A Norte-Americana que preferiu ser Jamaicana e conquistar o mundo

    As marcas/conquistas

    2017 foi o ano em que Briana Williams deu a conhecer ao mundo aquilo em que se poderiam traduzir as boas indicações na pista – por exemplo, em 2015, já havia sido a melhor nos EUA na sua faixa etária. Não só baixou pela primeira vez dos 12 segundos nos 100 metros, como o fez nas 10 vezes em que competiu nesse ano (alguma delas ainda com 14 anos). Curiosamente, o resultado que espantou o mundo chegou numa prova em que a mesma não venceu. Nos Nacionais Juniores Jamaicanos, com 15 anos, correu em 11.30 (+1.6), sendo segunda atrás de Kevona Davis, uma outra grande promessa jamaicana (a completar 17 anos este dezembro), que, nesse dia, bateu o recorde nacional juvenil ao correr em 11.24.

    2018 ainda se viria a revelar melhor…
    Fonte: Wikimedia

    2018, no entanto, começou com uma “bomba”. Logo na sua 2ª competição do ano, Briana Williams correu, ainda em março, um tempo de 11.13 (+1.7), sendo o tempo mais rápido alguma vez feito por uma jovem de 15 anos – agora igualado, mas já lá vamos. A atleta estava a poucos dias de completar os 16 anos e esta era a última oportunidade para conseguir tal recorde de idade, surpreendendo o mundo com uma marca, que, para se ter uma ideia, lhe daria, por exemplo, um recorde nacional em Portugal por 8 milésimos! A “chocante” marca de Briana Williams viria a despertar cada vez mais atenções na jovem jamaicana, que tinha como grandes objetivos da época os Carifta Games, em Nassau, ainda nesse mês e, principalmente, os Mundiais Juniores, mais para o final da temporada.

    Correu nos Carifta Games as distâncias de 100 e 200 metros (onde não se sente tão confortável) e venceu o Ouro em ambas as distâncias, com tempos de 11.27 e 23.11 (recorde pessoal à altura), demonstrando que não se deixa intimidar quando tem holofotes sobre si. A preparação para os Campeonatos Mundiais de Tampere correu bem e as indicações eram já bastante positivas. Depois de uma batalha pessoal com Tamari Davis (já lá vamos) vieram as excelentes indicações no meeting Kingston JN Racers Grand Prix e nos Nacionais (séniores) Jamaicanos, ambos nos 100 metros. Na primeira terminou em 11.26, no segundo lugar, atrás de duas atletas de elite (Jenna Prandini e Shelly-Ann Fraser-Pryce), surpreendendo o seu arranque mais rápido que o de…Fraser-Pryce! Depois, nos Nacionais, correu ainda mais rápido, em 11.21, para ser 5ª.

    Chegada aos Mundiais, era um dos nomes em destaque e uma das favoritas, embora não fosse a principal favorita em nenhum dos eventos – 100 e 200 metros. Nos 100 metros, a grande adversária e principal favorita era a norte-americana Twanisha Terry, que, com os seus 19 anos, já havia baixado dos 11 segundos, tendo sido a primeira atleta no mundo a fazê-lo em 2018, quando correu em 10.99 (+1.7). Era a grande favorita e, caso fizesse algo semelhante em Tampere, seria a vencedora da final. Prometeu bastante, com os seus 11.03 (+0.4) das meias-finais a serem um novo recorde dos campeonatos. Acontece que nas finais é que se decidem os campeões e, aí, um mau arranque de Terry e um verdadeiramente explosivo de Briana Williams possibilitaram à jamaicana o seu segundo melhor tempo da carreira até ao momento (11.16) e o Ouro nos Mundiais!

    https://www.youtube.com/watch?v=QcufJJ5XnDg

    No entanto, a surpresa não ficaria por aí. Nos 200 metros, 48 horas depois da final dos 100 metros, as hipóteses de sucesso de Briana Williams pareciam ser ainda menores. Nunca tinha baixado dos 23 segundos e os norte-americanos traziam Lauren Rain Williams (19 anos), com um melhor pessoal, deste ano, de 22.51 (+1.9). Lauren foi a mais rápida nas eliminatórias e nas meias-finais, mas certamente não esperaria a extraordinária marca de Briana Williams na final: a jamaicana correu em 22.50 (-0.1), um novo recorde dos campeonatos e um extraordinário recorde pessoal! A marca é um novo recorde nacional júnior jamaicano (sim, sub-20) e é o tempo mais rápido por uma atleta juvenil não-americana em toda a história. Williams tornou-se na 4ª mulher da história a alcançar o duplo Ouro na velocidade (nos campeonatos).

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.