina alguns jogos esplendorosos numa selecção recheada de talento. Contudo, a Argentina caiu aos pés dos anfitriões, no desempate por grandes penalidades, nos quartos-de-final da prova, e Pékerman abandonou o cargo no final da competição.
De uma aventura no México, tornou-se seleccionador da Colômbia, em 2012, onde chegou já com a fase de qualificação para o Mundial a decorrer. Graças ao seu metodismo e organização, Pékerman conseguiu implantar as sua ideias na equipa e conduziu a Colômbia ao seu primeiro mundial desde 1998, alcançando o segundo lugar na fase de apuramento. Adepto de um futebol tecnicista e ofensivo, tem jogadores para adoptar esse sistema de jogo na selecção colombiana e, assim, boas possibilidades de chegar longe na competição.

O ESQUEMA TÁTICO

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Esta Colômbia é uma selecção recheada de talentos individuais, mas é também uma equipa bastante coesa e equilibrada.  Pekerman é um treinador que gosta de que as suas equipas controlem a posse de bola, ao mesmo tempo que dinamizam o jogo, através de jogadas rápidas. James e Cuadrado são jogadores perfeitos para acelerarem o jogo ofensivo da equipa e tanto sabem ocupar zonas laterais, como zonas mais centrais, abrindo espaços para explosivos  flanqueadores Armero e Zuniga. As constantes subidas no terreno dos laterais são um dos pontos fortes desta selecção, que imprime muita velocidade ao seu jogo.

Para compensar este ímpeto ofensivo da equipa, Pekerman aposta em Sanchez para equilibrar a equipa defensiva, à frente dos fortes centrais Yepes e Zapata. Ao lado do trinco do Fluminense deverá aparecer o  dinâmico médio Fredy Guarín, que, depois de se tornar uma das estrelas do Inter de Milão, surgirá extremamente confiante no Mundial do Brasil.

Sem Falcão entre os convocados, Jackson Martínez será o homem mais adiantado da equipa e o jogador alvo. Um pouco atrás, e à frente de James e Cuadrado, Teófilo Gutiérrez parece ser o preferido do Pékerman para apoiar o ponta-de-lança do F.C.Porto, já que o técnico argentino pretende ter um jogador que seja o elo de ligação entre o meio-campo ofensivo e o ponta-de-lança. No entanto,  há muito talento ofensivo no plantel colombiano, e jogadores como Bacca, Quintero ou Rincon serão sempre sérios candidatos ao onze titular.

O PONTO FORTE

A qualidade do quarteto ofensivo da equipa é a grande arma da selecção colombiana. Qualquer um dos avançados convocados joga em grandes clubes internacionais e surgem em grande forma para este Mundial. Jackson foi o melhor marcador em Portugal, Ramos um dos melhores na Alemanha, Bacca chegou às duas dezenas golos na época de estreia em Espanha, e Guitierrez foi decisivo na conquista do título do River Plate, na Argentina. Apenas dois destes quatro extraordinários avançados podem entrar no onze, mas enriquecem grandemente o leque de opções de José Pékerman. Atrás da dupla de avançados, estarão dois jogadores soltos e de inesgotável talento, como são Cuadrado e James. As deambulações e acelerações constantes destes dois craques irão causar muito perigo às defesas adversárias. Para além da qualidade do quarteto ofensivo, é importante destacar as  incursões no ataque por parte dos laterais Armero e Zuniga. Rápidos e tecnicistas, estes laterais, que encantam no futebol italiano, serão importantes desbloqueadores do jogo ofensivo colombiano e são muitas vezes chamados a jogo pelos médios.

O PONTO FRACO

A zona central da defesa desta selecção parece ser o seu ponto mais vulnerável e periclitante. Apesar da sua experiência e bom sentido posicional, o capitão Mário Yepes acusa alguma falta de velocidade e isso poderá ser prejudicial para a equipa em jogos de maior dificuldade. Ao seu lado deverá jogar Zapata ou Perea, mas quer um quer outro revelam alguns problemas de posicionamento, apesar de serem fortes e pujantes no jogo aéreo.

