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Portugal 1–0 Argentina: Um resultado enganador e um “herói improvável”

cab seleçao nacional portugal

Os mais ingénuos poderiam achar que teríamos um jogo animado e com um ritmo elevado; pois bem, como esperado, não foi nada disto que se passou. Aliás, na minha opinião, o único fator de interesse desta partida era mesmo a presença de Ronaldo e Messi, e até esse se perdeu ao intervalo. Mesmo ao cair do pano surgiu um “herói improvável” – Raphael Guerreiro.

Portugal entrou desconcentrado, tal como foi assumido pelo próprio selecionador nacional, e rapidamente a Argentina tomou conta do encontro. O suspeito do costume, Lionel Messi, não tardou a dar sinal de vida aparecendo na cara do guardião português, mas não foi capaz de acertar com o alvo. Os comandados de Fernando Santos tardavam em reagir e só à meia hora de jogo é que Portugal criou a primeira oportunidade de golo, se assim se pode chamar, por intermédio de Cristiano Ronaldo e após cruzamento de Bosingwa. Nesta primeira parte gostaria de destacar Roncaglia e Tiago Gomes. O argentino foi um dos mais ativos, tirou sucessivos cruzamentos com bastante perigo e foi mesmo um dos melhores elementos do conjunto de Tata Martino. Por outro lado, Tiago Gomes esteve catastrófico. O português pareceu nunca acertar com a marcação a Lionel Messi e só não teve consequências de maior devido ao desacerto do craque do Barcelona. Apesar do maior domínio argentino, o jogo chegava ao intervalo empatado.

Como é habitual neste tipo de partidas, os treinadores fizeram algumas mexidas. Cristiano Ronaldo e Lionel Messi acabaram por não sair dos balneários, como aliás seria de esperar. Destaque ainda para a estreia de José Fonte, mais do que justificada. Logo após o reatar da partida, Tiago Gomes lesionou-se e deu lugar à entrada daquele que viria a ser o herói de Old Trafford – Raphael Guerreiro.

Raphael Guerreiro, o herói da noite Fonte: Federação Portuguesa de Futebol
Raphael Guerreiro, o herói da noite
Fonte: Federação Portuguesa de Futebol

Numa segunda parte em que o jogo foi perdendo cada vez mais o seu interesse, o público chegou mesmo a demonstrar a sua insatisfação e Nico Gaitán foi dos poucos que tentaram mexer com o encontro. De realçar apenas que Adrien Silva fez (finalmente!) a sua estreia pela seleção nacional.

Apesar da elevada coesão defensiva, algo que é característico nas equipas de Fernando Santos (recorde-se que Portugal, na era Fernando Santos, só sofreu golos no particular com a França), Portugal apresentou um futebol medíocre. A falta de capacidade de sair em ataque e os problemas de finalização demonstram, sem dúvida, que ainda há um longo caminho a percorrer, mas os resultados não deixam de ser positivos.

A Figura

Raphael Guerreiro – entrou já no decorrer da segunda parte, mas o tempo que esteve em campo bastou para fazer a diferença. Um jovem com muita qualidade e de apenas 20 anos.

O Fora-de-Jogo

Tiago Gomes – acusou sem dúvida a pressão de se estrear pela seleção nacional. Uma noite menos bem conseguida do jogador do Braga.

Benfica agarra liderança

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cab futsal

Terminou a jornada 10 do Campeonato Nacional de Futsal, jornada essa em que não houve quaisquer alterações nos primeiros lugares da prova.

O Benfica venceu de forma confortável a equipa sensação, Burinhosa, por 7-1, o Sporting venceu por 1-4 a difícil equipa do Modicus, e o Braga venceu o Unidos Pinheirense fora por 3-8.

Desde a vitória por 2-3 diante do Sporting em Odivelas que a equipa encarnada subiu substancialmente de nível, obtendo excelentes resultados e realizando grandes exibições. Venceu o Olivais por 9-2, no Restelo venceu por 2-5 e ontem venceu o Burinhosa por 7-1, em mais uma demonstração de como praticar de forma exímia a modalidade.

benfica futsal
Festejo de Alan Brandi e Jefferson, que apontou o ultimo golo da partida
Fonte: slbenfica.pt

A surpreendente equipa do Burinhosa, que ocupa o quarto lugar da competição, entrou muitíssimo bem no encontro, inaugurando o marcador por intermédio de Russo.

O Benfica teve de correr atrás do marcador e fê-lo da melhor maneira possível, marcando sete golos. Obviamente que a turma de Joel Queiroz tem um plantel superior, contudo ficou na retina a boa entrega da equipa visitante, apesar da pesada derrota.

Pela equipa da casa marcaram Bruno Coelho, Alessandro Patias, que completou um sensacional hat-trick, Ré, que bisou, e Jefferson.

Com esta vitória, os encarnados alcançam a quarta vitória consecutiva, isolando-se na liderança do Campeonato.

O bicampeão nacional deslocou-se ao complicado terreno do Modicus, onde venceu por 1-4 num jogo muito bem disputado. O Sporting entrou bem na partida, e Diogo inaugurou o marcador, resultado que não se alterou até ao intervalo. Foi uma primeira parte com oportunidades para ambos os lados, contudo os guarda-redes estavam inspirados.

A segunda teve muito mais intensidade do que a primeira e consequentemente mais golos, tornando o jogo num verdadeiro espetáculo.

Tiago Soares empatou o encontro, fazendo a equipa de Sandim sonhar. A elevada capacidade técnica de Djô e a pequena ajuda do guarda-redes fizeram com que os visitantes se colocassem novamente em vantagem.

Paulinho, jogador rapidíssimo e muito dotado tecnicamente, ao bisar “matou” o jogo, tornando-o muito mais acessível para a sua equipa, que até ao apito final precisou apenas de o gerir.

foto capa hj
Festejos da equipa leonina após golo verde e branco
Fonte: sporting.pt

Através desta vitória, a equipa do Sporting mantém a perseguição ao rival da 2ª Circular, que se encontra um ponto à frente, liderando a prova.

