Tarde de Domingo de Agosto: o Verão caminha para o seu fim, mas começa o campeonato. Para qualquer adepto do futebol, é o regressar à rotina dos fins-de-semana de jogos no café, da mini e dos tremoços e dos comentários durante a semana inteira. E, em especial para nós benfiquistas, é o regresso do nosso clube aos jogos a sério e à nossa querida casa. Já tinha saudades disto.
Depois de uma pré-época atribulada mas com um jogo bem conseguido na Supertaça, o campeão nacional começava a defesa do título em casa, frente ao Paços de Ferreira. Mais do que querer provar que a pré-época tinha sido apenas isso, pré-época, Jorge Jesus e companhia tinham outro desafio. Desde 2004 que o Benfica não entra a ganhar no campeonato. Jorge Jesus queria que hoje fosse diferente. Do outro lado, estava o Paços de Ferreira com o regressado Paulo Fonseca. Depois de uma má experiência no Porto, o treinador voltava ao clube onde foi feliz e se deu a conhecer ao mundo. Um gesto de humildade por parte de Paulo Fonseca, na minha opinião.
E pode dizer-se que este jogo foi uma continuação do da Supertaça. Artur acabou Rei em Aveiro e começou da mesma maneira na Luz. Nervosismo da estreia ou pressão de quebrar essa malapata de entrar a perder, o Benfica não entrou da melhor maneira. Mérito para o Paços, que ocupava bem os espaços e fazia uma pressão forte. Aos 10 minutos, Eliseu derruba Hurtado na área e é marcado penálti. Aceita-se a decisão. Mas Artur estava ainda em altas depois do jogo com o Rio Ave e defendeu. O Paços estava melhor, e o brasileiro teve mais duas boas defesas a impedir o golo. Era Artur, um dos alvos da pré-época, que salvava o Benfica, mas havia mérito pacense nesta má entrada benfiquista. A equipa encarnada demorou a encontrar-se no jogo mas, quando o fez, marcou. Aos 25 minutos, tabelinha entre Gaitan e Maxi Pereira e o uruguaio a marcar. Jogada simples, e ela estava lá dentro. Festa na Luz e um Benfica que parecia estar superado da má entrada. O golo só fez bem à equipa do Benfica, que passou a controlar a partida até ao intervalo. Destaque ainda para a saída de Enzo Perez, por lesão. O universo benfiquista não esquece a importância deste grande jogador no plantel e aplaudiu-o, quase como um pedido para ficar num clube onde é admirado por todos. Esperemos que este não seja o seu último jogo.
Ao intervalo, o Benfica vencia depois de ter entrado mal, mas quando se viu em vantagem voltou a controlar o jogo, embora sem dominar.
Artur voltou a estar em destaque Fonte: Zerozero.pt/ Carlos Alberto Costa
A segunda parte mostrou um Benfica mais calmo, mais seguro e pressionante. A mudança de Rúben Amorim mais para a frente no meio-campo foi fulcral. O jogo desceu de nível; o Benfica controlava, o Paços tentava o golo mas sem o fulgor da primeira parte e sem assustar realmente Artur. Aos 72 minutos, Gaitan, mais uma vez, assiste Salvio para este cabecear para o golo da tranquilidade. Estava estabelecido o resultado final. Numa exibição segura a partir do primeiro golo, o Benfica é um vencedor justo. Não dominou completamente a partida mas controlou-a a seu belo prazer. Ainda assim, há que destacar a boa imagem do Paços de Ferreira neste jogo, especialmente naquele início. Paulo Fonseca tem material para fazer uma época mais tranquila do que a época passada.
Quanto ao Benfica, depois de uma pré-época atribulada, a equipa parece ter-se encontrado. Ainda não está no total das suas capacidades, ainda faltam reforços e esperemos que Enzo não saia. Mas também não é o descalabro que muitos apontavam.
A Figura
Artur – Entre Artur e Gaitan será difícil. Gaitan teve duas assistências e foi igual a si próprio. Mas Artur defendeu um penálti e fez duas defesas importantes numa altura em que o Paços ameaçava. Continua motivado depois da Supertaça mas, numa altura em que Júlio César e Karnezis parecem estar mais perto da Luz, será que o brasileiro continua nesta forma ou volta ao que foi na pré-época?
O Fora-de-Jogo
Eliseu – Esteve bem contra o Rio Ave, mas hoje não esteve no seu melhor. Teve muito trabalho frente a Hurtado, que o venceu no um para um.
O Arsenal começou a época 2014/15 da melhor maneira possível. Derrotou, no passado domingo, o Manchester City no jogo relativo à Community Shield (Supertaça Inglesa), conquistando o segundo troféu oficial em menos de três meses.
A superioridade sobre os actuais campeões da Premier League ficou bem patente durante toda a partida. Depois de ter inaugurado o marcador, numa altura em que já estava por cima, só teve de gerir o encontro, e nesse capítulo esteve irrepreensível, neutralizando o temível ataque do City, que não chegou a assustar as redes defendidas por Szczesny.
O segundo golo chegou de contra-ataque, e a vitória do primeiro troféu da época ficou confirmada com um golaço de Giroud, entrado ao intervalo. 3-0 do Arsenal ao City. Uma diferença significativa, surpreendente (pelas indicações dadas por ambas as equipas na pré-época e no final da época transacta), mas justa face ao que se passou dentro de campo.
Como é natural, e apesar de, normalmente, se desvalorizar um pouco este encontro, a imprensa inglesa começou a associar este resultado e esta exibição a uma manifestação de intenções dos londrinos relativamente ao título. Uma espécie de grito de afirmação, o assumir do papel de candidato à vitória de um dos mais competitivos campeonatos do mundo.
Giroud sentenciou a partida contra o City no passado fim-de-semana Fonte: Daily Star
Parece-me prematuro fazer-se esse julgamento. O Arsenal encontrou uma equipa do Manchester City sem muitas das suas principais referências – Kompany, Aguero, Zabaleta, Sagna (provável titular nesta equipa) e Fernandinho formam quase uma “espinha dorsal” do onze dos citizens– e esta fase da época é muito estéril em indicadores para o que pode vir a ser a época de uma equipa, conforme se pode concluir pelos últimos vencedores da Supertaça de Inglaterra e a sua relação com as performances na Premier League.
Em 2011, o United superiorizou-se ao City neste encontro (3-2, dois golos de Nani), mas viria a perder o campeonato para o rival… no último minuto da competição; em 2012, o City manteve a cultura de vitória com que encerrou o ano transacto e venceu o Chelsea por 3-2 na Community Shield… mas este troféu foi de digestão difícil, pois viria a ficar a 11 pontos do primeiro lugar; no ano passado, dois golos de Van Persie deram o troféu ao United… que terminou a época 2013/14 num histórico (de tão mau) 7º lugar!
Concluir que o Arsenal pode ser candidato ao título através desta vitória é, pois, algo precipitado, sendo mais prudente avaliar aspectos como a profundidade do plantel ou os processos de jogos da equipa.
Começando pelo ataque, parece-me que, muito provavelmente, o Arsenal irá dispôr do manacial de opções mais forte desde que Thierry Henry passou (pela primeira vez) pelo clube, contando com: o regresso de um dos melhores extremos do mundo – Theo Walcott; a integração de um miúdo cheio de potencial e que poderá ter neste o seu ano de definitiva afirmação – Oxlade Chamberlain; avançados móveis, capazes de fazer todas as zonas do terreno, e com qualidade – Campbell e Podolski; um goleador em potência – Giroud; e um virtuoso, um génio da bola – Alexis Sanchez.
Todo este leque de “fogo” é apoiado por uma linha média ofensiva de grande qualidade (posição 8/10), encabeçada pelo mágico Ozil, secundado por nomes experientes como os de Arteta e Cazorla e por gente irreverente como Jack Wilshere e Aaron Ramsey.