Por outro lado, os laterais da Colombia Armero e Zuñiga são melhores a atacar do que a defender e as sucessivas subidas no terreno destas unidades poderão descompensar um pouco a equipa, sobretudo se Pékerman optar por colocar Guarin em vez de Aguilar, que é um médio mais defensivo e contido ofensivamente do que o jogador do Inter. Se tal acontecer, Sanchez, o tampão da equipa, poderá ter algumas dificuldades em equilibrar a equipa sozinho, apesar de ser um médio aguerrido e com um excelente sentido posicional.

Revista do Mundial’2014 – EUA

cab eua mundial'2014

Normalmente, quando as pessoas pensam na seleção dos Estados Unidos da América não a associam a uma seleção com potencial e qualidade. Mas enganam-se.

O Mundial que se inicia esta semana no Brasil será o 7º consecutivo em 10 em que a seleção americana já participou, o que prova claramente a sua evolução futebolística nos últimos anos. Na fase de qualificação, os americanos conquistaram o 1º lugar no Grupo 1 com alguma facilidade. Ganharam 4 jogos, empataram 1 e perderam 1, arrecadando um total de 13 pontos (mais 3 que o 2º classificado, a Jamaica).

O povo americano está habituado a prestações razoáveis nos Mundiais, embora desta vez estejam esperançados por esta ser das melhores equipas que o país já teve. Os Estados-Unidos ocupam o 1º lugar no Ranking da FIFA relativamente à CONCACAF e o 13º lugar a nível mundial, estando à frente de seleções como Croácia, França ou Holanda. Estes números são muitíssimos motivadores e tenho a certeza de que esta seleção será um osso duro de roer.

Até hoje disputou 5 jogos amigáveis de preparação para o Mundial – 4 vitórias e 1 derrota, estando há 3 jogos a vencer consecutivamente (2-0 ao Azerbaijão, 2-1 à Turquia e 2-1 à Nigéria).

Sendo estes jogos amigáveis, os resultados não assumem extrema importância; contudo, vencer e criar hábitos e rotinas vencedoras é sempre melhor do que perder. A equipa encerrará as partidas amigáveis diante da Bélgica no dia 12 de Junho e no dia 16 estrear-se-á no Mundial frente ao Gana. Terá cerca de três dias de descanso, o que na minha opinião é pouco. Todavia, os responsáveis pela seleção e o seu treinador Jürgen Klinsmann discordam, visto que os jogos estão agendados há vários meses.

OS CONVOCADOS

Guarda-redes – Brad Guzan (Aston Villa), Tim Howard (Everton), Nick Rimando (Real Salt Lake)

Defesas – DaMarcus Beasley (Puebla), Matt Besler (Sporting KC), John Brooks (Hertha de Berlim), Geoff Cameron (Stoke City), Timmy Chandler (Nurnberg), Omar Gonzalez (LA Galaxy), Fabian Johnson (Hoffenheim), DeAndre Yedlin (Seattle Sounders)

Médios – Kyle Beckerman (Real Salt Lake), Alejandro Bedova (Nantes), Michael Bradley (Toronto FC), Brad Davis (Houston Dynamo), Mix Diskerud (Rosenborg), Julian Green (Bayern Munique), Jermaine Jones (Besiktas), Graham Zusi (Sporting KC)

Avançados – Jozy Altidore (Sunderland), Clint Dempsey (Seattle Sounders), Aron Johannsson (AZ Alkmaar), Chris Wondolowski (San Jose Earthquakes)

A ESTRELA

 Clint Dempsey Fonte: Andres Leighton /AP
Clint Dempsey
Fonte: Andres Leighton /AP

Para mim, a estrela da equipa é Landon Donovan, mas tenho de eleger outra estrela devido ao facto de Donovan não ter sido convocado. Esta ausência de Donovan suscitou muitíssimas críticas por parte do povo americano e deixou-me extremamente surpreendido. Donovan é o melhor marcador da história dos EUA e é também o melhor marcador de sempre da MLS (liga norte-americana), por isso considero-o um jogador indispensável. Porém, Klinsmann e eu não partilhamos a mesma opinião.

Michael Bradley, Jazy Altidore ou Clint Dempsey podem ser considerados os “substitutos” de Landon Donovan, mas o capitão Dempsey afirma-se mais como a estrela da comitiva americana face ao seu envolvimento em todo o jogo da equipa, rigor tático e capacidade técnica. Assume-se como uma peça vital tanto a defender como a atacar.