O terceiro lugar, Braga, continua a sua senda de vitórias. Desta feita venceu fora o Unidos Pinheirense por 3-8, encontrando-se com 19 pontos, a oito do Sporting e a nove do Benfica, mas de realçar que os bracarenses têm dois jogos em atraso.

O recém-promovido Unidos Pinheirense continua a sua péssima temporada, amealhando até agora três pontos em 10 jornadas.

De realçar nesta jornada as importantes vitórias de Belenenses e Boavista.

O Belenenses venceu por 7-6 em Cascais num jogo muito intenso, que diria até ter sido impróprio para cardíacos devido à quantidade de golos que houve. Com esta vitória, os azuis abandonam a zona de despromoção, respirando agora muito melhor.

Os axadrezados venceram o Rio Ave em Vila do Conde por 4-3, enviando-os para a zona de descida, somando uns três pontos muitíssimo importantes para os seus objetivos.

Qualquer semelhança com o ano passado…será pura coincidência?

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Terceiro Anel
Não tenho emenda. Serei sempre aquela pessoa que antes de adormecer pensa no Benfica, que enquanto está na sala de espera da clínica dentária pensa no Benfica, que enquanto vagueia sem rumo por uma qualquer rua pensa no Benfica, que em qualquer momento…pensa no Benfica. E como tal, há dias, pus-me a viajar no tempo, e logo eu que nem sou nada obcecado por datas e efemérides, recordando como estava o meu inigualável clube por esta altura de Novembro, em 2013. Portanto, e como estou a redigir este artigo na noite de 17 de Novembro, eis a minha exposição perante aquilo que a minha mente alcançou. Há um ano atrás eu era um homem inquieto, algo preocupado, expectante, muito pouco convencido. O Benfica vinha de uma recente vitória frente ao Sporting no celebérrimo jogo a contar para a Taça de Portugal, aquele incrível 4-3 que tanto brado causou aos olhos do país desportivo. Mas mesmo nessa louca partida o Benfica apenas encheu as medidas na primeira parte, evidenciando graves lacunas defensivas durante quase todo o tempo. Aliás, lá vem a história da coincidência, que está presente no título desta crónica.

Há 365 dias atrás o Benfica ainda era uma completa caricatura daquela equipa que viria a encantar todos os seus adeptos. Havia a clara noção de que o plantel era riquíssimo, e por isso mesmo existia como que uma indignação pelo facto de os comandados de Jorge Jesus jogarem tão mal, de uma forma tão descolorida, tão desgarrada, sem alma, como que rastejando em campo. Exceptuando aquele inolvidável desafio na Grécia, defronte do Olympiakos, no qual mesmo perdendo o Benfica realizou uma grande exibição, tudo aquilo que sobrava era para esquecer. É verdade que a pressão sobre a equipa também era terrível, visto a forma negra como havia terminado a temporada 2012/2013, mas o que é certo é que há um ano atrás eu era um indivíduo sem esperança, quase com a ideia formada de que voltaríamos a ter uma época sem o título no bolso. E a partir de Janeiro deste ano, pronto…já se sabe como foi (por mim estava aqui o resto da noite sobre essa continuação de episódio).

O Benfica de Novembro de 2013 estava a léguas de convencer Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
O Benfica de Novembro de 2013 estava a léguas de convencer
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

E agora, fazendo um paralelismo com os tempos actuais, vemos que muita coisa mudou. As saídas de jogadores foram muitas, as entradas de outros tantos também se sucederam, o treinador manteve-se o mesmo (e ainda bem, porque este Jesus consegue ser ouro na maioria das vezes) e o Benfica continua no primeiro lugar do campeonato, quando no ano passado se encontrava a três pontos do FC Porto, estando igualado em termos pontuais com o Sporting.

Porém, as semelhanças são tantas! A qualidade exibicional deixa imenso a desejar, a minha inquietação é praticamente a mesma, não dá para estar tranquilo numa única partida, contam-se pelos dedos das mãos os grandes momentos até agora, não consigo estar totalmente confiante. Tal como no ano passado, o Benfica ainda está na Taça de Portugal (esperemos que este artigo não dê azar, tendo em vista o jogo frente ao Moreirense do próximo fim-de-semana), o Benfica está com quatro pontos na fase de grupos da Liga dos Campeões, com exibições que têm deixado muito a desejar. Sim, é verdade que o plantel desta temporada não é tão rico, mas lá está mais uma coincidência. Há um ano as lesões também eram várias (Cardozo iniciava o seu calvário…) e as esperanças agarravam-se, e muito, na explosão da qualidade de jogo que mais tarde ou mais cedo iria aparecer.

Por sistema, quase sempre as equipas de Jorge Jesus atingem os seus picos de forma em Janeiro e Fevereiro. No Benfica tem sido quase sempre assim, e isso deixa-me um pouco mais descansado. Mas também me prezo a mim mesmo, e como tal gostaria de ter aquela sensação de maior conforto em relação a um dos amores da minha vida. Sim, pareço um autêntico velho do Restelo. A minha equipa lidera o campeonato e ainda parece que me estou a queixar. Todavia, como gosto sempre de realçar, sou um adepto muito exigente. Quero muito mais qualidade, muito maior afirmação.

Se os aspectos semelhantes com a época passada, por esta altura, são pura coincidência? Pois, espero bem que não, Porque se não o forem, tal como eu desejo ardentemente, o bicampeonato (meu Deus, como isso é ansiado pela nação benfiquista), pode estar mais perto, a cerca de meio ano de distância.

