O Guia para os Europeus de Glasgow

    Salto em Comprimento (m): Apenas 4 atletas presentes saltaram acima dos 8 metros nesta temporada indoor e apenas um deles o fez acima de 8.08 metros, o que não antecipa grandes marcas para entrada no pódio em Glasgow, tal como já aconteceu em Belgrado. E também significa que muito está em aberto. O favorito é, claramente, o grego Miltiádis Tentóglou, que alcançou um novo recorde pessoal em pista coberta há poucas semanas em Madrid, ao saltar 8.23 metros. Tentoglou foi o campeão ao ar livre em Berlim no verão passado e deverá confirmar o seu domínio europeu neste final de semana. É muito incerto prever quem serão os outros atletas do pódio, mas quem já passou a barreiras dos 8 metros este ano foi o francês Jean-Pierre Bertrand, o italiano Lamont Marcell Jacobs e o jovem sueco Thobias Nillson Montler, sendo que Eusebio Cáceres (ESP) e Serhii Nykyforov (Bronze em Belgrado e Berlim) podem também entrar na discussão. O campeão de Belgrado, Izmir Smajlaj (ALB), estará presente, mas ainda não passou dos 7.77 nesta temporada.

    A nossa aposta: Miltiádis Tentóglou (GRE)

    Salto em Comprimento (f): Malaika Mihambo (GER) e Ivana Spanovic (SRB) são as únicas a saltar em 6.9 nesta temporada e são, não só por isso, as grandes favoritas ao Ouro em Glasgow. Mihambo (que já saltou 6.99 este ano) foi a campeã europeia ao ar livre do ano passado, numa competição em que Spanovic não pôde competir por lesão. Já a sérvia (com 6.92 nesta temporada) é a atual bicampeã europeia em pista coberta e também conquistou o título mundial em Birmingham no ano passado. O embate deve ferver e o Ouro deve ser decidido entre elas, mas, para além desses dois nomes grandes, Jazmyn Sawyers (GBR), Maryna Bekh-Romanchuk (UKR) – prata ao ar livre em Berlim –, Alina Rotaru (ROU) e a experiente Éloyse Lesueur-Aymonin (FRA) – ex-campeã mundial em pista coberta – deverão entrar na discussão das medalhas.

    A nossa aposta: Ivana Spanovic (SRB)

    Triplo Salto (m): O Triplo segue a tendência das outras disciplinas de saltos no masculino e uma tendência recente na disciplina a nível europeu ao termos 0 atletas acima dos 17 metros nesta temporada. Para se ter uma ideia, nas últimas 10 edições do Triplo tivemos 30 medalhados, em que desses 30, apenas 2 medalhados (de Bronze) não chegaram aos 17 metros. Nas últimas 23 (!) edições, só por uma vez não foi preciso chegar a essa marca para alcançar o Ouro e a última vez que uma Prata foi conseguida abaixo dos 17 metros foi em 1996, há 23 anos. Com tanta incerteza, preferimos centrar-nos no histórico dos atletas e Nelson Évora é o atleta que tem que ser considerado favorito. Não só é o atual bicampeão do evento, como saltou na temporada passada 17.40 metros (recorde nacional em pista coberta) para ser Bronze nos Mundiais, além de ter sido campeão europeu ao ar livre. A tudo isso junta-se o facto de Évora normalmente apresentar os melhores resultados na altura certa, o que nos leva a crer que leva vantagem no favoritismo. O finlandês Simo Lipsanen é o que saltou mais este ano (16.98m) entre os presentes e o líder europeu não estará presente, pois Pichardo ainda não pode representar Portugal. O francês Yoann Rapinier e o alemão Max Heß estarão na luta, numa prova que conta com a particularidade de ter o mais velho atleta em Europeus Indoor, através da presença de Fabrizio Donato (ITA), com 42 anos já completos!

    A nossa aposta: Nelson Évora (POR)

    Triplo Salto (f): No feminino, o Triplo tem apresentado um nível bastante elevado e Portugal tem também boas chances de trazer algo bom de Glasgow. Os 14.44 metros que Patrícia Mamona saltou em Madrid são um novo recorde nacional indoor, mas na retina fica aquele enorme salto nulo há poucos dias em Dusseldorf. Caso faça um salto válido do género, dificilmente não sai vencedora da cidade escocesa. Em Belgrado, a atleta portuguesa foi Prata, atrás de Kristin Gierisch (GER) e a alemã – que foi Prata ao ar livre em Berlim – é mesmo a que mais saltou nesta temporada entre as atletas presentes, ao tê-lo feito em 14.59, um novo recorde nacional em pista coberta. Ana Peleteiro vem de uma extraordinária temporada de 2018 (Bronze nos Mundiais Indoor de Birmingham e nos Europeus de Berlim) e já saltou muito este ano, com um novo recorde debaixo do teto de 14.51 metros, sendo uma das grandes candidatas. Paraskevi Papahrístou (GRE), que foi a campeã ao ar livre, encontra-se entre as inscritas, mas ainda não competiu este ano, pelo que é uma incógnita o que poderá atingir. O meeting de Madrid, além de Mamona, deu-nos grandes resultados de Rouguy Diallo (FRA) e Kristina Mäkelä (FIN), que podem discutir medalhas e seria imprudente excluir a bastante experiente Olha Saladukha (UKR), que já saltou como não saltava há 5 anos em pista coberta.