Altidore é um avançado nato que não tem tido muita sorte com os golos, embora seja uma peça importante graças à sua técnica, experiência e poderio físico. Michael Bradley é um médio centro de grande qualidade, é preponderante na construção do jogo da sua equipa e será certamente um elemento muito importante em todo o Mundial.

O TREINADOR

Jurgen Klinsmann Fonte: Carlos M. Saavedra/SI
Jurgen Klinsmann
Fonte: Carlos M. Saavedra/SI

Jürgen Klinsmann está no cargo desde 2011 e já treinou a seleção alemã e o Bayern Munique. Desde que assumiu o cargo, os Estados-Unidos da América alcançaram 27 vitórias, 7 empates e 10 derrotas, resultados que são extremamente positivos. Antes de partir para o Brasil, renovou até 2018, realçando a confiança que a US Soccer (Federação Norte-Americana de Futebol) deposita no alemão.

Assume-se como um treinador com bastante rigor táctico que gosta de apostar em jovens. Julian Green, John Brooks e DeAndre Yedlin são três jovens que Klinsmann pretende amadurecer e em que o selecionador confia bastante. Se hoje apresentam já muita qualidade, num futuro próximo deverão ser parte ativa na seleção. O “caso Donovan” mostra que é um treinador bastante corajoso porque não teve medo das críticas de que foi e continua a ser alvo, e ao mesmo tempo mostra que é algo reservado, já que ainda não deu uma explicação objetiva sobre a sua decisão.

Será o seu primeiro Mundial à frente dos EUA e passar a fase de grupos será certamente o objetivo. Embora tenha uma tarefa muito complicada pela frente, acredito que esta seleção possa surpreender como já o fez no passado.

O ESQUEMA TÁTICO

11 eua

Ultimamente o seleccionador tem usado a tática 4x5x1 e o tradicional 4x4x2. O plantel americano conta com jogadores de oito ligas diferentes, incluindo a norte-americana, a inglesa, a alemã, a francesa, a holandesa, a mexicana, a norueguesa e a turca. Há 10 jogadores da MLS, mostrando a clara aposta do seu treinador em jogadores da “casa” e 4 da Budesliga e da Premier League, o que prova que os jogadores americanos têm qualidade suficiente para jogar nos melhores campeonatos do mundo.

O PONTO FORTE

Os Estados Unidos da América assumem-se como uma seleção bastante forte fisicamente, que se posiciona bem no terreno de jogo e que possui uma boa intensidade de jogo, com transições muito rápidas.

Tim Howard, experiente jogador de 35 anos, é sem dúvida alguma o guarda-redes titular. É um jogador que transmite muita segurança às redes americanas e que se assume como um líder dentro das quatro linhas. Já fez mais de 400 jogos na Premier League e conta com mais de 80 internacionalizações, sendo um elemento chave para todo o grupo, ou seja, a baliza da seleção está salvaguardada.

Mas o principal ponto forte é claramente a qualidade que a equipa possui do meio-campo para a frente, com jogadores como Michael Bradley, Jermaine Jones, Jozy Altidore ou Clint Dempsey. São jogadores que jogam muitíssimo bem entre si e que têm uma qualidade enorme, tendo a capacidade de resolver qualquer encontro.

O PONTO FRACO

Para mim, o ponto fraco desta seleção é a defesa, mais concretamente a dupla de centrais. A dupla de centrais atua na MLS e é mediana. O lateral-direito, Cameron, é um lateral de muitíssima qualidade, experiente e rápido. É sem dúvida, o elemento com mais qualidade nesta defesa. O lateral-esquerdo atua na equipa mexicana do Puebla mas já tem provas dadas na Europa (jogou no PSV Eindhoven e no Manchester City) e, com 32 anos, já tem muita experiência.

Revista do Mundial’2014 – Nigéria

cab nigéria mundial'2014

A Nigéria parte para este Mundial olhada pela crítica e pela maioria dos apreciadores do desporto-rei como apenas mais uma seleção, uma seleção banal, que pouco ou nada trará ao Mundial. Uma seleção que procura há anos a glória da geração de 90, que procura a afirmação internacional de talentos como teve outrora com o fantástico ‘Jay Jay’ Okocha, o irreverente Taribo West, o eficaz Taiwo, Babayaro, Finidi ou o carismático Babangida. Uma seleção que procura novamente o seu espaço no futebol mundial e que tem no Brasil uma oportunidade de ouro para o conseguir.

