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O Milan perdeu o Norte

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Ao fim de doze jornadas de Serie A pode ser difícil reunir consenso para designar qual a melhor equipa, o melhor jogador ou a grande surpresa, mas ninguém tem dúvidas que a maior decepção se chama AC Milan.

Depois do ano passado ter assegurado o terceiro lugar, mesmo nos últimos minutos da Liga, o Milan está nesta temporada bem longe do pódio. Chega a ser chocante olhar para a tabela e ver os rossoneri na décima primeira posição já a dezanove pontos da liderança. Com apenas três vitórias no principal escalão transalpino, o Milan regista um saldo negativo de golos, já que marcou dezassete mas concedeu um total de dezanove.

O cenário é ainda mais estranho se considerarmos que a formação do Norte de Itália manteve o treinador e viu “apenas” sair Kevin Prince Boateng do lote dos jogadores mais influentes no seu plantel. É verdade que o ganês era um jogador muito importante na equipa rossonera, mas a sua saída não pode justificar por completo os péssimos resultados.

Massimilliano Allegri cumpre a quarta temporada à frente dos destinos do Milan, mas depois de ter vencido o título em ano de estreia, o técnico, nascido em Livorno, tem tido dificuldades crescentes com o passar das épocas.

Em termos de jogadores, o último defeso fica marcado, indiscutivelmente, pelo regresso do Kaká, mas também pela contratação de Matri à Juventus. Por outro lado, a equipa manteve nomes importantes, nomeadamente no ataque, com a permanência de Balotelli, Robinho e El Shaarawi.

Balotelli e El Shaarawi. Dupla jovem, irreverente e muito talentosa / Fonte: forzaitalianfootball.com
Balotelli e El Shaarawi. Dupla jovem, irreverente e muito talentosa / Fonte: forzaitalianfootball.com

Jogando preferencialmente num esquema de 4-3-3, Allegri tem optado por colocar, na zona mais recuada, Abbiati na baliza e uma defesa composta por Abate, Mexes, Zapata e Constant. Mais à frente, o meio-campo é normalmente ocupado por Montolivo, De Jong e Muntari, ao passo que no tridente ofensivo, Allegri escolhe de entre o lote formado por: Robinho, Kaká, Matri, Balotelli e El Shaarawi.

Se o cenário interno é negro, não se pode dizer que a nível europeu as coisas estejam muito melhores. No Grupo H da Liga dos Campeões, o Milan tem apenas cinco pontos em quatro jogos, ocupando a segunda posição com apenas mais um ponto do que o Ajax, mais dois do que o Celtic e já a cinco de distância do Barcelona. Resumindo, a formação milanesa tem claramente em risco a passagem aos oitavos de final da prova e mesmo o lugar na Liga Europa não é um dado adquirido.

Longe vão os gloriosos anos do início da década de 90, onde Fabio Capello comandou um Milan arrasador que contava com Maldini, Baresi, Costacurta, Donadoni, Gullit, Boban, Van Basten, Rijkaard, Papin, entre outros.

Trio holandês de luxo formado por Gullit, Van Baten e Rijkaard / Fonte: posterfutebol.wordpress.com
Trio holandês de luxo formado por Gullit, Van Baten e Rijkaard / Fonte: posterfutebol.wordpress.com

Os sinais de intranquilidade estenderam-se já do relvado de San Siro para a tribuna presidencial, onde Adriano Galliani e Barbara Berlusconi, filha do carismático Silvio Berlusconi, têm demonstrado falta de entendimento na estratégia que querem conferir ao clube. As últimas notícias dão conta que Galliani poderá mesmo vir a sair da direcção do clube, depois de vinte sete anos de ligação à formação de San Siro.

Depois de no dia de ontem o Milan ter voltado a marcar passo, devido ao empate em Verona frente ao lanterna vermelho Chievo, chegam rumores que este poderá ter sido mesmo o último jogo de Allegri à frente da equipa.

Sentenciada a hipótese do título logo em Novembro, resta agora ao Milan pensar num possível lugar europeu e numa prestação digna na Liga dos Campeões… mas não vai ser nada fácil.

O conta-quilómetros de um sonho – Entrevista a João Serrano

entrevistas bola na rede

João Ferro Serrano, actual lateral esquerdo da equipa de Juniores do Sporting Clube de Portugal e jogador com 17 internacionalizações pelas camadas jovens da Selecção Nacional, luta pelo seu sonho como jogador de futebol profissional, conjugando-o com uma média de 17,6 no curso de Economia do Secundário. Percurso marcado por muitas realizações desportivas e pessoais que reflectem um compromisso sério por um sonho.

Fonte: Maria Serrano
Fotografia de Maria Serrano

1- Fala-me do teu percurso desportivo.
Nasci numa família com muitos primos direitos da minha idade e todos herdámos dos nossos pais um interesse muito grande pelo futebol. Desde cedo traduzimos este gosto pela prática, não me lembro de outro brinquedo para além da bola. Assim, aos quatro anos comecei a acompanhar os treinos e os jogos da equipa de futsal onde o meu pai era treinador. Iniciei o futsal aos seis anos na Escola Salesiana de Évora, tendo como treinador o meu pai. Aos 8 anos integrei as equipas federadas do Lusitano de Évora, competindo com jogadores um ano mais velhos. No último ano em que joguei por este clube tive o prazer de ser campeão em dois escalões em simultâneo; foi uma despedida que nunca esquecerei, uma vez que já estava a ser observado pelo Sporting C.P e pelo S.L Benfica.

Fonte: Maria Serrano
Fotografia de Maria Serrano

2- Como chegaste ao Sporting?
Na minha última época pelo Lusitano de Évora participei no Mundialito futebol 7 no Algarve, onde fui convidado pelo Sporting C.P a participar em treinos e torneios. Em 2009 integrei, pela primeira vez, os quadros de competição do Sporting C.P no escalão de Iniciados de primeiro ano; esta é a quinta época em que me encontro em representação deste clube.

3- Quem é a tua referência neste mundo do futebol e em que sentido?
Não tenho uma, mas várias referências. A primeira é, naturalmente, o meu pai, que me acompanha em todo este processo e que me transmitiu o gosto pelo futebol. Aos meus primos devo o excelente meio de competição onde cresci. Como jogadores de referência tenho o Maldini, internacional italiano, e Philip Lham, internacional alemão, ambos laterais esquerdos, posição que tenho desempenhado mais, tanto no Sporting C.P como na Selecção Nacional. Ainda, sem querer individualizar, refiro os treinadores que até ao momento tive, tanto no Lusitano como no Sporting e como na Selecção Nacional, que muito contribuíram para a minha formação pessoal e desportiva.

