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O que ainda há de campeonato

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camisolasberrantes

O povo português apreciador de futebol tem um hábito, de há uns anos para cá, um tanto ou nada – como hei-de dizer?… – irritante: ainda o campeonato não vai a meio e já clube x ou y – ou se preferirem FCPorto ou SLBenfica – tem legitimidade para encomendar as belas das faixas de campeão. Isto deve-se a um fenómeno muito actual e específico que consiste em observar a disparidade da qualidade entre os dois anteriormente referidos clubes e os restantes que também participam do Campeonato Português. E sim, é exactamente essa a expressão a utilizar: “restantes clubes que também participam”. Ora, é que, e como dizia Rui Alves, Presidente do Nacional, em entrevista à RTP Informação – e por alto tento repercutir as suas palavras –, o que deveria interessar aos altos dirigentes nacionais era tornar o futebol português num futebol mais uno, mais coeso, mais bonito e mais profissional. Porque não é por aí que Benfica, Porto ou – olhando para o panorama actual – Sporting perdem espaço. É, sim, por aí que o ganham. Ganham em competição, ganham em menos “autocarros” em frente à baliza, ganham em jogos disputados do primeiro ao último minuto. Ganham com o facto de os outros não se limitarem a participar, mas também a encantar e a disputar lugares cimeiros – quem não gostou de ver o Paços de Ferreira e o Estoril no ano passado?! E pode até ser que, assim, Portugal vá à Europa…e por lá fique, caramba! É que neste momento quem na Liga Europa está, de lá sairá. E quem na Liga dos Campeões está, para a Liga Europa passará! Mas enfim. Vamos ao que interessa.

A bem ou a mal, o Benfica está em primeiro lugar. Juntamente com o Sporting, sim. E a apenas dois pontos do Porto. Tudo bem. Estamos no caminho certo. É saber não tropeçar. E a verdade é esta: a primeira metade do campeonato está praticamente fechada. Com o Benfica ainda vivinho da silva. Com Jorge Jesus a ganhar jogos a pontapé – ainda que com dúbia qualidade – e sem sequer se sentar no banco de suplentes. O que é que está mal então? Não foi assim que o Porto meteu no bolso os dois últimos campeonatos? Tudo bem, nem uma única derrota acrescentaram às contas. Mas o Benfica também só tem uma: primeiro jogo, única falha. Contra o Marítimo. Que está a fazer uma época relativamente desastrosa. Se temos desculpa? Não, não temos. Mas há alguém a praticar melhor futebol do que nós? Há alguma equipa neste campeonato com um plantel tão preenchido como o nosso? Com as opções de qualidade que nós temos? Com a experiência e com o alinhamento táctico que temos vindo a cultivar há já dois, três anos? Não. Para todas as anteriores perguntas. E até acabarmos a primeira volta do campeonato, só temos um verdadeiro quebra-cabeças para solucionar: o Porto. Com a benesse de que os receberemos em nossa casa. E em nossa casa mandamos nós. Chega de facilitismos. Este é o campeonato do bate-pé. E não deixamos de bater o nosso até conquistarmos o que nosso é.

Olhando para o que ainda aí vem, vemos que temos dois jogos contra dois dos três últimos classificados da tabela (Arouca – em casa – e Olhanense – fora). Depois vamos à margem sul enfrentar o Setúbal, clube que ocupa a 12ª posição, mas que, apesar de tudo, já não perde há dois meses (sendo que aí se deixou vergar perante o Sporting num desastroso 0-4). A fechar, as duas cerejas no topo do bolo: primeiro o Gil Vicente, clube revelação deste ano, e depois o clube que todos vêm pondo em causa: o Porto. Ambos os confrontos em casa.

Ainda que longe, é preciso acreditar / Fonte: bem-me-quer-benfica.blogspot.com
Ainda que longe, é preciso acreditar
Fonte: bem-me-quer-benfica.blogspot.com

Optando por não me tornar no tal povo irritante que já é campeão ainda antes de o Inverno se começar a sentir realmente frio, aconselho como prevenção para tal maleita altas doses de calma, serenidade, concentração e preocupação com o nosso percurso. Os outros preocupar-se-ão com o deles. Isto com ou sem tochas à mistura, claro. E já agora, minha família benfiquista: não é por estarmos em primeiro (finalmente)… mas se nem nós acreditamos, quem vai acreditar? O Benfica precisa de nós. Talvez seja desta que o futuro se augure mais brilhante. Afinal, Jesus até já sabe jogar com dois esquemas tácticos. E ambos dão vitórias.

Além de jogo, é espetáculo

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cab Volei

Portugal terá como adversários a Holanda, a Coreia do Sul e a República Checa no Grupo E da Liga Mundial 2014 de seniores masculinos, a disputar de 23 de Maio a 20 de Julho do próximo ano, segundo o sorteio realizado na Federação Internacional de Voleibol.

Esta é uma competição que teve a sua estreia em 1990 e que na edição de 2014 conta com 28 países participantes distribuídos por sete grupos, sendo que anteriormente estavam menos dez na competição.

Basta analisar o cerne de todo o esquema competitivo da Federação Internacional de Voleibol para perceber que esta competição é uma das que mais se fundamentaram e em que se analisou o porquê de realizar a prova, tendo em vista várias perspetivas – nomeadamente a do marketing que envolveria um evento desta dimensão.

Ao contrário do Campeonato Mundial ou mesmo dos Jogos Olímpicos, esta é uma prova realizada anualmente e cuja dimensão tem um retorno imediato a nível económico, tanto para as ditas “cidades-sede” em que se realizam os vários jogos como para os vencedores. Segundo a FIVB, já foram distribuídos cerca de 13 milhões de dólares pelos vencedores desde 1990 a 2004. Como referi, as “cidades-sede” têm vantagens ao acolher este evento, pois a prova tem uma abrangência internacional. Num panorama de equipas de todos os continentes, que desde sempre contam com uma divulgação organizada da parte dos media da cidade em que se está a competir, a garantia desta cobertura (pela televisão principalmente) tem de estar assegurada. No mesmo âmbito, em 1993 surge um projeto congénere: o Grand Prix, competição semelhante mas para seniores femininos.

