O contexto ideal para crescer?

    Todos podemos considerar que a época 2019/2020 foi um insucesso. Pela equipa técnica do Sporting CP passaram Marcel Keizer, Leonel Pontes, Silas, e, finalmente, o atual treinador, Rúben Amorim.

    Revelou-se uma temporada muito irregular. Desde a primeira volta fora da luta pelo título, o clube de Alvalade foi também eliminado da Taça de Portugal pelo FC Alverca, equipa do terceiro escalão, foi arredado da Liga Europa pelo İstanbul Başakşehir FK nos 16 avos de final e perdeu para o SC Braga a hipótese de disputar a final da Taça da Liga.

    Desde a chegada de Rúben Amorim ao comando técnico do plantel principal do Sporting CP, a formação leonina tem vindo a crescer enquanto equipa. Em cinco partidas da era “pós-Covid”, os leões somam quatro vitórias e um empate. Para além do score positivo, as bancadas vazias de Alvalade têm presenciado a estreia de vários jovens jogadores formados em Alcochete.

    Não querendo desvalorizar o trabalho do técnico nem a sua qualidade enquanto jovem treinador, a verdade é que o Sporting está a viver uma espécie de pré-temporada da época 2020/2021. Acredito que Frederico Varandas apenas tenha exigido a qualificação europeia como o único objetivo do Sporting, neste desfecho de época. Será que teríamos esta aposta na juventude e a tranquilidade no processo de crescimento da equipa se tivéssemos objetivos para cumprir? Títulos para vencer?

    O contexto é muito importante na análise do rendimento de um atleta ou da sua equipa. De facto, o Sporting apresenta ideias de jogo bem vincadas e está a jogar de uma forma bastante mais apelativa. O entusiasmo dos adeptos é natural. Porém, é bom não haver ilusões nem conclusões precipitadas. É só relembrar aquilo que aconteceu na época passada com o “Keizerball”.

    O plantel do Sporting CP é muito curto e tem poucas soluções para lutar em todas as frentes. A irreverência e juventude que Rúben Amorim tanto menciona são as maiores qualidades deste grupo de jogadores. Imaginemos o que seria lançar, repentinamente, Eduardo Quaresma e Nuno Mendes, dois atletas que atuavam nos sub-19 antes da paragem da pandemia, num contexto de luta pelo título. Os erros cometidos por estes jovens, que seriam perfeitamente normais devido à sua inexperiência, seriam destaque e acabariam por retirar a confiança que é fulcral nesta fase de crescimento.

    As lacunas no plantel do Sporting são bastantes visíveis. Se o interesse da direção leonina for lutar por títulos na próxima temporada, nomeadamente ser campeão, a média baixa de idades não chegará. É necessária experiência e qualidade vinda de fora, pelo que é essencial um departamento de scouting rigoroso, competente e incisivo nas contratações. A aposta na formação é algo que me dá muito gosto de ver e, sem dúvida, faz parte do ADN verde e branco. Porém, se queremos alcançar voos mais altos – falo de títulos e da ida à Champions League – necessitamos também de atletas com andamento em outros campeonatos.

    O regresso à Liga dos Campeões colocaria o clube num patamar superior
    Fonte: UEFA

    Sem dúvida alguma que este é o contexto ideal para Rúben Amorim implementar o seu estilo de jogo, consolidar ideias e escolher os atletas que necessita para a próxima temporada. Como referi anteriormente, deixa-me satisfeito ver o Sporting CP a preparar a temporada seguinte com antecedência. Porém, isso também se deve ao facto de esta época ter sido um fracasso. É um pau de dois bicos. Seja como for, mediante o contexto que o clube vive, penso que se está a pensar de maneira positiva.

    Foto de Capa: Liga Portugal

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Miguel Gato
    Miguel Gatohttp://www.bolanarede.pt
    Há muitos anos que o Miguel tem contacto com o futebol. Desde tenra idade habituado ao nervoso miudinho causado pelo desporto rei, Alvalade acabou por se tornar o palco principal do teatro dos seus sonhos. Jovem aspirante a jornalista e apaixonado pela área da comunicação, escolheu a ESCS para tirar a sua licenciatura. Agora, pretende ganhar asas e rumar até novos palcos.                                                                                                                                                 O Miguel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.