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Casos & Casos

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a norte de alvalade

Parece que desta vez Jefferson “largou-se” mesmo

Problemas de índole contratual terão provocado acesa discussão entre Jefferson e Bruno de Carvalho. Não tomarei partido nesta questão enquanto não se souberem pormenores, mas não deixo de dizer o que me parece o óbvio nestes casos:

– Este caso, envolvendo um dos jogadores que, pelo que produz, é dos mais importantes do plantel, seria sempre mau, nesta altura em particular é péssimo.

– Não sei quais foram as razões invocadas por Jefferson, mas enveredar por actos de indisciplina é a forma mais rápida de perder a razão que lhe possa assistir. Por mais fortes que estas sejam e por mais profundos que sejam os antagonismos com os dirigentes, os jogadores não podem e não devem esquecer que o clube é muito mais do que eles todos, jogadores e dirigentes.

– Grande parte deste género de conflitos laborais previne-se antes de se extremarem posições. Uma boa gestão de expectativas, particularmente no caso dos jogadores com mais mercado, como é o caso de Jefferson, é crucial.

– São já demasiadas ocorrências como estas, o que leva à imediata necessidade de se apurar as suas causas. Em primeiro lugar apurar se existe um padrão: ou o Sporting tem um azar desgraçado e contrata quase sempre jogadores indisciplinados, ou algo está a falhar na relação entre entidade patronal e funcionários. Como comentário adicional, acresce dizer que a ideia que muitas vezes circula entre os adeptos de que os jogadores devem ser geridos com mão de ferro é uma ideia que fica bem no… século passado.

O sistema está vivo e não dorme

O castigo atribuído a Bruno de Carvalho, e particularmente a forma célere com que foi aplicado, é a última prova de vida do famoso sistema. Sistema que, ao contrário do que se pretende ultimamente, não é uma santa aliança, antes se assemelhando a uma hidra com várias cabeças. Olhe-se para as várias estatísticas – castigos, expulsões, celeridade e sentido das decisões, etc – para o confirmar, constatando-se, quase sempre, que o Sporting  vem na cauda dos favorecidos. Ou o inverso.

Esta prova de vida é também:

– Uma declarada e vergonhosa afronta e uma falta de respeito para com uma das importantes instituições desportivas nacionais. Deve ser o primeiro caso de castigo sumário a um presidente sem instauração de um inquérito.

– É um forte contributo para a discussão interna sobre a virtude da estratégia que vem sendo seguida. Os resultados são os mesmos de sempre e são esses que é necessário mudar, sob pena de o clube ser permanentemente prejudicado.

– É uma prova de vida e de força. É pura especulação da minha parte mas não estranharia se o famoso sistema tivesse apanhado Bruno de Carvalho desprevenido à saída de uma curva. O incidente com o roupeiro do Gil Vicente, a ter existido, é no mínimo esquisito. Desde logo porque um presidente não discute com roupeiros sem alienar autoridade e prestigio. Quem sabe se o FCP não tem agora a oportunidade de retribuir a “hospitalidade” que lhe tem sido dispensada em Alvalade. É que nestas matérias eles não são aprendizes, mas sim profissionais encartados.

Gastar farelo e poupar na farinha

Este deveria ser o tema de hoje, o post estava já quase terminado. A ocorrência do caso Jefferson acabou por o deixar em repouso. Mas não posso deixar de manifestar a minha discordância e até perplexidade pela recente decisão sobre as viagens da equipa B.

Fundamentar esta decisão absurda de fazer viajar no próprio dia de jogo uma equipa de profissionais de futebol com base em argumentos financeiros é de todo incompreensível quando se constata o elevado número de jogadores totalmente desnecessários que têm entrado e saído para aquele escalão.

O Sporting não precisa nem pode gastar dinheiro em Rabias (750.000), Sacko’s (1 milhão), Slavchev’s (2.5 milhões), etc, que dariam para pagar mais do que um  orçamento anual, para depois por a equipa B a conhecer o país de autocarro em dias de jogos. Chama-se a isto gastar no farelo e poupar na farinha.

As consequências desta decisão são várias e não me ocorre nenhuma positiva. Desde logo as imediatas, como o desprestigio do clube que se diz  e é grande, mas que usa meios que até os amadores já evitam.

Quanto é que isto custa na hora de disputar a aquisição de um jogador com um qualquer clube concorrente?

Quanto pesa isto na capacidade competitiva da equipa no relvado e que consequências tem na prestação dos jogadores, em confronto já desigual, porque os adversários jogam em casa?

Que influência tem na evolução dos jogadores, já não falando no que isto representa para eles?

Foto de capa: sporting.pt

Neve, gelo e dois portugueses

cab desportos motorizados

A semana passada assisti ao primeiro nevão da minha vida, e, como maluco que sou, em vez de ficar em casa, graças ao encerramento da universidade, fui andar por aí e apercebi-me das dificuldades em andar no gelo com sapatos normais (principalmente para quem nunca se tinha visto nesta situação). Posto isto, associei estas dificuldades com as que os dois pilotos portugueses tiveram aquando das suas estreias no europeu de ralis (ERC) deste ano. Mas antes de tudo, quem são eles?

