– Dos holofotes do futebol para os flashes do mundo da moda –
“Por mim, tinha jogado a minha vida toda no Benfica, teria feito 20 anos lá”
BnR: Com tanto tempo para ponderar o final da carreira, o que pensavas fazer depois do futebol?
JS: Eu gostava de ter ficado ligado ao futebol, mas não houve possibilidade. Estive ligado a várias áreas, trabalhei com um empresário espanhol, já estive ligado a exportação de vinhos e neste momento estou ligado ao imobiliário e sou personal trainer também. Temos de trabalhar… A vida continua. O amor pelo futebol não acabou, mas a vida continua. Terminamos a carreira relativamente novos para depois termos outra vida pela frente.
BnR: Ainda chegaste a trabalhar numa academia do Benfica, não foi?
JS: Sim, foi em Badajoz. Funcionou bem e acho que ainda hoje está aberta, mas voltei para Lisboa e tive de sair. Mas correu bem, não é uma academia em que haja muita qualidade, mas tem muitos miúdos e funciona bem.
BnR: E como é que acabas por ser modelo? É que há muito aquela ideia que o jogador pensa que é mais modelo que futebolista…
JS: Isso foi depois porque, um dia, estava em Badajoz a passear e houve alguém de uma agência que falou comigo e me contactou. Entregou-me um folheto e disseram para ir ter com eles, era um casal. Eu disse que não tinha nada a ver com aquilo mas ele tanto insistiu que depois liguei e acabámos por fazer algumas coisas. De vez em quando, até aqui em Lisboa, quando me convidam vou fazendo. Mas não é nada de… Se me pagam sim, tudo bem. Se for de borla, é para esquecer. Para isso fico em casa e não me chateio.
BnR: Gostavas de regressar ao futebol?
JS: Gostava, mas não sei bem. Treinador não, porque já tenho 44 anos e não é fácil ir agora tirar cursos durante 10 anos. É difícil ser treinador de futebol, por causa dos cursos e depois podes nem ser aceite. É tão complicado tirar quatro níveis que mais vale tirar um ou dois e estar mais ligado à parte do treino, sem ser treinador principal. Isso é algo que gostava.
BnR: De que te arrependes na carreira?
JS: Arrependo-me de algumas decisões que tomei na altura. Por minha culpa, não devia ter feito algumas coisas. Sou um jogador à antiga: por mim, tinha jogado a minha vida toda no Benfica, teria feito 20 anos lá. Era algo que gostava de ter feito. Era mais fácil fazê-lo na minha altura que agora, mas era algo que ambicionava. Mas as coisas não correram, nem de longe, nem de perto, assim mas era o que eu ambicionava para a minha carreira.