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«Nos próximos quinze anos vai ser Rúben Dias e mais um na defesa da Seleção» – Entrevista BnR com Tonel

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«Depois um ano complicado em que o Jesus sai do Benfica para ir para o Sporting, entra a podridão do futebol»

Bola na Rede: Houve alguma razão para escolheres o Beira-Mar, além disso, havias mais propostas?

Tonel: Tinha mais possibilidades, mas o Beira-Mar era o clube que depois de estar fora, dava para ir e vir todos os dias para casa, dava para estar em casa, foi a minha opção. Quando ouvi falar da hipótese do Beira-Mar ficou logo fechado, porque eu queria vir para casa digamos assim. Mas correu mal. Com o Beira-Mar posso dizer que foi o clube que correu pior. Cheguei em janeiro, vinha de dois meses sem competir, e treinava com os juniores, com uma intensidade e ritmo diferente. Quando cheguei ao Beira-Mar, assim que começo a jogar, rasguei em termos musculares, tive uma rotura e depois o problema não foi a rotura, porque uma rotura em três/quatro semanas, recupera-se. O problema foi que durante esse tempo que estive de fora as coisas não estavam a correr bem à equipa, e a equipa começou a cair na tabela. Eu sentia-me na obrigação de jogar, de ajudar, tinha vindo para ajudar, não tinha vindo para estar no posto médico, embora também faça parte do futebol, mas o que é certo é que eu fiz uma rotura e três semanas depois, quando volto ao treino, ainda não estava a 100% e eu sentia que não estava, mas eu sentia que tinha que ajudar, ou seja, eu senti que mesmo não estando a 100% poderia ajudar. O que é certo é que no primeiro treino, normal, digamos assim, rasguei-me no mesmo sítio, ao lado, na mesma zona, não estava bem curado. Pior que isso, à terceira vez, quando voltei outra vez passado três/quatro semanas voltei-me a rasgar no mesmo sítio. Numa lesão eu fiz três, foi tudo por causa da primeira. Aí sim tive que parar, e só voltei a meio de abril e o campeonato acabava a meio de maio. Voltei depois de estar dois meses e meio parado, sem ritmo, sem condição física, e aí praticamente já não joguei. Ainda fui para o banco no último jogo. Recebemos o Sporting e tínhamos que ganhar para ficar na Primeira Liga. Não joguei de início, ao intervalo estávamos a perder 3-0, e entrei na segunda parte. O Costinha que era o treinador arriscou tudo, com três centrais, e a equipa mais para a frente, chegamos a fazer o 3-1 mas sofremos o 4-1 e pronto, o Beira-Mar desceu de divisão. Aí não tenho dúvidas que foi o clube que pior correu. Custou-me porque queria ficar no Beira-Mar muitos anos porque estava na Primeira Liga e porque era perto de casa. Ia e vinha todos os dias, a minha família estava estabilizada depois de andar dois anos e meio fora, era um clube que queria ficar muito tempo. Assinei contrato um ano e meio, depois o Beira-Mar entrou em alguma dificuldade. Eu tinha mais um ano de contrato, rescindi e recebi zero, era um dos melhores contratos do Beira-Mar. Desse próprio ano tinha a receber cinco meses, recebi quatro, prescindi de um mês, ou seja, mesmo correndo mal, acho que fiz a minha parte. Tentei ser o mais correto possível com o clube. Saí e vim para o Feirense da Segunda Liga.

Bola na Rede: No espaço de um ano passas da Liga dos Campeões para a Segunda Divisão Portuguesa. Foi difícil para ti de digerir?