É daqui que se parte para a ideia de “espetáculo”. Uma coisa que sempre admirei desde que me formei no voleibol é que uma das maiores preocupações dos órgãos máximos de organização competitiva desta modalidade é a de garantir que seja um jogo que todos possam ver, e que esteja bem organizado em todos os aspetos – nomeadamente na mediatização. Que eu não caia numa espécie de pleonasmo desta ideia, mas gosto de destacar sempre: o voleibol é um jogo bonito de se ver e de se jogar – e é importante perceber os contextos em que se inserem as competições e o que está nos “bastidores”.

A seleção masculina da Rússia venceu a edição de 2013.  http://esportes.terra.com.br
A seleção masculina da Rússia venceu a edição de 2013.
Fonte: esportes.terra.com.br

Para já, o que se sabe é que a edição de 2014 da Liga Mundial começa no fim de semana de 23 a 25 de Maio, com a primeira ronda dos Grupos C, D e E, e termina a 20 de Julho, com a realização da Fase Final, e estes são os grupos:

A: Brasil, Itália, Polónia e Irão
B: Rússia, Estados Unidos, Bulgária e Sérvia
C: Bélgica, Canadá, Austrália e Finlândia
D: Argentina, Alemanha, França e Japão
E: Holanda, Coreia do Sul, Portugal e República Checa
F: Tunísia, Turquia, Cuba e México
G: Porto Rico, China, Eslováquia e Espanha

Uk Championship 2013

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cab Snooker

Já tem as desculpas preparadas para não descolar do ecrã? O UK Championship começou no passado dia 26 de Novembro e sofreu um pequeno processo de metamorfose. Gostava de saber tudo e mais alguma coisa sobre este torneio mas ainda não tenho teias de aranha neste assunto (hei-de ter); felizmente, há quem as tenha. A BBC fez um pequeno documentário sobre o UK Championship, uma pequena máquina do tempo que nos leva à era de Stephen Hendry com 17 anos e Ronnie O’Sullivan com 18 (se calhar não lhe passava pela cabeça que um dia iria ser o The Rocket). Ainda eu nem era nascida já andavam estes senhores a fazer história.

Competing against your childhood heroes is a dream for every aspiring sportsman, and some will be lucky enough to get this opportunity in the revamped format of the UK Championship. (Shamoon Hafez, 2013)

Eu não precisava de muito para ficar com as pernas a tremer. O ambiente do Barbican Centre, as pessoas do Barbican Centre, os jogadores do Barbican Centre…! Bastava estar nas bancadas a ver umas tacadas dos grandes nomes para ficar com borboletas no estômago. Um completo momento de epifania, talvez. Nem consigo imaginar o equilíbrio dos sete amadores que estão a partilhar mesa com o top 16.

Esta metamorfose de que estava a falar vem do facto de este ano o UK Championship ter um novo formato. Os jogadores do top 16 têm de passar por mais dois rounds do que antigamente. Já vamos no 8º dia de competição e apenas no 3º round. São quatro rodadas até passarmos para os quartos-de-final, o que faz com que o torneio acabe apenas no dia 8 de Dezembro. Sinceramente não me importo nada, antes pelo contrário. É a minha terapia para descontrair.

Uk Championship 2011 - Barbican Centre, York http://maximumsnooker.com
Uk Championship 2011 – Barbican Centre, York
Fonte: maximumsnooker.com

Pessoalmente, não sou contra esta nova medida. Os mais inexperientes têm aqui uma oportunidade para amadurecer mais rapidamente, competir com os melhores logo desde início. Caso não se recorde, Marco Fu foi dos primeiros nomes que vimos cair. E caiu para o lado dos verdes (não é um eufemismo político). Foi derrotado por Mitchell Travis (21 anos) por 6-5.

Marco Fu disse: “Deve ser das piores derrotas da minha carreira. Não estava à espera disto.”

Em 2011 o torneio voltou ao Barbican Centre, York e o campeão a bater é Mark Selby, nº 2 do ranking mundial.

Uma actualização constante dos resultados:

http://livescores.worldsnookerdata.com/LiveMatchesList/Tournament/13630

 

Vídeo da BBC:

http://youtu.be/8Xs0pdwi32U

Os três pilares do novo Sporting

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O Sexto Violino

É com grande alegria que escrevo a crónica desta semana: o Sporting está de volta ao lugar que merece. Ainda que o nosso bom momento seja sobretudo fruto da coesão da equipa e não de exibições individuais, hoje falarei em três figuras que, para mim, são os maiores sustentáculos deste novo Sporting: Leonardo Jardim, Fredy Montero e William Carvalho. Centrar-me-ei sobretudo no último jogo, mas também naquilo que cada um destes intervenientes já fez desde o início da época.

