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Liverpool: 24 anos depois

O Liverpool está, na minha opinião, em 2014/15 mais perto do que nunca de ganhar pela primeira vez a Premier League no seu actual formato. Suárez saiu, mas chegaram mais opções para o conjunto de Brendan Rodgers.

Começando pela baliza: Mignolet. O belga é dos melhores guarda-redes a actuar em Inglaterra e isso foi provado na época passada. Depois de grandes temporadas ao serviço do Sunderland, chegou ao Liverpool e não desiludiu. Transmite uma segurança à equipa que creio que Pepe Reina nunca chegou a transmitir. É um guarda-redes seguro e muito low profile.

No centro da defesa havia Skrtel, Sakho, Kolo Touré e Agger. Olhando para os nomes esta parece ser uma muralha, mas na prática não o é. Sakho chegou com vários problemas físicos e falhou vários jogos em 2013/14, mas tem tudo para explodir definitivamente nesta nova época. Kolo Touré foi demasiado mau; erros infantis e inconcebíveis para alguém com a carreira e experiência do costa-marfinense. Já o dinamarquês Agger viveu também parte da época lesionado e não manteve o seu nível de jogo e a sua veia goleadora. Skrtel, esse sim, apresentou um excelente aproveitamento no ataque, com sete golos marcados. Foi, sem dúvida, o melhor central. Se todos estes centrais estivessem na sua plena forma, como já disse, constituiriam uma das melhores defesas no mundo, mas creio que a sua irregularidade é algo preocupante, e daí o Liverpool ter ido ao mercado buscar Lovren – um dos vários nomes do Southampton que chegaram a Anfield -, que é muito forte no jogo aéreo, causa muito perigo em lances de bola parada e certamente será titular indiscutível.

Nas laterais há ainda um problema por resolver. Glen Johnson não teve uma época muito boa e fez também um Mundial para esquecer. O titular na direita deve ser mesmo o jovem Flanagan, que jogou a última época encostado à esquerda, abrindo espaço para o regresso de José Enrique, ou para uma mais do que possível contratação de Moreno, do Sevilla. Seja como for, acho que a defesa, ainda assim, será o elo mais fraco desta equipa.

Chegamos ao meio-campo e vemos muitas mais opções do que no ano passado. Começando pelo sector mais recuado do miolo, Lucas Leiva está de regresso, depois de quase um ano de paragem; Gerrard tem descido no terreno de ano para ano e o que é incrível é que parece que está cada vez melhor e com um remate cada vez mais potente – esta pode muito bem ser a última época do mítico ‘8’ do Liverpool. Avançamos e temos Jordan Henderson, que está numa forma absolutamente fantástica: parece que não se cansa e corre sempre os 90 minutos sem qualquer dificuldade. Tem demonstrado também ser muito bom a aparecer em zonas de finalização. Joe Allen continuará a ser um bom substituto quer para a zona de médio defensivo, quer para médio centro. A tudo isto, o Liverpool juntou ainda a força bruta de Emre Can. Depois de uma temporada soberba no Bayer Leverkusen, o Liverpool gastou cerca de 12,5M€ no jogador formado no Bayern München, e fez muito bem. Alia a força da técnica à técnica da força e creio que pode muito bem vir a ser titular na equipa de Brendan Rodgers.

Emre vem dar muito músculo ao meio campo dos reds Foto: Liverpool FC
Emre vem dar muito músculo ao meio campo dos reds
Foto: Liverpool FC

Quem também chegou esta época foi Lallana. O inglês é mais um vindo do Southampton. Dono de uma técnica, velocidade e precisão de remate ao alcance de poucos, viu premiada assim a sua excelente época ao serviço dos Saints, com uma transferência muito lucrativa para o clube de Liverpool. Para Coutinho creio que já não há palavras. Um prodígio. Tanta falta fez no Brasil este Mundial… É dos melhores ’10’ a jogar em Inglaterra, e depois da pré-época que fez tem tudo para se afirmar como um dos melhores da próxima época. Chegamos às alas e temos Sterling, que, para mim, é o jogador que actualmente mais se parece com Messi. Não falo em qualidade no seu todo, mas no seu estilo de jogo. A sua estatura, o seu drible com a bola colada ao pé, os piques com as mudanças de velocidade, os remates certeiros e os passes milimétricos fazem dele uma das maiores promessas a nível mundial. Depois de se ter afirmado como titular e peça fundamental no esquema do Liverpool, pede-se a Sterling que mantenha o seu nível de jogo, mas o mais provável é que continue a melhorar de treino para treino e de jogo para jogo. Do outro lado, quem pode aparecer é o ex-Benfica Lazar Markovic. Depois de uma temporada ao mais alto nível e recheada de títulos, o jovem sérvio mudou-se para Inglaterra por 25M€. Não se podia ter mudado para sítio melhor. O ataque contínuo e a pressão infernal do Liverpool servirão para que Marko continue a melhorar o seu jogo e para que continue a sua evolução como excelente jogador de futebol que é.

