Discrepâncias entre Primeira e Segunda Divisão | Andebol

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    Em 2022/2023, repetiu-se mais uma vez o playoff entre duas equipas da Primeira (I) Divisão e o segundo classificado da Segunda (II) face a uma nova redução do número de clubes do escalão máxima, desta vez, de 14 para 12. Artística de Avanca e Académico de Viseu, 11.º e 12.º do principal escalão, e Nazaré Dom Fuas, da II, eram os candidatos à última vaga na I Divisão

    Com os três encontros a decorrerem entre quinta e sábado, em Coimbra, sabia-se que o Avanca tinha a vantagem de poder ter um dia de descanso entre os dois jogos disputados, ao contrário das outras duas equipas.

    O primeiro encontro aconteceu entre o Nazaré Dom Fuas e a Artística de Avanca. Os jogadores comandados pelo experiente Ljubomir Obradovic não deixaram que houvesse qualquer surpresa perante uma equipa que já tinha disputado um playoff de campeão da II Divisão. Os sete golos (18-11) ao intervalo deram lugar aos 12 no final do jogo (35-23). Daniel Pinto, do lado do conjunto distrito de Aveiro, destacou-se com oito golos, e Freyddy Lafontán, nos nazarenos, concretizou por sete vezes.

    Este encontro inaugural permitiu concluir que provavelmente não teríamos a surpresa da formação do escalão secundário atirar as outras duas primodivisionárias para a Divisão de Honra, algo que o Ginásio Clube de Santo Tirso conseguiu na temporada transata.

    No dia a seguir, o Académico Viseu entrava em ação frente ao Dom Fuas que terminava a sua participação na competição de final de época. Apesar de, na primeira metade, os viseenses terem conseguido manter-se na frente do marcador, a distância no marcador era curta ao intervalo (12-9).

    Na segunda parte, as duas equipas melhoraram ofensivamente, mas foi a formação treinada por Rafael Ribeiro a acentuar a diferença no marcador (26-19), atirando os nazarenos, em definitivo, para a Divisão de Honra. Eduardo Almeida, do lado dos beirões, foi o melhor marcador com nove tentos, enquanto que o cubano Freyddy Lafontán voltou a destacar-se nos finalizadores nazarenos, com seis golos apontados.

    O jogo decisivo estava marcado para sábado. Avanca e Académico tinham-se encontrado, em Viseu, duas semanas antes para o Campeonato, num empate sem consequências para os dois emblemas. Contudo, este jogo era diferente e sabia-se que o Académico Viseu estava obrigado a ganhar perante a Artística de Avanca que tinha folgado no dia anterior.

    No Pavilhão Jorge Anjinho, a formação de Avanca conseguiu alcançar uma vantagem de sete golos (9-2), seguindo sempre na frente. Ao intervalo, a diferença era de quatro tentos (14-10) à maior para os mais experientes na I Divisão.

    No segundo tempo, a equipa de Obradovic voltou a distanciar-se no marcador, novamente até aos sete golos de diferença. De realçar que, durante uma parte desse período, o Avanca jogou com um jogador a menos. Já os viseenses a mostrarem uma apetência de melhoria na parte final dos jogos, chegaram a ficar a três golos do empate (19-22). No entanto, dois golos de seguida da equipa de Aveiro acabaram por acabar com o risco de um resultado negativo perante a reação final do Académico (31-27). Fábio Silva, do Avanca, foi o maior marcador do encontro com oito tentos, enquanto Eduardo Almeida fez seis, do lado dos viseenses.

    O central emprestado pelo Sporting Clube de Portugal foi mesmo o melhor marcador do playoff com 15 golos e é um dos jogadores que certamente ficará na I Divisão.

    A Artística de Avanca mantém-se na I Divisão, pelo nono ano consecutivo, relegando o estreante Académico Viseu, no escalão máximo, e o Nazaré Dom Fuas, para a nova Divisão de Honra.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA – BALANÇO

    BnR:Que balanço é que fazes deste playoff que acabou com um resultado que não era o pretendido?

    Rafael Ribeiro: Não posso fazer um balanço positivo porque o nosso objetivo era mantermo-nos na Primeira Divisão. Tudo o que não fosse isso, não era positivo.

    Não saímos satisfeitos, mas saímos de consciência tranquila por termos feito tudo o que estava ao nosso alcance. Temos de ter noção que jogámos com uma equipa [Artística de Avanca] que vai para o nono ano consecutivo, na I Divisão. Este era o nosso primeiro ano.

    O jogo com o Nazaré [Dom Fuas] não tem grande história porque estivemos sempre a ganhar. No encontro com o Avanca, começámos mal porque falhámos muito na concretização e o Avanca conseguiu criar uma vantagem muito difícil de ser ultrapassável. Diminuímos para dois golos, mas depois a precipitação, o facto de saber que estávamos a jogar uma final, não há tempo para festejar, e a vantagem que o Avanca teve sempre, do primeiro ao último minuto, facilitou muito o trabalho deles.

    Portanto, o balanço não pode ser tido, em relação àquilo que foi no playoff.

    BnR: O Académico entrou mais pressionado por saber que, ao ganhar ao Nazaré Dom Fuas, por menos golos de diferença do que o Avanca ao mesmo adversário e, assim, estar obrigado a ganhar para alcançar manutenção?

    Rafael Ribeiro: A possibilidade de haver empate no Andebol é diminuta. Obviamente, em situação de aperto no jogo, o Avanca podia ter jogado com isso. Sinceramente, nunca nos passou pela cabeça durante o jogo, nem no final do jogo. Eles ganharam por 12, nós ganhámos por sete.