Alexis Sánchez foi o grande reforço para o ataque dos gunners Fonte: scotsman.com
Do meio-campo para a frente tudo parece estar bem. Porém, é na posição 6, e para trás, que a coisa começa a complicar para Arséne Wenger. É que, com o fluxo ofensivo que a equipa naturalmente terá, urge a necessidade de estancar um possível desposicionamento defensivo, um homem que “mate” toda e qualquer possibilidade de contra-ataque contrário, e esse ainda não existe, por mais que se queira fazer de Flamini esse homem. É certo que há Diaby, mas este vem de uma paragem longa, é muitas vezes assolado por lesões e parece não contar para Arsène Wenger (disputou 16 jogos em 3 épocas).
No sector recuado, o cenário não melhora. É certo que o quarteto defensivo continua a ter qualidade – Mertesacker e Koscielny são centrais ao nível de um clube como o Arsenal, e nas laterais Debuchy e Gibbs não destoam dos seus colegas do eixo… mas faltam substitutos. Para além de Nacho, capaz de “remendar” ambas as laterais, não há um jogador com provas dadas que possa substituir uma eventual lesão de qualquer um dos centrais e isso, numa época de uma equipa inglesa, em que o contacto físico é o pão-nosso de cada jogo, pode tornar-se caro.
Esta falta de profunidade defensiva pode ser decisiva para o resto da época. Capaz, mesmo, de comprometer o sonho de voltar a erguer o troféu da Premier League, fugido dos londrinos há uma década…
… mas o mercado ainda não fechou, e chegados dois centrais e um lateral de qualidade, acredito que este poderá ser o ano dos gunners.
Perante um Estádio do Dragão praticamente lotado, ansioso e muito, muito, exigente, não poderia ter corrido melhor a estreia aos comandados de Julen Lopetegui. Está cumprido com sucesso o primeiro desafio do Futebol Clube do Porto na Liga Portugal. E que estreia! De gala, deve ser dito.
Não havia palco mais intimidante do que este para o primeiro jogo da temporada mas nem por isso a equipa azul e branca (cujo onze inicial era composto por quatro dos reforços do treinador espanhol) se deixou prejudicar, dominando o embate do primeiro ao último minuto para selar com um resultado confortável o primeiro teste oficial.
Mas vamos ao jogo! Era noite de festa e como tal queria-se futebol jogado. Bonito e eficaz. Assim foi. Lopetegui insiste em traços do tiki-taka e a equipa reage, cumprindo com sucesso cerca de cinco centenas de passes sem perder tempo na construção de jogo – foram 50 os ataques. O segredo esteve, do início ao fim, no meio campo, com os jovens Rúben Neves e Oliver Torres a serem apoiados por Herrera numa construção de jogo que viu Brahimi encantar.
Se havia vontade de ver jogar os mais novos – os mais inexperientes, os mais desconhecidos – foi satisfeita na noite de hoje, e de que forma. Neves teve a estreia de sonho ao tornar-se o mais novo de sempre a jogar no campeonato com a camisola azul e branca e viu a cereja cair no topo do bolo com o golo inaugural da competição, enquanto Torres distribuiu jogo ao longo de todo o embate e encantou até os adversários. Se o talento não dá títulos, vitórias como a de hoje fermentam ainda mais os dragões talentosos que nascem esta época na Invicta.
Lopetegui viu ser cumprido com sucesso o primeiro teste ‘verdadeiro’ Fonte: Maisfutebol.iol.pt
Magia. Sem qualquer tipo de exageros, é uma das palavras mais apropriadas para a exibição de hoje, que viu Alex Sandro e Danilo renascerem, caracterizados pela técnica que os trouxe ao Porto, e Jackson regressar a casa da melhor forma.
Jackson, o inevitável. Como não poderia deixar de ser, foi ele o responsável pelo encerramento da noite, reagindo da melhor forma ao excelente (primeiro) trabalho de Tello. Num autêntico dueto, os dois jogadores embelezaram ainda mais uma noite que tinha tudo para ser azul e branca. Se for este o Futebol Clube do Porto 2014/2015, se for esta a equipa que Lopetegui se compromete a construir e melhorar com o avançar dos ponteiros do relógio, os dados estão bem lançados.
A Figura
Brahimi – é-me honestamente difícil destacar apenas um jogador para esta secção, dado que todo o meio campo (apesar da tenra média de idades – 20!) inicial esteve praticamente irrepreensível, mas foi Brahimi um dos maiores responsáveis pelas rápidas transições ofensivas. Sem medo de driblar, convicto e eficaz, recebe nota mais na sua estreia. Também Rúben Neves, pela estreia de sonho, ou Oliver Torres poderiam estar aqui mais destacados.
O Fora-de-Jogo
Quaresma – talvez o mais experiente em campo, pecou não pela falta de oportunidades criadas (se não foi o maior responsável por situações ofensivas, esteve perto) mas pelo grande ‘egoísmo’ demonstrado – como lhe é característico, aliás, mas no esquema de Lopetegui ainda se destaca mais. Se a equipa trabalhou, precisamente, como equipa, Quaresma não resistiu a algumas tentativas despropositadas. A exibição foi, ainda assim, bem positiva.
À partida para a temporada 2013/14 já se sabia que o Manchester United teria pela frente um dos maiores desafios da sua história: tentar encontrar um treinador que conseguisse lidar com a pesada herança deixada por Alex Ferguson. Por sugestão do escocês, David Moyes, técnico com um percurso consistente no Everton, chegou a Old Trafford, mas desde cedo se percebeu que a escolha tinha sido um erro de casting. Praticando um futebol paupérrimo, os red devils não conseguiram conquistar nenhum título e nem sequer se apuraram para as competições europeias. Na tentativa de evitar que o descalabro da época passada se repita, o United contratou Van Gaal, treinador sem nada a provar, e parece ter um orçamento ilimitado para reforçar o plantel. Certamente tudo será bem melhor do que na última temporada, até porque fazer pior é quase impossível.
Os encontros de pré-temporada serviram para comprovar aquilo que já se sabia: Van Gaal é bastante superior a Moyes e tem tudo para recolocar o United no caminho dos bons resultados. Depois de conduzir o seu país ao terceiro lugar do Mundial, o técnico holandês, habituado a ganhar e a lidar com a pressão, já conseguiu criar algumas rotinas, implementando um sistema semelhante ao da selecção laranja (3-4-1-2 a atacar e 3-4-3 a defender, com Mata a pressionar ao lado dos avançados). Van Gaal está a montar uma equipa eficaz e pragmática – o que na Premier League vai fazer a diferença –, mantendo uma ideia de jogo próxima daquela que mostrou no Mundial. O futebol espectáculo, outrora a principal prioridade do holandês, fica para depois.
Van Gaal vai ter a ajuda de Ryan Giggs, uma “lenda viva” do clube Fonte: Daily Mail
Por estranho que possa parecer, há um lado positivo no medíocre sétimo lugar da época transacta. Depois da saída de Ferguson, que há vários anos vinha “espremendo” ao máximo um plantel sem a mesma qualidade dos rivais directos, era preciso um ano mau para os responsáveis do United perceberem que era necessário voltar a investir. No entanto, apesar de inúmeros nomes terem sido apontados aos red devils, só Luke Shaw, contratado ao Southampton, e Ander Herrera, resgatado ao Athletic Bilbao, chegaram a Old Trafford. Para atingir um nível próximo do dos outros candidatos ao título ainda falta, no mínimo, um central de classe mundial (se a intenção de Van Gaal é jogar com 3 defesas, o ideal seriam dois), um lateral-direito, um médio defensivo e um médio centro. A contratação de um elemento polivalente, como Blind, também seria útil. O problema é que não falta assim tanto tempo para o mercado fechar e, tendo em conta que o clube não se apurou para a Liga dos Campeões, vai ser complicado garantir todos esses reforços.
A renovação do plantel começou logo no final da última temporada e só deve parar no último dia do mercado de transferências. Já saíram alguns históricos (Giggs, Ferdinand, Vidic), e elementos como Nani, Anderson, Fellaini, Chicharito e Kagawa, que até esteve em bom plano na pré-temporada, parecem estar no mercado. À excepção do mexicano, que cumpriu sempre que foi chamado, todos os outros tiveram um rendimento muito pobre na época passada e já se esperava que não contassem para Van Gaal (talvez o japonês merecesse mais uma oportunidade). Zaha, que foi contratado por 20 milhões de euros, deve ser emprestado.