    A nossa aposta: Ana Peleteiro (ESP)

    Bronze nos Mundiais, Ana Peleteiro será uma das maiores rivais de Patrícia Mamona
    Fonte: IAAF

    Lançamento do Peso (m): O campeão de há 4 anos, em Praga, David Storl (GER), tem estado em grande forma na temporada de pista coberta, sendo o atual líder europeu com um lançamento de 21.32 metros. Há dois anos foi Bronze e, o medalhado de Prata, Tomáš Staněk (CZE) também aqui estará, sendo um dos outros 2 atletas presentes a ter lançado a mais de 21 metros este ano (21.16). São, no papel, os dois favoritos, mas também Bob Bertemes (LUX) parece pronto para a primeira grande medalha da sua carreira, ao ter alcançado há duas semanas, em Potsdam, um novo recorde nacional com os seus 21.03 metros. E os polacos? Os polacos estão por lá e não chocaria ninguém que, mesmo não estando no top 3 da temporada, víssemos dois deles no pódio. Um é Michał Haratyk, o campeão europeu ao ar livre. O outro é Konrad Bukowiecki, o atual campeão europeu em pista coberta. Estarão a deixar o melhor para Glasgow? Por aqui acredita-se que sim.

    A nossa aposta: Michał Haratyk (POL)

    Lançamento do Peso (f): A campeã mundial e europeia em pista coberta, Anita Márton (HUN), tem que ser encarada como uma das favoritas, ainda que neste momento seja apenas a 4ª do ranking europeu. Apesar de todo o seu historial, pode ter uma dura batalha pela frente, pois a bastante experiente Christina Schwanitz (GER) tem-se mostrado incrivelmente fiável em 2019, com apenas uma derrota em 7 eventos. Schwanitz já venceu este evento em 2013 e, quem sabe, se não repete a vitória 6 anos depois. A búlgara Radoslava Mavrodieva é outra candidata, sendo a 2ª do ranking europeu, e quererá melhorar a Prata de Belgrado, que alcançou dois anos depois do Bronze de Praga. Por fim, falar ainda de Aliona Dubitskaya (BLR), que depois de muitos a anos a “cheirar pódios” conseguiu mesmo uma medalha no verão passado nos Europeus de Berlim, ao conquistar o Bronze.

    A nossa aposta: Christina Schwanitz (GER)

    Pentatlo (f): Sem Thiam (BEL) em competição (a recuperar de lesão), a campeã mundial em pista coberta, Katarina Johnson-Thompson (GBR) é a clara favorita. Repetindo uma pontuação semelhante à de Birmingham, o título europeu não lhe deverá escapar e, apesar de ainda não ter feito um Pentatlo completo este ano, esse é o cenário mais provável. Ainda assim, atenção, porque em prova estará a Prata de Birmingham e a maior ameaça a Johnson-Thompson, Ivona Dadic (AUT). O terceiro lugar do pódio deverá ser uma disputa louca, com várias jovens a despontar e com sede de medalhas. Maria Vicente (ESP) é a mais nova delas, com apenas 17 anos, mas não deverá ser ainda candidata a algo do género, vindo aqui para ganhar experiência. No entanto, há muita curiosidade para ver um trio de 3 atletas de 19/20 anos que muito prometem: Solene Ndama (FRA), Alina Shukh (UKR) e Niamh Emerson (GBR). Eliška Klucinová (CZE) – anterior medalhada – ou Xénia Krizsán (HUN) também marcam presença na cidade britânica.

    A nossa aposta: Katarina Johnson-Thompson (GBR)

    Heptatlo (m): Kevin Mayer (FRA) não se mostrou disponível para participar nestes campeonatos, abdicando da oportunidade de revalidar o seu título, para se concentrar numa longa temporada ao ar livre. Sem Abele (GER) e sem Maicel Uibo (EST), este será um evento totalmente em aberto. Entre os presentes, destacamos o espanhol Jorge Ureña, que foi Prata há dois anos, bem como dois medalhados nos Europeus ao ar livre do ano passado, Ilya Shkurenyov (RUS) que foi Prata e Vital Zhuk (BLR) que foi Bronze, mas dado que vários atletas ainda não completaram um Heptatlo este ano, a aposta é sempre um tiro no escuro. Os belgas têm esperança de trazer um Ouro através do atual líder europeu, Thomas Van der Plaetsen (que ganhou as combinadas ao ar livre em Amesterdão há 3 anos) e os britânicos depositam as suas esperanças de conquistar um duplo Ouro nas provas combinadas em Tim Duckworth (GBR).

    A nossa aposta: Ilya Shkurenyov (RUS)

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.