Não me canso de dizer que o treinador tem feito um trabalho quase irrepreensível e que ainda ganha mais valor se olharmos para o que era o Sporting antes de ele chegar. Contra o Paços, gostei de ver que não achou necessário colocar de início Slimani com Montero, mantendo-se fiel aos seus princípios de jogo. É verdade que o argelino merece mais minutos (ontem teve mais alguns), mas o abandono do 4-3-3 poderia levantar vários problemas: os jogadores iriam demorar algum tempo a adaptar-se, o meio-campo poderia ficar mais desequilibrado e esta alteração táctica implicaria tirar Montero da posição onde tem rendido mais, uma vez que recuaria ligeiramente. Imaginando que o Sporting, a jogar em 4-4-2, está empatado a 20 minutos do fim, o treinador não tem grandes opções para colocar em campo de forma a forçar o golo. O 4-3-3, por seu lado, garante que a equipa tem um plano B pronto a ser usado se necessário. A entrada de Slimani desmonta a defesa e obriga os adversários a reposicionarem-se, ao mesmo tempo que garante uma maior presença física na área. A própria equipa parece crescer e ganhar novo ânimo quando o argelino salta do banco. Se as coisas têm resultado assim, não vejo por que há-de mudar-se, até porque não é garantido que passemos a jogar melhor caso abandonemos o 4-3-3. Quanto ao resto, agradou-me a mudança de atitude da equipa depois do intervalo (acredito que tenha tido o dedo de Jardim) e gostei, mais uma vez, do discurso adoptado após o apito final. O nosso treinador é um perfeccionista que prepara todas as situações de jogo ao pormenor. Isso nota-se nas bolas paradas (que cada vez mais são um factor decisivo no futebol moderno, como ontem se viu), na estabilidade que a nossa defesa ganhou, no rigor táctico das movimentações dos jogadores, etc. O Leonardo Jardim é o treinador que outros gostavam de ter ido buscar, mas ele é nosso. E foi a melhor contratação do Sporting, não só deste ano, mas desde há muito tempo.

Já o Montero, sendo o avançado da equipa, é também o rosto mais visível do renascimento do Sporting. É ele o responsável pela conclusão das jogadas e para já tem-no feito com distinção. Após o seu início fulgurante temi que os sportinguistas começassem a ficar mal habituados e interroguei-me sobre qual seria a reacção dos adeptos se ele estivesse alguns jogos sem marcar. Quando essa altura chegou, os meus receios pareceram confirmar-se: já se iam ouvindo algumas críticas tímidas à sua falta de golos, mesmo vindas de adeptos do Sporting. Ontem, porém, o colombiano respondeu com mais dois tentos e mostrou que a sua veia goleadora não acabou, como aliás era de prever. Se os guarda-redes e os defesas não estão todos os jogos sem sofrer golos, por que razão há-de se exigir a um avançado que marque em todas as partidas? Além disso, o seu contributo em campo estende-se às jogadas que cria e aos espaços que abre, o que faz dele um elemento importantíssimo na manobra atacante mesmo quando não marca. O segundo golo do Sporting tem, aliás, origem num duelo decisivo ganho de cabeça pelo Montero.

Três figuras incontornáveis do novo Sporting / Fontes: prognosticosfutebol.net ; spor.haberler ; supersport
Três figuras incontornáveis do novo Sporting / Fontes: prognosticosfutebol.net ; spor.haberler ; supersport

Por último, William Carvalho. Vir elogiá-lo é constatar o óbvio, mas a enorme qualidade da sua exibição de ontem obriga-me a isso. O nosso número 14 é seguro no passe, sereno como um “trintão”, tem uma visão de jogo muito acima da média (ainda que haja quem diga que só joga para o lado…) e uma capacidade de desarme tremenda sem precisar de recorrer à falta, aliada à sua facilidade em desenvencilhar-se dos adversários e colocar a bola redondinha nos pés dos colegas mesmo quando parece que tem o lance perdido. Tudo isto somado a uma atitude discreta, a um discurso bem articulado e a uma confiança em si próprio que se nota à distância. Assim como se nota, atrevo-me a dizer, um grande apreço pelo Sporting – desde a história da sua vinda para o clube, recusando o assédio do Benfica, até ao facto de já ter dito várias vezes que está no clube onde sempre quis jogar. Parece ter, à semelhança do Eric Dier, uma atitude simples e desassombrada perante o futebol e a vida que é pouco comum em alguém com esta idade e menos ainda quando se trata de vedetas da bola. Até o pormenor de ter voltado aos estudos para completar o 12º ano mostra que não se deixa levar pela sua grande popularidade repentina e que não despreza o valor da educação, estando já a preparar a sua vida pós-futebol. O William tem atitudes de vencedor nato e perfil de líder, tanto dentro como fora do campo, e tem sido a meu ver a melhor individualidade de uma equipa que vale sobretudo pelo colectivo. Por tudo isto, se mantiver este nível, ou muito me engano ou ficará por cá pouco tempo, uma vez que a Europa do futebol não anda a dormir – e uma boa prova disso é que, pese embora todas as campanhas feitas pelos media para inflacionarem Gaitáns, Salvios, Rodrigos, Andrés Gomes e Enzos Pérez, eles continuam todos no Benfica. Os melhores não precisam de promoção, porque é a própria realidade que se encarrega disso.

Dragões em chamas!

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portosentido

O Porto está em crise. Não há muitas oportunidades para afirmar algo deste género. É muito raro um clube bem estruturado e com grande disciplina ter um problema deste tipo entre mãos. Em Coimbra, o Porto voltou a perder pontos e perdeu o primeiro lugar para Benfica e Sporting. No entanto, mais do que três pontos, o Porto perdeu a massa de adeptos. Já referi no passado que na base de um clube estão os adeptos. São eles que conseguem ser o 12º jogador e a força quando já não há força. Sem os adeptos, acaba por não haver Porto.

O jogo com a Académica voltou a provar o actual momento de forma do Porto: terrível e desinspirado. Não há esforço conjunto no relvado. O Porto a jogar parece ser bola no Lucho e fé em Jackson Martinez. Paulo Fonseca insiste em jogar com o duplo pivô quando Fernando nasceu para jogar sozinho. A decisão de jogar com o que eu gosto de chamar falso extremo (Josué) na esperança de manter a ala e, ao mesmo tempo, ganhar mais um homem no meio-campo ofensivo começa a ser demasiado previsível e pouco proveitoso para o jogo azul e branco. A ideia é deixar o corredor aberto para as incursões de Danilo, algo que acaba por destabilizar.

Há, de facto, uma forma de “ganhar” mais um homem no meio-campo ofensivo sem comprometer o equilíbrio da equipa: Fernando tem de jogar sozinho! Em anos recentes, a equipa do Porto sempre, mas sempre, jogou com apenas Fernando no vértice recuado do triângulo. Funcionou e o Porto ganhou títulos. A equação é simples. Com Fernando acompanhado perde-se um homem que acaba por não ter qualquer impacto no jogo.

