Com o fim do ano à vista, este artigo terá o objetivo de recordar os momentos mais marcantes de 2025 no futebol nacional. Relembramos, com um certa nostalgia e saudade, algumas das conquistas mais emblemáticas do ano, tanto ao nível de clubes como de seleções, mas, inevitavelmente, pessoas que, de uma maneira ou outra, construíram parte história do futebol português e que nos deixaram no decorrer deste ano.
Vale a pena salientar que os momentos aqui mencionados não estão ordenados por relevância e que há momentos que, devido ao seu peso, também vão ser considerados no texto de futebol internacional.
1.
Bicampeonato e Dobradinha do Sporting – 17 e 25 de maio são datas que os sportinguistas dificilmente esquecerão. No dia 17 desse mês, pela primeira vez desde 1952, o Sporting conquistou o bicampeonato. Foi numa vitória diante do Vitória SC por 2-0, com golos dos inevitáveis Pedro Gonçalves e Gyökeres, que os leões voltaram a levantar o troféu da Primeira Liga – o terceiro no espaço de cinco anos.
Passados oito dias, numa vitória memorável por 3-1 diante do Benfica após prolongamento, o Sporting juntou a conquista da Taça de Portugal ao campeonato, pela sétima vez na história do clube de Alvalade, mas que esteve 23 anos sem acontecer. Nessa partida, um penálti bem cobrado pelo ponta-de-lança sueco no último minuto do período regulamentar levava o jogo para 30 minutos adicionais, com um 1-1 no marcador, igualando o golo de Kökçü. No prolongamento, Conrad Harder e Francisco Trincão consumaram a conquista da Prova Rainha, que já não entrava no Museu Sporting desde 2018/2019.
Estes foram, inclusive, os dois primeiros títulos conquistados por Rui Borges enquanto treinador.
2.
Portugal vence a Liga das Nações – A 8 de junho, ao vencer a Espanha por 5-4 no desempate por grandes penalidades, depois de um 2-2 no tempo regulamentar. Os golos lusos foram marcados por Nuno Mendes e Cristiano Ronaldo, e Zubimendi e Oyarzabal marcaram para o lado espanhol. Depois, Diogo Costa defendeu uma grande penalidade cobrada por Morata, e Rúben Neves concretizou o penálti decisivo.
Após a primeira edição desta competição ter sido vencida por Portugal, com uma vitória por 1-0 frente aos Países Baixos, em 2019, com o golo solitário a ser marcado por Gonçalo Guedes em pleno Estádio do Dragão, a nossa seleção voltou a levantar o troféu da Liga das Nações. Esta vitória em Munique significou o primeiro título da era Roberto Martínez, mas, muito mais importante do que tudo o resto, esse foi o último jogo da belíssima carreira de Diogo Jota.
3.
Torreense vence a Taça de Portugal feminina e Supertaça feminina – A equipa de futebol feminino do Torreense fez história em 2025. No último jogo da temporada 2024/2025, surpreendeu tudo e todos, levando a melhor sobre o Benfica na final da Taça de Portugal. Um golo de Janaina Weimer ao cair do pano levou o jogo para prolongamento, numa altura em que o Benfica já vencia desde o 25º minuto, após golo de Cristina Martín-Prieto. Aos 120 minutos, quando todos acreditavam que o encontro ia ser decidido nas grandes penalidades, surgiu Salomé Prat, que, colocando a bola no fundo das redes, garantiu a conquista do primeiro título da equipa sénior feminina do emblema de Torres Vedras, logo em pleno Estádio Nacional.
Na primeira partida da presente temporada, mais uma vez frente ao Benfica, desta feita para disputar a Supertaça feminina, o Torreense voltou a levar a melhor sobre as águias. Novamente depois de estar a perder por 1-0, agora com o golo a ser marcado pela ex-Sporting Diana Silva, a equipa comandada por Gonçalo Nunes conseguiu repetir a proeza que havia acontecido no Jamor: virar o jogo para 2-1, e escrever mais uma página dourada numa equipa com menos de 10 anos de existência.
Para se perceber melhor o feito das jogadoras e respetiva equipa técnica do Torreense, o Benfica é pentacampeão da Primeira Liga feminina, e tem todas as condições para chegar ao hexacampeonato.
4.
Portugal vence o Euro e Mundial de sub-17 – O futebol de formação deve ter primordialmente, como a própria nomenclatura assim o indica, a capacidade de formar atletas e homens, bem como de os preparar para cenários de maior exigência e profissionalização. Porém, é incontornável o feito da geração de 2008.
Entre 1 de junho e 27 de novembro, os jovens jogadores portugueses tornaram-se campeões europeus, pela terceira vez na história do escalão, e campeões mundiais, um feito que nunca uma seleção sub-17 portuguesa havia conseguido atingir.