Ander Herrera é um reforço de peso para o meio-campo do United Fonte: Daily Star
Por enquanto, o United tem actuado com uma base composta quase na totalidade por jogadores da época passada. O onze mais utilizado (e provavelmente aquele que entrará em campo frente ao Swansea na primeira jornada da Premier League) tem De Gea na baliza; Smalling, Phil Jones e Johnny Evans como centrais; Fletcher e o reforço Herrera são os médios, tendo o escocês maiores responsabilidades defensivas e o espanhol um papel mais activo na criação ofensiva; Valencia, que fez um péssimo Mundial, é o ala direito, com Young a ganhar vantagem sobre Shaw no flanco oposto; Mata é o jogador responsável por fazer a ligação com Rooney e Welbeck, os dois avançados.
Van Gaal não precisou de muito tempo para colocar alguma ordem numa equipa sem qualquer ideia de jogo. Numa época em que o calendário vai ser menos apertado, o United já fez o mais importante para regressar aos triunfos: escolher um bom treinador. Agora, falta dar o passo seguinte, que é construir um plantel digno de um dos maiores clubes do mundo. Hummels, Blind, Dí Maria, Cuadrado e Strootman são alvos difíceis, mas como o dinheiro não é problema…
Historicamente José Mourinho realiza o seu melhor trabalho na sua segunda época à frente do clube que treina. Foi assim no fantástico treble ao serviço do Inter de Milão, na “Liga dos Recordes” ao serviço do Real Madrid e, se contarmos apenas épocas completas (de Setembro a Maio), no ano da Liga dos Campeões no Porto.
Na época transacta, o Chelsea, apelidado de “pequeno cavalo” por Mourinho, esteve à beira de se sagrar campeão inglês, mas a fatiga, a falta de produção dos homens da frente e a inexplicável dificuldade da equipa em jogos contra equipas da parte de baixo da tabela acabou por falar mais alto e os blues ficaram-se pela terceira posição, garantindo apenas o acesso directo à Liga dos Campeões e falhando assim a conquista de qualquer troféu, algo raro na carreira do Special One.
Para a época de 2014/15, o Chelsea atacou o mercado cedo e de forma produtiva, reforçando os sectores mais fracos da equipa e optando por não esbanjar dinheiro em compras desnecessárias, algo que terá de passar a ser recorrente devido às novas regras do fair-play financeiro.
Thibaut Courtois retornou de um período de empréstimo bastante proveitoso ao serviço do Atlético de Madrid que se prolongou por três anos e nos quais se afirmou como um dos melhores guarda-redes do futebol mundial. Filipe Luís e Diego Costa chegaram também do Atlético de Madrid, por 20 e 38 milhões respectivamente, para tapar “buracos” no onze do Chelsea. Assim, a equipa ganhou um lateral-esquerdo bastante sólido e capaz de desequilibrar em ambas as zonas do campo e um avançado de classe mundial, capaz de pelo menos 20 golos na Premier League e que, valendo o que vale, tem impressionado bastante nesta pré-época.
Depois de três anos fora, Curtois regressa a Stamford Bridge como um dos melhores do mundo Fonte: newsrender.barhashing.com
Drogba voltou a custo zero, depois de uma experiência bem-sucedida ao serviço do Galatasaray, para terminar a carreira ao serviço do seu Chelsea; Zouma, que já tinha sido adquirido em Janeiro, chega finalmente ao clube; e o croata Pasalic, que foi comprado ao Hadjuk por 2,5 milhões, foi rapidamente emprestado (ou despachado) ao Mainz.
Tudo boas compras, mas mais do que isso necessárias. Destaco, no entanto, a aquisição de Cesc Fàbregas ao Barcelona por 33 milhões, um jogador que já tinha brilhado (e sido capitão) na Premier League ao serviço de um dos rivais do Chelsea, o Arsenal, e que regressa assim a Londres para ocupar o lugar deixado vago por Frank Lampard no meio-campo do Chelsea. É uma grande responsabilidade mas Fàbregas tem talento de sobra para estar à altura do desafio. Esperemos que isso se reflicta na sua produção ao serviço da equipa. O espanhol quer com certeza demonstrar ao Barcelona que os blaugrana cometeram um erro ao deixá-lo sair e quer provar que também o Arsenal errou ao não ter exercido a cláusula de recompra.
Em relação ao provável onze titular, Mourinho deverá entregar a baliza a Courtois. Apesar de Cech ter sido o melhor guarda-redes da Premier League na época anterior e de continuar a ser um dos melhores do mundo na posição, neste momento o belga está num nível mais elevado e tem dez anos a menos. É verdade que Cech nada fez para perder o lugar, tendo sido um exemplo dentro e fora do campo, mas, por muito que custe, o Chelsea não se pode arriscar a perder alguém como Courtois, o que poderá significar a venda do gigante checo até ao final do período de transferências.
Azpilicueta jogará finalmente na sua posição de origem, a lateral-direito, com o brasileiro Filipe Luís a ocupar a lateral-esquerda, o Chelsea tem aqui dois jogadores incansáveis que passam 90 minutos a correr para trás e para a frente, além de serem tacticamente muito certos. A dupla de centrais deverá manter-se – os dois ingleses Cahill e Terry, que foram seguríssimos na campanha anterior e transmitem segurança e liderança ao resto da época. Pessoalmente, preferia ver uma dupla constituída por Cahill e Ivanovic, porque embora goste do sérvio na direita considero que é no meio que ele faz o melhor trabalho e devido à idade avançada de Terry parece-me uma melhor opção para o eixo central.
Filipe Luís é o lateral-esquerdo que faltava ao Chelsea Fonte: trendrender.com
O meio-campo será ocupado pelo trio composto por Matic, Ramires e Fàbregas. Matic jogará a sua primeira época completa como titular ao serviço do clube. Tendo impressionado bastante desde o seu regresso a Londres, conquistou o seu lugar e nunca mais o perdeu, sendo um elemento fundamental na construção de jogo da equipa e na destruição de jogo do adversário. Ramires é o mesmo jogador incansável que vimos em Portugal ao serviço do Benfica e tentará fazer uma época melhor do que aquela que passou – jogou a um nível bastante abaixo do normal, não tendo sido relegado para o banco apenas por falta de opções; apesar disso, a qualidade continua lá e é um jogador importantíssimo. Fàbregas juntará toda a sua magia, criatividade e inteligência ao rigor táctico de Mourinho, funcionando como o cérebro da equipa – a batuta estará nas suas mãos, sendo ele o principal construtor de jogo do Chelsea.
É no tridente atacante que residem mais dúvidas, sendo que Hazard e Diego Costa terão os seus lugares “assegurados” entre os titulares. Oscar, William e Schürrle lutarão pela vaga que resta. Se a época passada servir de referência, Oscar deverá partir em vantagem. Mas Schürrle, depois do Mundial que fez, pode muito bem assumir-se como titular e deixar de ser apenas um suplente de luxo. Dos três, Oscar é o mais criativo, mas William e Schürrle sacrificam-se mais pela equipa e o alemão é muito mais eficaz e directo do que os brasileiros, encaixando assim muito melhor numa equipa treinada por Mourinho. Em suma, teremos qualquer coisa como isto: Courtois; Azpilicueta-Cahill, Terry, Luís; Ramires, Matic, Fàbregas; Hazard, Costa, Schürrle (?).
Fábregas e Diego Costa são os dois reforços mais sonantes da equipa londrina Fonte: skysports.com
Em relação ao banco de suplentes, será interessante ver o efeito que Drogba terá na equipa. Mas, mais que isso, estou bastante curioso para ver Van Ginkel em acção, depois da lesão no joelho que o impediu de jogar a época passada. O holandês tem vindo a apresentar-se como uma boa alternativa para o meio campo dos blues, sendo um jogador bastante inteligente e trabalhador, que encaixa muito bem no 4-3-3 de Mourinho. Depois temos também Fernando Torres, que cada vez que joga faz os adeptos fechar os olhos e rezar pelo melhor – ele faz o mais difícil e falha sempre o mais fácil.