O primeiro a entrar em competição foi Renato Pita, e pode-se dizer que este piloto é um caso estranho no automobilismo português. Sem nunca ter ganho nada em Portugal, conseguiu chegar ao ERC, e 2015 é já o seu terceiro ano nesta competição, sempre com o Peugeot 208 R2. Mas ter um carro de sucesso – que vence várias provas na sua categoria – não parece ser suficiente para os resultados aparecerem. Apesar disto, os patrocínios continuam a aparecer e a permitir esta aventura. É também estranho que um piloto português não faça a prova do seu país nesta competição, o SATA Rallye Açores; algo que ainda fica mais estranho quando Pita vai fazer igualmente o nacional de ralis e volta a excluir esta prova. O outro piloto português nesta competição é Diogo Gago, que este ano é piloto oficial da Peugeot, e que conduz o mesmo carro que Pita, pelo que ambos correm no ERC3 – sendo que Gago corre ainda no JERC. É importante ainda referir que, para já, Portugal só tem estes dois pilotos na competição, mas é de esperar que pelo menos Bruno Magalhães entre no ERC, também ao volante de um Peugeot 208 mas desta feita na versão R5.

rally neve 2
Diogo Gago na Letónia
Fonte: Facebook oficial de Diogo Gago

Decorridas as duas primeiras provas do campeonato, cada piloto português que está inscrito já fez uma prova. Pita fez o Jannerrally, na Áustria, e Gago o Rally Liepaja, na Letónia. Estas duas provas foram cheias de neve e gelo, condições em que os pilotos portugueses não são dos melhores pela falta destas circunstâncias em Portugal, sendo que ambos fizeram a sua estreia em provas com neve. Mesmo tendo só feito a pé, posso confirmar que são circunstâncias realmente difíceis para quem não tem experiência.

Na prova austríaca, Renato Pita foi considerado um dos destaques da prova, tendo terminado em 36º (16º no ERC e 4º no ERC3). Na Letónia, Gago foi 37º (28º no ERC, 10º ERC2  e 7º JERC), tendo também sido destacada a sua bravura, neste caso mais por ter aguentado o seu carro depois de um violento despiste do que pelo resultado em si, que ficou muito condicionado depois do embate que já referi.

Posto isto, é fácil perceber que, com uma prova cada, Pita está melhor classificado que Gago. No entanto, ainda estamos no início da competição e, como tal, é difícil tirar qualquer dúvida sobre as mais valias de cada um dos pilotos para este ano. Contudo, de 2 a 4 de abril vamos ter o primeiro frente a frente entre os dois no Circuit of Ireland Rally, momento para o qual eu já ando a contar o tempo. Como é óbvio, aproveito para desejar boa sorte aos dois para esta temporada e que consigam os resultados que procuram, para bem dos ralis em Portugal.

Foto de capa: Facebook Renato Pita Motorsport & Eventos 

Fazer o que se gosta

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cab nba

I’m Larry Sanders. I’m a person, i’m a father, i’m an artist, i’m a writer, i’m a painter, i’m a musician, and sometimes I play basketball.” Em entrevista ao The Players Tribune, o ex-poste dos Bucks explica porque decidiu abandonar a NBA:

E depois de ouvir as suas palavras, quem o pode censurar? Já antes destas declarações, achávamos que ele estava mais do que no seu direito de desistir e que podia/devia fazer com a sua vida o que muito bem entendesse. Depois de ouvirmos e lermos as suas palavras, ainda mais acreditamos nisso.

É claro que quando saíram as notícias do seu desejo de deixar de jogar basquetebol e, mais tarde, as notícias do seu “buyout”, choveram mensagens de indignação e ódio por toda a internet. No Facebook, no Twitter, nas caixas de comentários da ESPN e de outros sites americanos, centenas (milhares?) de fãs condenaram imediatamente o jovem jogador (ou ex-jogador?) e interrogaram-se como era possível ele não querer jogar mais, como era possível desperdiçar todo aquele potencial e a oportunidade de jogar na NBA. Que era um gajo sem nada na cabeça, que era um drogado, como era possível andar deprimido com um ordenado de 11 milhões de dólares por ano e, talvez o argumento mais recorrente, como era possível não ser feliz e não querer ganhar a vida a jogar basquetebol?

Primeiro: é possível ter dinheiro e ser infeliz. Tal como é possível ter dinheiro e ter problemas do foro psicológico, como a depressão ou ansiedade. Como diz o velho ditado (e os ditados não existem por acaso), dinheiro não traz felicidade.

Segundo: é possível não querer ser jogador profissional. Pode ser uma ideia difícil de conceber para muitas pessoas e esse pode ser um emprego de sonho para 99,9% dos fãs (e das pessoas de estatura normal), mas o facto é que não é um emprego de sonho para muitos destes jovens anormalmente grandes. Muitos deles acabaram a jogar basquetebol mais devido à sua altura do que ao amor que tinham pela modalidade. Muitos deles não sonhavam ser jogadores e não escolheram fazer disso vida. Apenas eram grandes, tinham jeito e foi essa carreira que os escolheu. Larry Sanders não é um caso único. Shawn Bradley, por exemplo, também admitiu que jogar basquetebol foi uma inevitabilidade e que não era a paixão da sua vida. Tal como ele, Sanders não escolheu nascer com aquele corpo e crescer até aos 2,11m.

Ele quer fazer outras coisas da vida? Ainda bem para ele. Quer pintar? Quer escrever? Óptimo. Precisamos tanto de artistas como de jogadores de basquetebol. Como sociedade, gostamos de afirmar e acreditar que devemos perseguir os nossos sonhos e fazer o que gostamos. Para 99% de nós isso seria ser jogador profissional na NBA. Para Larry Sanders não é. E não há nada de errado nisso. Boa sorte nos teus projectos futuros, Larry. Sejam eles quais forem.

Foto de Capa: Keith Allison

UFC Fight Night: Bigfoot vs Mir – Quantas vidas tem Mir?

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cabeçalho ufc

Bastaram 10 golpes, desferidos em 1 minuto e 40 segundos, para que Mir mostrasse a tudo e a todos o porquê de ser um dos grandes pesos pesados da história da UFC, o porquê de ser uma referência no desporto eo porquê de ter sido ridículo sequer duvidarem dele.

UFC Fight Night: Bigfoot vs Mir”, em Porto Alegre, no Brasil, foi, de facto, uma noite de surpresas, onde todos (!) aqueles considerados underdogs venceram. A primeira luta do cartaz principal, entre Sean Strickland e Santiago Ponzinibbio, prometia… Mas para o lado do primeiro. Strickland, agora com um recorde de 15 vitórias e 1 derrota, estava, na altura, invicto. Entrou como grande favorito e uma das maiores promessas da categoria de peso Meio-Médio, estatuto a que não conseguiu corresponder dentro do octógono. Ponzinibbio dominou a luta com a sua agressividade no ataque, encurtando os espaços para que Strickland não pudesse usar a sua vantagem de envergadura. Este último mostrou ter um queixo duro, resistindo a dois fortíssimos pontapés e variadas sequências de Ponzinibbio, mas pouco mais. A luta foi bastante unidireccional e estava claro, passadas as 3 rondas, de que o vencedor seria Santiago Ponzinibbio (21- 2) como aconteceu, via decisão unânime.

