«Pizzi teve a sorte de eu me lesionar. Ganhou a titularidade e atirou-me para o banco de suplentes» – Entrevista BnR com Caetano

    Rui Caetano, 29 anos. Em estatura, possui mais três danoninhos que o pai, Augusto Caetano, antigo jogador do FC Penafiel e do SC Espinho. Um dos seus ramos, no universo empresarial, é o imobiliário. Portanto, não é por acaso apelidado de “um dos heróis da Capital do Móvel”, aquando da conquista do terceiro lugar na Primeira Liga. No mundial Sub-20, esqueceu-se de urdir a retenção de líquidos. Padeceu o corredor do hotel. Humildade à parte, é fruto da Geração Coragem. Afirma convictamente que Sérgio Oliveira daria um ótimo sócio. Admira Paulo Fonseca e declara que aprende a jogá-lo melhor sob a sua orientação. Não gosto de trespassar a linha que delimita o Algarve. Provocou Coloccini e sobreviveu!

    -Infância, os primeiros passos e a estreia na Primeira Liga-

    “Pizzi teve a sorte de eu me lesionar. Engrenou, ganhou a titularidade e atirou-me para o banco de suplentes”

    Bola na Rede: Olá, Caetano! Se me permites a observação, eu considero muito estranho o facto de te apelidar desta forma; “Caetano” é um nome tão normal e comum como João e André. Não é estranho para ti ser denominado assim?

    Caetano: Olá! O meu pai deixou uma marca no futebol e toda a gente o conhecia por Caetano. Para os amigos, era “Nel”. Para os adeptos e no mundo do futebol, era Caetano. Eu fiquei com o nome dele, as pessoas foram me chamando Caetano. A família, os amigos e as pessoas que em conhecem desde pequeno chamam-me Rui. Contudo, no futebol, foi sempre Caetano.

    Bola na Rede: Tens preferência por essa designação?

    Caetano: No Penafiel, muita gente me tratava apenas por Rui. Eu cresci e estudei naquela cidade. Então, os próprios colegas também me chamavam por Rui. Isso é – de certa forma – engraçado porque, no futebol, chamarem-me Rui era diferente e eu, sinceramente, gosto mais de Rui. É mais pessoal (risos).

    Bola na Rede: Antes de falarmos de ti, vamos dirigir um bocadinho o foco para o teu pai: a pessoa que te trouxe ao mundo. Aposto que, um dia, fizeste uma traquinice, ele te colocou imediatamente de castigo e te obrigou a seguir a carreira de futebolista, não!? Conta lá…

    Caetano: Não, não, não, não (risos). O meu pai, ao contrário da maioria dos pais, não queria que eu fosse jogador de futebol. Ele vivia o futebol intensamente e também sabia que a minha maior paixão era o futebol. Porque sempre o acompanhei desde cedo (primeiro como jogador, depois como presidente). Mas ele nunca quis que eu enveredasse por aí. Aliás, um dos maiores motivos que me levou a terminar a carreira foi o facto de o meu pai querer que eu seguisse com ele a vida imobiliária e a vida empresarial. Nunca me deu muita força para jogar futebol…

    Bola na Rede: Ficas contente por saber que o teu pai é mais baixo do que tu? Ele deu-te mais dois ou três Danoninhos, não?

    Caetano: (risos). Ele é mais baixo do que eu, é verdade! Dois centímetros de diferença! À beira dele, sinto-me calmeirão! Brincamos muito um com o outro… acaba por ser muito engraçado porque ele é mesmo ligeiramente mais baixo do que eu! E não é fácil encontrar pessoas com a mesma estatura que a minha (risos). Mais cinco minutos e era anão na barriga da minha mãe (risos).

    Bola na Rede: Realizaste a formação futebolística no FC Porto, na íntegra. Que momentos guardas com maior saudade?

    Caetano: Guardo o balneário. Tenho muitas saudades do balneário. Saudades das palhaçadas, dos meus colegas de equipa e daqueles momentos antes do treino. Tenho saudades também de ter a bola no pé. Acho que era um jogador tecnicamente evoluído e dava-me imenso prazer contactar com a bola. Mas depois a minha vida é tão agitada e tenho tanto com o que me entreter, que nem me lembro de futebol. Às vezes à noite, quando estou a ver um joguinho ou assim, vem aquela saudade. E olha, do jogo propriamente dito, não tenho saudades nenhumas. Eu tinha muita pressão e bastava falar-se na palavra “jogo” que ficava logo cheio de pressão. E hoje, sem o futebol, sinto-me mais livre, sem essa pressão diária.

    Bola na Rede: Chega, finalmente, a temporada 2010/2011. Estreias-te na Primeira Liga ao serviço do FC Paços de Ferreira. Na altura, tiveste outras propostas que não os “castores”?

    Caetano: O meu último ano de júnior (2009/2010) foi ao serviço do FC Porto e foi fantástico. Fiz muitos golos, não havia equipa B e, por essa razão, era muitas vezes chamado à equipa principal com o mister Jesualdo de Ferreira. Então, no fim dessa mesma época, tive duas propostas de dois clubes da Primeira Liga. Não é fácil a passagem de júnior para sénior e, felizmente, tive a sorte de poder optar por uma dessas duas equipas. Mas sim, tive outras propostas. Recordo-me de uma muita boa (UD Almería) de Espanha, de Primeira Divisão. Mas eu nunca quis jogar longe de casa porque também desde muito cedo que estive metido nos negócios da família, sempre fui muito ligado à minha namorada, aos meus amigos e à própria família. Penso que isso prejudicou – em parte – a minha carreira…

    Bola na Rede: Finalizas a primeira temporada nos castores com 16 jogos e um golo. Começas a temporada como suplente, adquires a titularidade a nove jornadas do término…

    Caetano: (risos). Isso está mal, isso está mal. Fiz os seis primeiros jogos a titular, fiz a minha estreia contra o Sporting CP com o mister Rui Vitória e depois tive uma lesão grave em Setúbal e fui obrigado a parar durante cinco meses. Quando regresso, o extremo esquerdo era o Pizzi. Ele chegou mais tarde do que eu, mas teve a sorte de eu me lesionar. Engrenou, ganhou a titularidade e atirou-me para o banco de suplentes. Depois acabei a época dessa forma…

    Bola na Rede: A lesão veio estragar os teus planos, certamente. Esperavas maior utilização?

    Caetano: Não, repara… Sempre que estive disponível, dei o meu contributo. Antes de me lesionar, fui sempre titular. Depois de me lesionar, salvo o erro, fiz um ou dois jogos para salvar a época. Se não jogava de início, pelo menos entrava sempre. Sempre fui uma aposta do mister Rui Vitória. Ele não teve medo de me lançar! Na altura, era muito bom a entrar porque mexia muito com o jogo! Os adeptos empurravam, tenho saudades disso! De aquecer na Mata Real. Recordo esse ano com muita satisfação, pois foi uma temporada muito positiva, apesar de ter sido operado ao ombro. No final da época até vou ao Mundial Sub-20…

    Bola na Rede: O público já atenuava essa pressão de que falaste no início?

    Caetano: Nunca passei isso para fora. Hoje, já é fácil falar disso. Como eu, todos os jogadores têm, só não falam. Dentro do campo, esqueci tudo. Era um menino. Nessa altura, tinha menos pressão, não tinha responsabilidade nenhuma. Entrava, só queria ir para cima do adversário, forçar o um para um. Era muito acarinhado enquanto jogador do Paços, toda a gente gostava de mim. Provavelmente por ser baixinho (risos).

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.