O Chelsea parte como um dos favoritos à conquista desta edição da Premier League e, apesar de o City ter um plantel mais forte e com mais opções e de o United não ter as competições europeias para disputar, este ano a não conquista da Liga, ou pelo menos de um troféu importante, será um fracasso para os homens de Mourinho e poderá mesmo levar à saída do treinador. Como sabemos, Abramovich está sempre à procura de uma desculpa para mandar pessoal embora.
Como homem de apostas que sou, meteria dinheiro no Chelsea para ser campeão. O clube reforçou-se muito bem (com excelentes jogadores e para as posições mais carenciadas), possui a mistura perfeita entre experiência e juventude e, claro, o facto de ser treinado pelo melhor treinador do mundo ajuda sempre. Go Blues!
Para aqueles que gostam de a tratar pelo nome, este ano as hipóteses são poucas: Primeira Liga, Primeira Divisão, Liga Portuguesa ou Campeonato Português. É impossível passar ao lado da falta de um patrocínio principal, assim como da (não) eleição de Mário Figueiredo. A Liga – denominação mais simples possível – começa amanhã com o FC Porto-Marítimo e não há como contornar o caos. Resta-nos pegar no comando e… Carregar no botão.
Há muitos anos, ainda nos tempos do meu ‘velhinho’ FIFA 2004 – que marcou o início das minhas aventuras em jogos de vídeo -, a Galp dava um passo em frente apoderando-se de parte do logótipo da competição. Já antes haviam existido algumas alternativas e, nos anos seguintes, também a Bet and Win (depois Bwin) e, mais recentemente, a Sagres e a ZON aproveitaram a disponibilidade da competição portuguesa, fornecendo-lhe assim um importante apoio financeiro.
Para 2014/15, e depois de toda a polémica em torno de Mário Figueiredo e da sua (‘des’)eleição, não há qualquer registo de apoios a nível de namingsponsor. “Não há grandes diferenças” pode-se afirmar após breves instantes. No entanto, não é bem assim: o desporto, mesmo o futebol, não passa ao lado da crise financeira e a Liga Portuguesa irá sofrer com a falta de apoios. Para se perceber o quão importante é um apoio a este nível (e não só, visto que também o secundário pecará pela falta de um main sponsor), basta revermos os casos dos escalões equiparados em Inglaterra (Barclays Premier League) e Itália (Serie A TIM), onde não faltam naming sponsors.
O futebol português continua num bom momento e a nova época promete, com a chegada de grandes nomes a equipas da primeira divisão. Sendo assim, o que levará as grandes empresas a afastarem-se da entidade? Toda a polémica em torno de Mário Figueiredo, sem margem para dúvidas. Primeiro eleito, depois ‘atacado’ e, por fim, destronado, chegou tão depressa quanto abandonou (e destruiu) o barco. Afinal, quem confiaria numa organização/evento cuja representação não se apresenta sólida e estável? Eu não.
Mário Figueiredo, a (infeliz) figura do verão Fonte: http://futebolportugal.clix.pt/
Serão estes os únicos problemas? Não, infelizmente não.
A falta de um naming sponsor e os problemas verificados nas eleições são mais do que suficientes para instaurar o caos em vésperas do começo da mais prestigiante prova futebolística disputada anualmente no país – mas infelizmente não são os únicos.
A SportTV e a Benfica TV, estações que transmitem a totalidade dos jogos do campeonato, afirmam não ter recebido quaisquer propostas vindas da RTP, da SIC ou da TVI por um jogo semanal. Assim, o futebol português encaminha-se para mais um ano em que muitos dos lares onde residem milhares de amantes do futebol não podem assistir a um único encontro.
Não existir uma única estação televisiva de sinal aberto que partilhe com centenas de milhares de pessoas e de casas um único encontro da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (pelo segundo ano consecutivo!) significa privar esses mesmos seguidores de uma noite de futebol. Essa noite, para muitos e muitas, afigurava-se como elo de ligação ao futebol e à cultura futebolística portuguesa.
Assim, dá-se um passo atrás e o futebol português fica mais pobre. Perde espectadores, perde elos de ligação, perde parte da festa. Não há presidente, a estrutura económica é duvidosa e, agora, todos aqueles que ainda assim acreditavam vêem-se forçados a esforços impensáveis caso queiram prolongar esta longa relação de paixão. Caso contrário, chegarão ao final dos 90 minutos derrotados.
Esta sexta feira começa o campeonato nacional da I Liga. O FC Porto-Marítimo dará o pontapé de saída para um campeonato envolto em polémica, em virtude das dificuldades vividas pelo organizador da competição, a Liga. Apesar das dúvidas em torno da prova, o Estádio do Dragão funcionará como ponto de partida para uma maratona de 34 jornadas que consagrará em maio o novo campeão nacional. O Bola na Rede traz-lhe agora o último de três artigos de antevisão ao campeonato português. No que à luta pelo título diz respeito, são três as equipas que apontamos como tendo por principal objetivo a conquista do título nacional: SL Benfica, Sporting CP e FC Porto.
SL Benfica
A época memorável da equipa encarnada, com a conquista de campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e a presença na final da Liga Europa, teve efeitos que desde o último jogo da temporada pareciam inevitáveis. Com o “triplete”, a equipa da Luz viu-se praticamente “obrigada” a desfazer-se de algumas das suas jóias da coroa, como foram os casos de Oblak, vendido ao Atlético de Madrid; Garay, vendido ao Zenit; Siqueira, que foi para o Atlético de Madrid; André Gomes e Rodrigo, que rumaram até Valência; e Markovic, que foi transferido para o Liverpool. Com a sangria no plantel benfiquista, surgiram as críticas à direcção e sobretudo ao presidente Luís Filipe Vieira, que em entrevista ao canal do clube acabou por admitir que o Benfica não tinha outra opção senão vender parte dos seus melhores ativos para cumprir as exigências financeiras do clube. A perda de titulares indiscutíveis da época passada pode ainda não ter acabado, pois nas duas semanas que ainda faltam para o fim da janela de mercado é muito provável que Enzo Pérez acabe por sair para Valência (a transferência está presa pela compra do clube por Peter Lim) e que Nico Gaitán ainda possa ser transferido para o Mónaco de Leonardo Jardim. A diminuição de peças influentes na estrutura do campeão nacional obrigou o Benfica a ir ao mercado, tendo trazido para a Luz jogadores como Eliseu (Ex-Málaga), Anderson Talisca (ex-Bahia), Derley (ex-Marítimo) e Bebé (ex-Manchester United). A vitória e a boa exibição na Supertaça diminuiram as críticas à equipa, que com o triunfo nas grandes penalidades frente ao Rio Ave conseguiu de certa forma apagar as 6 derrotas em 8 jogos na pré-temporada. Do plantel da última época, destaca-se a manutenção de jogadores como Maxi, Luisão, Jardel, R. Amorim, Salvio e Lima. No caso de o clube conseguir segurar Enzo e Gaitán, este conjunto de jogadores pode formar, apesar de todas as saídas, um onze muito forte e que poderá perfeitamente ganhar o título.
Sporting CP
A pouca distância da estreia no campeonato, o reino do leão vive momentos de grande instabilidade. Os problemas disciplinares com Marcos Rojo e Islam Slimani, que se recusaram a treinar e por isso estão sob alçada do clube, fizeram com que a equipa agora comandada por Marco Silva não esteja na melhor situação para arrancar o campeonato, no próximo sábado, em Coimbra. De facto, a pré-temporada do Sporting veio a cair de qualidade à medida que os jogos se foram disputando. Depois da conquista do troféu dos Açores, da Taça de Honra após vitória frente ao Benfica e da conquista do Troféu Cinco Violinos frente à Lazio, a equipa leonina não foi além de um empate no Egipto frente ao Al-Ittihad, numa viagem onde Shikabala acabou por ficar retido no seu país de origem. Depois desse incidente, os leões participaram no Troféu Teresa Herrera, onde não foram além de um terceiro lugar, depois da derrota por 2-0 frente ao Sporting Gijón da 2ª Divisão Espanhola. Os maus resultados, as exibições pouco satisfatórias e as questões disciplinares de Rojo e Slimani são a última imagem que os adeptos recordam de uma pré-época sportinguista em que não se previam, no seu início, os problemas que por esta altura reinam em Alvalade. Quanto ao plantel, ainda nenhum jogador do núcleo duro de Leonardo Jardim da última temporada saiu, embora Rojo e Slimani estejam agora mais perto de abandonarem o vice-campeão nacional. Ainda assim, a compra de jogadores como Paulo Oliveira ao Vit. Guimarães, de Naby Sarr ao Lyon, de Jonathan Silva ao Estudiantes, de Oriol Rosell ao Kansas City e de Tanaka ao Kashiwa Reysol fazem do Sporting um plantel com mais opções para atacar esta época, que trará os leões de volta à Liga dos Campeões. Ainda assim, o plantel sportinguista parece continuar mais fraco do que o dos seus dois rivais diretos, e só a manutenção de Rojo e Slimani, acompanhada da presença de elementos fundamentais como Jefferson, Adrien, André Martins, Carrillo e Capel poderão levar o Sporting a nova temporada positiva.
