A época 24/25 foi marcada por grandes conquistas, surpresas, exibições de nível altíssimo e algumas diferenças de estilo de jogo entre muitas equipas na Europa. Harry Kane finalmente conquistou um troféu e ao serviço do Bayern de Munique. O PSG finalmente chegou ao momento de ter a “orelhuda” em sua posse. O Tottenham venceu um troféu pela primeira vez em 17 anos e de calibre europeu em 41 anos. O Bolonha vence o primeiro troféu em 27 anos e a primeira Taça de Itália em 51 anos.
A pátria mãe do futebol foi também a mãe das surpresas. Além da conquista dos Spurs, o Newcastle vence o primeiro troféu em oito anos e logo um que nunca tinha conquistado (Taça da Liga Inglesa) e o Crystal Palace faz o mesmo feito com outro título (Taça de Inglaterra). Na Alemanha, o Estugarda vence o primeiro troféu em 18 anos e um (Taça da Alemanha) que já não vencia há 28 anos. Na Bélgica, o Union St. Gilloise continua na sina das vitórias, mas desta vez conquista o principal título belga que lhe fugia… há 90 anos. Já nos Países-Baixos, a surpresa foi o Go Ahead Eagles que venceu o primeiro troféu em 92 anos e logo um que nunca vencera (Taça dos Países Baixos).

Um desfecho de temporada com alguns acontecimentos atípicos e memoráveis que fazem um pouco recordar 2004. Um ano que ficou na memória de todos pela surpresa de uma Grécia campeã da Europa em Portugal, um FC Porto campeão da Europa, um AS Mónaco finalista da mesma Champions League e de um Valência que vence não só a Liga Espanhola como…a Taça UEFA.
Mas olhando para o triunfo de todos os coletivos que tiveram a proeza de o alcançar, houve quem se destacasse mais. Ora pela importância do troféu em disputa e o seu estatuto, mas também com alta relevância para a performance mostrada ao mundo do futebol. Cinco foram capazes das mais impressivas caminhadas nesta temporada 24/25. Com base numa análise ponderada de cinco critérios (títulos conquistados, desempenho europeu, análise qualitativa, classificação e pontos e diferença de golos) apresentamos o ranking final das cinco equipas que dominaram o futebol internacional esta temporada.
5.

Nápoles – A squadra azzurri voltou a ser campeã em Itália com mérito, tendo praticado um futebol de contra-ataque com origens tipicamente italianas. Contudo diferente, pois juntou uma vertente ofensiva com boa articulação entre os jogadores, além da eficácia do setor defensivo. Embora noutras ocasiões se tenha mostrado com um estilo de jogo baseado em pressão alta e transições rápidas. Apesar da ausência de participação nas competições europeias e a eliminação na Taça de Itália penalizarem a avaliação global dos napolitanos, o feito de chegar ao segundo título em apenas três anos é absolutamente notável.
A equipa somou 82 pontos e uma diferença de golos de +35 (65 golos marcados e 30 sofridos), o que reflete uma boa campanha nacional, embora com um calendário menos exigente que os restantes concorrentes deste top 5. Pela quarta vez na carreira (Juventus, Chelsea e Inter), Antonio Conte fez das suas e consegue montar uma equipa campeã em pouco tempo de trabalho.
O técnico italiano voltou a mostrar a importância de ter uma defesa geralmente organizada, utilizando para a construção e ataque um método pressionante para conter as tentativas do outro lado da barricada. Também explorou as laterais, utilizando (como já é tradicional nas suas equipas) a largura do campo para criar espaços e oportunidades de lançar o coletivo para o ataque. Lukaku destacou-se pelo seu retorno ao melhor nível, mas ficam também marcadas as brilhantes performances dos médios Scott McTominay e Zambo Anguissa.
O onze tipo (4x3x3) dos azzurri e campeões italianos em 24/25 foi: Alex Meret, Giovanni Di Lorenzo, Amir Rrahmani, Alessandro Buongiorno, Mathías Olivera, Zambo Anguissa, Stanislav Lobotka, Scott McTominay, Matteo Politano, Giacomo Raspadori (Khvicha Kvaratskhelia teve um papel relevantíssimo antes de se transferir para o PSG) e Romelu Lukaku.
4.