    Fica um bocadinho mostrada a diferença das equipas que podíamos ter feito de outra forma. Acabou por ganhar a equipa com mais opções.

    BnR: A derrota pesada com o Benfica [26-42, no Pavilhão da Luz], no fim de semana anterior, na última jornada, influenciou animicamente e mesmo em termos físicos para o playoff?

    Rafael Ribeiro: No fim de semana, não. Se me dissesses do facto de termos jogado na sexta e no sábado, ainda por cima termos levado aquela desvantagem grande no final da primeira parte, posso dizer que o aspeto físico foi capaz de ter influenciado.

    Não deu para fazer uma gestão tão profunda no jogo de sexta feira, porque tivemos sempre à frente, mas houve momentos em que cometemos alguns erros que o Nazaré não soube aproveitou. Senti o jogo seguro, porém não tão seguro com a diferença que me permitisse gerir.

    Quanto ao jogo com o Benfica, não tem nada a ver uma coisa com a outra. O resultado foi responsabilidade minha porque sabíamos provavelmente que iriamos ao playoff, tendo em conta que o ADA Maia iria jogar com o Sporting e nós pouco ou nada preparámos o jogo com o Benfica.

    Na semana com o Benfica, já estávamos a olhar para o playoff. Fomos um pouco às escuras para o jogo com o Benfica e corríamos o risco de perder por muitos. Acabou por acontecer essa desvantagem, é algo penosa, mas foi um jogo sem grande história. O Benfica, em circunstâncias normais, iria ganhar. Não foi um jogo nada parecido com o da primeira volta em Viseu. Mas o jogo do Benfica não teve influência no playoff, isso garanto.

    BnR: O Académico Viseu desce da I Divisão e vai jogar agora na recém criada Divisão de Honra. Qual é a tua opinião sobre o novo escalão?

    Rafael Ribeiro: Não tenho uma opinião formada.

    Tenho uma opinião formada sobre a redução do número de clubes na I Divisão e que, por consequência, origina a Divisão de Hora. Acho que não faz sentido a diminuição do Campeonato. Obviamente, as pessoas podem pensar que é porque nós acabámos despromovidos. Efetivamente, se tivessem descido apenas as duas equipas como normalmente, o Académico teria feito história e ficado na I Divisão.

    A questão é que o Campeonato é equilibrado e nós fomos uma das equipas que provaram isso. Obviamente, os grandes com 12 equipas vão continuar a ganhar os seus jogos, com vantagens por 15 ou 20 golos. Vai continuar a acontecer, não é a redução que vai permitir a diminuição dessas diferenças no marcador.

    Portanto, não vejo pontos positivos na redução. O Campeonato foi equilibrado. No sábado antes do nosso jogo com o Avanca, estavam a jogar o Póvoa contra o Marítimo na Final4 da Taça de Portugal, curiosamente duas equipas que ganhámos no Campeonato.

    Portanto, é factual que o Campeonato não tinha de ser reduzido porque é equilibrado. Quanto à Divisão de Honra, vai criar muitas dificuldades a algumas equipas porque vai ser um campeonato nacional com 12 equipas. Vai haver duas deslocações às ilhas, duas ao Sul. A competição será concentrada sobretudo à região Norte. É um campeonato nacional e as equipas da Segunda (II) Divisão não têm os apoios, nem dos patrocínios, nem do financeiro que têm as da I.

    O Académico Viseu vai sofrer com isso, porque, se, na I Divisão, o orçamento já era dos mais curtos, por sermos uma equipa do interior, por não haver os apoios camarários que gostaríamos de ter, numa II, os apoios vão baixar drasticamente e o campeonato vai continuar a ser nacional com deslocações longas.

    Creio que seja uma II Divisão mais forte, mas os clubes não vão ter capacidade. O ADA Maia desceu à Divisão de Honra e vai desistir. Consta-se que, mais um ou dois clubes podem não avançar para a Divisão de Honra. Portanto, quem gere as competições nacionais criaram esta situação e agora há que colher estas consequências.

    BnR: Vais continuar no Académico?

    Rafael Ribeiro: Não, saio no final da época, no final do mês. É uma decisão que já tinha tomado há algum tempo.

    BnR: Que balanço esta passagem pelo clube?

    Rafael Ribeiro: Positivo. Eu entrei em Viseu, em 2016, como uma das equipas mais fracas da Terceira Divisão.  Deixo a equipa com uma descida, mas sou um otimista por natureza. Obviamente que vamos ficar sempre marcado, mas num Campeonato normal com a descida de duas, nós não descíamos. Sabíamos que as regras do jogo eram essas e não as soubemos superar.

    O balanço é positivo. Uma equipa como o Académico que não tinha história nenhuma no Andebol e que, neste momento, é uma das equipas bem cotadas a nível nacional, pelo trajeto da equipa sénior. Para o ano, tem a equipa de sub 18 na Primeira Divisão, as sub 16 são das melhores equipas nacionais.

    Já é um clube reconhecido. Colocámos Viseu no mapa. Vai sempre existir uma dificuldade para um clube, como o Viseu, estar no interior do país. É muito mais difícil combater contra as equipas do litoral.

    Saio com obra feita. Basta lembrar o que era o clube quando vim e o que é agora. O balanço é positivo. Fico com a marca de não ter mantido o Académico na I, mas lutámos contra armas desiguais.

    Não recebemos resposta aos pedidos de declarações de responsáveis das restantes equipas participantes no playoff

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.