Podia começar o texto com um breve resumo de quem ganhou a etapa onde estive. Mas seria algo que já tinha sido feito por muitos jornalistas e também com o tempo que já passou nem vale a pena começar por aí. Talvez mais tarde. Esta foi a primeira vez que vi uma chegada de uma etapa da Volta a Portugal em bicicleta. Quem diria?
Estar perto da reta da meta com muitas dezenas de pessoas ao longo daquela “pequena” subida, que custava (e muito) a subir. Ver todos os espetadores a bater efusivamente nas placas de publicidade em apoio aos ciclistas que cansados subiam para chegar a uma vitória de etapa. Foi incrível. Foi a primeira vez que senti toda esta atmosfera de perto.
Vivemos muito este desporto no nosso país e quando se fala na grande “Volta” aí já é outra coisa. Verões e verões que passei junto das zonas menos povoadas do nosso país – neste caso Salvador do Campo, em Barcelos – e habituei-me a ver ciclismo na televisão. Na altura, só havia quatro canais e tínhamos de passar o tempo com alguma coisa.
De tarde, ligava-se a televisão no canal um e aí ficávamos. Horas e horas a fio a ver o esforço dos ciclistas a pedalarem quilómetros e quilómetros. Acredito que este também tenha sido o “programa de festas” para alguns da minha idade que gostava de ciclismo.
Mas quando a competição arranca estamos demasiado focados em quem ganha, em quem perde, em quem enverga as camisolas da montanha ou juventude… Tudo sempre relacionado com a competição e o que se passa em cada edição da mesma.
Só quando estamos perante a organização de uma chegada de etapa, por exemplo, é que percebemos que há muito para além da competição. Esquecemo-nos das pessoas que por de trás de toda a corrida da Volta a Portugal dão o apoio necessário para que isto tudo funcione. E este texto é mesmo isso: «Aquilo que não vemos».