Após o desaire na cidade dos estudantes, onde Paulo Fonseca se mostrou, pela primeira vez, completamente derrotado, não houve Porto. No entanto, pior do que o jogo em si foi a situação que aconteceu depois. À chegada da comitiva portista ao estádio do Dragão, o autocarro portista foi atacado por uma dezenas de pessoas enraivecidas. Isto é algo com o qual eu não posso compactuar.
Os resultados não são os melhores, as exibições são terríveis. Porém, nunca se deve agir da forma como os estupores que atacaram o autocarro do Porto agiram. O bando de dezenas de pessoas não faz, a meu ver, parte dos adeptos do Porto. O ataque ao autocarro portista é um acto vergonhoso por parte de uns quantos gatos-pingados. O Porto não esteve naquele pseudo ataque. Não foram os adeptos portistas que mandaram aquelas tochas improvisadas e pedras que estivessem à mão. Aquilo foi trabalho de pessoas que não entendem o futebol, que não percebem a verdadeira essência de ser um dragão em chamas.

Os incidentes à chegada da comitiva do Porto Fonte:www.record.xl.pt
Os incidentes à chegada da comitiva do Porto
Fonte:www.record.xl.pt

Entendam uma coisa… A confiança em Paulo Fonseca começa a diminuir. Facto. Mas as verdadeiras chamas que estiveram no Porto não são as das tochas atiradas ao autocarro. As verdadeiras chamas dos dragões estão nos adeptos, na equipa, na direcção, em tudo. A verdadeira chama é a nação portista. E essa… Essa nunca se vai apagar.

Swansea e a Michu – dependência

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A equipa galesa dos Swans ateima em não aparecer em grande nível este ano. Primeiro há que contextualizar. O Swansea City é uma equipa galesa que subiu num passado muito recente à Premier League, mais concretamente no ano de 2010/2011, no qual garantiu a 3ª presença na liga de topo do Reino Unido, em toda a sua história.

A equipa comandada, na altura, por Brendan Rodgers conseguiu um grande 11º lugar, algo histórico para um clube relativamente modesto. As estrelas da equipa foram jogadores como Sigurdsson, atualmente no Tottenham; Joe Allen, do Liverpool; Scott Sinclair, que acabou por ingressar no City; Ashley Williams e Michael Vorm, que ainda estão no clube. A grande época ditou a saída do treinador para o Liverpool, onde ainda hoje se encontra.

Michael Laudrup / Fonte: EPLindex.com
Michael Laudrup / Fonte: EPLindex.com

Contudo, esta saída permitiu a entrada de Michael Laudrup, que desde logo se destacou por dar ao clube um futebol muito atrativo e de elevada qualidade, caracterizado por um grande poder ofensivo. O ataque era liderado por Michu, um médio que chegara no mesmo ano e depressa foi colocado numa posição mais ofensiva. Era acompanhado por jogadores como De Guzmán, Nathan Dier e Pablo Hernández. Este ano tornou-se histórico para o clube, que acabou por erguer a Capital One Cup (Taça da Liga), com uma vitória por 5-0 frente ao surpreendente Bradford City, dando ao clube o seu primeiro grande troféu.

Findo este ano, a nova época prometia e muito. O treinador manteve-se, bem como toda a filosofia de jogo, e chegaram jogadores como Wilfried Bony, o melhor marcador da Liga Holandesa, Cañas e Pozuelo, provenientes do Real Betis e Jonjo Shelvey, um jovem promissor do Liverpool. Esperava-se que, no mínimo, o Swansea City mantivesse o nível de jogo da época transata.

A verdade é que tal não aconteceu e é uma equipa que ainda à procura da melhor forma. Bony não se adaptou tão rápido quanto o esperado e Michu tem estado aquém das expectativas. Criou-se mesmo uma Michu-dependência, pois o estilo de jogo da equipa depende em demasia do espanhol.

Michu e Wilfried Bony / Fonte: soccernews.com
Michu e Wilfried Bony / Fonte: soccernews.com

Os Swans encontram-se no modesto 13º lugar, com apenas uma vitória nos últimos oito jogos oficiais, entre os quais se contabilizam três jogos para a Liga Europa e cinco para a Premier League. Foram também eliminados da Capital One Cup pelo Birmingham. Vale, assim, o atual segundo lugar na fase de grupos da Liga Europa mas precisam de ganhar o último jogo contra o St. Gallen, na Suíça, para assegurar a qualificação.

Na minha opinião, é uma equipa que terá muito a dar ao futebol inglês, com um treinador que mostrou uma enorme capacidade e vontade de elevar a qualidade do clube. Tem sido uma época algo decepcionante mas convém realçar a inexperiência do clube na alta roda europeia.

É preciso dar tempo às coisas e tenho a certeza de que Bony e Michu vão entrar numa boa forma e levar o Swansea a mais uma época de bom nível. Fico à espera para ver o que acontece. Deste clube só espero o melhor, dado o seu histórico de boa gestão, com enorme cautela e investimentos de real valor.

Ensaio sobre a cegueira, constante

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Glóbulos Vermelhos

Não sou bruxo. Mas por duas vezes me manifestei aqui, anteriormente, sobre a má forma de jogadores do Benfica. Ola John marcou contra o Cinfães (apesar de depois disso ter voltado ao mesmo); Rodrigo também melhorou (muito mais agora, a assinar uma bela exibição contra o Rio Ave); Lima fez dois golos (ao contrário de muitos, parece-me que não fez um grande jogo, mas antes dois belos golos e pouco mais). Mas ainda assim há melhorias. Se faço um por semana para melhorarem todos, mas ninguém acredita muito nisso, até porque para a semana podem ficar em branco e correr tudo mal, mais uma vez. Agora falemos de outro caso: o jovem André Gomes.

