E de um momento para o outro, o Salto em Comprimento tomou de assalto os destaques da actualidade do Atletismo. Depois de alguns anos em que a competição parecia andar um pouco morna, com os saltos horizontais a terem atenções concentradas no Triplo Salto, o Comprimento voltou a ganhar o lugar de destaque que outrora teve e domina hoje as atenções de todo o mundo, sendo o evento “cabeça de cartaz” de uma série de meetings.
Para já é no quadro masculino que o evento mais quente está a nível mundial e é incontornável referirmos o nome dos dois homens responsáveis por isso: Luvo Manyonga e Juan Miguel Echevarría!
O sul-africano Luvo Manyonga sempre foi uma das grandes promessas do Atletismo. Em Moncton, em 2010, foi o campeão mundial de juniores e com 19 anos já saltava 8.19 metros! No entanto, depois desse 2010 e de um 2011 de elevado nível também (com o destaque para a vitória nos Jogos Africanos e uma 5ª posição nos Mundiais de Daegu), o sul-africano não competiu em 2012 e nos dois anos seguintes não foi capaz de ultrapassar os 7.70 metros, muito longe do que já havia acontecido e do potencial que todos sabiam que tinha dentro de si. Em 2015 voltou a não competir.
Em 2016, teve um fantástico regresso e nos Jogos do Rio foi mesmo segundo classificado em 8.37 metros. Já no ano passado, viria a tornar-se campeão mundial em Londres com um salto de 8.48 metros, num ano em que atingiu o seu melhor pessoal ao saltar 8.65 metros, naquele que é o actual recorde africano.
Mas a que se deve esta estranha trajetória de Manyonga? O atleta sul-africano não se escondeu, não evitou as palavras e confessou tudo, por muito que a sua experiência tenha sido chocante, mas, felizmente, com uma reviravolta positiva. A sua experiência de vida é um exemplo de como frágil pode ser a vida de um atleta com acesso a tudo o que há de bom e de mau, mas também um exemplo de superação. Foram 4 anos perdidos, de acordo com as suas palavras. 4 anos em que foi viciado em metanfetamina, também conhecida por Crystal Meth. Durante esse período chegou a enfrentar uma suspensão por acusar o uso da substância que é proibida, ainda que tenha o efeito contrário do que normalmente se procura em substâncias dopantes. Com uma incrível história de superação – a qual podem ficar a saber mais aqui – o atleta ultrapassou essa fase negra da sua vida da melhor forma possível e o resto é história. Já este ano, foi segundo nos Mundiais Indoor de Birmingham, conseguindo um novo recorde de pista coberta do continente africano – 8.44 metros. E aqui começa a história de Echevarría.