Para o centro do ataque há Sturridge. O inglês foi o segundo melhor marcador da época passada e é a minha aposta para ser o melhor na presente época. Velocidade, explosão, técnica, remate, irreverência… todos estes factores contribuem para que Sturridge possa vir a ser o melhor dos melhores em Inglaterra. Depois de uma pré-época mais do que boa, a tripla Coutinho-Sterling-Sturridge vai dar muito que falar. Do Southampton chegou também Rickie Lambert. Não é nenhum jovem, mas é um excelente avançado com um instinto matador que poucos têm. Produto das escolas do Liverpool, chega ao clube com 32 anos e com muita experiência em colocar a bola no fundo das redes.

Uma dança que se vai repetir muitas vezes este ano Fonte: lovethatmag.com
Uma dança que se vai repetir muitas vezes este ano
Fonte: lovethatmag.com

Mas creio que o principal trunfo do Liverpool está no banco. Não falo só de Brendan Rodgers, que é um dos melhores treinadores da actualidade e já o demonstrou na última época, mas sim da profundidade do plantel. O Liverpool vai ter um banco de luxo, algo que não tinha há largos anos, sobretudo no ano passado. Para além de jogadores que seriam habituais titulares em 90% das equipas do mundo, há ainda jovens a despertar, como é o caso do português Teixeira, que já jogou na época passada. Há ainda o também português Ilori, Jerome Sinclair, Adorján, Yesil, Ibe ou Borini.

Esta será uma Premier League de loucos, com várias equipas a disputar o primeiro lugar, mas a minha aposta pessoal recai neste Liverpool, que faz do trabalho de equipa a sua principal arma e que joga sempre um futebol demasiado apaixonante para dele não se gostar.

Volta a Portugal: O Bi da Galiza

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Cabec¦ºalho ciclismo

Como era esperado, Gustavo Veloso venceu mesmo. Desde o momento em que vestiu a camisola amarela, conseguiu responder a practicamente todos os ataques que lhe foram feitos, defendendo a sua camisola com todas suas as forças. No contra-relógio, já se sabia, o galego era forte demais para toda a concorrência. Venceu e convenceu, sem grande margem para dúvidas. Foi um dos três espanhóis que acabou no top10 da prova. É verdade que sete portugueses e apenas três espanhóis no top10 parece uma imensa vitória de Portugal, mas também é verdade que dois dos espanhóis acabaram no top3, portanto é como se decidir ver o copo, meio cheio ou meio vazio. O que é certo é que, como tinha previsto no último artigo, tivemos mais uma vez uma prova dominada pelos países ibéricos.

Gustavo Veloso, o vencedor da prova  Fonte: A Bola
Gustavo Veloso, o vencedor da prova
Fonte: A Bola

Há, no entanto, mais três ciclistas que merecem ser mencionados individualmente: Rui Sousa, Edgar Pinto e David Belda. Rui Sousa porque, aos 38 anos de idade, consegue vencer isolado na Torre, o que é sempre um feito digno de registo, seja qual for a idade do atleta. Ganhar a etapa raínha, em qualquer prova do mundo, dá sempre direito a manchete com sublinhado especial. Rui Sousa atacou de muito longe, conseguiu deixar o grupo principal para trás e com isso escreveu o seu nome na subida mais mítica de Portugal. Edgar Pinto merece também uma palavra especial. Caiu três vezes e mesmo assim manteve-se até ao fim. Só por isso, já merecia a referência, mas somando a isso a vitória no alto da Senhora da Graça e um lugar final no top5, pode-se dizer que foi um desempenho de se lhe tirar o boné. Quem esteve também em destaque foi o espanhol David Belda, que conseguiu vencer duas etapas com chegada em alto, feito único nesta edição da prova. No que diz respeito às restantes classificações, António Carvalho, da Lampre, conquistou a camisola da montanha, Davide Vigano, da Caja Rural, conquistou a camisola dos pontos e David Rodrigues, da seleção nacional, conquistou a camisola da juventude. Colectivamente, foi a OFM/Quinta da Lixa quem venceu a prova.

Rui Sousa, o conquistador da Torre  Fonte: velobike.it
Rui Sousa, o conquistador da Torre
Fonte: velobike.it

A 76ª edição da prova mais importante do ciclismo nacional teve bons momentos protagonizados por atletas portugueses, que até venceram as duas etapas mais icónicas da prova, mas mais uma vez foi vencida por um estrangeiro. Desde 2011 (edição vencida por Ricardo Mestre e que ficou marcada pela presença de dez portugueses no top10 final) que um português não vence a Volta. Pelo segundo ano consecutivo, venceu um galego. Foi o Bi da Galiza. Conseguirá alguém quebrar este domínio galego para o ano? Cá estaremos para ver!

2014/2015: Venham eles!

amarazul

A pré-época terminou, os encontros oficiais aproximam-se e o plantel vai ganhando forma como se de uma construção LEGO apoiada por um manual de instruções (espanhol, claro) perfeito se tratasse. Finalmente!

Mesmo em ano de Mundial, esperar pelo período em que o futebol – o futebol a sério – regressa não é fácil. Vemos ídolos partir, desconhecidos chegar e, neste caso, toda uma reformulação. No meu caso, a tão esperada reformulação, pois há muito que pedia sangue estrangeiro.

Até ao dia em que a bola volte a rodar passam meses e mesmo aí não há o mesmo entusiasmo. É tudo ‘a feijões’, como se diz, e, no início, contra equipas longe de se assumirem como profissionais. Mas os dias passam, e passam. A ânsia aumenta e com ela chegam as promoções aos primeiros jogos oficiais, os sorteios, os primeiros palpites e opiniões confiantes em relação aos vencedores.

