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Finanças, internacionalização e Benfica SAD – O último pilar estratégico do programa de Rui Gomes da Silva é também o mais complexo, sendo que este abrange vários parâmetros, como, por exemplo, a questão dos direitos televisivos.
Rui Gomes da Silva sempre foi um dos principais defensores do corte de relações com a Oliveiradesportos, corte esse que acabaria por se concretizar. No entanto, também é um crítico do contrato com a NOS, principalmente pelo facto desta usufruir das receitas de uma BTV paga pelos adeptos.
Rui Gomes da Silva também já disse em entrevistas que considera que a centralização dos direitos televisivos será um acontecimento inevitável no futebol português, e defende que o Benfica deverá ser um dos principais impulsionadores da mesma.
Com isto, a avaliação do contrato com a NOS é uma das medidas propostas por esta lista. No entanto, considero esta medida difícil de alcançar, visto que aquando do final do próximo mandato em 2024, ainda restarão dois anos de contrato por cumprir. Em relação ao contrato com a NOS, Rui Gomes da Silva ainda pretende criar um mecanismo de controlo interno que impeça a antecipação de receitas.
Também associado às transmissões televisivas, esta lista propõe ainda o regresso da BTV2 de forma gratuita, que estará destinada exclusivamente às transmissões dos jogos das modalidades e dos escalões de formação. Pessoalmente, é por estes conteúdos que ainda tenho a BTV subscrita, sendo que para mim, não faz muito sentido ter de pagar para usufruir destes conteúdos, quando outros canais como A Bola TV e o Canal 11 transmitem jogos das modalidades e de futebol de formação de forma gratuita.
Rui Gomes da Silva ainda propõe a criação de uma plataforma de streaming no Youtube, também destinada à transmissão de jogos e conteúdos das modalidades, bem como dos conteúdos do BPlay.
Outra medida deste pilar que me chamou particularmente a atenção foi a avaliação da criação de uma marca própria para os equipamentos desportivos. A principal vantagem desta medida é que permite ao Benfica ter um controlo total do design e dos padrões dos equipamentos, algo que não se verifica no contrato actual coma a Adidas e que tem gerado bastantes críticas por parte dos adeptos.
No entanto, considero que há muitas outras marcas desportivas que não a Adidas que estarão dispostas a trabalhar com o Benfica de uma forma mais vantajosa a nível do merchandising. De maneira que eu considero que esta é uma proposta que apesar de ter algumas vantagens, é pouco consensual.
Outra das propostas da lista resume-se à venda do naming do estádio, bem como à renovação da fachada do estádio e do espaço circundante ao mesmo, através da colocação de imagens históricas do Benfica, de modo a transmitir aos adeptos um maior sentimento pelo Benfica.
Entre as muitas medidas propostas neste pilar estratégico, estão também previstas alterações no modelo de governação da SAD de modo a cumprirem com as recomendações da CMVM; a criação de um Departamento de Auditoria Interna, que irá trabalhar em conjunto com o Conselho Fiscal da SAD; e a reavaliação dos projectos imobiliários que fazem parte dos planos da Direcção actualmente em funções, tais como a construção do Hotel Benfica em Lisboa, e de um Polo Universitário no Seixal. Pessoalmente, eu concordo com a criação do Polo Universitário, mas discordo em absoluto da construção do Hotel.
No geral, creio que este é um programa bastante ambicioso, que toca em muitas feridas causadas pela actual Direcção, mas com alguns pontos que considero utópicos e/ou com os quais eu não estou de acordo. Apesar disso, dou uma nota claramente positiva ao programa de Rui Gomes da Silva.
Considero Rui Gomes da Silva um grande e apaixonado Benfiquista, mas também alguém com um estilo excessivamente fervososo. Eu defendo que o Presidente do Benfica deve ter paixão pelo clube, mas também deve tomar muitas decisões mais com a cabeça do que com o coração, sendo que este deve ter a serenidade e a cabeça fria que lhe permita tomar as decisões certas em situações de maior tensão.