4- Até ao presente, qual foi o momento mais marcante da tua carreira desportiva?
Pela positiva destaco a minha primeira chamada à Selecção Nacional – na altura, a primeira Selecção Nacional sub15. É sempre uma honra vestir a camisola em representação do nosso país.
Pela negativa, refiro a grave lesão que tive no pé direito (fractura do quinto metatarso) que me deixou fora dos relvados durante 5 meses.

Fonte: Maria Serrano
Fotografia de Maria Serrano

5- Como concilias o teu compromisso com o futebol com outras actividades?
Facilmente. A minha primeira prioridade é o futebol e tudo o resto se ajusta aos calendários desportivos.

6- E qual o lugar que a escola ocupa nessas tuas prioridades?
A escola também é bastante importante; a prova disso são, até agora, os meus resultados escolares. Tento usar o tempo livre que me sobra dos treinos para estudar e tento estar atento nas aulas para ter menos trabalho em casa.

7- Que peso e medida tem esta paixão na tua vida?
Até este ano, ano em que comecei a ser jogador residente da Academia do Sporting, teve o peso de 12 viagens semanais de 110 km cada, entre Évora e Alcochete. Tem o peso de férias de Verão muito curtas, que no ano passado se resumiram a uma semana, em virtude da minha participação no torneio CPLP em representação da Selecção Nacional sub17. Tem a medida de um sonho para a vida.

9- Da tua experiência, o que podes transmitir aos outros jovens da tua geração?
Que nós somos donos do tempo e que lá podemos encaixar os nossos objectivos. Lutar por eles é a nossa obrigação. Potenciar as nossas capacidades é um dever para connosco e para com a sociedade.

10- Consideras-te um visionário?
Não, sou apenas uma pessoa que pensa, planeia e acredita no futuro.

Fonte: Maria Serrano
Fotografia de Maria Serrano

Chegar à equipa principal de um clube português é um objectivo cada vez mais complicado de atingir; o número de jogadores portugueses a representarem os plantéis principais dos “Três Grandes” de Portugal (F.C. Porto, S.L. Benfica e Sporting C.P) é cada vez mais pequeno. É preciso ter sorte, lutar contra as lesões e afirmar o seu valor pessoal e profissional em todos os jogos e treinos, mostrando que merece estar no lugar que muitos outros desejam. Aqui ficou o testemunho de um dos muitos atletas de futebol de formação que trabalham para percorrer o longo caminho que vai do dom à profissão.

Um ano de vida

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camisolasberrantes

Hoje é dia de sinceridade. Adoptemos tal postura humana como resolução para este radioso dia de chuva que brilhantemente se abateu sobre os muitos milhares e milhares que vestem de verde. Para eles, hoje é dia de ressaca. Normal. Já todos passámos pelo mesmo. Faz parte do desporto. Do futebol, principalmente. É saudável. Engraçado e espirituoso. Não só faz parte, como chega a fazer falta. Não faz é falta nenhuma que se transforme esse habitual fado em «sensação de azedume no estômago». Ou em “azia”, se preferirem uma definição mais comum do que aquela dada pela Infopédia. Porquê? A explicação pura e dura vem de seguida.

No estádio o ambiente era electrizante. O Benfica vinha de uma derrota amarga e injusta contra os gregos do Olympiacos e o Sporting tinha suado, chorado e sangrado para vencer o Marítimo em Alvalade, com o golo da vitória a sair de uma grande penalidade de Adrien Silva, já a menos de quinze minutos do jogo acabar. O Benfica vinha também mais cansado enquanto o Sporting tinha tido uma semana para planear tudo da melhor forma, com o intuito de levar de vencido o eterno rival. Mas num derby tudo isto interessa tanto, como não interessa nada. E portanto, favoritos não os havia – ainda que o Benfica tivesse de assumir o jogo pelo factor casa. Assim o fez. E fê-lo contra um Sporting que acusou nervosismo e imaturidade. Um Sporting que ia mantendo posse de bola, para o desespero dos encarnados que habitavam as bancadas, mas que o fazia porque não sabia melhor, não sabia como entrar, não sabia como atrair o adversário para fora das suas linhas e não sabia como remar contra uma corrente que começava a ganhar muita força. Força a mais. Foi assim o início do jogo, no qual ambas as equipas apresentaram algumas surpresas: os visitantes jogaram com Maurício e André Martins, em detrimento de Eric Dier e Vítor, enquanto os visitados apostaram em “alas à portuguesa”, com André Almeida do lado direito e Sílvio do lado esquerdo, e confirmaram também a titularidade do artilheiro do costume: Cardozo. E foi exactamente esse o homem que construiu a vitória do Benfica e a desgraça do Sporting. Em 45 minutos, três golos. O primeiro surgiu logo aos 11 minutos, quando a estrutura verde se começava a vergar perante o poderio e o chorrilho de ideias do ataque encarnado. André Almeida galga a ala direita e, em combinação com Cardozo, chega muito, muito perto da área adversária quando é travado em falta (fica o amarelo por mostrar a Maurício). Na conversão o paraguaio relembra a receita de Ronaldinho Gaúcho e põe a bola por baixo da barreira e no canto oposto ao de Rui Patrício. Daqui para a frente parecia que ia ser sempre a subir. Aliás, a receita do Benfica para um jogo de sucesso era mesmo conseguir marcar cedo e continuar a mandar no meio-campo ou, pelo menos, a impedir que o Sporting conseguisse fazer alguma coisa com a elevada posse de bola que ia tendo. E, aos 37 minutos, sem que nada o fizesse prever, quando o Benfica ainda continuava bem por cima, Wilson Eduardo arranca um cruzamento fantástico na direita que tem como destino o voo destemido de Capel para o empate. Balde de água fria na Luz e o Sporting a rejubilar com a sorte de, em dois remates (o primeiro também por Wilson Eduardo, a sair muito longe), ter feito um fantástico golo. Mas Cardozo estava malandro e as alas do Benfica funcionavam infindavelmente bem, com um acerto de põe-bola-tira-bola e agora-subo-eu-agora-baixas-tu que adivinhavam-se mais golos…mas nunca dois no espaço de oito minutos. E ambos a saírem do mesmo pé! Mas já diz a música: «tenham cuidado, ele é perigoso». E foi mesmo. 3-1 para o Benfica ao intervalo e ambos os adeptos a tirarem a barriga de misérias.