A segunda luta da noite (madrugada, em Portugal) teve como protagonistas Iuri Alcantara e Frankie Saenz, na categoria de Bantamweight. O recorde de lutas de Iuri Alcantara sozinho impunha respeito, com 31 vitórias para apenas 5 derrotas e 1 sem resultado, versus as 9 vitórias e 2 derrotas de Saenz. O combate que sucedeu foi totalmente contra a maré. O pedigree de Alcantara nunca se mostrou, nem mesmo quando a luta ia para o chão, onde este poderia usar o seu Jiu-Jitsu, num combate com ritmo baixo e do qual Saenz nunca perdeu o controlo. O bom uso de wrestling e, no geral, melhor abilidade de striking valeram a Saenz a vitória no final das 3 rondas, por unanimidade.

O regresso de Rustam Khabilov, após a derrota contra Benson Henderson a Junho de 2014, era um dos momentos mais esperados da noite. O russo, número 14 do ranking de peso Leve, é uma das maiores promessas da UFC e esperava, certamente, confirmá-lo contra Adriano Martins. Após uma primeira ronda muito táctica, de estudo mútuo, com destaque apenas para uma entrada nas pernas por parte de Adriano, seria de esperar que a luta aumentasse de ritmo, algo que nunca aconteceu. Khabilov até esteve por cima na segunda ronda, mas nem remotamente mostrou a mesma qualidade de outros tempos, em que chegou mesmo a ser apontado como possível candidato ao título. Adriano Martins conseguiu inúmeras quedas face a Khabilov, algo que muito provavelmente lhe valeu a vitória por decisão (2 rondas para 1), numa luta insonsa e que quebrou o andamento do evento.
Uma das maiores surpresas da noite veio em forma de Sam Alvey, que, aos 3 minutos e 34 segundos da primeira ronda, desferiu um K.O limpo, com uma sequência de esquerda-direita, ao vencedor do primeiro The Ultimate Fighter Brasil, Cezar Ferreira, quando ainda não tinha feito nada significativo na batalha. Uma noite feliz para o americano.

A derrota de Rustam Khabilov (na foto) afasta-o do estatuto de promessa e de um combate pelo título que em tempos esteve perto Fonte: Getty Images
A derrota de Rustam Khabilov (na foto) afasta-o do estatuto de promessa e de um combate pelo título que em tempos esteve perto
Fonte: Getty Images

Com este desfecho a noite estava novamente ao rubro, à medida que se entrava na penúltima luta do evento. Edson Barboza e Michael Johnson teriam, certamente, a melhor luta da noite, não tivesse Frank Mir surpreendido. Ambos entraram agressivos, trocando socos e pontapés fortes. Johnson fez um trabalho incrível a encurtar os espaços, constantemente correndo para cima Edson, impedindo-o de usar o seu Muay Thai. O ritmo imposto por Johnson era frenético, sufocante. Barboza ocasionalmente tirava um pontapé da cartola, geralmente respondido por strikes absolutamente furiosos do americano, que dominou, contra as expectativas, do início ao fim. Venceu por decisão unânime e estendeu a sua sequência de vitórias para 4, aproveitando no final para desafiar Benson Henderson para um combate que, se se suceder, promete ser melhor do que este.

Findado o duelo entre Barboza e Johnson, estava na altura de se ver os cabeças do Evento Principal, António “Bigfoot” Silva e Frank Mir, lutarem pela sua sobrevivência. Ambos atravessavam uma série de combates sem ganhar: Mir, apesar de ter lutado contra grandes nomes dos pesos Pesados, não ganhava desde 2012, tendo uma série de 4 derrotas; Silva não vencia desde 2013, com um empate vs Mark Hunt pelo meio. Ambos já tinham passado o auge das suas carreiras, ambos queriam mostrar que ainda tinham valor. A realidade é que, se alguém era suposto perder, esse alguém era Frank Mir. Está no desporto desde 2001, tendo uma carreira longa, que esteve perto de acabar após um acidente de mota, o qual o deixou de fora do octógono desde 2004 a 2006, tendo de entregar o título de campeão no processo. Todos pensaram que Mir perderia contra um António Silva que, enquanto número 8 do ranking, ainda tinha muito mais para dar. Perderia e abandonaria o desporto, certamente.

Mir, com um gancho e diversas cotoveladas, facilmente quebrou "Bigfoot", que não teve tempo para corresponder ao nome Fonte: UFC
Mir, com um gancho e diversas cotoveladas, facilmente quebrou “Bigfoot“, que não teve tempo para corresponder ao nome
Fonte: Getty Images

Precisamente o contrário aconteceu. Mir quebrou “Bigfoot” com um gancho de esquerda, finalizando o trabalho com múltiplas cotoveladas na face. Em 100 segundos Mir renasceu das cinzas, como já o havia feito anteriormente na sua carreira, e inverteu os papéis – questões levantam-se acerca do futuro de Silva na UFC.

Apenas Mir saberá se sairá numa nota alta ou se procurará mais sucesso no octógono. Uma coisa, no entanto, é certa: cimentou o seu legado enquanto lutador de forma esplêndida e veemente e mostrou que ninguém tem o direito de lhe declarar o fim senão ele próprio. Sê bem-vindo de volta.

