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Duelo morno no Emirates

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Não foi o Arsenal que jogou mal. Foi o Chelsea que soube impor o jogo que queria. José Mourinho entrou no Emirates com uma única certeza: a de não querer perder o encontro. E isso percebeu-se, desde cedo.

Esperava-se muito deste jogo, que ia fechar a 17ª jornada da Premier League. O Arsenal é, provavelmente, a equipa que melhor futebol pratica em Inglaterra e o Chelsea… bom, o Chelsea é orientado por José Mourinho. E isso é um atestado à qualidade que se poderia esperar do encontro. Nada mais errado. O jogo foi mau, teve poucas oportunidades de golo e foi disputado no limiar da agressividade. Foi aquilo a que os mais entendidos no mundo da bola chamam um jogo “demasiado tático”. Ou, por outras palavras, que Mourinho foi ao estádio do Arsenal, montou um esquema para que a equipa de Arséne Wenger não soubesse o que fazer com a bola e reagir rapidamente em contra-ataque, de forma a conseguir um golo.

Um jogo fraco, mas muito agressivo e intenso Fonte: Marca.com
Um jogo fraco, mas muito agressivo e intenso
Fonte: Marca.com

Para isso, o treinador português lançou Obi Mikel nas costas de Ramires e Lampard, que ficavam encarregues da pressão ofensiva da equipa, ao nível do meio-campo. Relativamente ao resto do onze, voltou a preferir Azpilicueta e John Terry, em detrimento de David Luiz e Ashley Cole. Já deu para perceber que Mourinho não tem confiança em nenhum dos dois elementos para este tipo de jogos, com um grau de exigência maior. Com Cahill e Ivanovic seguros no onze e sem dar grandes hipóteses à concorrência, Mourinho começa a montar um esquema à sua medida. Entendo, claramente, a opção por Azpilicueta, que está em melhor forma e confere muito mais profundidade e segurança à faixa esquerda do Chelsea. Custa-me a perceber a escolha de Terry por David Luiz. O central brasileiro, em forma, é um dos melhores na sua posição e se for devidamente instruído para não sair tantas vezes a jogar, como por vezes o faz, é impecável na posição que desempenha. Terry, por seu lado, está muito lento e com várias dificuldades técnicas que apenas são compensadas com o seu excelente sentido posicional.

Contudo, no jogo de hoje, nenhum problema ficou visível. Isto porque o Chelsea foi mais competente, conseguiu até dominar na primeira parte (o lance de Lampard aos 32′ é a melhor oportunidade do jogo) e conseguiu controlar todas as movimentações dos jogadores mais desequilibradores da equipa do Arsenal. Özil, o tal número 10 que Mourinho idolatra, hoje esteve apagado. Aaron Ramsey foi desastroso e Walcott raramente conseguiu criar uma situação de desequilíbrio.

No segundo tempo, assistiu-se a um jogo mais agressivo e com muito poucos motivos de interesse. Ramires podia ter sido expulso, depois de uma entrada violenta sobre Arteta. O árbitro tentou ser amigo do espetáculo e não expulsou o jogador. Mas, nem por isso, as situações de golo aumentaram. Notou-se que nenhuma das equipas, na segunda parte, quis vencer. Quando a 3 minutos do fim, Mourinho retira o inexistente Fernando Torres (é urgente um avançado para o Chelsea!) para colocar em campo o defesa David Luiz, dá a resposta de que o empate chegava para a sua equipa. E o Arsenal, sem fazer qualquer alteração, também pouco mais procurou. E, por isso, o empate acabou se ajustar. Um jogo fraco e com poucas ideias, que apenas contribuiu para que aumentasse ainda mais a competitividade no topo da classificação da Premier League. Vão todos muito próximos na frente. Mas é o surpreendente Liverpool, comandado por Luís Suarez, que vai passar o Natal no topo da cadeia.

A qualidade e a frustração em versão feminina

cab hoquei

Vamos fazer uma pausa no campeonato e vamos até Espanha, mais concretamente até Mieres. Foi lá que se disputou mais uma edição do campeonato da Europa de hóquei feminino.

Portugal é uma equipa com tradição nesta prova, tendo já por três vezes conquistado o troféu, e procurava acrescentar mais um título ao seu palmarés. Este ano, o campeonato disputava-se apenas a quatro equipas, destacando-se a ausência da Alemanha. Assim, os adversários das jogadoras portuguesas seriam as selecções da Espanha, França e Itália.