Contudo, olhando para a história e o percurso recentes das ‘Super Águias’, é possível esperar uma prestação muito positiva, onde o objetivo é tentar chegar aos quartos-de-final da prova, feito que a acontecer será a melhor prestação de sempre dos nigerianos.

Após a conquista da CAN em 2013 e de uma fase de apuramento para o Mundial irrepreensível, onde se destaca o feito de não ter tido qualquer derrota, a Nigéria surge atualmente como uma equipa sólida e com um futebol ascendente, comandada pela antiga glória nigeriana de 94 Stephen Keshi, acalentando a esperança de fazer história nesta prova. Inserida num grupo teoricamente acessível, com Irão e Bósnia, a Nigéria acredita na passagem da fase de grupos, vendo na Argentina o ‘cabeça de cartaz’ do grupo.

Uma seleção que já foi 5º no ranking FIFA em 1994, que conquistou ouro olímpico em 1996 e a prata em 2008, que venceu a CAN por três vezes (a mais recente o ano passado) e que vai realizar a sua quinta presença na prova máxima do futebol tem de assumir-se como o principal representante do continente africano no Brasil, tem de querer suplantar a sua história e pode, pelo já apresentado, surpreender em terras de Vera Cruz. Para isso a magia africana, a compleição física da equipa e o jogo ofensivo dos nigerianos serão certamente mais-valias que podem fazer esta seleção e o seu povo sonhar.

OS CONVOCADOS

Guarda-Redes – Vincent Enyeama (Lille), Austin Ejide (Hapoel Be’er Sheva) e Chigozie Agbim (Gombe United).

Defesas – Efe Ambrose (Celtic Glasgow), Godfrey Oboabona (Rizespor), Azubuike Egwuekwe (Warri Wolves), Juwon Oshaniwa (Ashdod FC), Joseph Yobo (Norwich City) e Kunle Odunlami (Sunshine Stars).

Médios – Obi Mikel (Chelsea), Ogenyi Onazi (Lazio), Ramon Azeez (Almeria), Ejike Uzoenyi (Enugu Rangers), Gabriel Reuben (Beveren), Nosa Igiebor (Bétis) e Joel Obi (Parma FC).

Avançados – Shola Ameobi (Newcastle), Victor Moses (Liverpool), Emmanuel Emenike (Fenerbahçe), Ahmed Musa (CSKA Moscovo), Peter Odemwingie (Stoke City), Nnamdi Oduamadi (Varese) e Uche Nwofor (Heerenveen).

A ESTRELA

John Obi Mikel  Fonte: itv.com
John Obi Mikel
Fonte: itv.com

John Obi Mikel. Sabe-se que Enyeama é o capitão e a figura no balneário, um guerreiro e um dos principais pilares da seleção nigeriana, mas em campo quem pauta o jogo é Mikel.

O jogador do Chelsea foi considerado o segundo melhor jogador africano do ano em 2013, apenas suplantado por Yaya Touré, da Costa do Marfim e do Manchester City, o que ilustra a forma de Mikel e a sua importância para a Nigéria. Foi um dos principais responsáveis pela vitória do seu país na CAN, é um jogador fundamental para Keshi e em quem os africanos depositam a esperança de que coordene o meio-campo e ataque das ‘Super Águias’.

Em 2010 falhou o Mundial por lesão e tem no Brasil, aos 27 anos, a responsabilidade de comandar o destino nigeriano na competição, através do seu forte poder físico, qualidade de passe e liberdade criativa que Keshi lhe oferece. Se no clube Mikel é um jogador mais fixo no meio-campo, mais defensivo, com menos utilização, na seleção é o criativo, a figura, o patrão e é claramente um jogador diferente por toda essa responsabilidade.