Liverpool – Os reds reconquistaram o título inglês cinco anos depois, com muito mérito. Uma primeira metade de época quase perfeita (uma só derrota atá ao final de dezembro), mas uma quebra de forma e de resultados na segunda metade da época que comprometeu os restantes objetivos. Foram eliminados precocemente nos oitavos de final da Liga dos Campeões 24/25 e falharam em alguns jogos importantes, apesar do bom futebol pressionante e eficaz.
Finalizando a Premier League com 84 pontos e uma diferença de golos de +68 (123 golos marcados e 55 golos sofridos), o Liverpool teve uma temporada sólida a nível interno, mas aquém das expetativas no plano europeu e nas provas secundárias. Arne Slot veio, viu e venceu, dando boa continuidade ao trabalho de Jurgen Klopp.
O técnico holandês deu o seu retoque no coletivo da cidade dos Beatles, ao apostar no talento natural dos seus jogadores, na capacidade de manter a posse de bola e pela transição bem montada da defesa para o ataque. Destaque absoluto para Mohamed Salah por uma época ao seu melhor nível (segunda do seu historial no Liverpool com mais golos e a melhor com mais assistência). Ficam também assinaldas as brilhantes performances dos avançados Luis Díaz e Cody Gakpo, dos médios Dominik Szoboszlai e Alexis Mac Allister e do defesa Virgil Van Dijk.
O onze tipo (4x2x3x1) dos reds e campeões de Inglaterra em 24/25 foi: Alisson Becker, Trent Alexander-Arnold, Virgil Van Dijk, Ibrahima Konaté, Andy Robertson, Ryan Gravenberch, Alexis Mac Allister, Dominik Szoboszlai, Mohamed Salah, Luis Díaz e Cody Gakpo.
3.

Bayern de Munique – A época de regresso aos triunfos. Os bávaros garantiram o título da Bundesliga 24/25 e chegou aos quartos de final da Champions, embora tenha ficado longe do brilho de temporadas anteriores. O seu futebol foi ofensivo e eficaz, embora marcado por alguma falta de solidez defensiva.
Vindo de Inglaterra, Vicent Kompany manteve o Bayern numa lógica de posse, controle do meio-campo e construção estruturada com um ritmo controlado por si. Mas também se verificou em bastantes jogos, um estilo mais posicional, coordenado com uma sobrecarga em zonas específicas do campo para “sufocar” o adversário num ponto fraco. É neste ponto que equipa bávara também se conseguiu destacar, pelo aproveitamento de espaços e pela capacidade de criar superioridade numérica em zonas fulcrais.
Com 82 pontos no campeonato e uma boa diferença de golos +87 (138 golos marcados e 51 sofridos), os bávaros mantiveram-se entre os grandes da Europa, mas faltou o seu grande impacto internacional nesta época. Algo dececionante para o plantel à disposição, mas poderá ser um bom prenúncio para o que aí vem.
Harry Kane finalmente “matou o seu borrego” ao ganhar uma saborosa Liga Alemã que é devolvida ao emblema mais ganhador. O avançado foi uma autêntica máquina de fazer golos (38). Destaque também para a época de Michael Olise, Leroy Sané, Joshua Kimmich e Jamal Musiala. Uma época marcada pela saída de cena de Thomas Müller.
O onze tipo (4x2x3x1) dos campeões alemães 24/25 foi: Manuel Neuer, Konrad Laimer, Dayot Upamecano, Kim Min-jae, Alphonso Davies, Joshua Kimmich, Leon Goretzka, Jamal Musiala, Michael Olise, Leroy Sané e Harry Kane.
2.