                                                                                                                                                                                                  Foto de capa: Flickr (Steve Gardner)

Fonseca e a cidade das Maravilhas

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As primeiras dez jornadas da Liga Portuguesa 2014/15 trouxeram, à boa maneira lusitana, sucessos inesperados e desilusões surpreendentes. Até ao momento, e “apenas” com dez jornadas disputadas, os maiores destaques vão para o super Vitória de Guimarães, que, com uma equipa de “tostões”, consegue um fantástico segundo lugar, e ainda para o Belenenses, que, por entre as críticas ao plantel feitas por Lito Vidigal no início da temporada, já vai com 20 pontos conquistados e sobretudo com a zona de despromoção bem longe na tabela. Quanto a desilusões, destaco o Sporting, que apesar do bom futebol, está a oito pontos da liderança; o Nacional, uma equipa sempre a lutar pela Europa e cujo plantel parece estar a léguas daquilo que já se viu pela Choupana, e por fim a Académica, que época após época anseia por mundos e fundos e depois acaba sempre com a corda no pescoço.

Ainda assim, apesar dos destaques a Vitória e Belenenses, opto por escrever, numa semana marcada pelas seleções, do fenómeno Paulo Fonseca e do “seu” Paços de Ferreira. A época 2012/13 trouxe possivelmente uma das maiores surpresas desde que existe a Primeira Liga de Futebol. Com um dos orçamentos mais baixos do campeonato, a equipa da Mata Real conseguiu um “histórico” terceiro lugar, vencendo em casa e fora os jogos contra Sp. Braga e Sporting e sobretudo conseguindo a notável marca do apuramento para o Play-Off da Liga dos Campeões. Assentando na qualidade do “trio dourado” composto por André Leão, Vítor e Josué, a equipa pacense alcançou 54 pontos em 30 jornadas, terminando a temporada com apenas quatro derrotas, frente ao campeão FC Porto e vice-campeão nacional SL Benfica.

Com uma época tão surpreendente e notável, não foi de estranhar a autêntica debandada do plantel do Paços, a que se juntou a não menos importante saída do seu treinador, Paulo Fonseca. Depois de um apuramento histórico para a Liga dos Campeões, o treinador lisboeta teve, na saída do bicampeão nacional Vítor Pereira, a oportunidade de uma vida: treinar um clube grande em Portugal, o FC Porto. Depois do anúncio de Pinto da Costa, muitas foram as questões que se levantaram, sobretudo sobre a dúvida quanto à real valia de um treinador como Paulo Fonseca quando confrontado com um nível competitivo bem superior ao que encontrara na capital do Móvel. Contudo, o “fantasma” de André Villas Boas ainda estava bem na memória dos adeptos portistas, o que fazia da aposta do presidente portista uma escolha que tinha tanto de arriscada como de esperada junto dos adeptos.

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Neste regresso à Mata Real, Paulo Fonseca tem sido feliz.
Fonte: Facebook do FC Paços de Ferreira

Com as saídas de James Rodriguez e João Moutinho, não se pode dizer que Fonseca tenha tido a melhor das surpresas quando recebeu o plantel portista. Sem duas das peças mais importantes dos últimos anos no clube, o jovem treinador ficou com um plantel órfão de “referências” e sobretudo órfão de qualidade individual. Basta olhar para o plantel do ano passado e perceber (e talvez questionar) a presença de jogadores como Abdoulaye, Defour, Josué, Licá e até Ghilas, para concluir que a tarefa de alcançar o tetra-campeonato não era mais do que uma miragem. Aliás, a única surpresa na última temporada foi o início da época portista, em que a conquista da Supertaça e a liderança no campeonato pareciam milagres perante um plantel insuficiente e que não tinha sequer comparação com o do rival Benfica, sustentado na qualidade de Markovic, Gaitán, Salvio, Rodrigo, Lima ou Cardozo.

Com apenas 61 pontos conquistados em 90 possíveis, com seis derrotas em 15 jogos fora ou a perda da invencibilidade caseira em jogos do campeonato, mais de cinco épocas depois, a época portista foi um autêntico marasmo, o que levou à saída de Fonseca no início de Março. Depois da dececionante campanha na Liga dos Campeões, com apenas cinco pontos conquistados, e de um campeonato a roçar o medíocre, Paulo Fonseca não conseguiu terminar a época e, após tanta contestação da massa associativa, acabou mesmo por abandonar o barco.

Obviamente que depois de uma passagem tão má num clube de maior dimensão, rapidamente o panorama futebolístico nacional questionou a capacidade de Paulo Fonseca regressar a uma equipa grande e sobretudo a capacidade de voltar a ser o treinador que havia sido em Paços de Ferreira. Depois de uma época tão traumatizante, a grande questão passava por perceber qual seria o próximo destino de Fonseca, e naturalmente que o estrangeiro seria a escolha mais óbvia e compreensível, pela má recordação que este trazia do FC Porto. Por isso, foi uma autêntica surpresa a decisão do Paços de Ferreira, em junho deste ano, em dar uma segunda oportunidade a Paulo Fonseca e, em traços gerais, em lhe dar uma segunda oportunidade de se reconciliar com o destino e com a sua própria carreira. As dez primeiras jornadas deste campeonato mostraram um Paços tão ou mais atrevido e irreverente do que há duas temporadas: com um futebol atraente e sólido taticamente, sustentado num duplo pivô com Seri e Sérgio Oliveira e na qualidade de Hurtado ou Urreta, o treinador lisboeta voltou ao bom futebol e aos bons resultados que o haviam colocado na ribalta do futebol português.

Com 18 pontos e um sexto lugar no campeonato, o Paços de Fonseca já entrou na história do clube e promete voltar a entrar na história da Liga Portuguesa. Ciente das suas limitações e das suas fragilidades, olhar para este Paços de Ferreira funciona quase como um apelo à memória, que nos remete para aquela época de 2012-2013 que tantas alegrias trouxe àquela cidade. Mudaram-se os tempos, as vontades e os jogadores, mas neste Paços de Ferreira parece que apenas um traço se revela imprescindível: o de Paulo Fonseca. Nesta história encantada, já poucos se lembram dos assobios no Dragão, dos lenços brancos a cada derrota e daquela célebre chegada portista ao estádio depois da derrota em Coimbra. É que no fim de contas, com Fonseca na Mata Real, regressa aquele treinador que parecia ter uma carreira brilhante à sua frente. Há clubes e treinadores destinados a ficarem eternizados. Paulo Fonseca e o Paços de Ferreira são uma dessas histórias.