O TREINADOR

Stephen Keshi  Fonte: thetrentonline.com
Stephen Keshi
Fonte: thetrentonline.com

Stephen Keshi. Treinador metódico, nigeriano e que veio trazer novamente a garra, o querer e a ambição à seleção do seu país. Antigo defesa da geração de ouro da Nigéria, tenta agora trazer novamente o espirito combativo e feroz africano a este conjunto, tendo sido muito bem-sucedido até ao momento, com a qualificação para o Brasil e a conquista da CAN em 2013.

Assumiu o comando técnico das ‘Super Águias’ em 2011, depois de ter conseguido em anos anteriores o apuramento histórico e inédito do Togo para a fase final de um Mundial. Keshi é um homem respeitado pelos jogadores, que conhece a história e a tradição do futebol nigeriano, que fez parte da página mais dourada desse futebol, tendo, por isso e pelos feitos mais recentes, o total apoio de um povo e dos seus ‘guerreiros’.

Abandonou o esquema de 4-4-2 e passou a jogar num 4-3-3, com variações em 4-2-3-1, trazendo um poder ofensivo maior à Nigéria e conseguindo tornar a seleção na maior potência africana presente neste Mundial.

A magia africana com contra-ataques rápidos pelas alas, os jogadores de grande qualidade na frente, o jogo de bola no pé (mérito de Keshi), o meio-campo organizado com três homens, o forte poder físico de toda a equipa e a presença do líder Enyeama entre os postes conferem à Nigéria o necessário para pelo menos passarem esta primeira fase e fazerem sonhar os nigerianos com uma presença inédita nos quartos-de-final. Pessoalmente, considero que é possível, mas confesso que o sucesso e o alcance de uma posição histórica muito dependem do adversário que se cruzar no caminho das ‘Super Águias’ nos quartos-de-final.

O ESQUEMA TÁTICO

11 nigeria

O PONTO FORTE

Claramente o ataque – uma frente constituída por Moses na esquerda, Musa na direita e Emenike na frente, sendo municiada pelo ‘10’ Mikel. Emenike vem de uma boa temporada no futebol turco, tendo sido uma importante peça no esquema de Keshi para o apuramento para este Mundial. Moses e Musa são duas flechas nas alas que possibilitam incursões rápidas e fortes no ataque, gerando normalmente desequilíbrios nos defensores adversários. Mikel, como figura da equipa, é o jogador que constrói todo o futebol ofensivo da Nigéria, juntando ao trio atacante um outro perfume no que à qualidade de passe diz respeito. Para além disso, o ataque é o setor onde as ‘Super Águias’ contam com mais soluções, tendo nos 23 eleitos Ameobi, o irreverente Odemwingie, Uchedo e Uche, todos eles conhecidos dos mais atentos adeptos e militantes em clubes das principais ligas europeias. Este leque de soluções e a forma compacta e cavalgante de sair para o ataque por parte da Nigéria permitem a Keshi ter no ataque a sua principal arma para realizar um bom Mundial.

O PONTO FRACO

O lado esquerdo da defesa. Se até há uns dias atrás esse lugar estava assegurado por Elderson, jogador do Mónaco e conhecido dos adeptos portugueses por ter representado o Sporting de Braga, agora é uma grave lacuna na Nigéria. O lateral lesionou-se, vai falhar o Mundial e para o seu lugar foi convocado Uzoenyi Ejike, jogador de ataque, pelo que à partida a titularidade como lateral-esquerdo será entregue a Oshaniwa.

Oshaniwa conta apenas com 10 internacionalizações, teve muito pouca utilização na fase de qualificação, não tem experiência de seleção e sempre foi preterido em relação a Elderson, pelo que não tem entrosamento com os restantes colegas, tornando o lado esquerdo da defesa nigeriana o principal ponto fraco deste conjunto.