No jogo que consagrou os jovens atletas portugueses campeões europeus, Portugal venceu a França por 3-0, em Tirana, na Albânia, com os golos a serem marcados por Anísio Cabral, Duarte Cunha e Gil Neves. Na final do Mundial 2025, disputada em Doha, no Catar, Anísio voltou a fazer o gosto ao pé, e Portugal venceu a Áustria por 1-0.
Bino Maçães foi o treinador responsável por estes dois títulos internacionais.
5.
As figuras do futebol português que desapareceram este ano
Jorge Nuno Pinto da Costa – O dirigente desportivo com mais títulos conquistados na história do desporto partiu a 15 de fevereiro deste ano. Aos 87 anos, quase um ano depois de perder as eleições do FC Porto para André Villas-Boas, não resistiu a uma doença prolongada.
Não era uma figura consensual, esteve ligado ao mais mediático escândalo de corrupção desportiva do futebol português – o Apito Dourado -, mas tornou o clube ao qual dedicou 42 anos da sua longa vida na potência que hoje tão bem conhecemos.
Note-se que, nas quatro décadas em que Jorge Nuno Pinto da Costa assumiu as rédeas do principal clube da região norte do país, o FC Porto venceu duas Champions League, duas Europa League, duas Taças Intercontinentais e uma Supertaça Europeia, fora os 23 campeonatos nacionais conquistados, as 16 vitórias na Taça de Portugal, entre outros.
Aurélio Pereira – O “senhor formação”, título oficioso que adquiriu por ter descoberto jogadores como Paulo Futre, Luís Figo ou Cristiano Ronaldo, faleceu a 8 de abril deste ano. Aos 77 anos, o homem que já havia sido homenageado em vida com a atribuição do seu nome ao estádio da Academia de Alcochete, é e será sempre uma figura incontornável do Sporting e do futebol português.
Destacou-se não apenas por ter descoberto tantos e fantásticos talentos, mas, também, pela forma como se tornou referência para todos os aspirantes a olheiros e recrutadores. Aurélio Pereira, depois de ter representado o Sporting como atleta e treinador de todos os escalões de formação, foi responsável por criar o departamento de recrutamentos dos leões.
Diogo Jota e André Silva – A 3 de julho, muito pouco tempo depois de vencer a segunda Liga das Nações pela nossa seleção, naquele que foi o último jogo de uma carreira que tantos ambicionam conseguir, Diogo Jota, bem como o irmão André Silva, não sobreviveu a um trágico acidente de viação que abalou o mundo e, particularmente, o nosso país. Jota foi um belíssimo jogador, que, para além dos títulos conquistados pela nossa seleção, venceu um par de outros troféus (uma Premier League, uma Taça de Inglaterra, uma Taça da Liga de Inglaterra e o Championship). Era alguém muito acarinhado por aqueles que lhe eram próximos e pelos adeptos. Durante a formação, fugiu ao clichê do jogador português: não representou nenhum dos Três Grandes, tendo feito o seu percurso no Gondomar e Paços de Ferreiras.
Enquanto profissional, duas épocas de alto nível no Paços de Ferreira valeram-lhe o “bilhete” para Madrid, acabando emprestado ao FC Porto durante uma temporada. Na época 2017/2018 começava o seu percurso no Wolverhampton, contribuindo para a subida dos lobos à Premier League, e, em 2020/2021, abraçou o projeto do Liverpool. Não era um titular absoluto, se é que esse papel ainda existe no futebol moderno, mas era sistematicamente decisivo.
A carreira de André Silva, quatro anos mais novo do que o irmão, não foi tão mediática, uma vez que representava o FC Penafiel, mas o sofrimento deixado aos entes queridos é incalculável.
Jorge Costa – O Bicho deixou-nos a 5 de agosto de 2025. Adorado pelas gentes do FC Porto e muito respeitado pelos rivais, o antigo defesa-central foi uma figura incontornável do nosso futebol. Para além de meia centena de internacionalizações por Portugal, venceu a Taça UEFA de 2003, a Champions League de 2004, a Taça Intercontinental de 2004, oito campeonatos, cinco Taças de Portugal e cinco Supertaças…pelos dragões.
Foi no cargo de Diretor do Futebol Profissional do clube do coração, em pleno local de trabalho, que o eterno capitão do FC Porto foi vítima de uma paragem cardiorrespiratória. O amor ao jogo e, em especial, às cores que defendeu enquanto jogador – não só as dos dragões, como as do Penafiel, Marítimo, Charlton Athletic e Standard Liège – serão sempre a imagem de marca do eterno capitão.
O Bola na Rede deseja um próspero Ano Novo a todos os que nos acompanham. Esperamos que 2026 seja um ano de ainda maiores conquistas desportivas e, se possível, com menos perdas humanas.