Resultados do cartaz principal:

Frank Mir derrotou António “Bigfoot” Silva via knockout na primeira ronda (1:40)
Michael Johnson derrotou Edson Barboza via decisão unânime (29-28, 30-27, 30-27)
Sam Alvey derrotou Cezar Ferreira via knockout na primeira ronda (3:34)
Adriano Martins derrotou Rustam Khabilov via decisão dividida (29-28, 28-29, 29-28)
Frankie Saenz derrotou Iuri Alcantara via decisão unânime (30-27, 30-27, 29-28)
Santiago Ponzinibbio derrotou Sean Strickland via decisão unânime (30-27, 30-27, 30-27)

Foto de Capa: Getty Images

O talento de Griezmann

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cab la liga espanha

Antoine Griezmann – um nome que cada vez mais ecoa nas palavras dos cultos do “desporto rei”. Aos 23 anos, este jovem francês assume-se como um dos pilares fundamentais do Atlético Madrid e um jogador do qual o seu treinador, “El Cholo” Diego Simeone, não prescinde. Também na seleção gaulesa tem cimentado o seu papel. Internacional sub-19, sub-20 e sub-21, chegou à seleção AA francesa em 2014, contando já com 14 internacionalizações e uma participação em Mundiais (2014). A evolução que tem demonstrado é bem visível através do percurso que vem a desenvolver na sua carreira.

Em 2005, assinou com os espanhóis da Real Sociedad um contrato de formação. Passou pelos vários escalões do clube, até que na época 2009/2010 recebeu, pelas mãos do técnico uruguaio Martín Lasarte, a primeira chamada para integrar a pré-época da equipa principal (que disputava a Segunda Divisão Espanhola), que aproveitou para demonstrar a sua habilidade e veia goleadora, convencendo a equipa técnica a deixá-lo permanecer no escalão principal do emblema de San Sebastián. Nessa mesma temporada conquistou um lugar no “onze” dos bascos, que conseguiram a promoção para o principal campeonato espanhol.

Após cinco temporadas, nas quais aprimorou, principalmente, a sua habilidade com bola e os atributos técnicos, Griezmann despertou a cobiça dos gigantes europeus do futebol. Quem aproveitou para antecipar-se aos demais foi o Atlético de Madrid que, em julho de 2014, desembolsou a quantia de 30 milhões de euros, referente à cláusula de rescisão, para os cofres da Real Sociedad, adquirindo, assim, o passe do promissor futebolista de nacionalidade francesa.

Porém, quando chegou à capital espanhola para jogar pelo emblema campeão em título, não teve prontamente vida fácil. Embora atuasse preferencialmente como extremo esquerdo em San Sebastián, no “Atleti” encontrou uma realidade e sistema tático completamente diferentes. A equipa encontrava-se já estruturada, mantendo a mesma base da época anterior, o que fez com que o jogador tivesse que adaptar-se a outro estilo de jogo e, até mesmo, a uma nova posição, pois tem realizado a maior parte da época como segundo avançado, seja fazendo dupla atacante com Mario Mandzukic ou com “El Niño” Fernando Torres.

Griezmann é o melhor marcador dos colchoneros na liga, com 14 golos Fonte: Facebook de Antoine Griezmann
Griezmann é o melhor marcador dos colchoneros na liga, com 14 golos
Fonte: Facebook de Antoine Griezmann

O francês passou por um período inicial de adaptação, no qual foi vítima de regulares substituições, de certo modo antecipadas em termos de tempo de jogo, e teve que mudar a sua mentalidade, pois, ao contrário do que acontecia em San Sebastián, no novo clube não é a “estrela” da companhia, até porque o próprio Diego Simeone afirma que na sua equipa não há “estrelas”. Prova disso é que a primeira vez que Griezmann concretizou todos os 90 minutos de uma partida pelo Atlético foi apenas no último jogo da equipa em 2014, frente ao Athletic Bilbao, no qual fez um hat-trick.

Após estar totalmente adaptado à realidade encontrada em Madrid, o “camisola 7” conseguiu finalmente exibir todo o seu potencial e afirmou-se em definitivo nos colchoneros. Griezmann é, hoje, um avançado à medida de Simeone. Alia à sua qualidade técnica de drible, mobilidade, velocidade rompante e veia goleadora, um tremendo trabalho defensivo de pressão, importunando os defesas e médios da equipa adversária pelos 90 minutos dos jogos, fazendo até lembrar, em certa medida, o ex-avançado do Atlético Madrid, Diego Costa.

Antoine Griezmann é, assim, peça fundamental do xadrez de Simeone no “Atleti” e está transformado num extraordinário avançado moderno, sendo o melhor marcador da equipa, contando com 14 golos em 24 jogos na La Liga. Com várias partidas por disputar até ao término da temporada, só podemos esperar ainda mais deste jogador, que tem vindo a deslumbrar todos os adeptos de futebol com o seu puro talento.

Foto de Capa: Facebook de Antoine Griezmann

Olheiro BnR – Tozé

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olheiro bnr

Numa fase em que parece complicado para o FC Porto segurar Óliver Torres para além do actual empréstimo de uma temporada, é inegável que existem vários candidatos a agarrar o lugar do jovem espanhol na próxima temporada, estando uns no próprio plantel azul-e-branco (Evandro) e outros emprestados como Josué, Carlos Eduardo e, talvez, o mais promissor de todos, o internacional sub-21 português Tozé.

De facto, mesmo num irregular Estoril, que caiu a pique com a troca de Marco Silva por José Couceiro, Tozé tem conseguido mostrar-se uma clara mais-valia no conjunto canarinho, justificando, a cada exibição, um rápido regresso à casa-mãe, que é como quem diz: uma oportunidade consistente junto do grupo orientado por Julen Lopetegui.

Um produto do Olival

António José Pinheiro Carvalho “Tozé” nasceu a 14 de Janeiro de 1993, em Esposende, e começou a sua carreira no modesto Forjães, ainda que tenha chegado muito cedo ao FC Porto, onde culminou o seu percurso de formação, sendo integrado na equipa B na temporada 2012/13.

Nessa temporada de estreia no futebol sénior, somou 35 jogos e sete golos, tendo merecido ainda a possibilidade de se estrear na equipa principal, pela mão de Vítor Pereira, actuando 24 minutos num FC Porto-Olhanense que terminou empatado a uma bola.