Quando surgiu na equipa principal depressa encantou, com maturidade, com visão de jogo, com sobriedade. Atenção, não é um jogador perfeito, tem muito a melhorar, precisa de mais eficácia na velocidade de execução, depois tem de perder o medo de chegar perto da área – fá-lo lindamente na equipa B e nem tanto na A. Mas se pensarmos, como podemos avaliar a sua performance na equipa principal, se este ano, não jogou?

André Gomes no desespero / Fonte: desporto.sapo.pt
André Gomes no desespero
Fonte: SAPO Desporto

Entrou nos descontos para a Champions e agora para a Liga, falhando um derby com o Porto para a 2ª Liga, onde se tem evidenciado como um jogador de grande qualidade e importância. Sempre critiquei a sua utilização constante na equipa B em detrimento da sua possível preponderância na equipa principal. Mas logo agora que o Benfica B defronta o seu rival nortenho, Gomes vai a Vila do Conde para entrar a 30 segundos do final. Numa clara manifestação de falta de respeito por um miúdo com coisas para provar, mas que já demonstrou muito, chegando mesmo a ser convocado para a Selecção A. Mesmo com a lesão de Rúben Amorim, o homem fica de fora e não tem possibilidades de demonstrar o que de bom tem o seu jogo.

Uma estreia na Liga que se dispensava, para nem sequer tocar na bola e acumular um jogo para a estatística. No Sporting era provavelmente titular ou discutia o lugar no onze com André Martins. Aqui pode, muito provavelmente, vir a tornar-se o próximo Miguel Rosa. Parem com isto. Mais vale vender o rapaz para que possa seguir o seu caminho futebolístico que tem tudo para ser grande. É esta entrada na compensação que Jesus entende por motivação? Quem já foi atleta sabe perfeitamente que é tudo ao contrário. É um castigo, daqueles que nos retira vontade e nos faz baixar a cabeça em direcção ao balneário. Esperemos que não saia pela porta dos fundos. Se sair, o Benfica vai-se arrepender, mais uma vez. É a cegueira, eterna, constante.

O contador de histórias maiores do que a vida – Entrevista a Jaime Cravo

entrevistas bola na rede

Jaime Cravo, 36 anos e metade da vida dedicada ao jornalismo. “Contar histórias maiores do que a vida” trouxe 17 prémios ao jornalista e ao ReporTV, exemplos quase únicos da reportagem desportiva televisiva em Portugal.

Jaime Cravo

Começo com a pergunta da praxe: quem é o Jaime Cravo e que percurso fez até chegar ao ReporTV?
Sou uma pessoa banal, como todas as outras. Sou casado, tenho filhos… o habitual. Desde cedo soube que queria o jornalismo. Em criança já recortava jornais e notícias, fazia o meu próprio jornal e escrevia as minhas notícias. É com esse tipo de coisas que começamos a perceber o que é que vamos querer fazer no futuro. E assim foi. Mesmo durante a vida académica, na Universidade Lusófona, fiz um jornal chamado “Novo Lusófono” com mais dois amigos. Era uma coisa revolucionária, muito por causa da juventude inquieta. Tanto que um dos visados pelas nossas críticas levou as coisas mesmo a sério e colocou-nos um processo em tribunal. Até fui prestar declarações à Polícia Judiciária sozinho, com 18 anos, algo que não é permitido sem a presença de um advogado. Bem, acabou por não haver problema porque o caso se resolveu sem males maiores. No segundo ano da faculdade o bichinho já tinha tomado conta de mim e entrei no “Manhã Popular”, um diário que nasceu na altura. Aí, fiz sociedade, crime e educação. O jornal acabou por fechar e fui para a revista “Factos”, mas estive ainda no “Semanário” e “Política Moderna”, uma espécie de “George” à portuguesa.

Já nessa altura tinha o sonho de fazer televisão?
Não, não. A verdade é que televisão é o meio mais “vaidoso” de toda a comunicação social. Há um encanto das pessoas pelo aparecer, pelo estar e conversar com figuras públicas. E a televisão é um meio muito poderoso, porque junta imagem, voz, música… Uma boa ou má escolha da música, por exemplo, pode fazer uma imagem “normal” brilhar ou tornar uma grande imagem em mais uma apenas.

Então como é que surgiu a oportunidade de entrar para a SportTV?
No terceiro ano de faculdade, fui para o CENJOR (Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas) fazer um curso intensivo sobre televisão durante três semanas. Confesso que fui um dos melhores nesse pequeno curso e foi aí que o José Gabriel Quaresma – formador do curso e actual jornalista da TVI24 – me recomendou à SportTV, em 2000. Quando entrei fazia aquela coisa rotineira de ir aos treinos das equipas de futebol, às conferências de imprensa… Mas já aí tentava dar ao telespectador uma visão alternativa. Para isto era, e é, muito importante ter uma grande confiança com o operador de câmara. Lembro-me que tentávamos oferecer sempre uma visão mais “lúdica” às pessoas. Numa das vezes reparei numa teia de aranha durante um treino e filmámo-la, para depois cruzar com outras ideias que me iam surgindo. Desde sempre, tento procurar um ângulo jornalístico diferente do que já era feito pelos outros. É desafiante passar quinze ou trinta minutos de treino para um minuto e meio diferente mas com interesse.

E no caso do ReporTV, como é feita a selecção das imagens?
Bem, neste caso tenho por volta de oito horas de filmagens em bruto. Primeiro vejo tudo e tento seleccionar aquilo que acho que pode ser interessante e novo para quem vai ver. Procuro sempre mostrar o lado que ainda ninguém viu. Depois começa o trabalho de edição de imagem, a elaboração da voz off e a escolha da banda sonora, que é muito importante.