FC Porto
A revolução prometida por Pinto da Costa no início da temporada acabou por se cumprir. Depois de uma época de pesadelo no reino azul e branco, sem nenhum título conquistado para além da Supertaça, os portistas operaram uma verdadeira transformação na sua equipa para a temporada que agora se inicia. A aposta em Julen Lopetegui, treinador com currículo nas seleções jovens espanholas mas sem qualquer experiência a nível de clubes de topo do futebol europeu, pareceu arriscada para grande parte do universo portista, que esperava por um treinador com mais experiência europeia. Ainda assim, rapidamente os sinais de desconfiança para com Lopetegui desapareceram quando se conheceram os reforços para a nova época: Andrés Fernández, Martins Indi, Casemiro, Brahimi, Óliver, Tello e Adrián López são os nomes maiores entre as novas caras do plantel portista. Apesar das saídas de Mangala, Fernando, Defour e Varela, a estrutura portista reforçou-se em qualidade e quantidade no mercado, sendo que as treze entradas até ao momento podem não ficar por aqui, dado que é provável que até 1 de setembro os portistas ainda possam apresentar mais um ou dois reforços para fazer crescer a qualidade e competitividade do plantel portista. O jogo com o St. Étienne foi a exceção numa pré-temporada que demonstrou excelentes pormenores da equipa portista, com Rúben Neves (jogador de 17 anos que atuava nos juniores na época passada), Brahimi, Herrera, Oliver e Jackson Martinez a destacarem-se nas últimas partidas. Para a nova época, os adeptos portistas esperam um novo FC Porto que seja capaz de regressar às vitórias e aos títulos. O play–off de acesso à fase de grupos da Champions, disputado a 20 e 26 de agosto frente ao Lille, poderá ser fundamental para atestar a capacidade da equipa de Lopetegui.
Foi no Nuevo Gasómetro, em Buenos Aires, que na última noite se voltou a escrever uma página dourada da história de um dos clubes mais apaixonantes da América do Sul. Depois do empate a 1 em casa do Club Nacional Assunción, do Paraguai, na primeira mão da final da mais importante competição de clubes da América, o San Lorenzo confirmou o seu favoritismo e bateu em casa o conjunto paraguaio por 1-0, conquistando, pela primeira vez, a Taça Libertadores da América.
Como não podia deixar de ser, os adeptos da equipa azul grená deram mais um exemplo daquilo que é o verdadeiro espectáculo de futebol: colorido, apaixonado e com doses desmesuradas de uma loucura saudável. Tudo em prol de um só objectivo: a conquista da história. Empurraram a equipa e a equipa deu-lhes a maior das alegrias. Como?
Esquema táctico das equipas no jogo da 2ª mão da final Fonte: soccerway.com
Ao contrário do que era expectável, não foi o San Lorenzo que entrou mais forte na partida. O conjunto paraguaio, sempre muito organizado, surpreendeu a equipa argentina e podia ter inaugurado o marcador logo na madrugada do jogo, se o remate de Derlis Orué não tivesse embatido caprichosamente no poste. Ao contrário do que evidencia a figura, o San Lorenzo dispôs-se de forma mais próxima de um 4-2-3-1, com Romagnoli como nº 10, Cauteruccio a partir da esquerda (no lugar do recentemente transferido Piatti) e Matos a surgir na posição ‘9’. De todo em todo, o maior dos problemas estava atrás: a dupla de centrais Cetto e Gentiletti evidenciou uma ‘tremideira’ jamais vista e o duplo pivot composto por Mercier e Ortigoza, na tentativa de proteger o eixo central, recuava em demasia, abrindo brechas e possibilitando que os jogadores paraguaios aplicassem, por mais do que uma vez, a meia distância.
De facto, a equipa do Nacional apresentou-se sempre muito compacta e organizada, segura de si (ao contrário do que apresentou na primeira mão), dando poucos espaços e controlando as unidades mais perigosas do San Lorenzo – excepção, talvez, a Romagnoli, que teve sempre o condão de se libertar e tomar as melhores decisões. Um conjunto que se pauta por processos ofensivos simples, muitas vezes através de jogo directo, e que tem em Juilán Benitez um jogador com características muito interessantes – rápido, objectivo e com qualidade técnica – em Mendoza um defesa sólido e em Brian Montenegro (apenas entrou na 2ª parte) um elemento com potencial. Se estes elogios me parecem merecidos, já a palavra a Ramón Coronel só poderá ser negativa – o defesa direito da equipa paraguaia cometeu um penalty infantil à passagem do minuto 35 e foi isso que permitiu a Ortigoza fazer avançar o San Lorenzo rumo à conquista do ceptro.
Ortigoza, de penalty, assinou o tento da noite Fonte: jornaldebrasilia.com.br
A partir de então, o jogo foi mudando gradualmente: o San Lorenzo tentou assentar mais o seu futebol (ainda que longe das exibições que chegou a rubricar em eliminatórias anteriores) e o Nacional foi perdendo a crença nas suas acções e no atingir do seu propósito. As excepções, aqui e ali, eram as incursões de Benitez (sobretudo pela esquerda) como aconteceu ao minuto 44 – remate em jeito que não deu golo por centímetros – e as tentativas, sempre infrutíferas, de aplicar a meia distância. Mesmo com um jogo menos largo e profundo do que o habitual – Cauteruccio não é Piatti e a asa direita esteve longe do fulgor de outras partidas –, o San Lorenzo soube controlar a partida muito graças à acção de Romagnoli. O argentino – lento, é certo – é o playmaker da equipa, joga e faz jogar, raramente tomando uma má decisão. Foi ele que agarrou na equipa, vulgarizou a impossibilidade da omnipresença e trouxe o San Lorenzo para um nível mais próximo dos padrões habituais. Ainda que não imune ao sofrimento, como ao minuto 78 – explorando o futebol directo, o Nacional teve a melhor das oportunidades para igualar o jogo, algo que só não aconteceu porque o remate de Bareiro encontrou a (milagrosa) perna de Gentiletti.
Até ao seu desenlace, ainda que vivo e intenso, o jogo não ofereceu mais situações de iminência de golo, sobretudo porque a ansiedade e o nervosismo tomaram conta das acções de ambas as equipas (mais da paraguaia), e também porque o San Lorenzo, apesar de tudo, soube ter mais discernimento e capacidade de gestão da bola e dos tempos de jogo. A consagração colectiva estava cada vez mais próxima mas haveria ainda lugar à consagração individual: ao minuto 88, Romagnoli foi substituído por Kannemann, com todo o estádio de pé a reverenciar Pipi e com o pequeno astro ex-Sporting a não controlar as lágrimas. Um momento que espelha a forma intensa como o San Lorenzo é vivido, num verdadeiro espectáculo da essência do jogo.
Pipi Romagnoli foi a maior figura da partida Fonte: Yahoo.com
O apito final do árbitro Sandro Ricci foi apenas o catalisador da implosão do Novo Gasómetro. Numa noite gélida na capital argentina, novos, velhos, gordos, magros, com e sem frio… todos festejaram, todos cantaram, (quase) todos choraram, todos eles imbuídos do mesmo espírito e do mesmo sentimento de pertença a uma causa e a um clube tão especiais. Um clube que, tão grande que é, se tornou agora ainda maior.