Época de sonho na equipa B e cedência ao Estoril

Se a primeira temporada já tinha sido bem positiva, podemos afirmar que 2013/14 assumiu-se como a época de afirmação absoluta de Tozé no FC Porto B, ou não tivesse o internacional sub-21 português marcado 21 golos em 40 jogos que pincelaram uma série de exibições de grande classe do verdadeiro desequilibrador azul-e-branco.

Ora, conscientes de que Tozé já merecia patamares superiores à Segunda Liga, mas sem encontrarem espaço para ele no plantel principal azul-e-branco, os responsáveis do FC Porto optaram por cedê-lo ao Estoril, clube onde o médio-ofensivo se tem assumido como o cérebro de todo o jogo atacante dos canarinhos, somando actualmente 27 jogos e quatro golos.

Tozé está a fazer uma grande temporada no Estoril Fonte: Estoril Praia - Futebol SAD
Tozé está a fazer uma grande temporada no Estoril
Fonte: Estoril Praia – Futebol SAD

“Dez” ou falso ala-esquerdo

Existem duas posições possíveis para aproveitar Tozé na sua plenitude de jogo: falso ala-esquerdo, posição onde jogou inúmeras vezes no FC Porto B; e “dez”, função que lhe tem sido confiada desde o início da temporada por José Couceiro no Estoril.

Ainda assim, independentemente da posição que lhe é destinada, o certo é que o estilo de jogo do jovem de 22 anos acaba por ser muito semelhante, uma vez que este se sente verdadeiramente bem em zonas interiores, onde tem mais espaço para pensar o jogo e criar desequilíbrios. Ou seja, mesmo quando actua mais encostado ao flanco canhoto, são constantes as diagonais na procura da zona central.

Raça compensa fraca dimensão física

Os principais pontos fortes de Tozé passam pela sua superior visão de jogo, inteligência na ocupação de espaços e boa qualidade de drible e de passe, sendo também de realçar a sua capacidade finalizadora, seja ao nível da curta ou meia distância.

Por outro lado, com apenas 170 cm e 67 quilos, parece faltar-lhe às vezes alguma dimensão física para certo tipo de confrontos, algo que o internacional sub-21 português procura compensar com raça e um enorme espírito de luta.

Inegável, neste momento, é que esta época no Estoril tem provado que Tozé tem todas as condições para ser uma opção muito a ter em conta pelo FC Porto já em 2015/16. Algo que, aliás, ganhará ainda mais razão de ser se Óliver Torres regressar mesmo ao Atlético de Madrid no Verão.

Foto de Capa: Estoril Praia – Futebol SAD

Valores de Mercado dos ‘Craques’ – Entre 2006 a 2015

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De Cristiano Ronaldo a Lionel Messi, não esquecendo nomes como Thierry Henry ou Ronaldinho Gaúcho. Quantos milhões é que já valeram os craques do futebol mundial, desde 2006 até 2015?

Cristiano Ronaldo

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Thomas Müller

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Cesc Fàbregas

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Mario Götze

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Paul Pogba

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Thierry Henry

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Xavi

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Gareth Bale

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Sergio Agüero

i7xLyon

Kaká

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Ronaldinho Gaúcho

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Andrés Iniesta

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Wayne Rooney

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Lionel Messi

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Neymar

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Koke

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Luis Suárez

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James Rodríguez

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Ángel Di María

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Andriy Shevchenko

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Eden Hazard

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Luka Modrić

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Falcao

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Diego Costa

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Campeão assim? Não é preciso…

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camisolasberrantes

No rescaldo daquelas que foram as reacções ao meu último texto, parco pedaço de letras que abordava a triste isenção da direcção do Benfica face às atitudes de uma claque que a mesma tem apoiado há já quase uma década, vejo-me hoje obrigado a expor aqui o óbvio ainda antes de vos escrever o que quer que seja: esta é só a minha opinião. O Bola na Rede é um sítio onde cronistas com muita, pouca ou nenhuma importância dedicam horas da sua vida a escrever sobre aquilo que lhes apetece, informando-se mais ou menos bem sobre o assunto aí em causa. Não representamos nenhumas cores, quaisquer bandeiras, nem andamos aqui, como as gentes do Norte dizem, em autos de fé. O que eu escrevo no meu espaço – “Camisolas Berrantes” – é escrito porque eu quero, porque eu sinto que preciso de o escrever e porque não há qualquer alma superior a controlar, censurar ou orientar qualquer que seja o conteúdo que trago semanalmente para os vossos olhos lerem. Não devo nem nunca hei-de dever nada a ninguém, nesta esfera desportiva, e é essa isenção que pinta o meu sentido de oportunidade e que incomoda, ao que parece (!), muito boa gente. Prossigamos, contudo, que hoje volto a trazer polémica para a mesa. Fica, desde já, o “aviso” para os de estômago mais sensível.

O Benfica segue em primeiro, com quatro pontos de avanço sobre o segundo lugar – o rival Porto –, e parece ser cada vez mais o conjunto capaz de conseguir conquistar esta época de 2014/2015. Não pratica um futebol bonito, não entra em todos os jogos com a intensidade de outros tempos e não tem sequer aquele plantel assustador ou cheio de força que às vezes é necessário para se isolar e se manter na liderança durante jornadas e jornadas a fio. Porque é que isso acontece então? Ora, porque, apesar de tudo o descrito acima, o Benfica consegue ser a equipa mais consistente, mais interessante, mais disponível e mais (bem) trabalhada do campeonato português.

A dupla de centrais mais completa do futebol português Fonte: Sport Lisboa e Benfica
A dupla de centrais mais completa do futebol português
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

No entanto, se formos justos, se gostarmos de bola e se quisermos o bem do futebol português, conseguimos ainda encontrar outro motivo para o Benfica estar a quatro saudáveis pontos do Porto: a arbitragem. Estive a analisar TODOS os jogos do campeão nacional para a liga e, como benfiquista limpo e exigente, chego à triste conclusão de que os árbitros que vão estando presentes nos encontros do Benfica não têm a capacidade (profissional, emocional ou racional) para arbitrar tais jogos. O porquê não vos sei dizer. Não acredito sequer que o futebol português vá estando podre. Acredito, isso sim, que quem pode fazer pressão – e o termo que quero aplicar é mesmo só e só este: “pressão” – está a fazê-la e está a fazê-la ao mais alto nível. Tem sido claro que em todos os jogos em que há decisões difíceis de tomar…essas são tomadas, na sua grande maioria, a favor do Benfica. Não tenho como desmentir este facto. Porque é isso mesmo: um facto. E os factos não se discutem. Explicam-se.