Carlos Pires, selecionador nacional. http://2.bp.blogspot.com
Carlos Pires, selecionador nacional.
http://2.bp.blogspot.com

E Portugal não podia ter tido melhor início. Frente à Itália e à França, Portugal goleou as duas equipas. Frente às italianas, a vitória foi por 7-3, e frente à França, campeã mundial, houve uma goleada, de 8-3. Para o último jogo, frente à anfitriã, Espanha, as portuguesas procuravam fazer o pleno e passar em primeiro. E assim foi. Uma vitória frente à selecção espanhola, uma selecção que é sempre uma pedra no sapato de Portugal no que toca ao hóquei – os dois últimos campeonatos europeus (vitória da Espanha na final frente a Portugal) demonstram isso. Portugal venceu por 4-2 e mostrava cada vez mais argumentos para vencer a prova. Nas meias-finais, num modelo onde o 1º do grupo defronta o 4º e o 2º o 3º, Portugal voltou a apanhar e a derrotar a França, por 7-1, em mais uma demonstração de qualidade das jogadoras portuguesas.

Selecção Portuguesa de hóquei  http://img0.rtp.pt
Selecção Portuguesa de hóquei
Fonte: rtp.pt

Na final, Espanha e Portugal voltavam a defrontar-se, numa reedição dos dois últimos campeonatos. E foi aí que a coisa já não foi tão bonita como estava a ser, até então. Portugal caiu com estrondo perante a Espanha, ao ser derrotado por 7-0. A Espanha teve sempre o controlo do jogo e os contornos de goleada começaram a tomar forma logo no início da segunda parte. Portugal fica mais uma vez no segundo lugar, um lugar que sabe a pouco, face ao que as portuguesas produziram neste Europeu. Há, até, um sentimento de desilusão e frustração face ao resultado, pois Portugal já tinha provado que seria possível vencer a Espanha.
Mas, mais uma vez, e tal como no hóquei masculino, a Espanha volta a ser o nosso pesadelo e volta a matar a esperança portuguesa em conquistar títulos. Mas, ainda assim, as jogadoras portuguesas devem olhar para o que fizeram de bom no Europeu e acreditarem nelas, pois existe qualidade.

Resumo Semanal das Modalidades #2

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Esta semana, o nosso resumo semanal das Modalidades do Bola na Rede inicia-se com um artigo sobre Futsal da autoria de Pedro Teles. O Pedro trouxe-nos um artigo que fala sobre o AD Fundão e o que por lá está a falhar, fazendo em seguida uma comparação com a sua equipa – SL Benfica. Em http://www.bolanarede.pt/?p=3861

Seguimos para a NBA, com um artigo escrito por André Albuquerque. Neste artigo, o André vem falar-nos sobre alguns jogadores que estão inseridos em equipas que, de acordo com ele, não os merecem, como é o caso de Kevin Love. Em http://www.bolanarede.pt/?p=3889

Quanto ao Andebol, Rodrigo Fernandes escreveu sobre a equipa leonina e o facto de esta ter atingido a maturidade, podendo a vir disputar o título. Depois dos últimos anos, em que os verdes e brancos mostraram falta de experiência e de intensidade, parece que desta vez deram a volta por cima. Em http://www.bolanarede.pt/?p=3943

Plantel 2013/2014 do Sporting em Andebol  Tirado do facebook do clube
Plantel 2013/2014 do Sporting em Andebol
Tirado do facebook do clube

Relativamente ao Basquetebol, Daniel Melo fala-nos sobre os Extremos. Faz uma comparação com as setas, devido à sua rapidez. São jogadores importantes e enaltecidos neste artigo. Em http://www.bolanarede.pt/?p=3971

No Surf, Joni Matos falou-nos sobre a vitória de Mick Fanning. Quanto ao Slater, não se tornou campeão, mas ganhou o Pipe Masters. Em http://www.bolanarede.pt/?p=4015

Já nos Desportos Motorizados, Rodrigo Fernandes escreveu novamente para o Bola Na Rede e falou sobre o mundo dos ralis. Fala-nos das rondas, inclusive o rali da Grécia, que é dos mais duros do mundial e do Mundo. Ogier foi presenteado com o titulo de campeão do Mundo. Em http://www.bolanarede.pt/?p=4075

