«Nos próximos quinze anos vai ser Rúben Dias e mais um na defesa da Seleção» – Entrevista BnR com Tonel

    «Mas que há de ser Rúben Dias e mais um, não tenho dúvidas disso»

    Bola na Rede: Dos cinco anos no Sporting, em quatro és vice-campeão, sendo que, em 2006/2007, o Sporting ficou a um ponto do Porto. Nesses quatro anos faltou a estrelinha da sorte? 

    Tonel: Em2006/2007 poderíamos ter sido campeões, até houve um lance, mas isso vale o que vale, não interessa, mas sofremos um golo com a mão no jogo com o Paços de Ferreira, penso que o golo foi com a mão. Se fosse hoje com o VAR ia ser anulado. Mas pronto, foi validado e ficamos a um ponto. Aí senti que podíamos ser campeões. Foi mesmo no pormenor, no detalhe que não fomos, mas tivemos perto. Eu acho que segundo lugar naquela altura, e segundo lugar deu entrada diretamente na fase de grupos da Liga dos Campeões. No Sporting só na primeira época é que não joguei na Liga dos Campeões. Ou seja, o segundo lugar era apetecível, não era bom, porque bom era o primeiro, mas com os orçamentos que havia, com a capacidade que o Sporting tinha ou não tinha de ir ao mercado, em relação ao Porto e ao Benfica, acabava por ser bom, não ótimo, mas bom. Tanto é que depois dessa fase, ali de 2010 até 2015 o clube andou um bocado em dificuldades em terceiro e quarto lugar, ou seja, as coisas não melhoraram, pioram, por isso, esses cinco em que quatro ficamos em segundo lugar, com o Paulo Bento, as coisas foram boas, sem ser ótimas, ótimo era ser campeão.

    Bola na Rede: Como era o Paulo Bento como treinador? Que recordações guardas?

    Tonel: Boas. Essencialmente na liderança. Acho que é um líder nato, obviamente que também jogou a um nível muito alto, também teve um percurso como jogador que lhe deu conhecimento, não só de treino e jogo, mas também balneário e gestão de grupo. Depois é alguém que acho que é muito forte na gestão do grupo, para aquilo que era o nosso grupo, ele tinha uma liderança muito coerente, não diria rígida, porque era defensor do grupo e não das individualidades. Ninguém se podia ou devia sobrepor ao grupo. Eu gostei essencialmente disso, na liderança que ele tinha.

    Bola na Rede: Qual é o momento que destacas na tua passagem pelo Sporting?

    Tonel: Tive momentos muito bons, por exemplo, quando me estreei na Liga dos Campeões. Até chegar ao Sporting nunca tinha jogado na Liga dos Campeões, ganhamos ao Inter de Milão, era o Ibra o ponta de lança, por exemplo. Eu no Sporting fiz 20 e tal jogos na fase de grupos da Liga dos Campeões, para quem nunca tinha jogado, fiz em quatro anos 20 tal jogos contra grandes equipas, Manchester, Barcelona, e até fiz um golo em Barcelona, perdemos 3-1, mas eu fiz o golo do Sporting, foi um momento que me marcou, não é? E as Taças e as Supertaças, as conquistas, digamos assim, duas taças, uma frente ao Belenenses e outra frente ao Porto. Duas Supertaças frente ao Porto. Foram momentos que me marcaram, foram positivos e fizeram que chegasse à Seleção Nacional. Joguei duas vezes, uma na fase de grupos e outra em amigável, pela Seleção, mas fui algumas vezes, mas jogar, só joguei duas.

    Bola na Rede: Como foi jogar pela Seleção Principal tendo também em conta o teu percurso de seleções? 

    Tonel: Eu tenho um percurso, felizmente, desde os sub-15. Fui internacional desde os sub-15, fui em todos os escalões internacional, até equipa B tenho na seleção. Felizmente tenho mais de 50 internacionalizações pelas seleções jovens e um Campeonato da Europa conquistado. Mas jogar na seleção A é o culminar, o mais alto. Curiosamente, os dois jogos que tenho na Seleção A foram em Coimbra, onde eu supostamente comecei a nível sénior o meu percurso. Jogar pela Seleção é sentir que cheguei, diria no meu caso, ao ponto mais alto, mas é um sentimento ótimo. Quando jogas num clube sabes que tens quem te apoie, quem quer que tu ganhes, quem quer que tu percas, quem quer que corra bem, quem quer que corra mal. Quando jogas na Seleção tens o vento sempre a favor. Isso é bom, e quando as coisas correm bem, no caso correu, os que joguei a equipa ganhou, foi ótimo.

    Bola na Rede: Como vês agora o miolo da defesa da seleção e o futuro?

    Tonel: Acho que nesta altura estamos bem entregues com Pepe e Rúben Dias. Acho que é uma dupla muito boa, o Pepe ainda está aí para as curvas, tem um percurso fantástico e que ainda hoje fisicamente… porque o conhecer o jogo, perceber o jogo, o posicionamento, vais ganhando com a idade, o problema é o físico que vais perdendo. Se dantes saltava 50 centímetros começas a saltar 40, e se dantes fazias 20 metros em quatro segundos, depois fazes em quatro segundos e meio, ou seja, o físico não te vai dando a mesma coisa, e acho que o Pepe ainda está muito bem e provou, principalmente, na Liga dos Campeões. Portanto, acho que o Pepe ainda vai ter mais um/dois anos a jogar com o Rúben Dias, que eu acredito que vá ser o central da Seleção mais dez/doze/quinze anos, não tenho dúvidas disso. Vai ser o Rúben Dias e mais alguém, daqui a dois anos, possivelmente, se o Pepe terminar no Campeonato do Mundo. Mas durante 15 anos, acredito, vai ser o Rúben Dias e mais alguém. Agora, quem será o mais alguém é difícil, porque também temos aqui o José Fonte que também está numa fase final da carreira, não há de ser muitos mais anos que irá jogar, vai ter que surgir alguém. Temos alguns a surgir, temos dois nos sub-21 se olharmos, o Diogo Leite e o Diogo Queirós, que não sabemos onde podem chegar, temos o David Carmo que agora está lesionado, mas que eu acho que tem um potencial para poder chegar ao nível de Seleção, temos outros, o Domingos Duarte, temos outros que a qualquer momento podem surgir. Estes são os que estão agora mais falados e mais pertos disso, mas não sabemos se daqui a dois anos aparece um miúdo já num nível que pronto. Mas que há de ser Rúben Dias e mais um, não tenho dúvidas disso.

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    João Pedro Gonçalves
    João Pedro Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
    Quem conhece o João sabe que a bola já faz parte dele. A paixão pelo desporto levou-o até à Universidade do Minho para estudar Ciências da Comunicação. Tem o sonho de fazer jornalismo desportivo e viver todos os estádios.