O TRAJECTO
O trajecto do San Lorenzo até à vitória final na Libertadores terá de ser, obrigatoriamente, dividido em duas fases. Enquadrada no Grupo 2, junto de Botafogo (Brasil), Unión Española (Chile) e Independiente del Valle (Equador), a equipa argentina sofreu para passar, apenas o fazendo em 2º lugar, fruto de duas vitórias, dois empates e duas derrotas – somando, por isso, 8 pontos. A partir de então, e entrando na fase do ‘mata-mata’, a equipa demonstrou outra capacidade.
Os oitavos-de-final trouxeram-lhe o primeiro dos testes de fogo, diante do Grémio de Porto Alegre (Brasil). Dois jogos muito equilibrados, com vitórias tangenciais de cada uma das equipas (1-0), levou a que a passagem à fase seguinte fosse decidida através de grandes penalidades – aí, o San Lorenzo foi mais competente, convertendo quatro e vencendo por 4-2. A etapa seguinte prometia ser ainda mais complicada; o adversário era o Cruzeiro, a melhor equipa brasileira da actualidade. Com um golo do central Gentiletti, os argentinos venceram, em casa, por 1-0, resultado interessante mas curto. A 2ª mão, em Belo Horizonte, foi, todavia, a maior prova da fibra e consistência desta equipa argentina: entrou muito forte no jogo e marcou cedo por Piatti, numa belíssima jogada colectiva. Depois disso soube ser uma verdadeira equipa: coesa, organizada e agressiva, criando muito perigo nas transições ofensivas (sobretudo pelo lado direito). Nem mesmo o golo do Cruzeiro e a expulsão de Romagnoli num espaço de cinco minutos deitaram por terra o sonho da equipa (tão bem) comandada por Edgardo Bauza. Neste sentido, eliminar o Cruzeiro foi a assunção da candidatura ao título, plenamente confirmada na eliminatória diante do Bolívar (Bolivia) – numa exibição irrepreensível, o San Lorenzo derrotou a equipa boliviana por 5-0 (!) em casa, dando-se ao luxo, na 2ª mão, de jogar de forma tranquila e, até, de perder (1-0 foi o resultado).
A festa dos argentinos depois do desempate por grandes penalidades frente ao Grémio Fonte: zimbio.com
A EQUIPA
Vencedora do Torneio Apertura em 2013/2014 pela mão de Juan Antonio Pizzi (imediatamente antes de sair para o Valência), Edgardo Bauza tomou as rédeas da equipa e levou-a à mais importante conquista da sua história. Não será difícil destacar as figuras individuais que fizeram desta uma equipa maior; todavia, o San Lorenzo é também a prova de que o conjunto é superior à soma das individualidades.
De facto, Bauza ficou, em variados momentos, privado de vários elementos: a dupla de centrais teve quase sempre Gentiletti mas o seu parceiro foi alternando entre Carlos Valdés (colombiano que esteve presente no Mundial mas que teve de regressar ao clube de origem, Philadelphia Union), Cetto (jogou a 2ª mão da final mas esteve lesionado durante bastante tempo) e Fontanini; Ángel Correa, jovem médio de 19 anos, foi um dos pilares da equipa na fase inicial da campanha mas acabou por sair antes da meia-final para o Atlético de Madrid; e, por fim, Ignazio Piatti, titular indiscutível no lado esquerdo do ataque, e que, por ter sido vendido ao Monreal Impact, acabou por falhar o jogo decisivo. Mesmo com todas estas contrariedades em elementos importantes do plantel, Bauza montou um conjunto muito sólido e organizado, com uma grande quantidade de elementos experientes e com as pitadas certas de irreverência no jogo.
Edgardo Bauza venceu pela segunda vez a Taça Libertadores Fonte: am950belgrano.com
Ao longo da competição, o San Lorenzo dispôs-se, como nos dois jogos da final, quase sempre em 4-2-3-1. A equipa raramente se desposiciona e assenta num duplo pivot muito interessante: Ortigoza e Mercier, jogadores experientes, ocupam muitíssimo bem os espaços, têm pulmão e intensidade, e equilibram a equipa, permitindo aos dois laterais (Buffarini pela direita e Más pela esquerda) subirem no terreno com grande à-vontade – o primeiro, aliás, destaca-se pela fibra e energia que coloca no jogo, é veloz, agressivo, com grande capacidade técnica e de cruzamento. Para além de tudo mais, combina perfeitamente com Villalba: o ‘miúdo’ do San Lorenzo (19 anos) tem recursos técnicos infindáveis, um poder de explosão assombroso e é o homem certo para desmantelar defesas mais profundas, através do um para um; quando maturar e melhorar os índices de tomada de decisão, só continuará na Argentina se não houver companhias aéreas na América do Sul. No último terço do terreno emergiram ainda Romagnoli e Correa: o primeiro, que todos nós conhecemos, mantém as qualidades técnicas intactas e é hoje um jogador mais refinado; Correa é, a par de Villalba, o projecto de jogador mais interessante – o ‘Atleti’ não perdeu tempo e assegurou este jovem muito móvel e oportuno, que pode actuar como nº 10 ou como segundo avançado. Por último, uma referência a Matos – o nº 26 do San Lorenzo não é um ponta-de-lança exuberante; todavia, tem uma enorme qualidade de movimento (sabe abrir espaços para os companheiros), segura a bola e tem índices de finalização interessantes. A menção final cabe a Edgardo Bauza: depois de vencer a competição em 2008 pela LDU de Quito, este técnico argentino construiu uma equipa muito interessante do ponto de vista da organização – europeia, num certo sentido – e que não padece de alguns vícios típicos da equipa sul-americana, como a lentidão, a falta de agressividade e a velocidade. Pelo contrário, a equipa do San Lorenzo, ao longo desta caminhada, surpreendeu muitos dos seus adversários pela forma rápida e imprevisível como no último terço decidia e definia as jogadas. Uma boa ideia de jogo consolidada e corporizada por várias individualidades interessantes. No fim? Eles são loucos da cabeça e são os campeões dos campeões!
Estamos na véspera do início de mais um campeonato nacional e toda a nação portista, após o desempenho considerável do novo plantel do FC Porto e de Lopetegui, anseia por ver estes “guerreiros” e este treinador nas competições oficiais. As expectativas são elevadas! Estamos todos esperançados de que esta seja uma época memorável para o Porto e de que tenhamos a oportunidade de apreciar o invencível Porto de outrora, que parece adormecido nas últimas épocas. Por conseguinte, será apresentada uma análise individual dos jogadores do plantel azul e branco, bem como os aspetos técnicos e táticos mais relevantes.
É notório e indiscutível que toda a equipa principal foi alvo de grandes mudanças (quase inéditas) no que concerne ao tipo de contratação. As alterações são visíveis nas demais posições e, em todas estas, os novos contratados são jogadores de grande qualidade.
Iniciando pela baliza, encontramos “os sobreviventes” da última temporada: Fabiano e a Helton. Para além destes, Ricardo, que grandes épocas fez pela Académica, foi um dos dois reforços para esta posição. No entanto, ainda que seja um bom guarda-redes, poderá ser emprestado a outra equipa, uma vez que também não terá lugar na equipa B, já que a baliza está ocupada por Kadu (que merece a oportunidade de mostrar o seu potencial e o porquê de aos 16 já ter jogado pela seleção A Angola). Andrés Fernández, um guarda-redes espanhol, foi o último reforço para a baliza, sendo este o principal motivo que leva Ricardo a ficar de fora. No que diz respeito a Andrés, a sua contratação deveu-se principalmente à sua agilidade/rapidez e um muito razoável jogo de pés (mais à frente explicarei esta real necessidade), que foi evidente neste último teste de pré-época. Ainda neste jogo, usando linguagem de futsal, foi também responsável pela fantástica “mancha” num lance de enorme perigo. Este guarda-redes provém do Osasuna e foi muitas vezes responsável por defesas que, ainda que não impedissem a descida de divisão do clube, evitaram o aumento do marcador da equipa adversária. Por todas estas razões, crê-se que será ele o “dono da baliza” na maior parte dos jogos da temporada.