Foto de capa: Facebook do FC Paços de Ferreira

Dragões, leões e outros

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cab andebol

Nove jogos, nove vitórias! O Porto deste ano em Andebol continua a dominar o campeonato e já foi a Braga derrotar o ABC, pavilhão sempre difícil. O Sporting, que aposta tudo no título, este ano está de certa forma a desiludir, pois já empatou nos Açores com o Sporting da Horta e, mais humilhante – sim, esta é a palavra certa -, perdeu, em casa, com o ISMAI. Com estes dois maus resultados são três pontos (em caso de dúvida ver o P.S do final do texto) os que separam os leões dos dragões, os dois principais candidatos ao título.

É já na Quarta-feira que os dois rivais se encontram, com o Sporting a jogar em “casa”, visto ir jogar em Almada. Este vai ser um jogo que vai mostrar em que ponto está este Sporting, pois a consistência não está a ser a melhor nestes últimos jogos e o Porto continua com um nível alto, como é seu costume. Num ano em que a mudança de duas fases para playoff se faz notar o factor casa pode ser fundamental, mas para tal acontecer ao Sporting, arrisco-me a dizer que será fundamental ganhar o jogo desta Quarta-feira, pois recuperar três ou cinco pontos para uma equipa como o Porto é muito difícil.

Quanto aos restantes, Benfica e ABC vão lutar pelo terceiro lugar na fase regular – atenção, esta é uma opinião pessoal, pelo que tenho visto e lido até agora. Se na classificação quem vai à frente nesta luta são as águias, em campo a equipa de Braga veio à Luz vencer na jornada da semana passada. A luta pelas restantes posições também está animada. Num sempre interessante derby de regiões, o Sporting da Horta vai em quinto e o Madeira SAD em sexto, mas Belenenses, ISMAI, Águas Santas e Passos Manuel estão todos próximos, numa luta pelos playoff que promete ser muito interessante de acompanhar. Aqui penso que serão as duas equipas insulares, Os Belenenses e Águas Santas, a fechar os oito primeiros lugares, sendo impossível definir uma ordem para já. Para a descida de divisão é que existem duas equipas a destacar-se, Santo Tirso e Xico Andebol, este último um velho conhecido do Andebol nacional, enquanto Francisco da Holanda atravessa tempos muitos difíceis.

P.S.: Para quem não está tão acostumado ao mundo do Andebol: as vitórias valem os mesmos três pontos que no futebol, mas os empates valem dois em vez de um, sendo este ponto atribuído em caso de derrota.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

Força da Tática: Os riscos e defeitos do Sporting de Marco Silva

força da tática
Novembro de 2014: o mês em que tanto se afirma que o Sporting pratica o melhor futebol de Portugal como que tem o campeonato perdido. Declarações antagónicas mas, mais do que isso, demasiado extremistas – jogar o melhor futebol é relativo porque o jogo se divide em vários momentos que ora o Sporting domina, ora não; ter o campeonato perdido, quando faltam 26 jornadas, também será uma constatação precipitada. Mas que equipa, defeitos e virtudes tem Marco Silva ao seu dispor para provocar tais reacções? Hoje, centrar-me-ei nos defeitos do Sporting. Na próxima semana, falarei das suas qualidades.

Em comparação com a equipa de Leonardo Jardim, este Sporting é muito mais arrojado. Em todos os momentos, Marco Silva assume ideias mais arriscadas – deverá ser essa a causa dos extremos protagonizados por esta equipa, ora demasiado boa, ora demasiado má. Atacar bem e defender mal não são consequências independentes mas há uma grande margem para conseguir ajustar os erros defensivos sem perder a irreverência e as dinâmicas do momento ofensivo. Simplificando, o Sporting também defende pior porque quer atacar melhor, mas os defeitos dos verde-e-brancos não se esgotam nesta causa-efeito.

A linha (?!) defensiva e a corda que falta a Marco Silva

O principal problema do Sporting 2014/2015 tem sido, indiscutivelmente, a linha defensiva que joga à frente de Rui Patrício. Muito se fala – e bem! – da falta de qualidade dos centrais do Sporting, mas aquilo que tem de se começar a analisar é a forma como se comportam os mesmos. Mais do que se erram ou não um passe, um desarme ou uma qualquer outra acção individual onde o treinador pouca ou nenhuma influência tem, os comportamentos colectivos da linha defensiva do Sporting roçam o aleatório e este é o mais urgente dos problemas a solucionar. O constante espaço entre os dois centrais ou entre os centrais e os laterais leva a pensar que este é um momento do jogo que Marco Silva deixa ao improviso dos seus defesas e, se assim for, não há qualquer hipótese do Sporting vir a ter um sucesso consolidado. A defesa zonal é a mais eficiente das formas de defender mas também a mais exigente para o treinador: requer tempo e, sobretudo, repetições atrás de repetições até que tudo fique bem automatizado. Claro que quanto mais fracos são os executantes, mais trabalho terá o treinador. Um método simples de se entender é o da corda: se os quatro defesas imaginarem que existe uma corda a ligá-los, os seus movimentos serão sempre uniformes e o espaço entre eles desaparecerá porque assim que o lateral esquerdo a puxe para a linha lateral, o central do seu lado cobrirá de imediato o espaço deixado vago e esta sucessão repetir-se-à até ao lateral direito que fechará o espaço interior anteriormente ocupado pelo central do seu lado. No fundo, trata-se de um jogo de ajustes e coberturas que ajudariam a solucionar parte dos problemas do Sporting e que reduziriam as hipóteses dos adversários penetrarem pela linha defensiva leonina.

