«Depois dos primeiros seis meses no Sporting, fui contactado para jogar no FC Porto» – Entrevista BnR com Leandro Grimi

    Professor Neca entrevista À BnR

    Argentino a viver na Covilhã, a língua não foi barreira para viajarmos pela carreira de Leandro Grimi. Ainda jovem chegou à Europa pelas portas de um dos melhores clubes do mundo da altura: o AC Milan. Segundo o mesmo, o empréstimo ao Sporting CP, apesar de ter sido de apenas 6 meses, foi uma das melhores decisões da sua carreira. Até aos dias de hoje, Grimi é um nome acarinhado pela massa adepta leonina e o sentimento é recíproco. Prova disso foi a recusa do lateral argentino de jogar pelo FC Porto quando o seu contrato de empréstimo estava perto do fim. Segundo o próprio, “Eu era Sporting, sou Sporting e vou terminar Sporting”.

    «Num momento estava de baixo da asa da minha mãe e de repente no outro dia estava em Itália num autocarro com a taça da Champions no colo».

    Bola na Rede: Bom dia Leandro, antes de mais obrigado por teres aceitado o nosso convite para esta conversa. O nosso objetivo passará por dar melhor a conhecer a tua carreira e revelar-nos a tua experiência no mundo do futebol, pode ser?

    Leandro Grimi: Bom dia, claro que sim! Só queria fazer uma pequena questão, achas que posso responder em espanhol, torna-se mais fácil para mim? (risos)

    Bola na Rede: Claro, sem problema, vamo-nos entender bem (risos). Natural da Argentina é lá que se inicia a sua aventura no mundo do futebol, como é que tudo começou?

    Leandro Grimi: Tive um início de carreira de sonho, começo a jogar aos quatro anos na Argentina, aos 17 vou para Buenos Aires para o Huracan e aos 19 já estava a jogar na primeira divisão. Tive a sorte de ter sido acompanhado por bons treinadores na formação, o que permitiu esta evolução rápida.

    Bola na Rede: Faz muitos jogos a titular pelo Huracan na Segunda Divisão e depois estreia-se na Primeira pelo Racing Avellaneda, onde só esteve um ano?

    Leandro Grimi: Sim nesses anos com eles disputei perto de 70 jogos e houve interesse de clubes em Itália, mas queriam primeiro que eu tivesse experiência num clube da Primeira Liga e tive que optar entre Racing ou o Independiente, grandes rivais, e acabei por escolher o Racing e até hoje tenho a certeza que fiz a escolha certa.

    Bola na Rede: Sempre, desde a formação a defesa esquerdo?

    Leandro Grimi: Sim, foi logo desde cedo a minha posição, mesmo num esquema de 3 centrais, fazia todo o corredor esquerdo.

    Bola na Rede: É então que surge o AC Milan. Como é que um jovem lida com uma mudança como esta, da Argentina para Itália, logo para um dos melhores clubes do mundo?

    Leandro Grimi: O segredo foi a família. Sempre me apoiaram, tive a sorte de ter uma boa educação, bons conselhos e ajudou-me muito. Num momento estava de baixo da asa da minha mãe e de repente no outro dia estava em Itália num autocarro com a taça da Champions no colo. Tudo isto foi possível porque tive sempre boas pessoas a acompanhar-me, desde amigos, família, treinadores e colegas de equipa. Fui muito bem recebido e ainda hoje dou-me muito bem com alguns jogadores que partilharam balneário comigo no Milan.

    Bola na Rede: Adaptou-se bem a um balneário recheado de estrelas? Foi um ano onde aprendeu muito com eles?

    Leandro Grimi: Sem dúvida, foi um ano de muita aprendizagem. Estava com gente que já tinha ganho tudo e mais que uma vez, só craques e acolheram bem um jovem cheio de sonhos que acabava de chegar da Argentina. Sempre me motivaram, me acompanharam e é nestas pequenas demonstrações de humanidade que se vê quem são os melhores do mundo, quem diz que é o melhor raramente o é, percebemos melhor isso nas ações do que nas palavras.

    Bola na Rede: A nível desportivo teve muita concorrência pela posição e isso originou numa escassez de oportunidades, tem pena de não ter podido contribuir mais ou já tinha noção que a missão era dificil?

    Leandro Grimi: Um pouco dos dois. Sempre confiei muito em mim e nas minhas capacidades, mas a verdade é que jogava só os jogos teoricamente mais fáceis, na Taça de Itália ou alguns jogos do campeonato que coincidiam na mesma semana de Champions e era preciso poupar. Mas serviu como experiência, aprendi muito com o Ancelloti e estou realmente agradecido a todos que se cruzaram comigo naquela grande instituição que é o AC Milan.

    Bola na Rede: É emprestado ao Siena, foi uma tentativa de jogar mais minutos?

    Leandro Grimi: Sim, foi uma decisão conjunta. Tinha necessidade de jogar, vinha de muitos jogos nos outros clubes que representei, como uma das peças mais importantes e tive a necessidade de me voltar a sentir útil, de ajudar e competir. O Siena foi um clube que me tratou muito bem nos seis meses que lá estive, joguei, ganhei muita experiência e aprendi coisas novas com aquela equipa técnica.

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    Flávio Fernandes
    Flávio Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Licenciado em Ciências da Comunicação, o Flávio sempre foi um amante do desporto e um fanático pelo futebol. Com uma passagem pelos quadros de formação do FC Felgueiras 1932, preferiu pendurar as botas mais cedo e ir em busca da sua formação académica. Acompanha assiduamente o futebol internacional e não falha um único jogo do seu grande FC Porto.