Cardozo e o seu primeiro / Fonte: zerozero.pt
Cardozo e o seu primeiro
Fonte: zerozero.pt

Ao começar a segunda parte deu ainda mais Benfica, mas já algo parecia não estar a funcionar da mesma forma. Markovic estava em decréscimo de forma, Matic continuava sem ter espaço para uma melhor exibição – com as intervenções constantes a meio-campo de Enzo e Rúben Amorim – e Cardozo já tinha “picado o ponto”. Ainda assim os primeiros 15 minutos foram da equipa da casa. Até que Leonardo Jardim mostrou porque merece a confiança na reconstrução deste novo Sporting: vai-te embora, Wilson Eduardo – jogo mediano e já tinha dado tudo o que havia para dar – e vamos a jogo, Carrillo. Os Leões até pareciam rugir de outra forma. Nem de propósito: dois minutos depois e golo. O Benfica a deixar reduzir a vantagem num canto em que Maurício se antecipa a Luisão. E o pior ainda veio depois: do lado das águias, Rúben Amorim – presença fulgurante e determinante na segurança do Benfica – lesionou-se e acaba por ser substituído pelo jovem Ivan Cavaleiro; do lado dos leões, menos meio-campo com a saída de André Martins – jogo apagado – e mais ataque com a entrada de Slimani (terá Leonardo Jardim acreditado que o Benfica ainda podia sofrer mais um de bola parada?…). Tudo mudou. O Benfica passava a ter mais velocidade de arranque, mas menos controlo do jogo – auto-anulando-se de forma ingénua – e o Sporting, que só tinha era de ir atrás da vitória, passava a ter uma ala esquerda fresquíssima e um avançado com o poderio físico para importunar Luisão e Garay. E foi mesmo isso que fez, com um remate (ou antes uma perdida incrível?) ao poste de Artur. Antes disso ainda duas oportunidades para a equipa da casa sentenciar a partida, com Markovic a desviar para a barra e Cardozo a não se tornar no “ainda-mais-homem-da-noite” depois de uma defesa enorme de Patrício. Por esta hora já os hospitais se enchiam de cardíacos, eis senão quando…as preces de Jardim são ouvidas e o gigante recém-entrado acaba mesmo por marcar. Outra vez de bola parada. Agora por culpa de Garay, que manchou os 100 jogos de águia ao peito. Meu Deus. O que se passa? Jesus resolveu passar os últimos 20 minutos a dormir – só fazendo entrar André Gomes aos 90 minutos (!) – enquanto Leonardo Jardim ia tornando o Sporting numa equipa destemida e cheia de velocidade. Bastaram duas desatenções e essa mesma equipa, ainda que não apresentasse um esquema de jogo racional e/ou esclarecido, fez dois golos. Resultado? Empate. Prolongamento e desespero.

Dos últimos 30 minutos, pouco se tira. A não ser a infantilidade de Rui Patrício – que deixa Luisão fazer o golo mais ridículo que vi em toda a minha vida – a bola ao poste de André Almeida, o falhanço que sai da cabeça de Slimani e, se quiserem, a expulsão de Rojo. Apito final.

Patrício acabou por falhar / Fonte: zerozero.pt
Patrício acabou por falhar
Fonte: zerozero.pt

Concluo que depois de 20/25 minutos electrizantes por parte do Sporting – os últimos da partida – e depois de um empate sacado a ferros, seja difícil engolir este “sapo”. É mesmo. Mas é particularmente difícil de engoli-lo porque o raio do “sapo” leva um qb de justiça com ele. Convenhamos: nenhum sportinguista no universo lutou tanto para o empate da sua equipa…como Jorge Jesus. Se houve casos, mas, e acima de tudo, se alguém fala neles…foi porque Jorge Jesus quis. Se sofremos dois golos de bola parada foi porque a equipa adversária não os sabia fazer de outra forma…e porque somos tolos. Mas até mesmo os tolos têm direito à justiça. E nem sempre – ou nunca – o demérito de um, justifica o mérito de outro. Ainda que Leonardo Jardim tenha tido rasgos brilhantes na sua interpretação do jogo, Jorge Jesus conseguiu – num feito enorme, passo a ironia – só estragar a recta final de um jogo perfeito. Deveria ter ido para o Sporting? Não. Deveria era não ter-me custado um aninho de vida a assistir e aguentar. Só e somente porque não era preciso.

Benfica 4-3 (a.p.) Sporting: O Guião

Cabe a mim a difícil tarefa de analisar o Benfica vs Sporting de ontem. Vou fazê-lo por pontos de forma a tentar não desvalorizar nenhum dos aspectos que considero relevantes mas, ao mesmo tempo, não dissociar tudo aquilo que, no seu total, compõe um jogo de Futebol.

É por aí que começo: aquilo a que nós assistimos ontem não é uma brincadeira, um hobby ou uma forma de passar o tempo onde o mais importante é todos nos divertirmos. O mais importante é ganhar. Em questão estão jogadores, treinadores, dirigentes e todos os restantes membros que tornam possível que haja uma equipa de Futebol profissional. A palavra, sublinho, profissional. Portanto, desculpem-me os adeptos Benfiquistas e os Sportinguistas, o que interessa não é “termos assistido a um grande jogo de Futebol”. O que interessa é que uma equipa cumpriu os seus objectivos e a outra não. Este foi um ponto que quis assentar antes de falar do jogo em si porque notei por aí uma leveza na análise do jogo que quase me fez parecer que estaríamos a falar de um amigável, que não existiu.

Agora sim, o jogo do ponto de vista das duas equipas. Em primeira instância não falarei dos lances relativos à arbitragem. Houve muito mais do que isso nos 120 minutos de ontem. Contudo, seria não mais do que displicente se os ignorasse. Portanto terão a minha visão sobre a exibição da terceira equipa no final.

O Sporting entrou mal. Com dificuldades na primeira fase de criação, com a repetida ausência de Adrien do jogo, tal qual tinha sucedido no Dragão. Na altura referi que talvez tivesse sido a chave que nos faltou, e na primeira parte a minha ideia reforçou-se: Adrien é quem pode, ou não, desbloquear o jogo ofensivo do Sporting contra as grandes equipas. O crescimento da equipa a ele muito deveu, mas já lá iremos. O jogo era fácil de controlar por parte do Benfica dadas as poucas soluções que o Sporting ia apresentando, com um jogo lento e, sobretudo, fácil de prever e aniquilar. Defensivamente, outro erro repetido: houve muita falta de agressividade sobre o portador da bola. O segundo e terceiro golos nascem através dessa lacuna defensiva.