Repare-se na distância entre Sarr, que sai na contenção a Salvio, e Maurício que não fecha o espaço interior. Outros lances como o 2º golo do Schalke em Alvalade também serviriam de exemplo
Repare-se na distância entre Sarr, que sai na contenção a Salvio, e Maurício que não fecha o espaço interior. Outros lances como o 2º golo do Schalke em Alvalade também serviriam de exemplo

O controlo (ou falta dele!) da profundidade

Este é um sub-problema da linha defensiva do Sporting: importa esclarecer este pormenor para que não se confundam os dois pontos. É que se a linha defensiva leonina é o principal problema da equipa, e é de facto, dentro das suas funções é o controlo da profundidade onde mais sofrem os defesas de Marco Silva. Por controlo da profundidade entendemos o defender o espaço nas costas dos defesas. Aqui é onde entra o risco das ideias do treinador português: Marco Silva quer pressionar alto e, por isso, tem de subir a defesa para evitar espaço entre sectores. Só ainda não consegue defender a distância que coloca entre a sua última linha e a baliza de Patrício. E se os espaços entre centrais e laterais ou entre os próprios centrais são facilmente corrigidos, o controlo da profundidade é provavelmente o aspecto defensivo de maior complexidade. Envolve demasiadas variáveis que obrigam os próprios jogadores, na altura, a entender o contexto que os obriga a comportarem-se de múltiplas formas distintas. Se o adversário com bola estiver pressionado (com uma contenção), a linha defensiva não desce porque o adversário não vai conseguir fazer um passe a procurar a profundidade; se o adversário estiver livre e sem qualquer oposição, os defesas têm de recuar de forma a garantir que têm espaço e tempo de interceptar um passe feito para as suas costas. Mas de nada serve um defesa descer e o outro não: é esta a complexidade – ou se comportam todos de igual forma ou o problema continuará. Se um descer e os outros ficarem, o fora-de-jogo não é accionado e o espaço está gerado. Se descerem três e um ficar, continua a haver um espaço aberto pelo defesa que não agiu em conformidade com os seus colegas.

Neste momento do jogo, tem valido ao Sporting a principal qualidade de Rui Patrício: o 1×0 em que é exímio. O internacional português é dos melhores guarda-redes do mundo a sair aos pés do adversário e a fazer a mancha. Assim se explica a notoriedade que Patrício tem assumido nesta época. Mas, se pensarmos, Patrício acaba por solucionar muitos dos problemas que também poderia contribuir para evitar. Tivesse o guarda-redes do Sporting a competência para sair da baliza como tem, por exemplo, Neuer, e não seriam muitos os lances de avançados isolados resolvidos à nascença? Claro que Neuer é de outro mundo, mas Patrício poderia e deveria assumir outra preponderância nestes momentos. Repare-se na quantidade de vezes em que o Chelsea, num só jogo, consegue explorar a profundidade da defesa leonina:

A falta de qualidade dos centrais e… o arriscar pouco

Depois de tanto falar da coragem de Marco Silva… eis que chega a hora de lhe apontar um pormenor em que poderia arriscar mais. A falta de qualidade individual dos centrais do Sporting é notória e por certo que o treinador português terá noção, tão ou mais clara do que qualquer adepto, dessas mesmas limitações dos seus centrais. Num outro artigo já abordei a importância dos centrais nos modelos de jogo ofensivos e que se querem dominadores, como o do Sporting. Ora, sendo peças tão importantes e estando à vista de todos que os centrais leoninos (Sarr e Maurício) são perfeitamente incapazes de dar as respostas às exigências de Marco Silva, por que não tentar uma adaptação? Falo de Oriol Rosell. O trinco espanhol é um jogador que se destaca pela inteligência, que já vimos tão importante nos centrais, e que lhe alia uma capacidade técnica mais do que suficiente para a posição em questão. Não sendo especialmente forte ou agressivo, também não é fraco nem macio e, mesmo que fosse, os fortes e duros Maurício e Sarr já provaram vezes suficientes que não são esses atributos que definem a valia do central que deve jogar ao lado de Paulo Oliveira. Neste caso, é mais arriscado experimentar Rosell ou insistir em Maurício/Sarr… ?

Não merecerá Rosell mais oportunidades se comparado com Sarr, na foto, ou Maurício, fora dela? Fonte: Sporting
Não merecerá Rosell mais oportunidades se comparado com Sarr, na foto, ou Maurício, fora dela?
Fonte: Facebook Sporting

O eclipse de William Carvalho

William Carvalho foi, na época passada, o melhor jogador do Sporting e a solução para (quase) todos os males que o muito rígido modelo de jogo de Leonardo Jardim originou. E é exactamente por aí que se inicia a mudança: ao contrário de Leonardo Jardim, Marco Silva adoptou um modelo extremamente fluído em que cada jogador tem de assumir uma maior zona de acção. E, se de forma geral concordo com a fluidez imposta, em relação ao melhor trinco do campeonato considero que o que lhe tem sido exigido é oposto ao que de melhor pode oferecer. Já dizia Cruyff que quanto mais espaço temos para defender, pior o faremos. É uma lógica simples e inequívoca. O que Marco Silva quer, com a pressão alta e a vontade de recuperar a bola o mais rapidamente possível, exige de William que defenda uma zona muito maior, principalmente se o adversário conseguir ultrapassar a primeira zona de pressão. Quantas vezes viu William a defender em espaços altíssimos? Hoje, o Sporting defende em 4x4x2 com João Mário a juntar-se ao avançado na primeira linha. Mas não foi isso que mudou, André Martins já o fazia com Jardim. O que mudou foi o local do campo em que essa pressão acontece – bem mais acima no terreno, o que leva Adrien e William a defenderem uma zona substancialmente maior e, por isso, a terem mais dificuldades nesse momento. Não se enganem: o Sporting pressiona muitíssimo bem! Já fez muitos golos proporcionados por essa pressão (Benfica, Belenenses, Porto 2x, etc) e muitos outros ficaram por marcar. O problema surge quando a pressão é ultrapassada. Cabe ao treinador entender se vale, ou não, os riscos assumidos.