Agora, entramos na semana onde tudo começa. O campeonato. No Dragão. Mas vamos por partes: se a prova portuguesa se divide em dezenas de jornadas, o play-off da Liga dos Campeões (disputado nos dias 20 e 26 frente ao Lille) é decisivo para toda uma temporada, tanto a nível competitivo como financeiro. O Futebol Clube do Porto pertence à prova-mãe do futebol europeu, é lá que tem de estar, e como tal os comandados de Lopetegui têm a obrigação de ultrapassar com sucesso o primeiro desafio.

Depois, sim, será altura de montar todo um puzzle com o maior dos cuidados. Peça por peça, com ajuda mútua de todos os intervenientes, até que, lá para abril, se destruam todas em jeito de fogo-de-artifício comemorativo. Não há como enganar: 2014/2015 é a época em que o Futebol Clube do Porto tem de regressar às vitórias. Porque à falta de vitórias não estamos habituados; porque não faz parte de nós; porque somos conhecidos por isso mesmo.

Venham eles!

Supertaça: Benfica 0-0 (3-2 gp) Rio Ave: Justiça em horas extra

benficaabenfica

A justiça de um jogo de sentido praticamente único chegou tarde, mas chegou. E pelas mãos do herói mais improvável: Artur defendeu três grandes penalidades e entregou a Supertaça a quem fez por a merecer. Após a desastrosa pré-época encarnada, quem ousasse esperar uma exibição de qualidade no jogo de hoje seria chamado de louco. Mas aconteceu mesmo. Com Artur a merecer novamente a confiança de Jesus para a baliza, Eliseu e Talisca foram os únicos dos muitos reforços a integrar o onze. A aposta no brasileiro acabou por ditar a transfiguração do 4-4-2 habitual para uma espécie de 4-2-3-1, com Lima apoiado por Talisca e pelos endiabrados Gaitán e Salvio. Enzo retomou o lugar que é seu e a música no centro do terreno foi logo outra, apesar de ainda ter estado longe daquilo que tão bem sabe e pode fazer. Esperemos que no Benfica, é claro. No entanto, foi a partir do eixo central da defesa que o Benfica pôde construir a boa exibição nos 120 minutos, já que Luisão e Jardel assumiram (finalmente!) os lugares e permitiram as boas exibições de Maxi e Eliseu.

Não seria mentira dizer que ao intervalo a partida podia estar mais do que resolvida. E por números esclarecedores. O Benfica entrou decidido a resolvê-la cedo e encostou o Rio Ave às cordas nos primeiros 25 minutos. Com o motor de Enzo ligado e Salvio e Gaitán a esburacarem a defensiva vila-condense, só faltava mesmo o golo para confirmar a supremacia encarnada. O rol de oportunidades foi longuíssimo, ora por Talisca, ora por Lima, ora por Salvio… Este desperdício veio demonstrar a urgente necessidade de reforço da frente atacante. Pede-se um… Cardozo.

Artur foi o herói mais improvável na vitória encarnada  Fonte: Página de facebook do Benfica
Artur foi o herói mais improvável na vitória encarnada
Fonte: Página de facebook do Benfica

O nulo ao intervalo acabava por ser castigador para o Benfica, frente a um Rio Ave que apenas teve nas invenções de Artur o seu oásis de chances de golo. A segunda parte trouxe uma menor cadência ofensiva por parte da equipa de Jorge Jesus, mas nem por isso foi deixando de coleccionar oportunidades de golo. O domínio do jogo era claro mas o golo tardava em chegar e as pernas começavam a pesar, algo natural em fase tão madrugadora da temporada. O Rio Ave acabou por levar a água o seu moinho e o nulo manteve-se até final dos 90 minutos. No prolongamento, o Benfica entrou novamente a carregar mas o golo não aparecia por nada. Com Gaitán e Salvio esgotados, a produção ofensiva encarnada acabou por cair a pique e só Artur, em nova invenção, quis tentar evitar as grandes penalidades num dos últimos lances do encontro. Redimiu-se na lotaria e defendeu três pontapés (Tarantini, Diego Lopes e Tiago Pinto) e entregou a taça ao campeão nacional. Esperemos que não sirva esta amostra de bom futebol para esconder as evidentes necessidades de reforço do plantel. E muito menos para acreditar em Artur para defender a baliza de uma equipa que quer lutar por títulos.

A Figura

Salvio – Impressionante o lote de recursos do argentino nos duelos individuais. Apesar de algumas falhas no capítulo da decisão, parece querer retomar o tempo perdido na época passada.

O Fora-de-Jogo

Rio Ave – Mesmo com um tempo de recuperação francamente menor, esperava-se um pouco mais de Rio Ave hoje frente a um Benfica fragilizado pelos resultados recentes.

Valores frescos no Dragão?

opinioesnaomarcamgolos

Que fique bem claro: isto nunca aconteceu antes. O Porto que se apresenta esta época é, no mínimo, insólito.