Saltando para o Rugby, com um texto da autoria da Sara Rodrigues da Costa, ficamos a saber da atribuição de galardões a indivíduos que contribuíram para a evolução desta modalidade. Julien Bardy foi um dos jogadores reconhecidos, recebendo o prémio de jogador do ano. Em http://www.bolanarede.pt/?p=4080

O Rugby sempre em destaque no BnR https://www.facebook.com/fpr.pt
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https://www.facebook.com/fpr.pt

Finalmente, terminamos com o Ténis, com um artigo de Miguel Dias, que depois de nos falar dos talentos do ténis, nos vem falar dos esforçados. Sobre o nº3 do ranking Mundial, Miguel Dias só tem elogios a tecer. David Ferrer é o exemplo de uma grande capacidade de trabalho e sacrifício. Em http://www.bolanarede.pt/?p=4107

Voltamos para a semana com um novo resumo das Modalidades.

Sporting-Nacional: uma excelente arbitragem

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sextoviolino

Não vou falar do jogo, que foi um dos menos conseguidos deste novo Sporting, apesar de termos feito o suficiente para ganhar. Também não vou falar da elegância de William Carvalho, da inteligência de Adrien ou do facto de o Sporting ter conseguido estabilizar a defesa ao ponto de já não sofrer golos há mais de 450 minutos. Muito menos criticarei este ou aquele jogador por ter tido pequenas falhas aqui ou ali, porque não foi por causa disso que não ganhámos e porque é sempre mais fácil falar a posteriori.

Hoje, falarei da excelente arbitragem a que pudemos assistir no jogo de Alvalade. E digo excelente porque foi uma arbitragem que foi ao encontro das pretensões do status quo do futebol português. Não é verdade que, por norma, algo que agrada à maioria das pessoas é considerado positivo? Admitindo que sim, o trabalho de Manuel Mota no Sporting-Nacional não podia ter sido melhor, pois teve o condão de agradar tanto a benfiquistas como a portistas. Ontem, no estádio, praticamente conseguia senti-los agarrados às rádios e televisões na esperança de um tropeção do Sporting, fosse de que maneira fosse. É sempre curioso observar a forma como adeptos de dois clubes desavindos se unem para festejar um empate fraudulento do Nacional em Alvalade e para branquear o que ontem se passou, inventando uma falta do Montero para justificar a irregularidade do golo com a mesma facilidade e desfaçatez com que os árbitros marcam um penalti fantasma sobre o Jackson ou validam um golo em offside ao Lima. Uns (ainda) detêm o controlo do futebol português; os outros ambicionam-lhes o lugar, e fazem da vitimização bacoca a principal forma de tentarem esconder aquilo que é óbvio: são ambos farinha do mesmo saco. Talvez seja por isso que se dão tão mal. Afinal, não consta que o despotismo aprecie divisões de poder.

Penso que quem acredita em que a arbitragem de ontem foi apenas fruto de um dia mau de Manuel Mota ou é extremamente ingénuo, ou é adepto dos rivais. A verdade é que, na próxima jornada, há um Benfica-Porto, pelo que os responsáveis dessas duas equipas não podiam correr o risco de perder o jogo e ficar a cinco pontos do líder. Desta forma, atrasar o Sporting foi a estratégia mais eficaz, e, sem dúvida, do agrado de ambas as partes. Como disse Bruno de Carvalho, depois do jogo, estes dois pontos que os rivais ontem ganharam em Alvalade farão certamente dos presidentes de Porto e Benfica os melhores do mundo. Sobretudo para Luís Filipe Vieira, que já começa a ser alvo de tímidos focos de contestação, o empate do Sporting terá sido um importante balão de oxigénio. Mas o certo é que o Sporting, mesmo prejudicado e sem os mesmos meios à disposição, não desarma. Segundo um trabalho recente do jornal A Bola, o total gasto por Porto e Benfica na construção do actual plantel ronda os 96M€, ao passo que o Sporting gastou pouco mais de 16M€. Por muito obscenas que sejam as quantias que envolvem o futebol, esta realidade põe a descoberto a total diferença de capacidade financeira de Porto e Benfica face ao Sporting. O Porto tem mesmo um jogador (Danilo) que custou, ele sozinho, mais do que a nossa equipa toda.