Para além disso, convém destacar a ausência de um trio certo no meio-campo. Se por um lado Onazi e Mikel parecem intocáveis para Keshi, a terceira posição do meio campo sofre trocas constantes, o que pode ser um problema para a estrutura da Nigéria. Em vantagem para ocupar o lugar surge Reuben Gabriel, seguido do promissor e talentoso mas inexperiente Azeez. Cabe ao treinador definir essa terceira posição a meio-campo e tentar lidar da melhor forma com a importante perda de Elderson. A minha aposta vai para Oshaniwa – veremos se cumpre e se Keshi não surpreende…

Vergonhoso

cab desportos motorizados

Vergonhoso! Esta é a melhor palavra para descrever o trabalho que foi feito pela organização do Rali de Itália, disputado na Sardenha. Bernardo Sousa foi o único piloto português em prova e foi um dos mais prejudicados pela organização (talvez desorganização ficasse melhor) italiana. O madeirense terminou num terceiro lugar já de si algo polémico, devido a vários erros organizativos; mais ainda, recebeu, já depois do fim da prova, uma penalização de cinco minutos por uma alegada utilização de dois pneus a mais. De destacar que, mesmo que isto fosse verdade, o castigo teria se ser a exclusão e não a penalização atribuída. Curiosamente, o piloto mais beneficiado com estas decisões foi o italiano Lorenzo Bertelli – mais conhecido por ser herdeiro da Prada e pela cor do seu carro do que pela sua capacidade de conduzir (isto sem ser nenhum azelha).

Para ter-se uma pequena noção do que aconteceu, Bernardo Sousa foi dormir de sábado para domingo estando em segundo e acordou em quarto, durante a noite, por decisão da organização. Esta situação deveu-se a um problema num troço (o 11º), em que alguns pilotos foram forçados a parar, em plena especial, e os tempos atribuídos a estes pilotos foram algo difíceis de explicar.

Destaco ainda a estreia do Citroën DS3 R5, uma estreia muito boa, já que Sébastien Chardonnet ficou em segundo no WRC2. Mas até esta prestação teve problemas, já que o carro francês estava ilegal e apenas levou uma multa de 2000€, quando – novamente – deveria ter sido a desqualificação o castigo.

Na categoria principal, o vencedor foi Ogier (que surpresa!), que teve no pódio a companhia de Ostberg e Latvala. Esta foi uma prova em que a Hyundai começou muito bem com os seus dois pilotos (Neuville e Hänninen), mas a quinta especial foi má para a equipa coreana, que viu o belga perder muito tempo e o finlandês desistir, quando eram primeiro e segundo lugares, respetivamente. Azar teve também o principal piloto da M-Sport: Hirvonen viu o seu carro arder enquanto trocava um pneu durante uma ligação entre troços.

O carro alemão conduzido por Pedro Fontes dominou completamente a prova. Fonte: Autosport.pt
O carro alemão conduzido por Pedro Fontes dominou completamente a prova.
Fonte: Autosport.pt

Por Portugal também houve mais uma prova do nacional. Pela primeira vez, este ano, o vencedor não foi Pedro Meireles. José Pedro Fontes fez valer toda a qualidade do Porsche e não deu qualquer hipótese à concorrência. Ricardo Moura, que estreou o Fiesta R5 no asfalto, alcançou o segundo lugar, e o piloto vimaranense – que está cada vez mais próximo do título – completou o pódio.

Revista do Mundial’2014 – Austrália

cab austrália mundial'2014

Fundada em 1961, a seleção australiana vai jogar, pela quarta vez na sua história, um Mundial de Futebol – três das quais consecutivas. Depois de uma primeira fase de grupos tranquila, os australianos, que disputaram o apuramento na Confederação Asiática de Futebol, sentiram grandes dificuldades para carimbar a presença no Brasil na segunda fase do apuramento. A fase menos conseguida da Austrália ditou a saída do técnico Holger Osieck, que foi substituído pelo grego-australiano Ange Postecoglou apenas a oito meses do início do Mundial de Futebol.

Na verdade, os socceroos – nome inspirado na mistura das palavras Soccer (futebol) e Kangaroos (Canguru) – estão atualmente na 59ª posição do Ranking FIFA, o que reflete na perfeição a pouca qualidade dos jogadores australianos.

Apesar da pouca tradição futebolística, o futebol é, atualmente, o terceiro desporto mais praticado na Austrália. Aliado à recente expansão da modalidade no país, já são vários os futebolistas australianos que atuam nas ligas europeias e, também, na liga americana. A qualidade, porém, continua a anos-luz de distância das grandes seleções europeias e sul-americanas.

O objetivo da seleção australiana será o de repetir a prestação do Mundial de 2006, na Alemanha, onde atingiu os oitavos de final da competição (caiu aos pés da Itália). Inseridos no grupo B, juntamente com a Espanha, Holanda e Chile, facilmente percebemos que o objetivo de repetir 2006 é quase utópico.