Tanto a equipa da casa como a visitante foram muito eficazes no primeiro tempo. Cardozo esteve inspirado; o Sporting voltou a facilitar ao saltar na barreira quando as regras dizem que isso não se deve fazer; Maurício revelou algumas limitações que tinha conseguido esconder por, até ao momento, ter sido colocado poucas vezes à prova. Montero foi, na primeira parte, o melhor do Sporting a par de Capel. Recuou muitas vezes e ajudou a criar superioridade numérica no meio, contrariando a aposta de Jesus em colocar 3 naquela zona do terreno. Foi assim que nasceu o golo leonino. Sobre o espanhol, mais um grande golo e entrega, como costume, de tudo o que tem em prol do colectivo. No fim dos 45 havia um resultado pesado mas equivalente à falta de ideias da equipa de Leonardo Jardim.

De regresso, o Sporting precisava de uma força anímica grande mas também de mudar a forma como ia abordando o jogo. Wilson Eduardo, volto a dizer, é útil actuando da esquerda para o meio de forma a potenciar o aparecimento em zonas de finalização, em que é forte. Mas se jogar na direita vai muito raramente ser influente. A assistência para o golo de Capel é um rasgo que apenas nos poderá ajudar a manter errados por mais algum tempo. E foi, aliás, a entrada de Carrillo, para o lugar de Wilson, que deu alma ao jogo. O Sporting tinha voltado a entrar mal e, não fosse aquela substituição aos 60 minutos, dificilmente teria ido ao prolongamento. Carrillo entrou em dia sim, mexeu no jogo e apenas dois minutos depois de entrar, Maurício aproveitou as debilidades encarnadas nos lances de bola parada defensivos e reduziu. As bancadas reanimaram, os jogadores sentiram que era possível e o jogo abriu. O Benfica poderia ter morto com Markovic a acertar na barra e com Cardozo a ver o seu 4º golo ser negado por Patrício; o Sporting poderia ter empatado mais cedo não fosse Slimani ter, também ele, acertado no poste. Os jogos acabam quando o árbitro apita e, portanto, aos 92, Slimani voltou a mostrar a sua superioridade no jogo aéreo e recompensou o esforço e o acreditar que se manteve apesar da desvantagem por dois. Sublinhar, de novo, as boas mexidas de Leonardo Jardim. Mané e Slimani entraram bem e foram mais-valias no ataque leonino.

No prolongamento o Sporting até entrou melhor, mais motivado pelo golo marcado no fim do tempo regulamentar, mas foi o Benfica que marcou num lance caricato e onde Rui Patrício – tantas vezes herói – deixou muito a desejar. O Sporting voltou a saber reagir, o que tem sido uma constante ao longo da época, e poderia ter empatado com Slimani a cabecear a bola e a fazê-la passar muito, muito perto do poste de Artur. Ivan Cavaleiro e André Gomes também quase marcaram, mas primeiro Patrício com uma fantástica defesa e depois o poste mantiveram o suspense até final. A última oportunidade surgiu para Montero que, mesmo tendo quebrado no prolongamento, teve forças para rematar cruzado e proporcionar a defesa ao guarda-redes benfiquista. Em suma, as oportunidades poderiam ter ditado tanto uma vitória do Sporting como uma do Benfica por maior vantagem. As equipas foram equilibradas e, não fosse a actuação de Duarte Gomes, a justiça da vitória não mereceria discussão.

A arbitragem

Este capítulo tem de começar muito antes das 19:45 de ontem. Marco Ferreira era o árbitro nomeado para o derby. Deixou de o ser porque a sua presença foi antecipadamente divulgada? Isto começou a não cheirar bem desde cedo. Num país em que o Futebol não conhecesse casos de corrupção e suspeitas de muitos mais, talvez este fosse um pormenor irrelevante. Assim sendo… Como não há fumo sem fogo, o escolhido foi, provavelmente, o árbitro que piores recordações pode trazer ao Sporting e, pelo contrário, um dos poucos que vimos nos últimos anos a prejudicar o Porto em benefício do Benfica. Agressões ao treinador de guarda-redes do Sporting, comentários em tom de gozo para com o clube de Alvalade nas redes sociais e o assumir da preferência pelo clube da Luz são apenas alguns casos que inviabilizam a credibilidade da escolha por Duarte Gomes.

Duarte Gomes a amarelar Slimani por protestar sobre o penalty de André Almeida / Fonte: Maisfutebol
Duarte Gomes a amarelar Slimani por protestar sobre o penalty de André Almeida / Fonte: Maisfutebol

No campo consumou-se apenas aquilo que os mais atentos previam. Enquanto o Benfica ganhava e controlava, o árbitro soube-se manter à distância que a sua profissão aconselha. Quando o Sporting equilibrou, Duarte Gomes entrou em acção: um penalty claro sobre Montero, de Luisão, aos 52 minutos, por marcar; outro, escandaloso, de André Almeida, no prolongamento. Disparidade reveladora no critério às sanções disciplinares: foram pelo menos três os amarelos por mostrar aquando das faltas que travavam contra-ataques do Sporting. Para o lado contrário, um erro… que os beneficia. Ficou um penalty por marcar sobre Luisão… que acabou por marcar golo num lance que deveria ter sido parado devido à inexistência da lei da vantagem dentro da grande área. O mais provável era o Benfica ter conseguido marcar, na mesma, de penalty. Mas nada o garante. Pelo meio, e porque devemos sublinhar o que foi bem feito, no lance do 3º golo do Benfica o passe para Cardozo é feito para trás e assim não há fora-de-jogo. No lance do 4º, a bola entra por pouco, mas entra totalmente.

O jogo, pelo contexto que envolvia, era demasiado importante para o Benfica para o poder perder. Dentro de campo até o poderiam ter ganho de forma limpa. Mas não quiseram arriscar. Houve quem quisesse manipular o resultado de um jogo que tinha tudo para ter sido muito bonito. Assim também o foi, mas apenas para aqueles que se recusam a aceitar que entre o Futebol e o Teatro há muitas vezes um traço em comum: o guião.

Um sonho chamado Diego Costa

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A história de Diego Costa é daquelas que fazem sonhar. É o tipo de história que qualquer jornalista procura; Diego Costa tornou-se tudo sem nada. Confuso? Passo a explicar: Em Portugal, a grande maioria dos jogadores da Primeira Liga teve uma formação feita em clubes, onde impera, com maior ou menor qualidade, uma rigorosa formatação dos jovens jogadores para que, no futuro, possam exercer a profissão de futebolista. Obviamente, todos sabemos que a probabilidade de um jovem jogador com 16/17 anos se tornar profissional é significativamente maior com uma base técnico-tática (à la Jesus) desde as escolinhas. É um assunto incontornável. Contudo, muito esporadicamente, – e porque o futebol é muito mais do que ideologias táticas e treinos intensivos – aparece um caso que faz tremer toda a fundação do futebol atual. Diego Costa é precisamente isso, um caso de sucesso singular e invulgar.