Andrés Fernández tem melhor jogo de pés do que Fabiano. Será o titular? Fonte: O Jogo
Na defesa, as laterais estão “apetrechadas” com dois grandes e intocáveis jogadores brasileiros, Danilo e Alex Sandro. Sem dúvida que uma das grandes falhas da última época foi a ausência de soluções para as laterais. Fucile, por motivos extra-futebol, não era opção, e na equipa B não havia qualidade suficiente para uma alternativa viável. Ricardo, um jovem extremo, foi quem muitas vezes fez essas duas posições. Opare é uma promessa do futebol mundial que tarda a assumir-se como uma “certeza”. (trabalhou com Lopetegui na equipa B do Real Madrid e mais tarde acabou vendido ao Standard de Liége). José Ángel, um lateral-esquerdo de grande qualidade, que grandes épocas fez ao serviço de Espanhol, Roma e Real Sociedade. Todavia, ainda que Opare e Ángel sejam bons reforços, será difícil (ou quase impossível) que sejam opção principal de Lopetegui, substituindo a dupla brasileira.
No que diz respeito ao centro existe um conjunto vasto de opções; no entanto, nem todas estas têm lugar na equipa principal – começando por Igor, um jovem chileno que despertou atenção do clube no torneio de Toulon mas que certamente irá jogar na equipa B; Maicon, um central muito seguro que normalmente não corre riscos em situações difíceis; Reyes, um jovem mexicano que ainda tem de amadurecer taticamente; Bruno Martins Indi, o luso-holandês que acaba de fazer um enorme Mundial e que será o substituto natural (também pelas características físicas) de Mangala. Por último, o mais recente reforço, Marcano, um espanhol que esteve emprestado ao Olympiacos pelo Rubin Kazan na última temporada e que seguramente será o quarto central do plantel.
Opare será a alternativa a Danilo ao longo da época Fonte: fcporto.pt
No meio-campo, assistimos à saída de Fernando, “o polvo”, um pilar do clube nos últimos anos, e à chegada de Casemiro, que outrora foi contratado por Mourinho ao serviço do Real Madrid. Fazendo uma análise comparativa entre estes dois, verificamos que Casemiro difere de Fernando na posição que ocupa em campo, sendo mais um 8 do que um 6. Casemiro poderá ser médio defensivo, assumindo também a função de construtor de jogo, diferenciando-se de Fernando, que era um “corta-bolas”. Rúben Neves é um caso de sucesso da formação azul e branca que muito tem dado que falar à imprensa. No entanto, apesar dos seus 17 anos, e seguindo o percurso de Lopetegui no passado, este jogador poderá ser uma aposta do treinador para o onze inicial (pelo menos numa fase inicial). As suas qualidades são evidentes, possuindo uma excelente interpretação do jogo, um ótimo passe e grande poder de decisão em situações de “perigo”. Para além disso, podemos estar perante um jogador “à Porto”. Herrera, o craque mexicano que tardava em voltar à forma que mostrou durante os JO2012 e ao serviço do Pachuca, foi uma das revelações do último Mundial, podendo ser considerado, a par de James, um dos melhores médios do torneio. Quintero, uma jovem estrela colombiana, terá à sua espera um ano de afirmação no futebol europeu. Certamente, todos esperam que ele esteja em lances decisivos, como tantas vezes ao serviço da seleção. Óliver é “um amigo” e fiel selecionado de Lopetegui nas seleções jovens espanholas e, como Quintero, demonstra uma enorme maturidade para a sua idade – poderá ser um 10 com muito futuro. Evandro e Carlos Eduardo, os ex-Estoril., também podem ser opção em vários momentos da temporada. Ainda que exista um conjunto de jogadores com grandes aptidões, daquilo que se analisou da pré-época, inicialmente o meio-campo será entregue a Rúben/Casemiro, Herrera e Ólivier.
Por último, na frente, o FC Porto reforçou-se de forma extraordinária (comparando com aquilo a que nos tem habituado)! Jogadores como Adrián, Tello e Brahimi fazem parte do novo plantel azul e branco e os adeptos têm grandes expectativas para o seu despenho em campo, esperando, naturalmente, muitos e grandes golos! Começando por Ádrian, este jogador pode ser comparado a Villa; todavia, marca menos golos. Ádrian teve um excelente percurso nas seleções jovens espanholas, tendo passado pelo Corunha e pelo Atlético de Madrid. Num sistema 4-4-2 poderá jogar como avançado, enquanto num sistema do Porto 4-3-3 deverá jogar numa das alas, aparecendo frequentemente em zonas de finalização. Cristián Tello é um “miúdo-maravilha” da escola do Barcelona que tem como principais “armas” a grande velocidade, a eficácia no 1×1 e, tal como Ádrian, a facilidade com que descai das alas para dentro para finalizar. Jackson Martinez dispensa qualquer apresentação. Foi o melhor marcador nas duas últimas edições do campeonato português. Apenas referir que é o novo capitão de equipa.
Tello será dragão por dois anos Fonte: A Bola
Kelvin, a eterna promessa, a “mascote” do clube, será eternamente lembrado no museu. Porém, é pouco provável que tenha muitas oportunidades durante a temporada, assim como Ricardo, o jovem polivalente internacional sub-21. Sami veio também reforçar o ataque, fazendo uma bela temporada ao serviço do Marítimo mas existem dúvidas quanto à sua permanência no plantel. Um outro reforço, Brahimi, o “mágico das fintas argelino”, jogou no Granada na última temporada, sendo considerado o melhor “driblador” da liga espanhola, com uma estatística de 5,1 fintas por jogo! Em campo, Brahimi poderá jogar ou como extremo ou como número 10. Destaca-se ainda pela grande velocidade de execução no 1×1, bem como por uma grande qualidade no transporte da bola para zonas ofensivas (no Mundial foi uma das principais figuras da Argélia). Para terminar esta “receita” para o sucesso no ataque, não podia faltar o “Harry Potter” e também novo capitão de equipa, Ricardo Quaresma!
No que concerne a outros jogadores, a entrada de um novo médio e de um ponta-de-lança é há muito anunciada A saída de Defour para o Anderlecht é mais uma prova de que um novo médio virá a caminho. Veremos o que acontece até dia 1 de Setembro (data do fecho do mercado de transferências em Portugal) para perceber que mais alterações irão surgir no plantel 2014/15.
Abordando agora o esquema técnico e táctico do jogo, o Porto de Lopetegui, em contraste com o Porto de Fonseca, vai voltar ao sistema tático que Pedroto introduziu: o 4-3-3 com um triângulo 1-2, dois extremos e um ponta-de-lança.
Relativamente à mudança de estratégias, segundo as ideias de Lopetegui, podemos concluir pelo que se observou até ao presente que o trinco será diferente dos últimos anos (com o Polvo, Fernando) para passar a ter um jogador como Casemiro/Rúben, que será mais um médio defensivo do que um trinco e que sabe construir jogo (após a saída do jogo pelos centrais, deverá passar por ele o início da construção do processo defesa-ataque). Nos extremos, em contraste com o que era regra nas últimas temporadas, em que existia um extremo aberto e um “falso extremo” que caía para dentro, Lopetegui apostou em dois extremos abertos que descaem para dentro e aparecem a finalizar e num ponta-de-lança. Nas outras duas posições do meio-campo, haverá um “puro” número 10, por quem passará todo o “desenho” do ataque. Para além disso, haverá um jogador que substitui o habitual box-to-box, jogando numa posição mais à frente na área de jogo, perto do 10. Este é responsável pelo transporte da bola para o ataque, e aparece também na zona de finalização (possivelmente Herrera).
Lopetegui trouxe novos métodos de trabalho para o Olival Fonte: VAVEL
Na defesa existem ainda algumas incógnitas. Será que os laterais vão ter a mesma liberdade ofensiva da última época? Ou será esta diminuída? Se Lopetegui mantiver o estilo de jogo praticado em Espanha/Barcelona, os laterais vão continuar muito ofensivos. Este estilo foi já praticado nos jogos da pré-época, jogando o Porto com uma defesa alta (os centrais em cima do meio-campo!), situação que poderá levar a lances de contra-ataque perigosos. Em relação aos centrais, parece que será o Bruno Martins Indi o companheiro de Maicon. Indi é um central forte e que sabe “sair a jogar”, um pouco à imagem do que fazia Mangala (mas talvez um pouco mais lento).