Querem fazer de nós candidatos à força. Se já seria difícil sermos campeões, tendo em conta as enormes diferenças orçamentais, ainda mais difícil se torna quando o mais frágil dos três grandes é prejudicado. Continuo a dizer que o terceiro lugar é o objectivo mais realista do Sporting para esta época, e alegra-me ver que estamos no bom caminho para o alcançar. Mas não deixa de ser engraçado ver o Porto e o Benfica com enormes dificuldades em superar a nossa equipa, e os seus adeptos a festejarem resultados mentirosos como o de ontem. Muito me orgulha o facto de uma equipa que, há poucos meses, atingiu a sua pior classificação da História já incomodar de novo tanta gente. Muitos adeptos rivais com quem falo dizem que os sportinguistas têm a mania da perseguição, que nos estamos sempre a queixar, que nos lembramos de coisas incríveis e sem importância, que tudo isto são teorias da conspiração. Pudera. O dia em que nos derem razão será o dia em que começarei a questionar se esta está realmente do nosso lado. Até lá, vamos continuar a dizer o que achamos que deve ser dito – e que, não raras vezes, os jornais omitem. Sei que estamos do lado certo.

No Algarve joga-se excelente futebol e Faro é a capital

cab reportagens bola na rede

Em Faro deu-se hoje um jogo equilibrado, repartido, quente dentro e fora das quatro linhas. Dentro de campo, a capital algarvia recebeu uma excelente amostra do que são os conjuntos algarvios da 2.ª liga portuguesa. Fora dele, mais do mesmo para os que andam atentos: a paixão pelo futebol continua bem viva em Faro; Portimão parece também envolvido na até agora excelente campanha da sua equipa e esgotou o sector que lhes foi destinado; a organização policial é que vai deixando a desejar.

O jogo estava marcado para as 15h mas começou bem antes disso. Sem bola e fora de campo, deram-se vários confrontos entre as forças policiais e alguns adeptos nos arredores do estádio. A rivalidade entre os dois emblemas fazia antever dificuldades para a PSP mas houve a sensação de que os confrontos poderiam ter sido evitados com outra organização: os autocarros dos adeptos afectos ao clube de Portimão, quando chegaram, passaram exactamente em frente à concentração dos membros da claque do Farense, os South Side Boys. Apesar de em época natalícia, o clima em Faro fez lembrar o de pleno Verão: quente, muito quente.

Confrontos entre a polícia e adeptos, antes do encontro / Fonte: Portugal Tifo
Confrontos entre a polícia e adeptos, antes do encontro / Fonte: Portugal Tifo

Os ingredientes para um jogo fervoroso estavam presentes e foi mesmo isso que aconteceu. A jogar em casa, o Farense entrou melhor e não demorou a colocar-se em vantagem. De cabeça, o baixinho Matias inaugurou o marcador e colocou o líder do campeonato em posição de desvantagem. O Portimonense reagiu ao golo sofrido mas com algum azar – enviou uma bola ao poste – não chegou ao empate. Contudo, durou pouco a supremacia territorial que ia exercendo. Seguro atrás e inspirado pelos quatro da frente, o Farense mostrou-se quase sempre mais perigoso na primeira parte, em que ainda viria a fazer o 2-0. Antes, nova bola no poste. Desta vez, do conjunto da casa, e novamente de cabeça. Depois, numa boa jogada de Matias a colocar em Rambé que, com um excelente cruzamento de primeira, colocou a bola em Ibukun que só teve de encostar. Um golaço do Farense a mostrar que também há bom futebol na 2ª liga portuguesa.

A primeira parte terminou com alguma confusão, com a equipa de arbitragem liderada por Carlos Xistra e os seguranças presentes a ter de intervir de forma a evitar males maiores. Na segunda, novo jogo. O Portimonense surgiu mais esclarecido e obrigou o Farense a descer no terreno. Aos 64 minutos, o japonês Mu Kanazaki reduziu para 2-1 e deixou a decisão para os últimos 20 minutos. Jorge Paixão, o treinador do Farense, foi mexendo na equipa mas não conferiu maior segurança aos que estavam em campo. Aos 89 minutos, Carlos Xistra mostrou ainda o segundo amarelo a Ibukun mas nem assim o Farense deixou fugir os três pontos. O resultado foi incerto até final, com o guarda-redes de Portimão a subir até à área contrária no último canto do jogo, mas justo. Em termos gerais, o Farense mereceu a vitória.

Fotografia Bola na Rede: Os South Side Boys nunca pararam de apoiar a equipa da casa
Fotografia Bola na Rede: Os South Side Boys nunca pararam de apoiar a equipa da casa

No topo da classificação as coisas pouco mudaram. Portimonense continua 1.º, com um ponto de avanço sobre o Moreirense. O Farense subiu ao 12º, mas está apenas a cinco pontos da posição de acesso ao Play-Off de Promoção à Liga Zon Sagres.