Isto é tudo novo. Parece que alguém abriu as janelas do Dragão e deixou entrar ar. Só falta saber se é fresco. Não consigo olhar para esta equipa e deixar de pensar nos pormenores que a constroem. Grande parte da pré-época dos dragões foi feita com jogadores novos, muitos deles recém-contratados; o nosso treinador é novo e sem qualquer experiência em clubes grandes; temos de disputar um play-off para ter acesso à Liga dos Campeões; contamos com três jogadores emprestados, que são opções viáveis para o onze, sendo que o mais promissor não tem opção de compra; e, finalmente, equaciona-se de maneira realista a possibilidade de um jogador de 17 anos ser titular! Isto tudo somado só pode dar um resultado insólito. O problema é que não significa necessariamente que seja bom. Vários elementos desta conta de somar já se verificaram no clube das Antas, mas nunca tudo junto!

Já havia dito que a contratação de Lopetegui foi, em parte, uma estratégia para ir buscar mercado em crescendo, principalmente espanhol. Óliver Torres, Cristian Tello, Adrián López, José Ángel, Andrés Fernández, Casemiro e Opare, todos eles jogadores do conhecimento de Lopetegui. Uma coisa é ser o FC Porto a mostrar interesse num determinado jogador; outra, completamente diferente, é o jogador tomar conhecimento desse interesse através de alguém que conhece, em quem confia e, em certos casos, com quem tem uma relação de amizade. Que não haja dúvidas: a comunicação entre o técnico espanhol e alguns dos jogadores pretendidos foi uma constante. Obviamente que Lopetegui também foi chamado ao comando técnico do Porto por outras características, mas quando se contrata um treinador contrata-se o seu know how, a sua sabedoria e os seus contactos.

Lopetegui é o rosto da revolução no FC Porto 2014/15  Fonte: misticaazulebranca.blogspot.com
Lopetegui é o rosto da revolução no FC Porto 2014/15
Fonte: misticaazulebranca.blogspot.com

Jogadores contratados por empréstimo, especialmente sem opção de compra, são coisa rara, e atrevo-me até a dizer inexistente, no Porto. Valorizar um jogador, tanto a nível desportivo como económico, para depois chegar ao fim e correr o risco de ver outro clube a lucrar com ele é algo que não faz sentido. Estou muito curioso para ver o que este caso nos reserva. Outra coisa que nunca imaginei foi ver a real possibilidade de ter um miúdo de 17 anos a titular no Porto. Rúben Neves parece cumprir ao mesmo tempo que promete. Mas é importante não nos deixarmos levar pela situação. No Porto, só Lopetegui daria tantos minutos e depositaria confiança em alguém tão novo, pois é algo normal no técnico espanhol, que tem trabalhado com os mais jovens nestes últimos anos. O que não é normal é ver isto a acontecer no Dragão sem qualquer alarme. Faço um voto de atenção para este caso, pois apesar de concordar com a aposta em Rúben Neves não consigo deixar de sublinhar que não estamos na mesma situação do Sporting. Connosco ainda há alternativas.

Para terminar, a Liga dos Campeões. Ainda não vi o suficiente para ter confiança sólida no jogo do Porto. Confio nos jogadores e acredito que temos um grande plantel, mas do jogo jogado não posso dizer o mesmo. O Lille não é uma equipa extraordinária, mas sabe jogar como uma equipa e não vem de um campeonato de segunda classe. Mais importante do que garantir a Champions para poder comprar Jordy Clasie ou um grande ponta-de-lança é entender que Jackson se mantém no plantel apenas porque a competição milionária ainda é alcançável.

Arsenal 3-0 Man. City: Community Shield fica em Londres!

O mítico Estádio de Wembley foi o palco do primeiro jogo oficial da época em Inglaterra. Arsenal e Manchester City, vencedor da Taça e da Premier League respectivamente, discutiam entre si a Community Shield. Num jogo marcado por muitas ausências (no Arsenal, os campeões do mundo Özil, Mertesacker e Podolski; no Manchester City, o lesionado Negredo, o recém-contratado Lampard, o ainda-não-contratado Mangala e também Zabaleta, Agüero, Demichelis, Sagna, Kompany e Fernandinho), destaques para as estreias oficiais de Caballero e Fernando do lado dos citizens e de Chambers, Debuchy e Alexis Sánchez do lado dos gunners.

O Arsenal entrou melhor no jogo e dominou claramente a primeira meia hora. Com superioridade numérica no meio-campo (Arteta-Ramsey-Wilshere contra Fernando-Touré), os londrinos tomaram conta da bola, trocaram-na com a mestria habitual e foram causando perigo, especialmente sobre o renovado corredor direito, composto pelo atrevido Debuchy e pelo explosivo Alexis Sanchéz. Com efeito, foi sem surpresa que Santi Cazorla inaugurou o marcador, com um colocadíssimo remate rasteiro à entrada da área, aos 22’. O City ia procurando esboçar uma reacção, mas a desinspiração dos homens mais criativos da equipa – Navas, Nasri e Jovetic – não permitiu aos campeões ingleses causar grande perigo. Aos 42’, um dos momentos-chave do encontro: a passe de Alexis, Sanogo, no seu estilo trapalhão, tirou Boyata da frente e entregou para Ramsey fazer o 2-0 com toda a facilidade. Neste lance ficaram patentes as fragilidades da dupla Boyata-Nastasic (recorde-se que Kompany e Mangala, assim como Demichelis, estavam de fora).

