As polémicas alterações da IAAF

    1. O modelo de qualificação para os Jogos de Tóquio 2020

    O Atletismo em Tóquio decorrerá na primeira semana de Agosto
    Fonte: Olympic Games

    A primeira decisão que “mexeu com as estruturas” foi a da alteração do sistema de qualificação para as grandes competições, começando já pelos Jogos Olímpicos de Tóquio no verão de 2020. Até este ano, a qualificação dos atletas sempre esteve marcada pelos chamados “mínimos”, a popular designação para uma marca mínima que um atleta tinha que atingir para estar presente em grandes competições.

    A IAAF, no entanto, há já algum tempo que vinha trabalhando num ranking mundial, que permitisse ter uma melhor perceção de quais são os atletas com maior regularidade e que servisse de modelo de qualificação para as grandes competições. Tentou para os Mundiais de Doha deste ano, mas não conseguiu, uma vez que enfrentou uma forte resistência das várias federações nacionais.

    Desta vez a IAAF diz que é para valer e o ranking que já se encontra em funcionamento total e acessível no website do organismo, será um dos meios de qualificação para os Jogos, tal como a obtenção da marca mínima, optando a IAAF por um modelo misto. Mas no que consiste afinal esse modelo e o que mudará?

    Os “mínimos” continuam a existir, só que foram endurecidos e muito. De forma a que o ranking seja, de facto, útil para efeitos de qualificação, a IAAF decidiu aumentar bastante a exigência do nível das marcas para que apenas os atletas de elite consigam o apuramento direto para os Jogos. Para se ter uma ideia, para o Rio, marcas de 10.16 (masculino) e 11.32 (feminino) nos 100 metros chegaram para a qualificação, enquanto agora é exigido 10.05 ou 11.15.

    Em provas como os 5.000 as diferenças são ainda mais acentuadas, com o “mínimo” masculino a ser agora de 13:13.50 face aos 13:25 de há dois anos. Também em outros eventos, como nos saltos, vemos essas alterações em prática com os mínimos do Triplo a subirem de 16.90 e 14.20 para 17.14 e 14.32! 

    Fonte: IAAF

    O objetivo da Federação Internacional é que apenas cerca de 50% das vagas sejam preenchidas por esta via e que as outras 50% sejam acedidas através do ranking que volta ao ponto zero a cada período de 365 dias. Esse ranking tem as 5 melhores prestações de cada atleta em determinado período, tendo em conta uma pontuação que é atribuída a cada prestação individual, ponderando factores como a marca obtida, o tipo de competição em que a marca foi obtida (que dá pontos bónus), contabilizando também prestações com vento. Para a Maratona os critérios são ligeiramente diferentes, pois além do período para a obtenção das marcas ser maior, são apenas os 2 melhores resultados que contam e também existem alguns lugares garantidos para quem finaliza no top-10 ou top-5 das principais Maratonas mundiais. 

    Com este modelo, a IAAF pretende aumentar a competitividade, aumentar o número de presenças dos grandes nomes nos principais meetings internacionais (“obrigando-os” a competir) e premiar a regularidade dos atletas, ao invés da obtenção de uma única marca, que, por vezes, até é obtida em circunstâncias um pouco suspeitas. Também é uma resposta da IAAF à exigência de redução de quotas pelo Comité Olímpico, que reduziu o número de participantes ligados ao Atletismo em 105. 

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.