A forma como decorreu a temporada de Fórmula 1 em 2021, com uma luta entre Red Bull e Mercedes que foi decidida na última corrida, deixava água na boca para o que viria na época seguinte, com novos regulamentos, ainda por cima. Para espanto de muita gente, as épocas não podiam ter sido mais distintas. A Red Bull dominou este ano, vencendo 16 das 21 corridas já disputadas, quando só falta uma para terminar. A Mercedes venceu apenas a última.
A equipa que foi tantas vezes campeã mundial começou este ano com um carro com um conceito falhado, como já foi admitido pelo próprio Toto Wolff recentemente, na Web Summit. Lembramo-nos das primeiras amostras do W13, com Lewis Hamilton a ser eliminado na Q1 na Arábia Saudita, por exemplo, e com um ritmo de corrida superior ao de qualificação, mas bastante longe da Red Bull e da Ferrari. Foram surgindo melhorias, suficientes para distanciar a Mercedes de todo o restante pelotão, mas a possibilidade real de vencer corridas só surgia muito ocasionalmente.
Até que surgiu o fim de semana do Brasil. Já depois de uma prova no México em que a Mercedes tinha deixado a entender que, com uma estratégia mais ambiciosa e agressiva, podia ter incomodado mais a Red Bull (mas em que tinha ficado largamente à frente da Ferrari), a pista de Interlagos ofereceu a primeira vitória da época aos flechas de prata, e também a primeira dobradinha.
The first of how many 1-2s for George and Lewis? #BrazilGP #F1 pic.twitter.com/YamOesV7gk
— Formula 1 (@F1) November 13, 2022
É preciso admitir que a Red Bull esteve particularmente desastrada em São Paulo, com problemas de vária espécie (desde o mau funcionamento dos pneus até ao incidente de Verstappen com Hamilton que atrasou mais o neerlandês) a condicionarem muito a equipa austríaca. Mas se a Red Bull manifestou esses problemas, a Mercedes foi a equipa mais completa do fim de semana, com Hamilton a recuperar posições e Russell a fazer uma corrida exemplar, sempre na frente. A questão é: será o mesmo em Abu Dhabi? E em 2023?
Em Abu Dhabi, volta o formato mais tradicional de qualificação, seguido da corrida. Resta saber se este carro, que teve sempre problemas em qualificar-se na primeira linha da grelha, consegue desta vez lutar por esse objetivo. Mas olhando de forma mais ampla para 2023, fica a curiosidade do que a Mercedes vai fazer. Se conseguiram evoluir até chegarem a este nível de competitividade, aguardamos para saber se vão reformular totalmente o conceito do carro para o novo ano ou se vão aproveitar alguma coisa do W13. Uma coisa é certa: os fãs de Fórmula 1 ambicionam que haja no mínimo três equipas a competir no máximo das suas capacidades lá na frente. Oxalá isso aconteça.
Foto de Capa: Formula 1