Explicam-se porque não sou de escrever sem uma rede de salvação. Não sou de cozinhar realidades para os outros comerem, muito menos quando há em todas as facções tantos e tantos enjoadinhos, como vamos tendo o desprazer de conhecer cada vez que lhes pomos algo de mais picante no prato. Mas nem é só por isso que os factos devem ser explicados! É porque os benfiquistas devem ter o prazer de dizer, sem se engasgarem, “epá, eu cá acho que o Benfica segue com mérito no primeiro lugar, deve ser campeão…mas não precisa destas arbitragens desastrosas e que consequentemente vão pondo em causa o seu caminho na luta pelo título”. O Benfica tem o que é necessário para anular, com maior ou menor dificuldade, qualquer uma das outras 17 equipas que por cá jogam. Tem é de o continuar a provar em campo. E isso é impossível quando factores externos e inalienáveis cedem sucessivamente à quase-tentação de “ajudar” o clube maior quando o mesmo compete contra clubes menores. O maior prejudicado das arbitragens é, por isso mesmo, o Benfica.

Eliseu, numa clara troca de papéis, sendo ele o responsável por alguns dos penálties contra o Benfica Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Eliseu, numa clara troca de papéis, sendo ele o responsável por alguns dos penálties contra o Benfica
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

O Benfica que entra em campo e entra demasiado descontraído e sem vontade porque sabe que, mais tarde ou mais cedo, o golo vai entrar. Legal ou ilegalmente! E isto tanto tem de verdade como tem de ridículo. Como benfiquista doente que sou, não posso deixar de exigir que algo (senão tudo) mude nesse sentido. Não posso deixar de exigir que quem claramente anda a puxar os seus cordelinhos deixe de o fazer para que este não seja o típico campeonato à Porto. Para que não haja dúvidas de que o ar que se respira no norte não é o mesmo que se respira em Lisboa. Para nós é irrespirável. Para outros nem tanto.

Vamos portanto à exposição, muito sucinta, daqueles que vão sendo os erros de arbitragem a favor dos de encarnado: em 22 jogos disputados, há pelo menos 11 partidas que ficaram manchadas por decisões duvidosas. Desses 11 jogos, há quatro em que as mesmas, muito provavelmente, terão sido decisivas alterando o saudável rumo do jogo e, em consequência, o resultado final (a favor do Benfica). Tudo isto é muito ténue e questionável. É por isso que este é um texto de opinião e nada mais do que isso. Eu acredito solenemente que em todos os casos que vou agora expor, o Benfica acabou beneficiado. Há quem não acredite. Mais uma vez: vale o que vale. Acho somente que vale muito expor a verdade como ela é.

Refiro que nem pretendo abordar o jogo contra o Rio Ave, em que há aquele tão discutido fora-de-jogo que até é bem assinalado, mas que demonstra somente que quando é para decidir para o lado do Benfica não há dúvidas, nem pretendo comentar a derrota em Paços de Ferreira, que é feita pela equipa de arbitragem, dando um pénalti podre ao Benfica e um pénalti muito duvidoso aos castores.

Vamos, agora sim, jornada a jornada:

4.ª JORNADA – Setúbal 0-5 Benfica

Dois erros contra o Setúbal – NÃO DECISIVO

  • MINUTO 18 – Fora-de-jogo que dava golo e o empate ao Setúbal;
  • MINUTO 78 – Pénalti por marcar, com Samaris a derrubar o jogador do Setúbal que, em grande velocidade, entrava na área do Benfica.

5.ª JORNADA – Benfica 3-1 Moreirense

Um erro contra o Moreirense – NÃO DECISIVO

  • MINUTO 81 – Pénalti duvidoso sobre Lima que o árbitro assinala sem grandes dúvidas.

6.ª JORNADA – Estoril 2-3 Benfica

Um erro contra o Estoril – DECISIVO

  • MINUTO 10 – Pénalti por marcar num lance em que Jardel, de forma um pouco ingénua, salta para cima de um jogador do Estoril acabando por empurrar o mesmo para o chão.

10.ª JORNADA – Nacional 1-2 Benfica

Um erro contra o Nacional – DECISIVO

  • MINUTO 69 – Fora-de-jogo extremamente mal marcado, num lance que isolaria Marco Matias. O Benfica ganhava por somente um golo de diferença.
O lance que afastou o Nacional do empate na Luz
O lance que afastou o Nacional do empate na Choupana

11.ª JORNADA – Académica 0-2 Benfica

Um erro contra a Académica – NÃO DECISIVO

  • MINUTO 45 – Golo de Luisão em fora-de-jogo, num lance de bola parada (!), que vem matar o jogo.

12.ª JORNADA – Benfica 3-0 Belenenses

Um possível erro contra o Belenenses – NÃO DECISIVO

  • MINUTO 68 – Pénalti convertido por Enzo Pérez depois de uma falta aparentemente inexistente sobre o mesmo. O jogo estava 1-0, o que veio complicar as contas do Belenenses.

14.ª JORNADA – Benfica 1-0 Gil Vicente

Um erro contra o Gil Vicente – DECISIVO

  • MINUTO 30 – Talisca isola Maxi Pereira que está quase dois metros para lá da posição do último defesa do Gil. O uruguaio acerta no poste e aparece depois Gaitán para a emenda. O 10 do Benfica faz o único da partida numa jogada (claramente) precedida de fora-de-jogo.