Em casa é que que se está bem

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Bem podia ser uma alusão ao frio que se faz sentir em Portugal – em especial no norte do país, mas não. Refiro-me, isso sim, à prestação do Athletic club de Bilbao na Liga Espanhola na temporada 2013/2014.

Na verdade, o novo estádio do Athletic Bilbao – San Mamés – tem-se revelado uma verdadeira muralha para os adversários: Os bascos têm 7 vitórias e 2 empates nos 9 jogos realizados para a Liga BBVA. Com a vitória desta noite frente ao Rayo Vallecano, os bascos perfazem um total de 17 golos marcados e apenas 8 sofridos em casa, é fácil perceber a razão do Athletic se encontrar atualmente na 4a posição com 33 pontos – somente a 5 pontos do Real Madrid de Cristiano Ronaldo e Gareth Bale (os merengues têm, contudo, um jogo a menos).

Mas há ainda mais mérito no trabalho deste histórico clube basco ao verificarmos que todos os 25 jogadores que compõem o plantel são espanhóis – quase todos nascidos no país basco -, sem exceção.

Essa é, aliás, uma das filosofias do clube, que tem no seu historial 8 Ligas de Espanha, 23 Copas Del Rey e uma Supercopa de Espanha.

O futebol dos bascos é frio e agressivo. Apoiado numa estrutura sólida e onde impera uma constante disponibilidade para ajudar o companheiro mais próximo, o Athletic evidencia uma grande propensão ofensiva nos jogos em casa, optando nos jogos fora por uma tática de maior contenção.

O canto do cisne no San Mamés aconteceu no dia 1 de dezembro frente ao Barcelona: ao minuto 70, o avançado de 21 anos Iker Muniain marcava o golo da vitória dos bascos e confirmava a primeira derrota dos catalães na presente época.

O Athletic levou a melhor sobre o Barcelona Fonte: http://a.espncdn.com
O Athletic levou a melhor sobre o Barcelona
Fonte: http://a.espncdn.com

Muito do mérito deste magnífico início de época deve-se ao experiente treinador Ernesto Valverde – que sucedeu ao carismático Marcelo Bielsa. O técnico espanhol teve passagens por Espanhol, Valência, Olympiacos e Villarreal, onde acumulou uma vasta experiência. Curiosamente, Valverde foi jogador do Athletic durante 6 épocas (de 1990 a 1996), o que demonstra uma clara perceção das ideologias e da responsabilidade de representar o clube basco.

É necessário sublinhar que o Athletic perdeu no verão passado a sua maior figura dos últimos anos: Fernando Llorente, que se transferiu a custo zero para a Juventus. O goleador espanhol de 28 anos estava no clube desde 1996 (!), isto é. 18 temporadas a servir o clube (desde os escalões de formação).

Quanto ao Athletic club de Bilbao, resta saber se esta invencibilidade em casa se vai tornar uma tradição para ao resto da época. O próximo jogo no San Mames é no dia 12 de Janeiro de 2014 frente ao Almería. Em caso de vitória, os adeptos do Athletic podem começar a sonhar com um lugar europeu. E bem merecem.

A Metamorfose de Carlos Eduardo

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No início de cada época, treinadores, jogadores e até adeptos tendem sempre a falar do célebre “período de adaptação” para as novas caras da equipa. Cá para mim, isso é apenas uma forma para aqueles que apostaram nesses novos jogadores terem uma maneira de poderem fugir a um provável insucesso, no caso de esse atleta não corresponder àquilo que se esperava dele. A razão mais óbvia, para eles, é a de que o jogador ainda não se adaptou ao novo clube, aos novos colegas e ao novo futebol.

Bem sei que existem diferenças entre jogar no Brasil ou em Portugal, como naturalmente existem diferenças entre treinar o Paços de Ferreira e o FC Porto. Contudo, para mim, quando existe qualidade, essa existe em qualquer lado, do norte ao sul de um país, seja ele qual for. Esta introdução serviu basicamente para explicar que, olhando para as aquisições desta temporada do FC Porto, esse argumento não podia ser usado em grande parte dos jogadores, porque estes já atuavam no nosso campeonato. É certo que Herrera ou Quintero chegaram de paraquedas a Portugal, mas jogadores como Ricardo, Licá, Ghilas e Carlos Eduardo já sabiam os terrenos que iam ocupar.