OS CONVOCADOS

Guarda-redes – Eugene Galekovic (Adelaide United FC), Mitchell Langerak (Borussia Dortmund), Mat Ryan (Club Brugge)

Defesas – Jason Davidson (Heracles Almelo), Ivan Franjic (Brisbane Roar FC), Ryan McGowan (Luneng Taishan), Matthew Spiranovic (Sydney Wanderers), Alex Wilkinson (Jeonbuk), Bailey Wright (Preston)

Médios – Oliver Bozanic (Luzern), Mark Bresciano (AL Gharafa), James Holland (Áustria Viena), Mile Jedinak (Crystal Palace), Massimo Luongo (Swindon Town), Mark Milligan (Melbourne Victory), Tommy Oar (Utrecht), Matt Mckay (Brisbane Roar), James Troisi (Atalanta), Dario Visodic (Sion)

Avançados – Tim Cahill (New York Red Bulls), Ben Halloran (Fortuna Dusseldforf), Matthew Leckie (Frankfurt), Adam Taggart (Newcastle Jets)

A ESTRELA

Tim Cahill Fonte: Brazil14.org
Tim Cahill
Fonte: Brazil14.org

É a grande estrela da seleção australiana e a referência do grupo. Com 22 golos marcados em 52 internacionalizações, Cahill tem 15 anos de futebol inglês nas pernas (Millwall e Everton) e é, naturalmente, o futebolista mais experiente dos 23 que vão ao Brasil. Dotado de um potente remate, de um cabeceamento fortíssimo e de uma excelente visão de jogo, o australiano pode jogar como médio-ofensivo ou como avançado. Os 34 anos de idade já fazem mossa na prestação do jogador, que tem como pontos negativos a velocidade e as mudanças rápidas de direção. Ainda assim, Cahill é dos poucos jogadores da seleção australiana capazes de decidir um jogo sozinho.

O TREINADOR

Ange Postecoglou  Fonte: Getty Images
Ange Postecoglou
Fonte: Getty Images

Ange Postecoglou foi jogador dos South Melbourne entre 1983 e 1993. Em 1996, assumiu o comando técnico do seu antigo clube, mas foi com os Brisbane Roar que atingiu a glória, ao conquistar dois Campeonatos Nacionais. Postecoglou foi defesa, enquanto jogador, e as suas equipas são conhecidas por consentirem poucos golos. Parece-me ter a filosofia de jogo perfeita para as aspirações dos australianos, que muito passarão pela solidez defensiva. O sistema tático será, ao que tudo indica, um 4-2-3-1 que, em grande parte dos 90 minutos, se transformará num 4-5-1 super defensivo. Resta saber em que posição irá o selecionar australiano utilizar Tim Cahill: como referência ofensiva ou como organizador de jogo.

O ESQUEMA TÁTICO

Sem Título

O PONTO FORTE

 O futebol da seleção australiana é, em quase tudo, inspirado do futebol britânico – com as devidas diferenças. Podemos esperar uma aposta intensa no jogo aéreo: passes longos e cruzamentos à procura de um cabeceamento. Esta virtude no jogo aéreo não se fica pelo futebol ofensivo, uma vez que a Austrália demonstra grande competência, também, a nível defensivo nas bolas.

O PONTO FRACO

 Com a exceção do jogo aéreo… quase tudo é um ponto fraco. O nível dos jogadores é bastante mediano e dificilmente conseguem surpreender. Os defesas são, no geral, demasiado macios e excessivamente lentos. O meio-campo pode, num ou noutro caso, ter um rasgo de criatividade, mas serão facilmente anulados.

Por fim, a constante procura da linha de fundo, com o objetivo de cruzar para a grande área adversária, torna a seleção australiana demasiado previsível.

A Austrália começa o torneio com o Chile, no próximo dia 13, o que até pode ser visto como uma vantagem, já que os chilenos são, na teoria, o adversário mais acessível da fase de grupos. No entanto, penso que só um milagre, ou um Mundial desastroso das restantes seleções do Grupo B, faria da Austrália uma das seleções dos oitavos de final.