Ronaldo de Assis Moreira – conhecido pelo mundo por Ronaldinho Gaúcho – foi um dos mais espetaculares jogadores de futebol que eu tive o privilégio de acompanhar.
Aos 7 anos, O Rei dos Rolés deu os primeiros passos no desporto-rei ao ingressar na academia do Grêmio de Porto Alegre, no Brasil. Começou a destacar-se desde cedo, nas camadas jovens do clube brasileiro. Ganhou o campeonato nacional de sub-17 tendo sido apontado como principal responsável por essa conquista e tornando-se num das maiores promessas do futebol brasileiro.
Em 1998 estreia-se pela equipa principal na Copa Libertadores da América e é aqui que Ronaldinho se apresenta ao mundo do futebol, com os seus dribles icónicos, a sua velocidade com bola, a sua enorme capacidade de finalizar, mas também em ser o maestro da equipa.
No ano seguinte, ganha a Copa América pelo Brasil assumindo grande protagonismo mesmo fazendo parte de um plantel que também contava com Ronaldo Fenómeno e Rivaldo. Foi nesta fase que passou a ser conhecido por Ronaldinho Gaúcho e não Ronaldo, como o próprio nome, para ser distinguido do fenómeno que era tratado pela imprensa brasileira por Ronaldo o Fenómeno ou simplesmente Ronaldinho.
Apesar de desde cedo mostrar todo o seu potencial e se afirmar como um dos melhores jogadores do mundo, o Grêmio ainda consegue segurar o jogador até 2001 – ano em que Ronaldinho é envolto numa polémica ao assinar um pré-acordo com o Paris Saint-Germain sem o clube brasileiro ter conhecimento. Esta transferência irregular impede o astro brasileiro de se estrear logo em campos franceses, adiando esse momento para agosto de 2001.
Ronaldinho teve pouco tempo em França. Tinha tanto de polémico como de mágico e depois de alguns conflitos com o treinador espanhol Luís Fernandez, sai da capital francesa rumo à Catalunha. Antes disso, brilha mais uma vez ao serviço da seleção Brasileira orientada por Scolari, ao conquistar o Campeonato do Mundo de 2002.
Esta seleção do Brasil é capaz de ter sido à melhor seleção de sempre do futebol mundial: Ronaldinho, Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos, Cafú, entre outros – o apogeu do futebol-espetáculo.
Mas é na Catalunha que Ronaldinho Gaúcho atinge um nível estratosférico de magia e de influência. Faz 210 jogos com a camisola dos blaugranas, ganhando dois campeonatos e uma Liga dos Campeões. Ganha o Ballon D´Or em 2004 e 2005 e é considerado o jogador mais valioso do mundo à frente de David Beckham e Wayne Rooney.
As lesões e um estilo de vida boémio impedem-no de amealhar mais troféus no Barcelona e decide partir para Itália, deixando as sementes de genialidade em Messi, Xavi e Iniesta. O Barcelona de Guardiola estava aí à porta e Ronaldinho tinha deixado o seu legado.
É em Milão que o Ronaldinho nº 80 nasce. Longe da consistência que demonstrou nos primeiros anos no Barcelona, o R10 – referência ao número 10 que sempre usou -, era uma sombra das primeiras três épocas em Espanha onde mostrou futebol para ser considerado o melhor futebolista de todos os tempos. Ainda assim, é um dos elementos mais influentes da equipa italiana, conseguindo ganhar a Serie A em 2011, sendo idolatrado pelos rossoneros.
Depois de Itália, Ronaldinho entra definitivamente na fase descendente da carreira. Regressa ao Brasil e ainda representa o Flamengo, o Atlético Mineiro – onde ganha a Libertadores – e o Fluminense. Pelo meio ainda tem uma passagem curta pelos mexicanos do Queretaro.
De todos estes anos que vejo futebol, não vi um jogador mais espetacular – tecnicamente – que Ronaldinho Gaúcho. Tenho a convicção de que sendo mais consistente e mais “focado”, entrava na discussão como Messi e Ronaldo entram justamente, como o melhor jogador de sempre. Na memória, ficam os dribles mágicos, os livres indefensáveis e as progressões incansáveis pelo terreno.