Não foi por acaso que falei de Hector Herrera e Juan Quintero: com as saídas de João Moutinho e James Rodriguez, o mexicano e o colombiano pareciam ser os sucessores naturais dos ex-FC Porto, até pelo valor que os portistas investiram neles. No meio campo, Defour, Josué e Herrera foram as três opções que Paulo Fonseca usou para tentar encontrar um substituto para Moutinho. Missão impossível, pois claro. Como Moutinho possivelmente só Xavi, e esse joga na Catalunha. Não era preciso, portanto, ser muito entendido para perceber que era fundamental colocar o FC Porto a jogar de forma diferente no que dizia respeito ao meio campo. Era preciso um jogador que desse intensidade, rapidez e poder de decisão no último passe.

Não vou voltar à questão do duplo pivot, até porque acho que Fonseca já a abandonou. Falo apenas das hipóteses que o treinador quis inventar, mas que não deram resultado. Os resultados não apareciam e as exibições estavam longe de agradar. Tudo isto, até ao minuto 45 do jogo contra o Sp. Braga. Ao intervalo, Lucho Gonzalez saía lesionado para dar o lugar a Carlos Eduardo. O médio brasileiro, ex-Estoril, tinha dado na pré-época excelentes indicadores de que poderia ser uma aposta válida para o decorrer da época. Sem se perceber como, não foi inscrito na Liga dos Campeões e não foi aparecendo nas convocatórias de Fonseca, depois daquele intervalo contra os bracarenses. Chamei-lhe “A Metamorfose de Carlos Eduardo”, e não me parece que haja melhor descrição para o que temos visto nos últimos jogos do tricampeão.

Podem dizer-me que um jogador não faz uma equipa. É verdade. Podem dizer-me que o coletivo tem de ser mais do que a soma das individualidades. É verdade também. Mas olhando para este FC Porto, parece que esta metamorfose assinada pelo brasileiro contagiou todos os seus colegas: a defesa deixou praticamente de cometer erros infantis, Fernando parece outro em campo, Varela anda mais solto nas alas e até Jackson faz mais golos. Coincidência? Não acredito muito nisso.

A sorte procura-se, e Carlos Eduardo procurou-a. Primeiro na equipa B e agora como indiscutível no onze de Paulo Fonseca. Já há quem o compare a um tal de Deco, que, se bem se lembra, foi dos melhores naquela posição a atuar nos azuis e brancos. O futebol é um desporto de exageros, onde as metamorfoses aparecem a cada jogo decorrido.

Todavia, algo é indiscutível: este FC Porto não é o mesmo desde Carlos Eduardo. Permita-me que afirme que há um antes e um depois do brasileiro, e que os resultados não são apenas meras coincidências desse facto. Com magia em cada movimento que faz, e inteligência dos pés à cabeça, é já complicado tentar fazer um onze inicial sem Carlos Eduardo. Coincidência? Não acredito muito nisso. Eu chamo-lhe metamorfose.

É Natal, é Natal, tudo está igual

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nascidonafarmaciafranco

O ano civil vai terminar sem que a primeira volta do campeonato esteja concluída – na verdade, vem aí uma super-jornada, com embates directos entre os quatro primeiros classificados da tabela classificativa. Por isso mesmo, face à quantidade de partidas que há ainda por jogar, volto a não considerar essencial ter em conta os critérios de desempate da igualdade de pontos que coloca os três grandes na “pole position”. Vermelhos, verdes e azuis somaram dez vitórias, três empates e uma derrota e por isso se encontram os três com 33 pontos no topo da tabela classificativa. Chegámos ao Natal e tudo está igual.