É depois dessa primeira experiência no canal que integra o programa?
Estamos a falar de 2000, portanto altura dos Jogos Olímpicos de Sidney e com representação portuguesa. A SportTV criou, na altura, um programa chamado “Filhos do Olimpo” como espécie de antevisão da competição. Aí, o ReporTV era feito “à vez” por um grupo de cinco ou seis pessoas e o Luís Miguel Pereira – criador do ReporTV e actual chefe de redacção – chamou-me. Percorri o país de norte a sul a contar curiosidades, desde o Carlos Calado ao Nuno Delgado. Além disso, fazíamos o “abc” do programa para integrar e dar a conhecer melhor as modalidades menos conhecidas e os seus termos mais técnicos às pessoas, como o caso do judo.

Como é que o ReporTV passa, então, a ser “seu”?
Desde a minha entrada para o canal que gostaram sempre do meu trabalho, eu sabia disso. Aí por altura desses Jogos Olímpicos, o Luís Miguel Pereira deixou a chefia do ReporTV para passar a chefe de redacção. Foi uma sucessão natural e eu fiquei com a pasta do programa.

De que forma lhe chegam estas histórias às mãos?
Um pouco de todas as formas, acredita. Desde carta, como foi o caso do Paulo Azevedo (“O melhor jogador do mundo”), até um simples e-mail, tudo serve. Também acontece estar no terreno em filmagens e ficar a conhecer outras histórias que me parecem interessantes. Aí, fico com o contacto das pessoas em questão e fico a pensar na ideia. Até já me aconteceu a ideia surgir numa simples conversa com o meu operador de câmara, quando íamos para fora em reportagem. No carro, começámos a falar do desaparecimento do futebol de rua e do talento que já não existe e foi assim que surgiu o “Do meio da rua”. Confesso que foi um dos programas que mais trabalho deu a toda a equipa, perdi a conta às pessoas com quem falámos. Conheço inúmeras histórias mas, claro, a escolha passa sempre por mim: a história tem de ser interessante mas as pessoas também.

Como é que encontra estes ângulos tão alternativos, que são verdadeiras “lufadas de ar fresco” na reportagem televisiva em Portugal? Sente que o Reportv é uma forma de pegar nas histórias que as pessoas conhecem mas não têm “coragem” para contar?
Em Portugal há muito pouca abertura à reportagem desportiva. O pensamento geral é o de “ah, futebol, isso…” e é por isso que a reportagem desportiva é tão pouco explorada. A verdade é que estamos num país que vive o futebol e o desporto com paixão e de forma emocionante. Aliás, todo o desporto é emoção e só temos de aceitar essa condição, somos assim e pronto. Não vai mudar! Mais do que contar vidas, tento contar histórias maiores do que a vida e acredito que qualquer pessoa pode dar uma boa história. Procuro focar-me em duas ou três pessoas e depois contar a história a partir daí. Sempre do particular para o geral, nunca o contrário.
O facto de passar num canal pago também influencia a força do programa, não o posso negar. Não tenho dúvidas de que em canal aberto, o ReporTV seria um tremendo sucesso. Posso dar um exemplo… Um ano antes de a SIC fazer a reportagem sobre o Paulo Azevedo (rapaz sem braços e sem pernas que leva uma vida normal), tinha eu feito a minha. E a SIC teve 1.200.000 pessoas a assistir à reportagem na altura… O ReporTV é pouco conhecido até dentro do próprio mundo do jornalismo, excepto no caso dos jornalistas desportivos.

Qual foi a reportagem que mais prazer lhe deu? Porquê?
Bem… pergunta muito difícil. (Pausa) É mesmo muito difícil escolher porque já foram tantas, em quinze anos de programas… Esta do Gil Vicente (“Deus, Fiúza e outras estórias”, emitida dia 5 de Dezembro) vai ser boa, o Fiúza (presidente do clube) é uma verdadeira personagem. O programa sobre a pior equipa dos campeonatos distritais portugueses também foi muito bom, pela forma como as pessoas de Aljustrel se ligavam àquele clube e a relação entre o trabalho nas minas locais e o próprio clube.
E acho que a próxima, que vai para o ar em Janeiro, também vai ser excelente: vamos ao primeiro jogo do campeonato de uma equipa que foi bicampeã no campeonato da INATEL do Algarve e decidiu integrar o campeonato distrital. Acontece que eles não treinam, apenas se juntam para jogar ao domingo. É uma aldeia mesmo muito pequena e com pouca população, perdida no Algarve. Lembro-me também do “Pedro maluco”, um homem completamente fanático pelo Benfica. Tinha o sonho de construir uma réplica do antigo Estádio da Luz no jardim de casa e andava de mota pela aldeia com um megafone a transmitir relatos de golos do clube. Uma coisa do outro mundo. Depois de conhecer esse caso, tentámos concretizar o sonho do Pedro. E conseguimos. Até o Mário Dias (antigo vice-presidente e um nome incontornável na construção do Estádio da Luz) lá foi!

Sente que os 17 prémios que o ReporTV já ganhou funcionam como uma “rede” de confiança do programa em relação aos entrevistados?
Claro que sim. É um cliché mas toda a gente gosta de ver o seu trabalho conhecido, não o nego. Mas a atitude tem de continuar a mesma, porque as pessoas esquecem-se dos prémios, amanhã é outro dia e há mais histórias para contar. É claro que este reconhecimento que ganhámos nos traz um maior conforto e proximidade com os próximos entrevistados. Já sabem ao que vão porque conhecem o estilo característico do programa. Isto permite-nos sempre ter uma maior abertura dos clubes e das pessoas em si.

Numa palavra ou expressão:

Jornalismo desportivo português
(Pausa) Menosprezado e mal aproveitado
ReporTV
Oásis
Equipa com que trabalha
Super-equipa, um “teamaço”
Prémios que ganhou
Relativizo-os
Paulo Azevedo em “O melhor jogador do mundo”
É um puto, um super-puto
“Livre a correr” (História de Hugo Pinto, antiga esperança do atletismo português, que foi preso por tráfico de droga mas continuou a treinar num pátio de 150 metros, na prisão)
Lição de vida
O futuro
Continuar a contar histórias

Então mas e agora quem é que manda aqui?