15.ª JORNADA – Penafiel 0-3 Benfica

Um possível erro contra o Penafiel – NÃO DECISIVO

  • MINUTO 65 – Tony é expulso sem grande necessidade, vendo o segundo amarelo num lance em que Jonas estava ainda no meio-campo do Benfica não havendo sequer uma chance clara de contra-ataque. O Benfica ganhava por uma bola na altura.

22.ª JORNADA – Moreirense 1-3 Benfica

Dois possíveis erros contra o Moreirense – DECISIVO

  • MINUTO 57 – É atribuído um canto ao Benfica num lance em que é Salvio quem coloca a bola para lá da linha de fundo. Não havendo também qualquer pénalti a registar nesse mesmo lance, o Benfica aproveita para fazer a igualdade com uma cabeçada de Luisão;
  • MINUTO 67 – Há outro (possível) erro também contra o Moreirense: aos 67 minutos, Danielson parece ser derrubado dentro da grande área e, já no chão, sem estar sequer a proteger a bola, Eliseu dá-lhe uma joelhada na nuca. O árbitro nada assinala.

Não façamos contas porque isso não faz sentido. Muito menos fará sentido atirar o habitual “então e aquele fora-de-jogo do Montero?” ou mesmo “e o vermelho que ficou por mostrar ao Jackson?!”. Meus caros, eu só vejo o que ao Benfica diz respeito. E seria fantástico se todos os restantes benfiquistas conseguissem fazer o mesmo. Caso contrário, a caixa de comentários está abaixo. Tentem só, desta vez, demonstrar alguma classe. Afinal, não deixamos de representar o melhor e maior clube do Mundo. Vamos dar-nos ao respeito.

O Benfica merece um campeonato como os que este senhor viu Fonte: Sport Lisboa e Benfica
O Benfica merece um campeonato como os que este senhor viu
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

Danilo no “Lago dos Tubarões”

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a minha eternidade

Danilo, lateral direito do Futebol Clube do Porto, tem, nos últimos dias, feito manchetes na imprensa desportiva espanhola mais representativa, sendo veiculado que Real Madrid e Barcelona o querem (os dois tubarões) “abocanhar” para os seus planteis. Este incansável lateral direito chegou ao clube azul e branco com apenas 20 anos, proveniente da equipa brasileira Santos, que havia sido, em 2011, campeã da Taça dos Libertadores da América. Custou 18 milhões de euros aos cofres portuenses, ficando os adeptos dos dragões muito relutantes e indignados com o esforço monetário feito pelo clube para a sua contratação. Dos canarinhos do “Peixe” veio também o seu colega de linha Alex Sandro, contratado também por um valor relevante (9 milhões de euros). Diria que o valor dispendido para a contratação destes dois velozes craques foi inflacionado pelo interesse do rival de morte Benfica, que batalhou ferozmente com o Porto pela contratação desta dupla.

Danilo, o segundo atleta mais caro da história portista (apenas suplantado por Hulk, que custou 19 milhões de euros), tem demonstrado uma consistência exibicional altíssima, estando na sua melhor forma de sempre ao serviço dos dragões. Tem lugar cativo e incontestado no onze, sendo crucial para a equipa na grande maioria dos encontros. Este internacional pela canarinha é uma das mais exuberantes individualidades da sua equipa esta temporada, contribuindo para o bom momento dos comandados de Julen Lopetegui. O potente defesa direito tem sido, ao longo dos três anos que leva de instituição, uma presença assídua nos embates que o clube tem enfrentado. Mas importa ressalvar que, nesta época, o seu reinado tem sido incontestável, contando trinta jogos oficiais (tendo jogado de início em todos) no total de trinta e seis partidas do colectivo.

Agraciado com o Dragão de Ouro para Futebolista do Ano em 2014, Danilo deverá ser transferido para um clube com um potencial financeiro superior. Presumo que fique apenas mais uma época no FC Porto, podendo mesmo, pela cobiça de que tem sido alvo, sair já no final da presente temporada.

Danilo tem sido um dos pilares do FC Porto de Lopetegui Fonte: Página de Facebook do FC Porto
Danilo tem sido um dos pilares do FC Porto de Lopetegui
Fonte: Página de Facebook de Danilo

Este jogador tornou-se num lateral direito completíssimo, muito forte nos cortes a queimar (vai ao chão com facilidade), tem boa compleição física para controlar o jogo aéreo e melhorou imenso o seu jogo posicional, aspecto onde apresentava algumas debilidades que o ligaram a golos que feriram a baliza da sua equipa. No aspecto ofensivo sempre foi muito exuberante, apresentando uma condução de bola em velocidade estonteante, um cruzamento preciso, uma técnica aprimorada e um remate potentíssimo e oportuno. Combina bem com o extremo, executando movimentos de fora para dentro, quer para assistir (passes longos bem medidos) como para finalizar (incorporando-se em zonas muito adiantadas, chega mesmo a visar a baliza com sucesso já dentro de área).

Congratulo Danilo pelo nível a que chegou no futebol nacional e internacional (tendo já actuado de início em alguns jogos da selecção brasileira) e parabenizo-o pelo grande defesa direito que já é. Dito isto, acho que este jogador pode exponenciar mais ainda o seu talento se alterar a posição na estrutura táctica. Antes de chegar ao Porto, vi jogos seus na “Vila Belmiro” (casa do Santos) e na selecção, sendo muitas vezes o seu espaço primordial de acção o de médio interior. Tendo feito grandes exibições nessa posição, acho que o seu futebol tinha muito mais a ganhar com uma mudança de posicionamento táctico. Vejo Danilo (compreensivelmente) acomodado com as suas prestações e sucesso desportivo. O interesse destes dois gigantes espanhóis vai agudizar certamente a sua imutabilidade futebolística. O que é pena, pois acho que Danilo poderá ser um médio interior “costa a costa” com capacidade de roubo de bola, qualidade no jogo em posse, tendo ainda mais oportunidades (como interior) para aplicar o seu forte e colocado pontapé de meia distância, assistir os colegas e chegar a zonas de definição com melhores perspectivas e em mais ocasiões (combinando em tabela com um colega e recebendo mais à frente para matar).