Nos aspectos não mencionados em cima o Sporting não é perfeito. Também não lhe é exigido que o seja pura e simplesmente porque ninguém no campeonato português o é. Mas em praticamente todos os outros momentos o Sporting ou é o melhor conjunto do campeonato ou é tão bom quanto o melhor. Por isso se diz que joga o melhor futebol de Portugal: aquilo em que é melhor é aquilo de que as pessoas mais gostamMas aquilo em que é pior é o que faz as equipas serem capazes de ganhar provas de regularidade.

Foto de capa: Facebook Sporting

O Passado Também Chuta: Ângelo Martins

o passado tambem chuta

Quero falar do Ângelo Martins. Como muitos se recordam e outros tantos sabem, foi jogador do Benfica. Pertenceu ao Benfica bicampeão da Europa e pertenceu ao grupo que vinha dos anos 1950. Mas não é deste Ângelo que quero falar; quero falar do outro, do que fabricou na ilha de madeira no Campo Grande muitos, muitos jogadores de grande nível. Foi polémico ainda antes de chegar ao Benfica. Um problema de duplicidade de contratos irradiara-o do futebol. No entanto, quando tinha 20 anos e andava de farda em Santarém, o Benfica lembrou-se dele, lembrou-se daquele miúdo que comia a relva a jogar pelo Académico e que o FC Porto tanto cobiçava. O Benfica solucionou a questão da sua irradiação, e incorporou-se, novamente, no mundo do futebol. Foi um privilegiado, teve grandes companhias assim que chegou em 1950. Foi colega, entre outros, do Rogério e do Félix e acabou a meio da década de 1960 na companhia do Eusébio e do Simões, tendo pelo meio a companhia de jogadores como o José Águas, o Costa Pereira ou o Germano.

Mas eu quero o outro Ângelo, quero aquele que treinou nos juniores do Benfica um colega de colégio meu, o Casquinha, e que fabricou craques sem parar. Dois dos melhores jogadores que pisaram os relvados portugueses depois da época dos bicampeões passaram pela sua cátedra: Fernando Chalana e Humberto Coelho. No entanto, a capacidade de um treinador de formação não se mede, exclusivamente, pelas estrelas que projeta; mede-se pelo número de jogadores que, não sendo estrelas, chegaram a bom nível. Os craques, durante anos, podem não aparecer, no entanto, jogadores com bom nível aparecem se alguém os sabe formar e alentar. Era mais que menino e moço quando ia muitos domingos pela manhã ao Campo Grande, um campo que era do Sporting mas, devido a acordos passados, era desfrutado pelo Benfica. Vi o Nené jogar os primeiros 45 minutos pelo Benfica, vi o Humberto Coelho comandar a defesa dos juniores do Benfica, vi o Raul Águas, o Manuel José, o Camolas, o Vieira, o Arcanjo, o Guerreiro, vi o irmão do Eusébio, o Jujú, jogar também os primeiros 45 minutos pelo Benfica; vi-os e também vi muitos mais, e quem estava no banco, quem estava na cátedra: Ângelo.

Estou a dar nomes, mas alguns leitores podem perguntar-se: e então o Jordão, o Alves, o Vítor Martins, o Artur?… Sim, sim, também esses e mais, muitos mais. O Rachão, que era um médio que arrasava, tal como o Manuel José, nos juniores do Benfica. Passou pelas mãos do Ângelo, também, o Shéu, que foi um trinco sensacional. O Benfica, no tempo do Ângelo, não só alimentava a sua equipa de seniores; das suas camadas saíram jogadores que brilharam a grande altura noutras equipas como, por exemplo, o Guerreiro e o Arcanjo no Vitória de Setúbal. Tanto um como outro conheceram a equipa das quinas.

Hoje o Benfica procura outros alimentos; não sei se faz bem ou mal mas não gosto. Aqueles juniores, quando passavam a seniores, se tinham o caminho barrado, iam para outros clubes mas continuavam a pertencer à casa. A massa associativa alegrava-se dos seus êxitos. O Ângelo Martins, além de um craque como jogador que tinha a garra benfiquista, foi um mestre maiúsculo. E foi humilde, nunca se abraçou aos louros; dizia que o grande mérito era dos jogadores e fundamentalmente do Benfica.

Foto de capa: Sara Matos

Votações BnR: Manuel Neuer entre os três finalistas à Bola de Ouro

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Encerrou-se hoje uma nova votação no Bola na Rede destinada a escolher o 3.º nomeado à Bola de Ouro, para além dos crónicos candidatos, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Os leitores do nosso site já decidiram:

votaçao

Manuel Neuer, guarda-redes do Bayern Munique, foi o eleito dos votantes com 34% dos votos. Em segundo lugar ficou Di María, do Manchester United, com 23% e em terceiro Arjen Robben, extremo que também representa os alemães do Bayern, com 13%. Concordam com a escolha? Teremos, neste ano, um trio de finalistas composto por Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Manuel Neuer?

Entretanto, no nosso site está disponível uma nova votação (lado esquerdo da nossa sidebar). Podem, desde já, escolher aquele que acham que vai ganhar a Bola de Ouro deste ano, destinada ao melhor treinador do ano. Têm 10 opções e podem escolher o vosso favorito. A votação encerra no final deste mês.

Boas votações!

Foto de Capa: Flickr (Anas Alsaidy)

Ádrian López, o respigador

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a minha eternidade

Com uma sucessão de planos cinematográficos aos quadros de Millet, Breton e Hédouin se inicia o filme “Les glaneurs et la glaneuse”, que, na tradução portuguesa, significa “Os respigadores e a respigadora”. Inspirando-se principalmente num quadro de Jean-François Millet, “The gleaneurs” – que traduzindo para português significa “Os respigadores” –, a cineasta belga Agnès Varda, um dos rostos mais icónicos da Nouvelle Vague francesa, centra a sua observação sobre o respigar contemporâneo. Historicamente, o acto da respiga dava-se no final das colheitas agrícolas, quando se procuravam as espigas que ficavam pelo caminho nas searas e não podiam ser desperdiçadas, sendo por isso procuradas com avidez para a sua recolecção.