No que diz respeito à construção do jogo, a estratégia de Lopetegui baseia-se em muita posse e circulação rápida da bola, procurando sempre o “lado vazio” com desmarcações rápidas e transição em posse. No processo defensivo a equipa procura recuperar rápido a bola, em zonas avançadas do terreno com o trio da frente a fazer uma pressão grande e, seguidamente, sair em construção de posse. No entanto, neste atual sistema, devido à defesa alta, haverá a necessidade de o guarda-redes ser um pouco (à imagem de Neuer na seleção alemã) um 11º jogador de campo. Este terá como missão, muitas vezes, intercetar bolas longe da sua área de conforto. Destaca-se ainda o facto de, no momento de finalização, o Porto procurar ter seis homens na zona de ataque/finalização.
Concluindo, é notório que existiu um grande investimento no plantel portista e que muitos destes jogadores poderão vir a ser estrelas no mundo do futebol. São de facto desportistas de enorme qualidade e que têm levantado o ânimo e as expetativas dos adeptos do clube. Também Lopetegui, pelo seu método exigente e peculiar, tem motivado e alegrado a nação portista. Novo treinador, novos jogadores, novos pensamentos e técnicas de jogo: eis a “receita” para a nova época que está prestes a iniciar-se! A partir de amanhã, estes jogadores darão os primeiros passos no campeonato português e, não tardará, chegarão também as competições europeias. Apesar de um bom desempenho na pré-época, existe a dúvida sobre se este desempenho se manterá ao longo da temporada! Facto é que dificilmente se aproximará do sucedido na última época. Viva o FC Porto! Viva a nação portista!
Está a chegar aquela que se espera ser a Premier League mais competitiva dos últimos anos. Com contratações sonantes e planteis recheados de opções, os gigantes ingleses prometem uma época de nervos para os adeptos, com uma disputa até à última jornada. Entre os gigantes, um assume-se com maior responsabilidade: o Manchester City. Esta responsabilidade advém do facto de serem os detentores do titulo e da necessidade de conquistas para os manter no topo do futebol inglês. Plantel com qualidade para tal não falta. O que poderá então atrapalhar o City nesta nova época?
Assim como aconteceu com o Chelsea desde o início da era de Abramovich, a necessidade de se afirmar no plano europeu tornou-se uma obsessão e eu acho que isso pode vir a afectar a cabeça do azuis de Manchester. Ao fim de 51 anos conquistaram dois títulos da Liga Inglesa e contam com um plantel cheio de estrelas. Mas será que isso chega? Não começará a subir à cabeça dos jogadores a vontade de erguer o “caneco” da Liga dos Campeões? O City assumiu-se como “grande” inglês depois um longo período de jejum. A meu ver, penso que poderá começar a criar-se uma necessidade, grande, de vencer um troféu a nível europeu. E esse é o grande obstáculo dos citizens para esta época. Não é só o corpo que joga, e as pressões internas do clube assumem-se cada vez mais como factores decisivos no desempenho desportivo de um jogador.
Este City está praticamente igual ao da época passada. Reforçou o meio-campo, com Lampard e Fernando; viu o sector mais recuado a receber Sagna e um dos centrais mais promissores da actualidade, Mangala e adquiriu Caballero. As saídas? Rodwell e, provavelmente, Javi Garcia. Uma equipa com poucas mexidas, mantendo a base e o treinador. Tudo o que se quer para manter a tranquilidade e o espirito de vitória numa equipa. Começando pela baliza, temos Joe Hart – o guarda-redes inglês é um dos melhores e estará certamente preparado para defrontar os grandes artilheiros da Liga. Como alternativas, temos as “luvas da experiência”: Caballero e Richard Wright. Boas soluções e boas vozes de balneário.
Joe Hart deverá manter a titularidade na baliza Fonte: thefa.com
No centro da defesa temos três grandes promessas: Boyata, Mangala e Nastasic. Dos três, destaco Mangala pelo impressionante poder de salto e de finalização. É um central goleador e que promete vir a impor-se entre os melhores do mundo. Depois, há Demichelis e Kompany. Demichelis é pupilo de Pellegrini desde os tempos do Málaga e esta relação de conhecimento mútuo é muito benéfica, apesar de alguns momentos menos bons do argentino na época passada. A outra grande voz é a do capitão Kompany, um dos melhores na sua posição, um central cheio de garra, que está a cumprir a sétima época no clube e é imprescindível na equipa.
Nas alas temos grandes e bons nomes: Sagna, Richards, Clichy, Zabaleta e Kolarov. As laterais estão recheadas de opções. E que boas opções! Laterais experientes, rápidos e que cruzam bem sem negligenciar o sector mais recuado. Cinco grandes laterais para apoiar os extremos no ataque e para anularem os extremos da equipa oposta.
Passamos ao meio-campo e rebenta tudo. Tanta solução, tanta qualidade, tanta técnica! Fernandinho, contratação da época passada que se afirmou como um bom motor de jogo, tem mais uma época para mostrar que não foi apenas fogo-de-vista. O brasileiro apresenta uma grande qualidade de passe e grande visão de jogo, que fazem dele uma mais-valia. Por falar em mais-valia, o City tem, a meu ver, o melhor médio da actualidade: Yaya Touré. O costa-marfinense tem um excelente pontapé, grande qualidade de passe e uma grande estrutura, o que faz com que se imponha a qualquer adversário. Espero mais uma grande época do experiente médio. Mas isto não acaba aqui. Temos ainda David Silva, o espanhol que recentemente renovou com o City até 2018 e que é um dos melhores do mundo, um verdadeiro craque. Além da qualidade técnica, a polivalência – tanto pode actuar nas extremidades do campo como no interior do terreno de jogo – é uma das suas grandes virtudes.
Outro grande nome é Lampard. Ninguém esperava, certamente, esta mudança do histórico do Chelsea para um dos seus rivais, mas a verdade é que aconteceu. Não esquecer ainda dois jogadores que, assim como David Silva, oferecem soluções tanto nas laterais como no interior do terreno: Milner, um puro e duro jogador inglês, e Nasri, que está farto de ser relegado para o banco e vai certamente intrometer-se na luta pela titularidade. Por último, temos Fernando. O médio brasileiro contratado ao Porto neste defeso é o escolhido pelo treinador chileno para colmatar a provável saída de Javi Garcia e o reforço do sector mais recuado do meio-campo. Fernando esteve muito bem ao serviço do Porto nas últimas épocas, oferecendo solidez defensiva e qualidade de passe.
Yaya Touré é um dos melhores – senão o melhor – médios do mundo Fonte: blogs.voanews.com
Chegamos ao sector mais avançado do terreno e o que temos? Uma panóplia de estrelas. Começemos por Agüero. O argentino pode actuar nas alas ou como ponta-de-lança. É um finalizador e um desequilibrador nato. É um jogador decisivo em qualquer equipa e isso viu-se na última época, quando o argentino esteve lesionado e o City quase viu escapar o titulo para o Liverpool. Há ainda Dzeko e Negredo, dois artilheiros natos. O bósnio é mais senhor da casa, mas Negredo conseguiu conquistar o seu espaço, com 23 golos em 49 jogos na temporada transacta. Mais um espanhol para jogar nas laterais: Jesus Navas. A velocidade e a qualidade de passe e cruzamento do internacional espanhol não passaram despercebidas na última época e certamente vai ter muito peso nesta. Por último temos Jovetic, o montenegrino que infelizmente não teve grandes possibilidades de mostrar os seus dotes na época passada. Com apenas 24 anos continua a ser uma grande esperança. Esperemos que conquiste o seu espaço na equipa e que não fique apenas por aí, por uma “esperança”…
O campeão inglês tem um grande plantel. E espero uma grande época dos citizens tanto a nível interno como nas competições europeias. A verdade é que no primeiro teste oficial desiludiu, acabando derrotado pelo Arsenal por 3-0. Mas jogos não são jogos e vamos esperar para ver o que o campeão inglês tem para nos oferecer nesta nova época que se avizinha. Espero um City a lutar pelo campeonato e a fazer uma boa campanha europeia. Só espero que a dada altura não fiquem hipnotizados pela Liga dos Campeões.