Diego Costa acordou para o mundo em 1988 no município de Lagarto, estado de Sergipe, no Brasil. O pai do jogador brasileiro, um apaixonado por futebol, desde cedo vaticinou o futuro do avançado e não hesitou na hora de atribuir um nome ao filho: Diego, em honra a Diego Armando Maradona, o melhor futebolista de todos os tempos.

Como todas as crianças, Diego Costa começou a “jogar à bola” na escola, com os restantes companheiros, mas devido à falta de cultura futebolística em Sergipe, o pai sugeriu que Diego se mudasse para São Paulo, para casa do Tio, onde teria maiores possibilidades de concretizar o sonho de se tornar um jogador de futebol. A verdade é que se tornou uma aposta ganha e rapidamente Diego ingressava no Barcelona de Ibiúna, clube fundado em 2004 com o objetivo principal de lançar talentos para o exterior do Brasil.

É nesta altura que tudo muda para o jovem brasileiro: entra em cena Jorge Mendes. O reputadíssimo empresário português decide apostar no jovem jogador e, em 2006, coloca-o no SC Braga. Na época de 2006/2007 o Braga cede, por empréstimo, o craque brasileiro ao FC Penafiel e Diego começa a despertar o interesse de alguns clubes grandes face às boas prestações. Na época seguinte, em 2007/2008, Diego Costa é surpreendentemente contratado pelo Atlético de Madrid e imediatamente emprestado ao Celta de Vigo.

Fonte: SE Futbol

Durante 4 anos Diego saltou de empréstimo em empréstimo – com passagens por Albacete, Valladolid e Rayo Vallecano – sem nunca se afirmar, definitivamente, nem no Atlético de Madrid nem em qualquer outro clube da liga espanhola. A juventude, a desobediência e alguns conflitos profissionais adiaram a consolidação do seu jogo. É curioso, contudo, ter sido um outro Diego a possibilitar o espaço para a explosão do talento brasileiro. Falo, obviamente, de Diego Simeone, o treinador argentino que não teve duvidas e depositou toda a confiança em Diego Costa. O avançado agradeceu com golos e excelentes exibições. Em 2012/2013, mesmo tendo a concorrência do fantástico Radamel Falcão, Diego marcou 20 golos em 44 jogos e conquistou a Copa Del Rey, no Santiago Barnabéu, frente ao Real Madrid. Nessa mítica final, Diego Costa foi unanimemente considerado o melhor jogador em campo.

A forma intensa como disputa cada lance é o slogan das suas características. Aliando uma rapidez de velocidade e movimentos notáveis, Diego tem uma capacidade de finalização acima da média e conjuga a capacidade técnica ao talento natural dos brasileiros.

É indiscutível que o Atlético Madrid tem evoluído bastante nas épocas mais recentes, conquistando títulos europeus e nacionais. Deve-o, em grande parte, ao trabalho do treinador e dos seus jogadores. Se alguém, de alguma forma, ainda tem dúvidas da ascensão gigantesca de Diego nestas últimas épocas, tem apenas de verificar a enorme vontade da seleção espanhola – abarrotada de talentos – em contar com o brasileiro. Polémicas à parte, a Espanha querer “roubar” Diego ao Brasil é a maior prova de todo o seu potencial.

Fonte: UEFA

Em termos de importância, depois da saída de Falcão para o multimilionário clube francês AS Mónaco, Diego Costa tornou-se cabeça de cartaz deste Atlético Madrid; O brasileiro não sentiu a pressão e conseguiu transcender-se ainda mais. Esta época, Diego Costa está absolutamente imparável e soma uns inacreditáveis 16 golos em 16 jogos, divididos pelo campeonato espanhol e pela Liga dos Campeões.

Na passada quarta-feira, frente ao Austria Wien, Diego faturou mais um golo na vitória por 4-0 do clube espanhol frente ao campeão austríaco, colocando assim o Atlético de Madrid nos oitavos-de-final da maior competição de clubes do mundo. Muitos já consideram este Atlético candidato à conquista da prova. Exagero? Talvez. O que é certo é que, se continuar assim, Diego Costa e o seu clube têm todo o direito a sonhar. E não foi precisamente dessa forma que toda esta história começou?!

Antevisão: Vit. Guimarães-FC Porto

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cantoazulbranco

O FC Porto visita hoje o Vitória de Guimarães, para a Taça de Portugal, depois de mais uma semana de Liga dos Campeões em que os azuis e brancos voltaram a não obter o resultado mais positivo. Ainda assim, o Porto continua na frente do principal escalão do futebol português e necessita de um bom resultado na Taça de Portugal, no Estádio D. Afonso Henriques, para uma motivação extra do plantel.

Para a quarta eliminatória, o FC Porto tem quatro novidades na sua convocatória: Carlos Eduardo, Bolat, Herrera e Kelvin deixam de fora figuras como Helton e Licá, contrariamente ao sucedido no jogo com o Zenit na passada quarta-feira. Apesar de saber que é uma necessidade poupar jogadores, espero que o tiro não lhe saia pela culatra. Infelizmente, Quintero continua em treino condicionado. Penso que este jogo seria óptimo para dar mais uma oportunidade ao que considero, pessoalmente, uma grande jovem promessa do futebol.

Segundo dados estatísticos, o desaire do Porto contra o Atlético de Madrid marcou a mudança de um Porto forte e coeso para um Porto, no mínimo, diferente, que sofre mais do dobro dos golos que sofria e consequentemente não ganha metade dos jogos. Acho que este é um factor de preocupação porque este andar na corda bamba poderá levar os azuis e brancos a quebrar como já não acontece há alguns anos. Espero que não seja o caso, mas Paulo Fonseca, se de facto é bom no que faz (começo a ter as minhas dúvidas), necessita de dar uma volta à mentalidade da equipa e à maneira como esta joga. O Porto, muitas vezes, não joga mal mas não executa rápido, não marca, e outras vezes quebra a meio do jogo embora lá tenha a sorte de conseguir marcar o golo que faz a diferença. Estas oscilações são preocupantes. As esporádicas más e/ou fracas exibições são naturais, porém não devem ser uma constante num clube campeão português e com esperança de ir longe nas competições europeias.

Hector Herrera / Fonte: abola.pt
Hector Herrera / Fonte: abola.pt

Como tenho vindo a dizer em crónicas anteriores, é necessário que a chama portista se eleve mais forte e que não se apague tão rapidamente como se tem apagado durante grande parte das suas exibições nesta época 2013/14. O Porto tem tudo para ter mais um ano de sucesso, mas para isso precisa de acordar e reflectir sobre as questões técnicas e tácticas das exibições passadas. Paulo Fonseca, ao que parece, tem vindo a falhar, pois tanto Defour como Herrera não cumprem, neste momento, e na minha opinião, as necessidades portistas no meio-campo. Têm falhado passes básicos, não conseguindo levar a bola até Jackson e não tendo a melhor das visões de jogo, levando, assim, a um futebol mais lento, inclusive nas transições defesa-ataque, que poderão marcar a diferença em jogos importantes.