Tabela Classificativa
Tabela Classificativa

Fujamos agora da tabela e olhemos para o futebol. Será que em relação ao ano passado a única coisa que falta ao Benfica são três pontos? Venha de lá esse grande “não”. Se olharmos então para esta recta final do ano, o Benfica tem vindo a mostrar-se cada vez mais pobre. Depois de um jogo sem especial encanto em Vila do Conde, os encarnados fizeram um jogo miserável contra o Arouca e outro igual contra o Olhanense (de notar que em ambos os jogos o Benfica se encontrou a perder e a correr contra o prejuízo por duas ocasiões em cada partida), e para acabar, o futebol praticado no Bonfim põe-nos a pensar sobre se o Benfica está a lutar pela primeira metade da tabela classificativa. Numa equipa em que Rodrigo e Lima têm a obrigação de substituir Cardozo com eficácia; em que Sulejmani, Markovic ou Gaitán devem responder com criatividade à sombra de Salvio; em que o eixo da defesa é fixo e devia já jogar de olhos fechados; e em que Matic e Enzo são já raízes da estrutura, como é que as ideias de jogo são tão poucas ou nenhumas? Como é que o Benfica não sai para o contra-ataque de forma mortífera como acontecia o ano passado se há quem distribua no meio e quem seja capaz de desequilibrar na frente? Como é que o Benfica não faz um remate à baliza na primeira parte em Setúbal? O mercado de Inverno, a montra milionária e o castigo aplicado a Jesus não desculpam as fracas exibições nem podem afectar a motivação de profissionais do futebol do 15º plantel mais valioso do Mundo.

Não seja esta análise indiciadora de que acho que o Benfica está pelo referido acima injustamente no primeiro lugar. À semelhança dos rivais, o Benfica encontra-se na frente, mas isso pouco indica. Na verdade, ao invés de um percurso vincado que resultasse na posição que ocupam na tabela, a igualdade pontual entre os três mostra sim falta de argumentos que justifiquem maiores discrepâncias nesta altura. Não esquecendo que as armas com que o Sporting atacou o campeonato são diferentes das utilizadas por Benfica e Porto, falta um clique, uma resposta colectiva, uma coesão una que permita a uma das equipas iniciar uma fuga em direcção ao título, coisa que até agora não aconteceu.

Mais uma vez não esquecendo que a primeira volta não está terminada, acredito que a segunda ronda vai ter características completamente diferentes: Benfica e Porto fora da Liga dos Campeões mas com compromissos europeus, ainda assim; Sporting manifestamente candidato ao título; Porto com o trono dos últimos anos ameaçado e com uma equipa técnica pouco firme.

Sirva este Natal para que os treinadores pensem na forma como vão atacar 2014. Pela proximidade que tem ao presépio, que seja Jesus o feliz iluminado.

Jogadores que Admiro #8 – Ronaldo, o Fenómeno

jogadoresqueadmiro

Nunca gostei de máquinas enfiadas nos corpos de quem se movimenta pelos campos de futebol. Máquinas perfeitamente trabalhadas e afinadas para exemplarmente desempenharem o seu papel pelo gramado. Auto-programação técnica, auto-programação táctica, auto-programação técnico-táctica… Improviso zero, jogadas aprendidas num intenso estudo pelos grandes livros do futebol – mas há algum livro que ensine o futebol? Futebol de estatísticas, xadrez táctico, x remates, y cantos, z passes completos. Se isto, aquilo. Pouco prego a fundo pela estrada do génio e da loucura e sempre muita cautela, piscas, retrovisores. Obrigações do futebol moderno, porventura. Valha-nos o diabo do Di María, a saudade do Zidane, o gozo do Gaúcho ou a soberba de Riquelme.

Sou Ronaldo
Muito prazer em conhecer
Eu sou Fenômeno
Ronaldo Nazário dos Campos

Ronaldo, o verdadeiro, o primeiro, a extensão do povo brasileiro no relvado. Futebol no seu estado mais puro, futebol inventado, futebol pensado no microssegundo. Ronaldo interpretou-o na perfeição. Contrariava as jogadas pensadas por quem assistia ao jogo, escolhia sempre o mais difícil. É esse o dom dos génios. O mais fácil e mais óbvio é tão mais fácil e tão óbvio que nem os preenche. Precisam da pedalada, do calcanhar e da vírgula para irem felizes para casa. Por isso é que falham mais, mas a memória do adepto é excepcional e guarda só o que é bom de se guardar. Quantos de nós não quisemos ser – e fomos até, nem que fosse na inocência de criança – Ronaldo no pátio da escola? Imitar o que víamos o gordo fazer pela televisão. Fascinava-me toda aquela superioridade do Ronaldo em relação aos adversários. Como podia um homem só ser tão mais rápido e ter tanta mais técnica do que aquele que lhe ousava tentar tirar a bola? Só tentar, porque o dono dela era Ronaldo.