Julgo que o jogador mais parecido com ele é Daniel Alves (curiosamente do Barça). Ambos têm “qualidade a mais” para laterais e já fizeram grandes exibições no miolo. Eu sei que Danilo sabe onde radica o seu melhor futebol – é um médio “adormecido” que se tornou um excelente lateral. Apesar disso, gostava que o Porto acordasse para esta sua vocação, permitindo o despertar da sua aptidão natural. Digo isto pensando no jogador em si (estando muito curioso em aferir quais as suas potencialidades máximas e como se consubstanciam). Acho sem dúvida que a equipa até fica mais completa e com nuances mais imprevisíveis com o atleta partindo recuado da direita.

Danilo tem despertado a atenção dos maiores predadores futebolísticos jogando a lateral direito. Mas será essa a sua melhor posição? Fonte: Página de Facebook do FC Porto
Danilo tem despertado a atenção dos maiores tubarões jogando a lateral direito. Mas será essa a sua melhor posição?
Fonte: Página de Facebook de Danilo

Eduardo Galeano, dissertando sobre “A uva e o vinho” escreveu o seguinte:

Um homem dos vinhedos falou, em agonia, junto ao ouvido de Marcela. Antes de morrer, revelou-lhe o segredo:

– A uva – sussurrou – é feita de vinho.

Marcela Pérez-Silva contou-me, e eu pensei: se a uva é feita de vinho, talvez a gente seja as palavras que contam o que a gente é.”.

Pelo que se escreve e ouve, já reificou a ideia de que Danilo é lateral. O brasileiro já provou ter o “toque de Midas” que lhe dará um aurífero conforto. Mas será que o seu âmago futebolístico se sente apaziguado com aquilo que é apontado como sendo já definitivo em termos do seu jogo? Danilo foi para lateral por vontade alheia. Sucumbiu a ela ou ainda não desistiu da sua natureza selvática e primordial de médio?

Fonte: Página de Facebook do FC Porto

O Passado também Chuta: Osvaldo Silva

o passado tambem chuta

Muitas vezes esquecemo-nos de jogadores que marcaram e determinaram grandes feitos sem nos aperceber. Evidentemente não foram o todo, mas, esse todo, essa equipa, não seria nada sem a sua presença. O Sporting e o Leixões (o FC Porto também, no entanto, a sua passagem pelo Porto foi um bocado efémera.) tiveram e disfrutaram dum jogador que era esse tipo de jogador faísca que transforma uma boa equipa numa grande equipa. Era brasileiro e despontara no América. O FCP foi buscá-lo, no entanto, depois de dois anos e de defender o treinador, foi parar ao Leixões. O clube de Matosinhos tinha uma belíssima equipa. No seu plantel tinha dois jovens que depois triunfaram no Benfica. Chamavam-se Jacinto e Raul. Jacinto foi um jogador primoroso, capaz de jogar como defesa e no meio- campo; marcava faltas como só os grandes as marcam. No entanto, no meio desse grupo estava o tal jogador que transforma uma boa equipa numa grande equipa. O seu nome era Osvaldo Silva.

Este Leixões foi mágico e foi campeão, como costumam ser as grandes equipas: ganhou uma Taça de Portugal no Estádio das Antas, comendo as tripas ao FCP. Osvaldo Silva deixou a sua marca e o seu golo. Falou-se da grande vingança de Osvaldo Silva. Estávamos na época do grande Benfica; a década dos 60 começara e o Sporting precisava de se reforçar e chamou-o. Osvaldo Silva chegou ao Sporting com 28 anos. O clube de Alvalade tinha grandes jogadores; se pensarmos no Fernando Mendes, no Alexandre Baptista ou no Hilário estamos a pensar e a recordar craques de primeira ordem mundial. Faltava-lhe o jogador faísca, e Osvaldo Silva, com 28 anos, tinha a faísca e a maturidade.

Mas, depois de conquistar a Taça de Portugal de 1963, o Sporting disputou a Taça das Taças de 1964. Esta competição estava cheia de grandes equipas e de magníficos jogadores. O clube de Alvalade teve que enfrentar o temível Manchester United de Denis Law e George Best. Foi a Inglaterra e perdeu. Perdeu mal e de forma avultada. O Sporting tinha que fazer uma goleada histórica em Alvalade. O jogo começou. Osvaldo Silva estava em campo e também estava o Mascarenhas e todos os craques que conformavam aquela equipa. O jogador faísca estava em dia sim; estava cheio de magia e vontade. Marcou três golos, um de falta, e o Sporting derrotou o colosso Manchester United por 5-1. Chegaram as meias-finais e desta vez tocou o Lyon. Nesta equipa jogavam dois craques temíveis, bem conhecidos dos jogadores portugueses pelos confrontos entre as seleções militares; chamavam-se: Di Nallo e Combin. O Sporting emperrou em Lyon e em Alvalade o Combin fez-lhe um chapéu ao Carvalho que deixou o Estádio gelado. O Sporting, na segunda-parte, conseguiu empatar. Jogaram o desempate em Madrid no velho campo do Atlético de Madrid. Osvaldo Silva inventou um remate à meia volta que congelou a vontade dos franceses.

Osvaldo Silva com a camisola do Sporting Fonte: tesouroverde.blogspot.com
Osvaldo Silva com a camisola do Sporting
Fonte: tesouroverde.blogspot.com

Era dia da final. Pela frente estava o MTK, uma das equipas representativas do futebol magiar (húngaro). A luta foi travada. Chegou um canto e o magriço Moraes pegou na bola; beijou-a; acomodou-a e lançou o canto… Golo Olímpico! Golo de canto! O Sporting acabava de fazer história. O jogador faísca, no meio daqueles craques, era Campeão da Taça das Taças.

Osvaldo Silva era um jogador de meio-campo. Tinha finta; técnica; tática e génio. Além disso, goleava e goleava com arte. Infelizmente, já não está no mundo dos vivos. Faleceu em 2002; mas perdura na História do Leixões; do Sporting e na mente dos amantes do bom futebol.

Foto de capa: sporting.pt