Em suma, a equipa portista está bastante mais lenta, não usufruindo de um médio centro rápido em decisões nem de alas explosivos, algo que também tem vindo a ser contestado. As trocas constantes entre Varela/Licá e Herrera/Defour no onze inicial poderão não ser as melhores decisões de Paulo Fonseca, visto que rodar jogadores jogo sim, jogo não poderá levar a uma falta de rotina de ambos os jogadores, bem como à falta de entrosamento táctico entre estes e o restante plantel – são jogadores diferentes e com estilos de jogo distintos. Para uma coesão forte da equipa, é necessário que os jogadores se conheçam dentro de campo e que o mesmo onze jogue regularmente. De outro modo, estas substituições poderão resultar numa equipa fraca e partida. O que me parece é que, após este tempo todo, Paulo Fonseca ainda não conseguiu concluir qual é a melhor escolha para o seu onze, algo que, na minha opinião, é absolutamente ridículo.

À Procura do Sonho Americano – Entrevista a Rúben Silva

entrevistas bola na rede

Com apenas 20 anos de idade, Rúben Silva procura entrar na história do basquetebol português, ao tentar tornar-se no primeiro jogador a conseguir garantir um lugar na liga mais mediática do mundo: a NBA…

BI:
Nome: Rúben Duarte Pereira da Silva
Naturalidade:Almada, Portugal
Data de Nascimento: 13/04/1993 (20 anos)
Altura/Peso: 1,93m e 89kg
Posição: Extremo
Clubes: Clube Recreativo do Feijó, SL Benfica e South Dakota State University
Títulos: 4 vezes Campeão Nacional pelo Sport Lisboa e Benfica em sub16, sub18, sub20 e Seniores, Torneio de Vila Franca de Xira em 2008, Torneio Internacional de Plasencia em 2010 e Torneio Internacional de Gaia em 2010.

Rúben Silva no Park Tudor Highschool, em Indianapolis, Indiana (E.U.A.)
Rúben Silva no Park Tudor Highschool, em Indianapolis, Indiana (E.U.A.)

Com apenas 20 anos de idade, Rúben Silva procura entrar na história do basquetebol português, ao tentar tornar-se no primeiro jogador a conseguir garantir um lugar na liga mais mediática do mundo: a NBA.
Depois de se ter transferido do Benfica para a South Dakota State University, onde representa a equipa dos Jackrabbits, o jogador ambiciona agora fazer aquilo que nunca nenhum português conseguiu: “É um objetivo bastante difícil, mas não escondo que sonho entrar na NBA. Fico muito satisfeito que cadeias televisivas como a Sports Illustrated ou a ESPN estejam a considerar o meu nome para o Pré-Draft da NBA, em 2016”, refere o jovem que no ano passado começou a dar os primeiros passos na Divisão1 da NCAA (National Collegiate Athletic Association), a organização norte-americana que promove o desporto universitário.

Para Rúben Silva, as diferenças entre Portugal e os E.U.A. são muito acentuadas. “Na NCAA a mentalidade das pessoas é diferente e o estilo de jogo é mais físico e corrido. Os treinadores puxam muito por nós e há treinos todos os dias, com 4 horas, sendo que uma delas é apenas destinada ao ginásio. Em Portugal, fazem-se cerca de 3 treinos por semana e nunca passam das 2 horas”, adiantou, não escondendo a surpresa pelo envolvente com que se deparou, nos primeiros jogos ao serviço da equipa norte-americana: “Apesar de não ser o desporto mais importante aqui, é impressionante ver sempre 4 ou 5 mil pessoas em cada jogo, a apoiar-nos”.

As saudades da família e do basquetebol português. A distância que o separa de Portugal não impede Ruben Silva de continuar a acompanhar os últimos acontecimentos do basquetebol nacional. O jovem português considera que a “extinção de uma referência histórica do basquetebol”, como era o FC Porto, tornou o campeonato mais “fraco”, embora afirme que existem ainda boas equipas em Portugal, para além do Benfica, como o CAB Madeira ou o Vitória, que podem ter uma palavra a dizer na luta pelo título.
Quanto à fantástica experiência que está a viver, o jovem português só lamenta a ausência de outros colegas portugueses, bem como as inevitáveis “saudades da família”. Estas não o impedem, contudo, de desfrutar do sonho que está a viver: jogar basquetebol com futuros craques da NBA.

Rúben Silva com a equipa da South Dakota State University
Rúben Silva com a equipa da South Dakota State University

Oportunidade. O jovem jogador, que tem em Michael Jordan, Kobe Bryant e LeBron James as suas referências máximas, não esconde a satisfação pela oportunidade com que se deparou este ano. “Eles já me conheciam desde os 15 anos, quando participei num Campeonato da Europa, onde tive uma prestação positiva. Depois observaram-me no Benfica e demonstraram interesse em mim. Decidi aceitar este convite da Universidade de South Dakota. Mas também recebi convites de universidades de Indianápolis, Flórida e Illinois”. Para o futuro, Rúben Silva apenas promete continuar a “dar o máximo” para conseguir atingir a meta traçada de chegar à NBA.

Recordar é viver

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Topo Sul

26 de Janeiro de 2005. Estádio da Luz repleto de um manto vermelho-e-branco, de onde se vislumbrava uma mancha verde. Disputava-se mais um derby lisboeta em plena festa da Taça de Portugal, nos oitavos-de-final da prova. De um lado uma formação encarnada comandada por Giovanni Trapattoni, onde brilhavam jogadores como Simão Sabrosa, Geovanni ou Manuel Fernandes. Do outro , José Peseiro orientava uma equipa do Sporting, em que sobressaiam craques como Liedson e Hugo Viana. As equipas tinham as mesmas pretensões em chegar ao titulo nacional, mas a conquista da Taça de Portugal era vista como primordial nas aspirações de ambas as formações, naquela temporada. Por isso, e sobretudo por se tratar de um derby, aquele desafio foi encarado com a seriedade própria dos grandes jogos. Aquela partida reunia todos os ingredientes para ser épica e assim foi.

Como recordar é viver (já dizia o grande Vitor Espadinha) deixo-vos a crónica desse jogo feita pelo site Maisfutebol e correspondente vídeo. Esta análise é mais eficiente do que qualquer coisa que vos possa dizer. Mais : estou tão excitado com o jogo que me faltam palavras e ideias para escrever. Viajemos, então, até ao ano de 2005.