Santi Cazorla, de pé esquerdo, abriu o marcador em Wembley  Fonte: newstimes.com
Santi Cazorla, de pé esquerdo, abriu o marcador em Wembley
Fonte: newstimes.com

Para a segunda parte, algumas mexidas: Wenger lançou Nacho Monreal, Oxlade-Chamberlain e Olivier Giroud para os lugares de Koscielny, Alexis Sánchez e Yaya Sanogo e Pellegrini tirou de campo o sempre assobiado Nasri para fazer entrar o craque David Silva. O City até começou melhor e no primeiro quarto de hora Jovetic teve duas boas ocasiões para marcar (numa delas, cabeceou ao poste), mas haveria de ser o Arsenal a chegar ao golo. Imediatamente a seguir às saídas de Touré e Dzeko no City, Olivier Giroud disferiu um banana shot de fora da área com uma violência e uma colocação tais que o debutante Caballero nada pôde fazer para evitar o tento do francês. Com o placard a assinalar 3-0, o encontro ficou mais ou menos decidido e o ritmo de jogo baixou. Os treinadores esgotaram as seis substituições a que tinham direito e esperaram pelo apito final do árbitro.

O troféu ficou em Londres com toda a justiça e Arséne Wenger, que esteve nove anos sem conquistar nada até vencer a FA Cup no ano passado, até já pode dizer a Mourinho que tem mais títulos do que o português este ano. O Arsenal venceu o “escudo” pela 13ª vez e voltou a deixar boas indicações – agora vai tentar apurar-se para a fase de grupos da Champions (defronta o Beşiktaş na pré-eliminatória) e, com o regresso da armada germânica, vai procurar começar da melhor maneira a super-competitiva Premier League.

A Figura

Aaron Ramsey – É difícil nomear um só jogador dos gunners, mas o galês marcou um golo, espalhou classe a cada toque na redondinha e, como jogou mais tempo do que Wilshere e Alexis, os outros dois destaques, acaba por merecer a distinção.

O Fora-de-Jogo

Samir Nasri – Jogando sobre a meia esquerda, foi incapaz de causar os desequilíbrios que Silva, quando entrou, causou. Talvez tenha sido condicionado pelos assobios que vinham da bancada a cada intervenção sua…

WBA 1-3 FC Porto: Adeus à pré-época ao ritmo do Cha Cha Cha

Pronúncia do Norte

O FC Porto terminou a pré-temporada da melhor forma, com uma vitória inequívoca frente ao West Bromwich. Depois de dois empates, frente a Saint-Étienne (na apresentação aos sócios) e Everton (no primeiro encontro em Inglaterra), era importante fechar a preparação para a nova época com chave de ouro. Foi o que aconteceu. O triunfo não valeu três pontos, mas serviu para subir a moral da equipa e para mostrar aos adeptos alguns pedaços pedaços de grande futebol.

Durante o primeiro tempo, o FC Porto mandou completamente no jogo (terminou com 63% de posse de bola), mas não conseguiu chegar ao intervalo com mais do que um 1-1 no placard. Dois golos de canto, de Casemiro e de Olsson, ditaram a igualdade.

De positivo, há a destacar a facilidade com que o conjunto azul e branco trocou a bola (de facto, há muita qualidade técnica neste novo plantel), as constantes trocas posicionais entre os jogadores (que nunca perderam a noção dos espaços que deviam ocupar) e a agressividade e organização no momento da perda da bola (pressionando imediatamente o adversário e conseguindo sempre recuperar o esférico rapidamente). Casemiro, Herrera e Óliver Torres, num autêntico carrocel a meio-campo, mostraram muita mobilidade (Casemiro um pouco mais fixo, Óliver procurando mais a bola na primeira fase de construção, Herrera oferecendo quase sempre profundidade à equipa). A estes juntava-se muitas vezes Brahimi, que, partindo da ala, deambulou por todo o campo e exibiu todas as suas qualidades (visão de jogo, capacidade de transporte, acerto no passe). Jackson, como pivot, foi muito participativo na construção das jogadas e Tello voltou a provar que é velocíssimo e muito perigoso no um para um.

Como extremo ou médio mais interior, Yacine Brahimi voltou a revelar qualidades  Fonte: zimbio.com
Como extremo e como médio mais interior, Yacine Brahimi voltou a mostrar o seu talento
Fonte: zimbio.com

De negativo, além de alguma lentidão no último terço – o FC Porto acabou por não conseguir criar tantas oportunidades de finalização como poderia e deveria – ficou na retina uma ou outra falta de concentração (dois ou três passes errados em zonas proibidas) que causou calafrios desnecessários a Lopetegui. De resto, a grande intervenção no jogo de Andrés Fernandéz  – que se estreou com a camisola do FC Porto – deu-se num desses lances, quando fez a mancha ao avançado adversário e salvou a equipa.

