Vítor Pereira voltou recentemente a ser notícia, ao ter conquistado a Superliga Chinesa ao serviço do Shangai SIPG, colocando um ponto final num ciclo de domínio de sete anos do Guanzhou Evergrande.
Este feito voltou a colocar Vítor Pereira no mapa do futebol português, visto que são poucos os treinadores portugueses que já se sagraram campeões em três países diferentes. Apesar disso, a carreira do treinador de 48 anos tem sido marcada por altos e baixos. Nalguns dos clubes onde passou, as circunstâncias com que se deparou não eram favoráveis a desenvolvimento de um bom trabalho, como se sucedeu por exemplo quando treinou o TSV 1860 Munchen.
Mas também não é menos verdade que as provas que deu foram bem dadas. Antes de mais, nas quatro épocas em que se sagrou campeão nacional (três delas completas), as suas equipas sempre tiveram a melhor defesa do campeonato. Em duas épocas ao serviço do FC Porto, a equipa azul e branca teve apenas uma derrota em 60 jogos no campeonato. Registos que mostram que Vítor Pereira é um “apologista” da máxima de que os ataques ganham jogos e as defesas ganham campeonatos.
Aos olhos dos adeptos de futebol mais “românticos”, o futebol implementado por Vítor Pereira talvez não seja o mais bonito de se ver, mas o próprio explicou em várias conferências de imprensa enquanto treinador do FC Porto como gosta de ver a sua equipa jogar: gosta de ver a sua equipa a dominar o jogo com bola, que gosta de jogar no meio-campo adversário, que pressiona a equipa adversária assim que perde a bola.
Vítor Pereira tem a noção de que não joga para o espetáculo. Aliás, não joga nem quer jogar. Porque, apesar do futebol de posse e dominante que implementa, equilibra esse modelo com uma abordagem mais calculista, assente na agressividade defensiva e na consistência táctica.
Dadas as circunstâncias, e apesar do técnico me ter causado alguns amargos de boca, considero Vítor Pereira o treinador mais underrated do futebol português. E para quem acha que a minha abordagem é exagerada, deixem-me lembrar-vos de uma coisa: não é por acaso que a RTP o convida para ser comentador nos Europeus e nos Mundiais.
Foto de Capa: Shangai SIPG
Artigo revisto por: Rita Asseiceiro