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cab nba

Apesar de haver muitas coisas das quais eu poderia falar, nenhuma notícia abalou mais o mundo do basquetebol – sim, eu disse basquetebol e não só NBA – como a mais recente lesão de Derrick Rose. Uma rotura de ligamentos no joelho direito do antigo MVP acabou com mais uma época inteira da estrela dos Bulls e, provavelmente, com as aspirações de serem campeões. É uma pena sim senhor, mas a liga não pára e as equipas continuam a jogar.

A ausência do base da equipa de Illinois e de Rajon Rondo dos Celtics, ambas por lesão, abriu uma vaga no trono de melhor base da conferência Este. Se analisarmos as competências dos jogadores do hemisfério mais próximo de Portugal, existem 4 bons bases que podem disputar o título de melhor base do lado oriental: Brandon Jennings, Deron Williams, Kyrie Irving e John Wall. Neste conjunto podia incluir George Hill e Mario Chalmers, mas estes não possuem um trabalho fundamental, deixando o principal para as estrelas das suas equipas, Indiana Pacers e Miami Heat respectivamente. Só coloco nesta lista verdadeiros bases porque se não, de acordo com as estatísticas, Paul George e até o próprio Lebron James poderiam estar aqui.

Antes de mais, devo relembrar que isto é uma opinião minha e que muito provavelmente algum dos nomes acima referidos pode não ter o talento necessário para ser coroado. Porém, são jogadores que admiro bastante. Neste seguimento, tenho quase a certeza de que quando Rajon Rondo voltar o lugar será seu, mas neste momento há um défice de qualidade assumida.
Começo por fazer uma análise a Brandon Jenning. Este atleta foi recentemente trocado para os Detroit Pistons e, apesar do início de época abrupto da equipa, tenho um pressentimento de que o grupo tem potencial para ir aos playoffs se conseguir ajustar o poder físico e o talento de Josh Smith, Andre Drummond e Greg Monroe. Se isso acontecer, Brandon Jennings tem um trabalho relativamente fácil. Se agregarmos a sua capacidade inata de juntar assistências à de pontuar com regularidade, Brandon Jennings pode rapidamente tornar-se no melhor base da costa atlântica.

Deron Williams é um jogador deveras interessante de se analisar. Ora faz um jogo em que bate recordes de triplos numa parte e distribui a bola muito bem, ora faz constantemente asneiras e dá o esférico à equipa adversária. Ninguém nega que Deron tem um talento fora do comum. No entanto, é um jogador muito inconstante. Quem sabe se quando ele recuperar da lesão no tornozelo, com ajuda do treinador Jason Kidd – isto, se o último aguentar até lá – Williams poderá florescer e voltar aos tempos que o colocaram na elite, quando este estava nos Utah Jazz. Com um plantel tão experiente como o dos Nets, Deron só terá de fazer o mínimo para conseguir um bom trabalho. Com atletas como Joe Johnson, Paul Pierce e Brook Lopez ao seu lado, o base de Brooklyn tem um trabalho facilitado.

Quando penso no próximo atleta de que vou falar, não me vem à cabeça o seu nome, mas sim a alcunha que este recebeu com um anúncio para a Pepsi, aquela marca que nenhum português deseja ouvir falar agora. Estou a falar de Uncle Drew. Aliás, Kyrie Irving. O base da equipa de Ohio rapidamente conquistou o coração dos fãs. Com a sua reconhecida “ginga” e qualidade de manusear a bola, Irving demonstrou uma maturidade além da expectável, o que poderemos dizer que surpreendeu os críticos. Este, ao contrário dos referidos anteriormente, não está num plantel fabuloso, nem muito bom sequer. Como tal, tem sobre si a batuta de tentar levar os Cleveland Cavaliers ao título, ou pelo menos aos playoffs. Uncle Drew, como já foi imortalizado pela Pepsi, é capaz de humilhar por completo os seus oponentes directos com umas fintas de corpo e com cross-overs gigantes, e fazer grandes assistências. Necessita agora de o fazer com uma maior consistência e de marcar mais pontos. Se Andrew Bynum alcançar a forma que já teve antes das suas constantes lesões, se Anthony Bennett se entender com a competitividade da liga e se Mike Brown se aperceber de como pôr esta equipa a jogar de acordo com o seu potencial, os Cavaliers podem muito bem chegar aos playoffs.

Wall e Irving
Na minha opinião, actualmente, estes dois são os melhores bases da conferência Este
Fonte:kcmsports.com

Em último lugar, vou falar sobre aquele que para mim se tem mostrado em melhor forma, John Wall. O base dos Washington Wizards está numa forma impressionante, marcando imensos pontos, fazendo inúmeras assistências e roubando bolas. Enfim, Wall está a fazer de tudo. Ele não esta incluído num plantel equilibradíssimo, mas joga com um conjunto bastante coeso, com um base-lançador muito eficiente, Bradley Beal, com o brasileiro Nenê também a realizar um início de época muito interessante e com a adição do polaco Marcin Gortat que tem ajudado bastante a defender o cesto.

Para finalizar esta ideia, devo afirmar que John Wall tem o potencial e o talento para se tornar no melhor base da conferência Este da NBA na ausência de Rajon Rondo. No entanto, se Kyrie Irving começar a entrar nos eixos, pode fazer uma luta muito competitiva por esse trono. Brandon Jennings e Deron Williams são incógnitas que não dependem só de si mesmos para entrarem na luta, mas possuem um plantel completo o suficiente para se tornarem muito importantes e poderem ter uma palavra.

Isto renhido é outra coisa

cab futebol feminino

Digam o que disserem, qualquer competição é mais apelativa, interessante, emocionante, electrizante, “gusti”, prazerosa, bonita, cativante, viciante, entusiasmante (pausa para respirar)… quando é renhida. Não, nem me venham com coisas, toda a gente sabe que esta é a mais pura das verdades. Sim, é claro que dominar um campeonato ou uma partida por larga margem é porreiro para a equipa que o consegue fazer. Mas, em qualquer batalha, partida, combate ou simples corrida, o mundo é um lugar melhor quando a competição é renhida.