Barcelona – Não tem acontecido a eliminação da meia-final da Champions League, estaríamos a falar da melhor equipa da Europa, com o futebol mais atrativo e com um putativo “triplete”. O Barcelona brilhou com um dos ataques mais espetaculares da Europa, praticando aquele que muitos consideraram o futebol mais ofensivo e criativo da temporada 24/25.
Sob a dedo mágico de Hans Flick, o Barça jogou um futebol mais dinâmico, tendo combinado transições (tanto verticais como diagonais) rápidas, mantendo a posse de bola controlada. A equipa esteve sempre com uma linha defensiva alta e uma pressão bem coordenada, com vista a recuperar a bola rapidamente e assim mantendo a pressão constante no adversário.
O jogo ofensivo dos catalães e o seu pressing foi absolutamente memorável com bastantes goleadas e sem deixar de mencionar, todos os triunfos sobre o rival Real Madrid (4-0, 5-2, 3-2 e 4-3). Mas foi num setor defensivo avançado e arriscado, que deitou algo a perder em bastantes momentos, algo que só fai salvo por um ataque demolidor.
Venceu três títulos e foi semifinalista da Liga dos Campeões, falhando apenas na principal competição europeia. Apesar de algumas fragilidades defensivas, os catalães foram dominadores no cenário nacional, terminaram com 88 pontos no campeonato e apresentaram uma diferença de golos notável de +102 (174 golos marcados e 72 sofridos). Uma época excelente e quase perfeita.
Raphinha realiza a sua melhor época e candidato a um dos melhores jogadores do mundo. Lamine Yamal afirma-se como enorme estrela. Destaca-se também como altamente positiva, a época de Pedri González, Robert Lewandowski, Jules Koundé e Dani Olmo.
O onze tipo (4x2x3x1) dos catalães na época 24/25, onde reconquistaram a dobradinha espanhola, foi: Wojciech Szczesny, Jules Koundé, Pau Cubarsí, Iñigo Martínez, Álex Baldé, Frenkie de Jong, Pedri González, Dani Olmo, Lamine Yamal, Raphinha e Robert Lewandowski.
1.

Paris Saint-Germain – O maior emblema da cidade da luz realizou uma época absolutamente perfeita em 24/25. Até agora a melhor da sua história e será recordada por gerações. Conquistou todos os títulos em disputa, incluindo o campeonato francês e a Liga dos Campeões, demonstrando um futebol ofensivo e equilibrado ao longo de toda a época.
O percurso que estes jogadores fizeram sob a orientação de Luis Enrique é absolutamente impressionante. O técnico espanhol lavou e mudou para sempre o rosto do emblema parisiense, sempre na ideia que “a equipa é a estrela”. O PSG passou a jogar um futebol com ideal coletivo, privilegiando a posse de bola, a pressão e o jogo posicional. Procurou-se e conseguiu-se reduzir imenso a dependência de estrelas individuais (Mbappé no início desta época e Messi e Neymar antes), construindo um estilo mais equilibrado e coeso.
Um projeto que só tem dado frutos e tem tudo para continuar a dar. Lucho trouxe do seu ideal anterior (Barça) a ideia de encaixar neste PSG, a recuperação de bola rápida, pressão ofensiva, a estabilização do setor defensivo e o uso de um falso nove (Ousmane Dembélé). Todos estes pontos mencionados permitiram uma maior fluidez no processo ofensivo da equipa e interações dinâmicas no ataque.
A consistência tática e o domínio em todas as frentes justificam a pontuação máxima atribuída nos principais critérios. Com 84 pontos na liga e uma diferença de golos impressionante de +97 (152 golos marcados e 55 sofridos), a equipa parisiense destacou-se como a mais completa da temporada.
Ousmane Dembélé faz uma época impressionante com números sobrenaturais (33 golos e 14 assistências). Destaca-se nesta equipa, a época notável (e com perspetivas futuras enormes para muitos) de Bradley Barcola, Désiré Doué, Vitinha, João Neves, Fabian Ruiz, Hakimi e Nuno Mendes. Sem deixar de mencionar um portento Khvicha Kvaratskhelia que fez diferença na segunda metade dos parisienses.
O onze tipo (4x3x3) dos campeões da Europa em 24/25 foi: Gigi Donnarumma, Achraf Hakimi, Marquinhos, Willian Pacho, Nuno Mendes, João Neves, Fabián Ruiz, Vitinha, Désiré Doué, Bradley Barcola e Ousmane Dembélé.
Fica a expetativa se os cinco emblemas serão capazes de manter o nível altamente competitivo e concretizador em 2025/26. O futebol agradece.