Os respigadores actuais, retratados neste brilhante documentário cinematográfico, são pessoas, na sua maioria muito podres e mendigos, que apanham do chão para não desperdiçar, que rebuscam nas sobras dos mercados, que procuram restos nos caixotes do lixo para comer. O que esta realizadora nos mostra com mestria é que estes respigadores da sociedade contemporânea não são muito semelhantes àqueles que aparecem nas pinturas da respiga que se vêem nos museus. Apesar das parecenças no acto de “dobrar espinhas” e de se baixarem para apanhar do chão, existem, no entanto, motivações muito distintas para tal acto na contemporaneidade. Outrora para aproveitar e não desperdiçar; hoje, maioritariamente, por fome. A própria realizadora torna-se uma respigadora, com a sua pequena máquina digital: vai “respigando” imagens, entrelaçando planos melancólicos e alegres, enquanto apanha resquícios da terra. Este filme demonstra a sociedade antitética em que vivemos, consciencializando os espectadores para o seu desperdício quotidiano, mas também para a perspicácia humana em aproveitar, em transformar, em nunca desperdiçar.

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Agnès Varda, cineasta belga e autora de “Os respigadores”
Fonte: cultura.estadao.com.br

Ádrian López chegou ao Futebol Clube do Porto vindo do Atlético de Madrid, a equipa sensação da época passada, campeã espanhola e finalista da Liga dos Campeões. Nos colchoneros não era habitualmente titular, mas foi um jogador extremamente importante na campanha soberba dos madrilenos, tendo contribuído positivamente em muitos jogos. Agora este jogador vem sendo desconsiderado pelas suas exibições cinzentas. A comunicação social tem sido implacável nas críticas e os adeptos portistas têm pelo asturiano uma grande intolerância, como se viu no último jogo, onde foi bastante assobiado pelos adeptos visitantes, que não ficaram agradados com mais uma exibição paupérrima deste avançado, desta feita diante do Estoril-Praia.

O principal problema da entrada de Ádrian na equipa do Porto não pode ser visto apenas pela comparação directa, individual e posicional, com o colega que substitui. Os efeitos nefastos da sua entrada em campo não se prendem pelo défice de qualidade em relação ao concorrente directo que senta no banco. Quando Ádrian entra, o sistema muda. Mais gravoso ainda, arrasta consigo uma alteração basilar no modelo de jogo. Não acho Ádrian López mau jogador; antes pelo contrário, reconheço-lhe grandes qualidades como futebolista profissional. Com a sua inclusão em campo, o Porto abandona o tradicional 4x3x3, passando a explanar-se num 4x4x2, com o nuestro hermano como segundo avançado. Este sistema e este posicionamento específico, no apoio ao ponta-de-lança, até favorecem as características do espanhol. No Atlético de Madrid, Ádrian também era segundo avançado e jogava num sistema de 4x4x2. As divergências estão na distinta interpretação do sistema, originando um modelo com dinâmicas divergentes. O Atlético de Madrid jogava em bloco baixo, procurando sair em contra-ataques rápidos. Outra diferença está também no ponta-de-lança com quem emparelhava. Uma coisa é jogar com Jackson Martinez que recua e procura apoios para jogar com a equipa, outro enquadramento é jogar com Diego Costa, que procura a profundidade. Em Madrid, Ádrian era, na maioria dos casos, segundo avançado e procurava invadir o espaço central em velocidade, acompanhando os raides de Diego Costa. Está, portanto, habituado a jogar em ataque rápido com adversários expostos e em recuperação. No Porto, tem de jogar em ataque posicional e continuado, numa troca de bola pausada e apoiada.

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Ádrian López foi decisivo no Atl. de Madrid mas tarda em confirmar as suas qualidades no FC Porto
Fonte: Facebook oficial de Ádrian López

Lopetegui está a ser muito atencioso com o avançado espanhol. Percebe que é em 4x4x2 que este jogador mais rende e, por isso, altera o sistema para tentar retirar rendimento máximo do seu pupilo. Mas, com esta atitude benevolente para com o seu jogador, está o prejudicar todo o colectivo, rotinado para jogar com três médios. Com a sua entra em campo, a equipa fica descompensada na perda de bola e desligada nos movimentos ofensivos. O ex-Atlético de Madrid não consegue ser médio, não tem ainda movimentos de avançado, é incapaz de ganhar segundas bolas e não consegue fazer ainda qualquer tipo de ligação positiva com os colegas. Sendo mais preciso, em momento defensivo, o Porto fica arrumado em 4x4x2, sem capacidade de pressão e ocupação de espaços a meio-campo. Em momento ofensivo, os “azuis e brancos” comportam-se em 4x4x1x1, ficando o espanhol num nenúfar isolado, estático, só, incomunicável.

Vejo Ádrian e faz-me lembrar um pouco Varela, jogadores semelhantes na arte da “respiga”. Não são atletas que criem espaço para os outros, são incapazes de abrir crateras nas defensivas adversárias com passes no espaço, não desequilibram desde a faixa se forem os elementos mais procurados para uma acção fantasista. Ádrian, como Varela, brilham mais quando procuram os “restos”, as “migalhas” deixadas pelas acções dos seus companheiros. Penso nas parcerias do “Drogba da Caparica” com Hulk e do espanhol com Diego Costa. Depois das acções destes dois furacões futebolísticos, com as suas arrancadas fulminantes, utilizando uma força imparável e um remate portentoso, apareciam em ajuda, estes dois jogadores (Ádrian e Varela), que “brilham quando são sombra”. Varela mais tecnicista, melhor no drible e no cruzamento; Ádrian um pouco mais interior – são, no entando, jogadores similares nessa inteligência que têm, não para criar jogo, mas para lhe responder. Não são originais, não são estrelas a desequilibrar do nada; são sim exímios em reutilizar o génio de terceiros, finalizando jogadas que outros desperdiçaram.