Tonel: Foi porque uma coisa é vir da Croácia, do Dinamo, para a Primeira Liga. O baixar não é muito em termos de motivação. Agora quando passas de Primeira Liga e vens para a Segunda Liga, é o que eu digo, em setembro de 2012 estava a jogar Liga dos Campeões e em agosto de 2013 estava a jogar a Segunda Liga. Custou um bocadinho, especialmente em termos de motivação, ou seja, a motivação e a adrenalina que o jogo dá, a competição dá, perde-se um bocado. Mas, apesar de tudo, consegui fazer no Feirense em duas épocas mais de 80 jogos. Consegui jogar muito no Feirense, o que fez com que tivesse ainda a possibilidade de ir à Primeira Liga.

Bola na Rede: Quando vieste para a Segunda Liga achavas que tinhas condições para continuar na Primeira Divisão?

Tonel: Sim. Eu capacidade não tinha dúvidas. Eu estava na Segunda Liga, mas sentia que tinha possibilidades de facilmente voltar à Primeira Liga. A questão era ter a oportunidade porque quando chegas do estrangeiro, de um campeonato como o da Croácia, vens para um clube e estás quase três meses parado por lesões musculares. As pessoas depois olham para ti como “está velho”, “já não dá”, “já não é um ativo porque tem 33 anos”, ou seja, “já não vai dar retorno”, “está cansado”, “está desmotivado”… as portas depois já se fecham e foi o que me aconteceu. Senti isso, mas mesmo assim ainda se abriu uma porta por alguém que me conhecia bem, o Sá Pinto, que ia ser o treinador do Belenenses, e que me deu essa possibilidade. Quando surgiu essa possibilidade aos 34 anos senti que estava preparado, perfeitamente preparado para jogar na Primeira Liga outra vez e com a aliciante de poder ir disputar a entrada na fase de grupos da Liga Europa.

Bola na Rede: E as coisas ao início até começaram por correr bem. 

Tonel: Conseguimos! O Belenenses, apesar de já ter sido campeão em 1900 e qualquer coisa, nunca tinha jogado na Liga Europa, e eu fui para o Belenenses em 2015 e nesse ano conseguimos eliminar duas equipas, uma da Áustria e outra da Suécia. Foi um feito histórico para o Belenenses ir à fase de grupos da Liga Europa e comigo a jogar, com uma participação muito boa, com um ótimo rendimento, estava a ser fantástico voltar de novo e sentir a motivação para o jogo, da adrenalina para o jogo. Depois de estar dois anos na Segunda Liga, voltar para a primeira aos 34 anos, para mim estava a ser espetacular. Foi muito bom até dezembro, depois as coisas alteraram lá por causa de um lance com o Sporting. Depois um ano complicado em que o Jesus sai do Benfica para ir para o Sporting, entra a podridão do futebol. Pronto, apanhou-me ali no meio, fui, de certa forma, envolvido em situações ou quiseram-me envolver em situações que não tinham nada a ver e acabou-me por me prejudicar e precipitar o final da minha carreira.

Bola na Rede: No Feirense com 34 anos chegaste a pensar no fim da carreira?

Tonel: Sim porque essencialmente em termos de motivação aos 34 anos, continuar a jogar na Segunda Liga depois de duas épocas desgastantes, porque 80 jogos com 33/34 anos em duas épocas é desgastante. A Segunda Liga não tem a qualidade de jogo que tens na Primeira, mas em termos de disputas físicas, de lado físico do jogo, é muito forte. Há muitos duelos, agressividade, não há muita qualidade de jogo, as equipas não têm as mesmas condições, mas em termos de luta, entrega ao jogo, determinação em cada lance, a Segunda Liga é forte, pronto, e eu aos 34 anos e faltando-me a adrenalina porque, felizmente a minha carreira foi maioritariamente noutros patamares, e cair ali numa parte final, eu aceitei isso, mas não tinha a mesma motivação e senti que estava perto de acabar.

João Pedro Gonçalves
João Pedro Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
Quem conhece o João sabe que a bola já faz parte dele. A paixão pelo desporto levou-o até à Universidade do Minho para estudar Ciências da Comunicação. Tem o sonho de fazer jornalismo desportivo e viver todos os estádios.

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