Benfica e Sporting deram-nos o melhor jogo da temporada.
Esta é a ideia forte de uma noite perfeita. Por isso merece ocupar todo o primeiro parágrafo. Sim, o Benfica foi mais feliz, alguém teria de o ser, é a lei da Taça, mas depois de 120 minutos assim, em que as equipas foram dignas e se olharam profundamente, seria errado valorizar o resultado final.

Defensável a tese de que o Sporting pareceu muitas vezes mais forte. Sim, pareceu e efectivamente foi. Na primeira parte, apesar dos dois golos do Benfica. No final dos 90 minutos, no prolongamento, mesmo com dez, quando Paíto conseguiu o golo de uma vida.

Também defensável a ideia que o Benfica foi mais equipa do que costuma ser. Soube sofrer e desta vez teve dois jogadores, Geovanni e Simão, à altura dos melhores trunfos do adversário. Apesar de mais uma vez ter ficado bloqueado quando obteve vantagem numérica, o Benfica reagiu e manteve-se agarrado ao jogo. Com drama mais do que com classe, com dor mais do que com um grande futebol. Apesar disso, este pode ser um dos momentos da temporada para os de Trapattoni.

Só golos em 22 minutos.
Até aos 22 minutos só golos. Tudo bem, ninguém está a queixar-se. Primeiro o Benfica, no suspiro inicial, de livre. O Sporting pareceu não se incomodar. Outra vez com um meio-campo equilibrado e com Sá Pinto tremendo, a equipa de Peseiro encostou-se à área do Benfica. De uma falta fez o empate, de um movimento brilhante a vantagem.
Por esta altura um arrepio deve ter percorrido a espinha dos adeptos benfiquistas. Parecia o filme de Alvalade. O Sporting melhor, mais capaz, os da Luz na expectativa. De repente, outra vez Geovanni, novamente a responder a um livre, a arma favorita do Benfica esta época.

Pouco depois perdiam-se Ricardo Rocha e Custódio. A cara do jogo não mudou e ao bom futebol verde os de encarnado responderam com excelente oportunidade de Geovanni. Se ficasse por ali já estava bem: que primeira parte!

Eles continuam…
O Benfica regressou mais forte e o jogo agradeceu. Os primeiros quinze minutos trouxeram mais pressão sobre o meio-campo do Sporting e alguma perturbação. Felizmente para Peseiro, por esta altura Polga e Enakarhire jogavam bem melhor que no início e João Moutinho não destoava.

Melhor notícia ainda, Liedson começava a aparecer. Cada vez mais. Em movimentos deliciosos. Num desses, aos 56 minutos, Bruno Aguiar entrou por trás sobre o brasileiro. Recebeu um amarelo, mas o vermelho aceitar-se-ia melhor. Até ali António Costa conduzira o jogo com mestria, contribuindo para a qualidade do «derby». Esta decisão caiu para o lado do Benfica.

O Sporting mandava na partida, o Benfica espreitava o contra-ataque. Mas ninguém marcou.
Mais do que justo, o empate era desejado. Estava a ser um grande jogo, apetecia continuar ali, apesar do frio a que ninguém prestava atenção.

Hugo Viana fora…
Mais uma vez, o Sporting entrou no prolongamento disposto a assumir o papel de que gosta, pegando na bola, fazendo-a circular com arte e bons propósitos. O Benfica, pelo contrário, agora já sem Geovanni (por quê?), espreitava. E nos primeiros sete, oito minutos conseguiu duas boas oportunidades. Numa o remate de Carlitos só parou na trave.

O jogo estava nisto quando João Pereira forçou a expulsão de Viana, na única atitude anti-desportiva da noite. Pedro Barbosa à esquerda e Sá Pinto à direita, o Sporting preparou-se para o que viria. O Benfica deu-se mal e acabou por sofrer um tão inacreditável como espantoso golo de Paíto, a dez minutos do final.

Em outro jogo seria o fim, mas neste nem por isso. O Benfica não se rendeu e Simão foi buscar ao fundo da alma um pontapé fabuloso. Faltavam três minutos.

A seguir vieram as grandes penalidades, uma espécie de suplemento de emoção. Fantástico para os adeptos, profundamente injusto para os jogadores. O Benfica marcou mais uma, mas isso interessa pouco: na nossa memória ficará para sempre o melhor jogo desta temporada.

Em 2005 foi assim... (Geovanni e Custódio na Imagem) / Fonte: http://www.maisfutebol.iol.pt/
Em 2005 foi assim…
Fonte: Maisfutebol

Recordado o passado é tempo de pensar no futuro. E este é muito próximo. Daqui a umas horas disputa-se o 300º derby lisboeta entre Benfica e Sporting. No relvado estarão duas formações praticamente coladas no segundo lugar do campeonato com aspirações naturais a chegar ao primeiro posto. Os encarnados vêm de um resultado negativo em Atenas, para a Liga dos Campeões, mas salvou-se a melhor exibição da época e isso moraliza, sobretudo os adeptos. O mesmo se pode dizer do Sporting que, não tendo jogado a meio da semana, vem de uma moralizante vitória, resultante de um brilhante remontada. Portanto, temos mais uma vez todos os ingredientes reunidos para um grande de jogo de futebol. Para ele, e como serei um dos sessenta mil no estádio, tenho uma lista de exigências. Que a paixão e a emoção de 2005 voltem ao inferno da Luz. Que haja mais Paítos no relvado. Que haja fair play entre as claques e que estas dêem um espectáculo digno da grandeza do desafio. Que o nosso glorioso vença de forma justa e convincente. Mas, acima de tudo, que seja uma partida épica entre dois dos melhores clubes europeus e que seja um derby com 300% de qualidade.

PS – caros sportinguistas , não se preocupem com o nome do árbitro do encontro. Duarte Gomes é adepto assumido do Benfica mas,e como já se constatou em diversas ocasiões, esse facto é totalmente irrelevante. Pedro Proença que o diga.

Aaah! Aquilo que se joga com cães!

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cab frisbee

Bom, para surpresa de alguns, é com contentamento que dou início a este novo espaço do Bola na Rede sobre desportos de disco ou, abreviando, Frisbee.

“Se não podes vencê-los, junta-te a eles”: foi mais ou menos assim que começou a minha relação com os discos. Passados dois anos (não propriamente a tentar vencê-los), acabei por me render a este desporto, de há uns meses para cá. Devido a problemas de saúde não posso praticar, o que faz com que a minha relação com o Frisbee passe por assistir a jogos, atirar uns discos de vez em quando e apoiar os amigos que jogam.