Lopetegui percebe a capacidade respigadora de Ádrian em 4x4x2: é aí que o atacante espanhol sacia a sua fome futebolística. Mas julgo que o treinador deve sacrificar o melhor futebol de Ádrian em benefício do colectivo. Se o quiser colocar em campo, talvez seja mais seguro no 4x3x3 habitual, junto a uma das faixas (preferencialmente a esquerda). Embora nesse posicionamento, o espanhol não consiga pôr em prática o seu melhor futebol, terá a companhia de uma equipa mais rotinada. A inteligência, o desenrasque e a sagacidade de um hábil respigador como Ádrian são características que permitirão (se bem enquadradas tacticamente pelo treinador) alguma contribuição positiva para o grupo.

Foto da capa: Facebook oficial de Ádrian López

Entre o mal e o bem

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coraçãoencarnado

Bem-vindos a mais um “Coração Encarnado”. Esta semana vou tentar falar um pouco de tudo, na tentativa de tocar os pontos essenciais que na minha opinião afectam alguns benfiquistas. 

Começando pelo menos bom: aquele jogo da Choupana deu para roer demasiadas unhas. Tal como o meu homónimo Francisco Vaz de Miranda escreveu no rescaldo desse mesmo jogo, “um Benfica eficaz e a jogar q.b. foi suficiente para trazer os três pontos da Choupana.” Pois é, aquela segunda parte deu para muitos gritos, murros e quase um computador partido. Um Benfica sem chama, cansado, e o pior de tudo, sem meio-campo. Era aí mesmo que queria chegar: ao nosso meio-campo, ou à falta dele. A inexistência deste sector leva-nos a ter cada vez menos bola, a perder eficácia na forma como lidamos com ela quando a temos, e pior do que tudo, leva a que jogadores como Enzo ou Talisca não possam dar tudo o que têm (pois é, mesmo com o nosso Rivaldo a marcar por todos os lados eu acredito que, com um meio-campo sólido, o “miúdo” poderia ter bem mais liberdade na frente). Mas não me fico por aqui; como disse anteriormente, Enzo é um dos maiores prejudicados desta realidade: o argentino anda muitas vezes perdido em campo, sem saber onde tem de compensar; por fim, Enzo anda demasiadas vezes a ter de funcionar como “número seis”, tal é a incapacidade de jogadores como Samaris. E apesar de tudo o que tenho ouvido, a verdade é que não vejo forma de solucionar este problema e por isso confesso que estou preocupado – e cada vez mais focado na data em que Sílvio e Fejsa voltam aos relvados – esses sim, serão os grandes reforços de Inverno.

Em seguimento dos meus últimos comentários, não poderia deixar de referir que quando Eliseu voltar aos relvados sou da opinião que deve ser André Almeida a ocupar a posição de trinco, de forma a dar mais liberdade e coerência durante o jogo a Enzo. Esquecendo a segunda parte do último Domingo, foquemo-nos no que aí vem (até porque ganhámos dois pontos aos nossos rivais directos… sorriso de líder, lá está ele outra vez).

A partida na Choupana foi uma verdadeira "luta" para o Benfica Fonte: Facebook do CD Nacional
A partida na Choupana foi uma verdadeira “luta” para o Benfica
Fonte: Facebook do CD Nacional

Prosseguindo nesta caminhada, queria deixar uma palavra ao mister: algo tem de ser feito naquele meio-campo e claramente Talisca não é o homem certo para jogar a “oito”. Percebo que a limitação de opções seja uma realidade, mas há muito mais a fazer: Samaris trabalha com a equipa há mais de três meses, como é possível que não tenha sequer ideia do que são as rotinas da sua posição? Mais, se puseres (Jesus, deixa-me tratar-te por tu) o Enzo a trinco, por que não dar uma oportunidade ao Samaris ou ao Cristante para jogarem mais à frente no meio-campo? Têm treinado assim tão mal? Finalmente, sempre que Eliseu não puder ajudar, por que não meter André a “seis” e dar mais uma oportunidade a Benito? Bem sei que aquele jogo em Covilhã deixou muito a desejar, mas mesmo assim parece-me mais prudente do que simplesmente jogar sem meio-campo como aconteceu na semana passada. Uma palavra de alento para o mister, que no fim do jogo da Choupana foi criticado pela entrada de Samaris – na altura concordei com a alteração, pena que o grego (mais uma vez) não tenha correspondido. 

Agora vamos animar um pouco mais o tema. Falar de Júlio César, esse Guardião com G grande. Bem-vindo, campeão; quero que sejas o meu anjo da guarda para sempre. Tudo o que fazes, fazes bem! Sinto-me bem mais seguro e já não tremo nos cantos defensivos. Continua a trabalhar e não te esqueças: todos os dias massagem nessas costas… 

E o que vem no fim sabe melhor. Liderança. Sorriso de líder. Continuamos com isso tudo, apesar das fracas exibições. Benfiquistas, não ouçam o que por aí anda a ser dito porque, falo por mim, eu quero é sorrir no fim e a verdade é que o nosso caminho está a ser traçado. Estamos em boa posição de passar na Liga dos Campeões (o nosso Coração Encarnado vai aquecer aquela Rússia e já estou a ver Talisca a “metê-la” no ângulo outra vez). Quero-vos preocupados, mas com a equipa. Com receio, mas sem medo. Com consciência dos problemas que ultrapassamos, mas com sorriso de líder durante o dia todo. E por fim, com a noção de que nenhum de nós olha para cima, de que já estamos habituados a jogar (muito) mais a partir de Janeiro e de que por enquanto temos muito mérito na caminhada percorrida.

Uma palavra de apoio para todos os familiares e amigos do corajoso José Luís Vaz, que após cinco décadas a trabalhar de corpo e alma para a instituição do Sport Lisboa e Benfica nos abandonou na tarde de ontem. Um abraço caloroso, com a esperança e o foco no próximo jogo da Taça com o Moreirense. Vejo-vos no próximo Sábado.

Foto de capa: Flickr (Tom Brogan)