No regresso dos balneários, Rúben Neves, Quaresma e Adrián entraram em campo para render Casemiro, Tello e Óliver. Estas alterações foram fundamentais para o excelente arranque da segunda parte. Com o jovem Rúben Neves a garantir todas as compensações no meio-campo, Brahimi passou para o centro do terreno e conseguiu criar mais desequilíbrios do que na faixa. Além disso, Quaresma entrou com vontade de mostrar serviço e, com um cruzamento milimétrico, ofereceu ao capitão Martínez o seu primeiro golo na partida. O FC Porto, com um jogo mais rápido e fluido, chegou logo a seguir ao segundo numa fantástica jogada colectiva concluída de forma brilhante Cha Cha Cha, num remate de difícil execução. Os primeiros vinte minutos da segunda metade constituíram o melhor período dos dragões no jogo. Depois disso, as várias mexidas debilitaram ligeiramente a organização e o entrosamento da equipa e o FC Porto passou limitou-se a controlar a partida – Jackson saiu para dar lugar a Ricardo, empurrando Adrián para o meio (definitivamente, não se sente confortável naquele lugar!) e Quintero fez de Brahimi; dez minutos depois, Ricardo passou para lateral direito porque Danilo foi substituído por Evandro; já no final do jogo, José Angel rendeu Alex Sandro e Sami substituiu Herrera.

Herrera tem deixado boas indicações e deverá começar a época como titular  Fonte: Daily Mail
Herrera tem deixado boas indicações e deverá começar a época como titular
Fonte: Daily Mail

Faltam seis dias para a estreia no campeonato, no Dragão, diante do Marítimo; faltam onze dias para a primeira mão do play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, contra o LOSC Lille. Há ainda algum tempo para a equipa trabalhar e melhorar, mas parece claro que já há uma ideia de jogo bem definida. É evidente que ainda há muitas arestas a limar, mas esta pré-temporada deve deixar os adeptos portistas optimistas: a missão de construir uma equipa quase do zero não é fácil e requer paciência, mas para já tudo parece bem encaminhado. Venha a competição, que é disso que todos sentem saudades!

A Figura

Jackson Martínez – assumiu a braçadeira de capitão, foi o pivot de excelência que todos conhecem e assinou um bis que lhe dá confiança para arrancar da melhor maneira a época 2014/15. Foi, é e será uma peça fundamental dentro e fora do campo.

O Fora-de-Jogo

Adrián Lopez – os 11 milhões de euros pagos por 60% do seu passe fizeram do espanhol o reforço mais caro do FC Porto neste defeso e é, por isso, natural que as expectativas que recaem sobre ele sejam elevadíssimas. A verdade é que, ora ao meio (uma parvoíce!), ora na ala, não tem conseguido fazer a diferença e parece ser dos que revela menor entrosamento. Hoje voltou a não mostrar nada de especial, mas a época é longa e acredito que El Jabalí de Teverga ainda vai dar muitas alegrias ao universo azul e branco.

Lille: não são favas contadas!

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ligue 1

Lille, Standard Liège, Athletic Bilbao, Besiktas e FC Copenhaga. Eram estes os possíveis adversários do Porto no sorteio de hoje. A batata quente? O Athletic Bilbao. O sorteio foi tão simpático quanto pode e ofereceu o Lille. Seria mesmo o Bilbao a única equipa a evitar?

O Porto tem sido a equipa portuguesa a reforçar-se melhor neste defeso. Nomes sonantes foram pedidos por Lopetegui e contratados por Pinto da Costa com o intuito de fazer os adeptos esquecer a atípica época transacta. A fase de grupos da Liga Milionária é a exigência mínima dos adeptos, que estão habituados a ver a equipa participar na competição e a ultrapassar a fase de grupos. Além disso, é com toda a certeza uma exigência de Pinto da Costa, que vê nos milhões da Liga dos Campeões um meio necessário para equilibrar as finanças do clube.

Quem é este Lille? Este Lille, que aparentemente satisfez a afición portista, foi o terceiro classificado da época passada na Liga Francesa, tendo apenas sido suplantado pelos milionários Mónaco e Paris Saint-Germain. René Girard, o técnico francês que venceu o título francês com o Montpellier, comanda as tropas a partir do banco desde o ano passado e este ano vai querer manter o bom rendimento e chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Para isso Girard conta com alguns jogadores experientes e bem conhecidos do público, como Enyeama ou Salomon Kalou, e jovens promessas, como é o caso do português Rony Lopes, cedido pelo Manchester City, ou do promissor ponta-de-lança belga Origi, que se encontra no clube a título de empréstimo pelo Liverpool.

O experiente guarda-redes Eneyeama vai um dos maiores obstáculos dos avançados da equipa portista  talkvietnam.com
O experiente guarda-redes Eneyeama vai um dos maiores obstáculos aos avançados portistas 
talkvietnam.com

O clube francês não tem grande tradição nesta competição, tendo apenas ultrapassado a fase grupos por uma vez. No entanto, os milhões da passagem à fase grupos são muito interessantes, em especial para um clube da dimensão do Lille.

A meu ver o Lille não era o pior que podia ter calhado ao Porto. Mas também não era o melhor. O clube francês é um misto de juventude e experiência, de talento e maturidade, e em qualquer dos sectores do terreno apresenta jogadores capazes de fazer a diferença. Claro que não conta com as mesmas soluções com que conta o Porto, mas a surpresa não é um cenário de todo afastado. David Rozehnal promete fazer a vida negra a Jackson e Origi e Rony certamente farão tremer as redes dos dragões. Prevejo uma eliminatória mais equilibrada do que se espera. Espero que o Porto não caia no erro de achar que são “favas contadas” só porque conta com algumas estrelas. O Lille tem uma palavra a dizer.