O desporto galvaniza as pessoas; seja qual for aquele de que mais gostamos, faz-nos vibrar, cria paixões, causa tristezas e desilusões. Às tantas faz parte de nós. No que toca a desporto, só o futebol e o Sporting me causam mais emoções do que o Frisbee. Não sei por que razão gosto tanto. Talvez seja por ter muitos amigos que jogam, pelos layouts ou simplesmente pelo espírito que este desporto transpira. Mas afinal, de que é que trata este desporto?

São muitos os desportos de disco: Double Disc Court, Guts, Discathon, Freestyle, Disc Golf, Ultimate, Beach Ultimate, entre outros. Nos meus artigos irei abordar em grande parte o Ultimate de Praia e, ocasionalmente, as outras modalidades.

Taça Ibérica 2013, em Guimarães / Foto tirada por Jabito Bito
Taça Ibérica 2013, em Guimarães
Foto tirada por Jabito Bito

“Isso joga-se com cães?” É uma das questões mais frequentes que ouço quando pergunto a alguém se conhece Ultimate Frisbee. Normalmente, já estou à espera de uma resposta deste género. São poucas as pessoas que conhecem desportos de disco, sobretudo em Portugal, onde estes se encontram muito pouco desenvolvidos. Por cá estamos apenas habituados a ver frisbees, ainda que raramente, na praia ou nos parques, onde os cães correm para os apanhar.

“Então estão só ali a passar o disco entre eles…e depois quem é que ganha?”

Esta é a pergunta que se segue, à qual eu respondo que se trata de um desporto misto de equipas e que, basicamente, ganha quem marcar mais pontos num certo período de tempo.

Já com curiosidade em saber mais sobre este desporto, perguntam-me se existe em Portugal.

Existe em Portugal já há uns anos e hoje há um Campeonato Nacional de Praia que conta com sete equipas: a Beach Ultimate Frisbee Algarve, em Portimão, os Vira-o-Disco em Palmela, os Diz-Cu e os Gung-Oh em Lisboa, os Leiria Flying Objects, os Gambozinos em Aveiro, a Disco Partizani em Coimbra e, na cidade invicta, a mais recente equipa, Porto Ultimate Frisbee. Embora também possa ser praticado na relva, Portugal aposta mais no Ultimate de Praia.

No entanto, as competições não se resumem ao Campeonato Nacional de Praia: também há o Campeonato Nacional de Relva, o Campeonato Nacional de Indoor ou a Taça Ibérica de Ultimate Frisbee, que se realizou no passado mês de Outubro, tendo saído vencedora a equipa HotPepers, uma equipa pick-up, ou seja, criada com vários elementos que se juntaram para este torneio e não uma equipa que joga habitualmente. A praia do Meco é palco do melhor torneio HAT de Ultimate de Praia do mundo, o torneio “Bar do Peixe”, que se realiza em Junho e conta já com 17 edições. Outro torneio HAT, mas mais recente do que o de Sesimbra, é o Silver Coast, em Aveiro.

Silver Coast Hat 2013, Praia do Areão, Aveiro / Foto tirada por Filipe Tavares
Silver Coast Hat 2013, Praia do Areão, Aveiro
Foto tirada por Filipe Tavares

Passando os olhos pelas regras…

O Ultimate de Praia requer um campo de 75 por 25 metros no qual existem duas endzones (como no Futebol Americano) com 15 metros de comprimento, onde os pontos são marcados. Cada equipa tem cinco jogadores, rapazes e raparigas, que não podem correr com o disco na mão, apenas o podem passar entre a sua equipa. Quando o disco cai no chão há um turnover, ou seja, a posse do disco passa para a equipa contrária e os papéis invertem-se: quem estava a atacar passa a defender e vice-versa. Em relação ao Ultimate (na relva), que se reflecte num jogo mais rápido, as medidas do campo e o número de jogadores variam um pouco, mas, de uma forma geral, as regras são as mesmas.

Uma coisa é certa: em ambos não há árbitro, quem toma as decisões dentro de jogo são os próprios jogadores.

Não é Frisball, como alguns dizem! Neste caso não há bola nem rede, mas sim um disco e muito fair-play!

Mixórdia de Temáticas

cab desportos motorizados

Aproveito o nome da antiga rubrica do Ricardo Araújo Pereira para o título do meu artigo desta semana, porquê? Basicamente porque não tinha um tema que desse para escrever um artigo de tamanho normal. Para começar vamos voltar ao homem do meu segundo artigo para o Bola na Rede: Sébastien Vettel.

O alemão da Red Bull vai em sete vitórias seguidas em grandes prémios (GP). Uma marca fantástica quando faltam apenas duas provas para o fim do campeonato deste ano. Duas provas, precisamente o número de vitórias que precisa para atingir o recorde de mais GP alcançados numa temporada: 13. O detentor deste recorde é o, também alemão, Michael Schumacher, que o alcançou em 2004. Vettel é já, sem dúvida, um dos melhores pilotos de sempre da F1 e acredito que possa vir a bater todos os recordes mais importantes da modalidade.

Neuville ao volante do seu Fiesta http://chicane2013.blogspot.pt
Neuville ao volante do seu Fiesta
Fonte: chicane2013.blogspot.pt

Agora largamos a F1 para ir para os ralis. O WRC deste ano ainda não acabou – acaba no próximo fim de semana com o Rali de Gales – mas o mercado de pilotos já anda muito movimentado. Neuville era o piloto mais apetecido do mercado e vai trocar a M-SPORT, que faz correr os Ford Fiesta WRC, pela equipa da Hyundai, que regressa na próxima temporada ao Mundial. Este vai ser um defeso muito animado com três das quatro equipas à caça dos melhores pilotos para 2014; apenas a Volkswagem deve manter os seus pilotos na nova temporada. O defeso pode também ser positivo para os portugueses, pois Bernardo Sousa pode estar a caminho do WRC. Resta saber se para a categoria principal ou para uma das de “suporte”. Espero bem que se realize esta mudança, e se conseguir levar mais algum português melhor.

Agora vamos voltar aos circuitos. Tenho de falar da vitória do Tiago Monteiro no WTCC. O piloto da Honda venceu a segunda corrida do GP da China. Monteiro é, neste momento, 10º classificado do Campeonato de carros de Turismo, mas no próximo GP, que se vai disputar em Macau, pode chegar ao 8.º posto.

Também neste GP, que se disputa no próximo fim de semana, vamos ter o Félix da Costa a defender a sua vitória do ano passado na F3. O piloto de Cascais vai, assim, terminar a sua temporada no mítico circuito de Macau. Espero que vença e mostre toda a sua qualidade.