Ronaldo, o Fenómeno
Ronaldo, o Fenómeno / Fonte: futebolpiada.com.br

Também não gosto de misturar números quando se fala de génios que os nossos olhos tiveram o prazer de poder ver. Duas Bolas de Ouro e 352 golos entre Cruzeiro, PSV, Barcelona, Inter, Real Madrid, AC Milan e Corinthians. 67 pela canarinha, a quem deu uma Copa. Esta coisa de ter nascido em 1992 tem as suas desvantagens. O melhor do melhor de Ronaldo – Barcelona e Inter – só mesmo pelo Youtube. Foi por alturas do Mundial de 2002 que estranhei a presença de um extraterrestre, perdão, jogador muito melhor do que os outros. Nesse mesmo verão chegou a Madrid para se juntar a Zidane, Figo e Raúl e formar uma orquestra, perdão, equipa muito melhor do que as outras. Infelizmente, teve um prazo de vida muito curto porque rapidamente passou de orquestra a circo.

Muitos criticaram o excesso de peso do Fenómeno. Muitos o deram como acabado em 1999, quando o mesmo joelho lhe pregou duas partidas seguidas. Outros tantos queriam afastá-lo para Romário ter espaço. Pobres de espírito que, em vez de se deleitarem com um dos melhores jogadores que este desporto viu, lhe viram o fim sempre tão próximo. Porque as arrancadas, o gozo ao adversário e a condução de bola nunca caberão em palavras, nada melhor do que 16 minutos que nos levam à infância e nos fazem lembrar o porquê de gostarmos tanto disto:

O triunfo dos esforçados

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cab ténis

Depois de na semana passada ter falado sobre os talentos do ténis, esta semana vou dar o lugar aos esforçados. Aqueles que, não sendo prodígios da modalidade, trabalharam diariamente e lutaram para chegar onde chegaram; e felizmente hoje em dia temos bons e vários exemplos desse tipo de tenistas bem classificados.

É indissociável falarmos de tenistas esforçados e não falarmos de David Ferrer. O nº3 do ranking mundial ATP é o exemplo máximo de alguém que, não tendo nenhum talento em especial, conseguiu atingir um nível de trabalho e de capacidade de sacrifício que lhe permitiu chegar onde está actualmente.
Pessoalmente, considero que é impossível não simpatizar com Ferrer. O “patinho feio” da armada espanhola não é o mais bonito nem veste roupa das melhores marcas, mas está à frente de Murray e Federer no ranking mundial, e ver o seu jogo é sinónimo de ver um jogo certinho, tecnicamente limpo, bem disputado, e sobretudo aguerrido, sem nunca desistir do ponto, sem dar um ponto por perdido – e isso motiva não só quem está do outro lado como também quem assiste, tendo a possibilidade de ver quase sempre um encontro longo, tacticamente pensado, no qual o protagonista coloca tudo o que tem em campo.

tenis
Stanislas Wawrinka
Fonte: ABC

Dentro do top10 do ranking mundial podemos também falar de Stanislas Wawrinka; o segundo melhor suíço da classificação do ténis sempre viveu à sombra de Roger Federer, mas parece que o decréscimo do “number one” coincidiu com a melhoria de forma de Wawrinka.

O suíço que deixou a mulher e a filha para se dedicar exclusivamente ao ténis tem nesta história de vida a tónica para uma carreira que tem estado em crescimento e que proporcionou já à História do ténis duelos épicos como o encontro a cinco set’s frente a Novak Djokovic, no Austrália Open, que terminou com um 12/10 ao fim de cinco horas. Wawrinka não é também o tenista mais talentoso do mundo, apesar de ter uma das esquerdas a uma mão mais bonitas do circuito, mas, fruto do seu empenho em relação à modalidade, conseguiu melhorar o seu jogo, sendo actualmente um tenista mais sólido e mais coeso ao longo de todo o seu jogo.
Stanislas Wawrinka tem já no currículo uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em Pares, ao lado de Roger Federer. Fosse Wawrinka mais novo e a Suíça teria um tenista de top para garantir a continuidade do país no top10 do ranking mundial. Ainda assim, Stanislas Wawrinka está a atravessar a melhor fase da sua carreira e poderão chegar mais alegrias para os seus adeptos.

Mais uma vez, e estabelecendo um paralelismo com Portugal, Frederico Gil é um tenista que, não sendo um portento no que toca ao talento, conseguiu, fruto do seu empenho e trabalho, chegar onde chegou, e a motivação que o leva todos os dias a entrar em court para treinar deu os seus frutos. Gil pode não ter o talento de um Pedro Sousa (apontado como um dos mais talentosos da sua geração), mas revelou ao longo dos anos uma capacidade de trabalho brutal e que deu resultados.