Será a “prata da casa” uma ilusão?

serefalaraporto

Quando se contrata um treinador, contratam-se obrigatoriamente as suas ideias, os seus projetos e as suas convições. Resultado desta afirmação é toda a política de compras do FC Porto, que notoriamente tem o dedo de Lopetegui. Como adepto, obviamente fico feliz ao ver nomes como os de Tello, Adrián, Casemiro, Martins Indi ou Classie (?) vestidos com as cores do clube. No entanto, visualizando este cenário noutra perspetiva, para que estes grandes nomes do futebol mundial tenham lugar na equipa principal, assistimos a um crescente desperdício da formação. Ainda que estes nomes do futebol entusiasmem a massa associativa e criem perspetivas positivas sobre a nova época que está prestes a começar, chegou a altura de nos interrogarmos sobre quantas mais estrelas portuguesas serão desperdiçadas.

Na minha opinião, o exemplo atual mais claro é a seleção nacional de sub-19, que acaba de fazer um estonteante Europeu. Olhando para o onze inicial, vemos que cinco dos seus jogadores pertencem ao FC Porto. Um desses jogadores é Rafa, um defesa esquerdo que desde os 15/16 anos joga um escalão acima do seu e que possui enormes capacidades defensivas e ofensivas, às quais junta uma habilidade especial para as bolas paradas. Questiono se será ele menos capaz de ser suplente de Alex Sandro do que José Ángel. Outros casos são André Silva e Gonçalo Paciência. O primeiro, que desde os sub-15 se acredita ter potencial para ser o próximo ponta-de-lança da seleção, e o segundo, que é técnica e taticamente mais forte do que o pai – todavia, falta-lhe (e certamente com a experiência evoluirá) o faro de golo que este possuía. Será que existe necessidade de investir em Jiménez ou noutro jogador, tendo disponíveis estes dois jogadores no plantel? Não querendo ser demasiado crítico nem tirar o mérito a ninguém, se não existir uma aposta séria nestes atletas, em vez de termos novas estrelas, como Quaresma ou Capucho ou Domingos, iremos ter mais jogadores como Candeias ou Hélder Barbosa.

Portugal chegou à final do Euro Sub-19 com cinco portistas no onze base  Fonte: FPF
Portugal chegou à final do Euro Sub-19 com cinco portistas no onze base
Fonte: FPF

No entanto, parece existir uma esperança. No plantel atual, Rúben Neves, de 17 anos, tem sido titular da equipa sénior, valendo-lhe uma série de manchetes de jornais. Claro que isto acontece porque nunca se aposta na qualidade nacional e, assim sendo, o que é novidade é sempre comentado. Deste modo, também os jogadores que citei e a que posso juntar, por exemplo, Ivo Rodrigues, tendo oportunidade, acabariam por ver o seu mérito e a sua qualidade reconhecidos. Mas é preciso atenção para garantir que situações como a de Sérgio Oliveira, que no passado (com a idade de Rúben), pouco tempo depois de representar a equipa principal, foi emprestado a um clube belga, sem qualquer apoio e, mais tarde, a divisões inferiores, não voltam a acontecer – perdendo-se assim uma promissora estrela portuguesa.

Estes jogadores, ao ser-lhes dada a oportunidade de brilhar em campo, podem vir a demonstrar algo de que tenho profundas saudades: “jogadores à Porto”. Ser Porto é muito mais do que usar uma camisola aos ombros e um símbolo ao peito. É preciso que os jogadores que aqui entram deixem de ver o clube como uma porta atrativa para os grandes clubes europeus e saibam viver o espírito do clube e a ambição do jogo e agarrem a força dos adeptos. Há muito tempo que não vejo um Jorge Costa, um Fernando Couto, um Ricardo Carvalho ou um Bruno Alves e a solução pode estar mesmo ao nosso lado, nas nossas camadas jovens. A título de exemplo, há muito tempo que faz falta um grande central, como o Porto sempre teve: um central da casa, um capitão.

Julgo que em Portugal existe uma clara ausência de aposta no futebol nacional – creio que esta é uma opinião corroborada por muitos entusiastas do futebol. Para além de todos os argumentos expostos, relembro ainda que, coincidência ou não, é um facto que há dez anos o Porto ganhava as provas europeias com defesa e meio-campo portugueses. Também a seleção chegava à final do Europeu e, mais tarde, à meia-final do Mundial. Se estendermos isto ao panorama mundial, vemos que o mesmo sucedeu em Espanha e na Alemanha. Em Espanha temos o Barcelona, que dominou o futebol mundial e é hoje um clube de excelência, em que existiu uma forte aposta na formação, o que se repercutiu direta ou indiretamente nos bons resultados alcançados pela seleção espanhola. Atualmente, a Alemanha é a potência mundial do futebol porque também esta apostou na formação. Quer nos seus clubes, quer na seleção, o resultado não podia estar mais à vista! Bayern de Munique e Borussia de Dortmund destronaram outros grandes clubes europeus e a Alemanha teve brilhantes desempenhos e conquistas no Mundial do Brasil e no Europeu sub-19. Um exemplo ainda mais paradigmático é o da seleção colombiana: ainda que no início existisse alguma qualidade no seu jogo, esta era desconhecida para o comum dos adeptos. Todavia, a Colômbia faz parte, atualmente, do Top 5 do ranking da FIFA, ocupando o 4º lugar. O Porto fez um grande investimento em jogadores deste país, com Guarín, Quiñones, James, Falcao, Quintero, Jackson – alguns destes estão hoje avaliados entre 40 a 85 milhões!