Agora que penso nisso, faz um pouco lembrar aquela altura na escola primária em que todos fazíamos birras porque não queríamos jogar a alguma coisa que sabíamos que iríamos perder. Uns não queriam jogar cartas porque havia sempre algum marmanjo com um super-deck, uns não queriam jogar à bola porque tinham maus pés (e acabavam sempre na baliza a levar com as clássicas “bujas”), outros recusavam-se a jogar ao “ganhas” nos tazos porque não os queriam perder. Os baixinhos diziam sempre não ao basquetebol, os gordinhos a jogos de corrida, os pequenos a zaragatas. Agora que penso mesmo bem nisso, já passei por cada uma destas fases, ainda que em momentos sempre diferentes. Foi uma bela infância, tenho de admitir.

Gallas amua por não o terem deixado marcar um pénalti Fonte: www.telegraph.co.uk
Gallas amua por não o terem deixado marcar um pénalti
Fonte: www.telegraph.co.uk

Mas, voltando ao assunto em epígrafe, e antes que comece aqui com nostalgias infindáveis, todos nós não gostamos de brincar quando sabemos que, à partida, vamos levar na boca. É a natureza; ninguém gosta de levar no “totiço”. Só que enquanto neste exemplo das crianças tínhamos sempre bom remédio – não jogar –, no mundo adulto as coisas não funcionam bem assim. Temos responsabilidades e temos de as honrar. Somos ou não somos adultos? Somos; então jogamos. Mesmo que uma equipa, tipo Barcelona, esteja com 15 pontos isolada na liderança do campeonato a quatro jornadas do fim, o Real Madrid ainda vai e joga. Já sabe que ser campeão é impossível, que perdeu, que levou na boca, que levou no “totiço”. Mas ainda joga, porque, lá está, tem essa responsabilidade. Se uma equipa de futebol estiver a levar 5-0 aos 85 minutos de jogo, é claro que já não quer jogar os minutos finais, mas ainda o faz, seja pela “honra” da coisa, ou só para ver se não leva mais.

A comparação saiu-me muito fraquinha, eu sei. Perdi-me ali por momentos a reviver a minha infância, mas acho que todos podemos concordar numa coisa: o desporto é muito mais mágico quando é renhido. Quando há duas equipas com semelhante força, quando a vitória pode cair para qualquer um dos lados, quando um simples deslize pode deitar tudo a perder, quando um pequeno movimento pode ditar uma vitória gloriosa… é pura magia. Ninguém se lembra das goleadas aos “mijas-na-escada”, mas aquela vitória arrancada a ferros por 2-1 no último minuto frente ao eterno rival, essa sim, fica para a memória.

Dwight Yorke e Peter Schmeichel abraçam-se depois da mítica vitória por 2 a 1 frente ao Bayern Munique, na final da Champions de 1999 Fonte: www.whoateallthepies.tv
Dwight Yorke e Peter Schmeichel abraçam-se depois da mítica vitória por 2 a 1 frente ao Bayern Munique, na final da Champions de 1999
Fonte: www.whoateallthepies.tv

Esta é outra daquelas características especiais do desporto, transversais a qualquer modalidade, idade e género. E estas últimas semanas têm sido especialmente entusiasmantes para qualquer fã de desporto, exactamente porque anda tudo mais renhido. Ora vejamos três exemplos no mundo do futebol:

1º Liga Portuguesa – O Porto perdeu (!), o que é igual a: Sporting e Benfica empatados em primeiro (finalmente!!) e Porto a dois pontos. É claro que os adeptos portistas se calhar gostavam de já andar com uma porrada de pontos de avanço na liderança, como de costume. Mas ainda que andem mais nervosos, sou capaz de apostar que alguns, bem lá no fundo, até gostam de ver as coisas mais renhidas. É certo que ainda há muito campeonato pela frente, mas já há muito tempo que não se via uma luta entre os três grandes pelo título de campeão português. É bonito.

La Liga – O Barcelona perdeu (!!), o que significa: Atlético de Madrid apanha Barcelona em primeiro, Real Madrid a apenas três pontos de distância. Ainda só estamos no início, mas já dá para ver que as coisas vão aquecer pela terra de nuestros hermanos.

Campeonato Português Feminino – O A-dos-Francos perdeu (!!!). Aqui calma, que tenho de fazer um reparo – comparar Porto e Barcelona ao A-dos-Francos não é sequer plausível, dado que estamos a falar de equipas que venceram o campeonato o ano passado, enquanto o A-dos-Francos acabou de subir ao primeiro escalão. Mas, ainda assim, é bom, a bem da competitividade do campeonato feminino, que a equipa sensação, invicta até aqui, tenha perdido.

Neste momento, o A-dos-Francos continua em primeiro lugar, Ouriense em segundo, a seis pontos, e Clube Futebol Benfica em terceiro, a sete, mas ambas com menos um jogo que o líder. Se estas duas equipas conseguirem aproveitar o tropeção do líder e fizerem os três pontos, as oito jornadas que faltam para acabar a fase regular prometem ser electrizantes. Curiosamente, os jogos em falta do Ouriense e do Clube Futebol Benfica são contra a mesmíssima equipa: o Boavista, que está no quinto posto com dois jogos em atraso. Mais curioso ainda: o Boavista tem neste momento um goal avarage de zero – marcou 12 golos e sofreu 12.

Estes dois jogos são provavelmente dos mais importantes da temporada para o Boavista, que, em caso de vitória em ambos, pode passar directamente para o segundo lugar, à frente do Ouriense. Mas, lá está, vai defrontar o segundo e terceiro classificados, que querem a todo o custo aproveitar o único deslize dado pelo A-dos-Francos até agora. Not an easy task.

Numa frase? Things are getting interesting. Numa palavra? Gosto. Muito mesmo. É que isto renhido é outra coisa.