André Silva é um dos mais jogadores mais promissores da equipa B dos dragões  Fonte: fcporto.pt
André Silva é um dos mais jogadores mais promissores da equipa B dos dragões
Fonte: fcporto.pt

Todavia, o caso português é bem diferente, infelizmente! Se nas seleções jovens se chega quase sempre muito longe, se há poucos dias passámos a lidar o ranking das seleções jovens (ultrapassando a Alemanha, recentemente campeã europeia de sub-19), nos clubes nacionais o cenário é distinto. Como exemplo, a formação sub-19 do Benfica, que chegou à final da Champions da categoria. Quantos desses jogadores vão ser aproveitados? Não sei como se pode justificar o claro abandono do apoio aos craques nacionais com a chegada à idade sénior. De forma a fugir a todas as críticas que se geraram em torno desta temática, foram criadas as equipas B. Ainda que as equipas B permitam que os jogadores jovens compitam de uma forma mais séria, sendo isto evidente nas competições internacionais, é preciso deixá-los prosseguir a sua carreira enquanto séniores. Alegadamente, a equipa B é o ponto de passagem de júnior para sénior; no entanto, quantos jogadores foram aproveitados? A não ser que Reyes, Carlos Eduardo e Herrera sejam luso-descendentes e ainda não se tenha descoberto. É realmente lamentável que na formação dos clubes nacionais se invistam milhares de euros e mais tarde haja um novo investimento na ordem dos milhões na contratação de jogadores estrangeiros…

Para finalizar, deixo uma pequena reflexão: serão os nossos jogadores inferiores aos demais? Eu acredito piamente que não! Como se diz, o português tem o samba brasileiro no pé com a cultura tática europeia – em resultado disso, três Bolas de Ouro, nos últimos 14 anos, já cá cantam, e com uma aposta séria poderão chegar mais, bem como mais títulos.

Lopetegui foi exemplar nas seleções jovens espanholas. Espero que ele, mesmo que não no imediato, reconheça os craques portugueses e os lance como tem feito com Rúben Neves. Portugal sempre se valorizou no exterior, seja no futebol ou noutra área qualquer. Enquanto esse estereótipo não mudar, dificilmente o resto mudará.

Rio Ave 0-0 IFK Göteborg: A lição estava bem estudada

liga europa

Mais uma data histórica para o Rio Ave. O Estádio dos Arcos recebia o seu primeiro jogo europeu e o povo vila-condense esteve em peso num jogo onde o Rio Ave defendia uma vantagem mínima, de 1-0, conseguida na Suécia.

Como o Rio Ave tinha uma vantagem de apenas um golo, este foi um jogo diferente do da primeira mão. O IFK Göteborg desde cedo mostrou que queria anular a vantagem. A precisar de um golo, os suecos tentaram desde o início da partida marcar o golo que empataria a eliminatória. Marcar cedo era a missão, e o Rio Ave percebeu essa intenção, ao fechar os caminhos. Ainda assim, foi mais forte o conjunto português durante a primeira parte. Mesmo com preocupações defensivas, o Rio Ave procurou o golo que tranquilizaria a equipa e os adeptos. Ao intervalo, o nulo era favorável ao Rio Ave. Faltavam 45 minutos para se fazer história.

O filme da segunda parte tem semelhanças com o da primeira. O Rio Ave teve de assegurar primeiro o equilíbrio defensivo para depois  procurar o ataque. A lição estava bem estudada por parte do conjunto de Pedro Martins. Ao defender, o Rio Ave dava a bola aos suecos, que subiam mais, e conseguia explorar o contra-ataque. Mesmo partindo de trás, foram sempre os homens da casa que tiveram as oportunidades mais perigosas. Os suecos foram a prova de que ter bola, por si só, não chega. Demonstraram ter poucas ideias para quem precisava de um golo e o momento de maior perigo só apareceu aos 70 minutos. Pouco. Com o final do jogo a chegar, os suecos arriscaram mais. Tal como na primeira mão, o facto de estes terem mais minutos nas pernas do que o Rio Ave fez a diferença. Mas, mesmo assim, Cássio nunca foi obrigado a muito trabalho. Controlando os suecos, o Rio Ave aguentou e fez história.

A equipa está com toda a justiça no play-off. Passou a melhor equipa. Em 180 minutos, o Rio Ave foi mais forte do que um IFK Göteborg de quem se esperava muito mais. Os suecos nunca mostraram ter realmente mais experiência do que o Rio Ave e não fizeram o suficiente neste jogo para dar a volta. Já o Rio Ave mostrou que tinha a lição bem estudada. Hoje teve de ser assim: ter cuidados defensivos mas nunca abdicar de atacar. Pedro Martins só pode estar contente. Em cinco semanas, com um treinador novo e com novos jogadores, a equipa já tem uma ideia de jogo e já se mostra pronta para a Supertaça. Agora é esperar pelo sorteio, com uma certeza: o Rio Ave será cabeça-de-série, o que é desde logo favorável.