📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:
Início Site Página 9617

Bósnia-Herzegovina 3-1 Irão: E que tal arriscarem mais?

cabeçalho mundial'2014

Clique para ver os golos.
Clique para ver as estatísticas.

O RESCALDO

Sabemos que o Irão não é uma equipa muito forte ofensivamente, dando-se melhor a jogar à defesa e a partir para o contra-ataque. Mas mesmo assim, hoje pedia-se mais à equipa de Queiroz. A precisar da vitória e a ter de esperar por uma derrota da Nigéria frente à Argentina, pedia-se mais. Muitos dirão que a equipa iraniana não tem argumentos para mais, mas, mesmo assim, pedia-se outra atitude.

Sempre na defensiva, pouco ou nada arriscando, este foi um Irão à imagem dos outros jogos, mas enquanto o empate interessava frente à Nigéria, e frente à Argentina era a forma mais certa de jogar, hoje os jogadores iranianos não conseguiram fazer aquilo que contra os argentinos tão bem fizeram: saída em contra-ataque para criar perigo. Perante esta atitude a Bósnia pegou no jogo e teve sempre o controlo. Não foi de espantar quando, aos 18 minutos, Dzeko marcou. Era o confirmar do domínio dos bósnios, que queriam sair do Mundial de cabeça erguida. O golo fez bem aos pupilos de Queiroz, que logo na jogada a seguir mandaram uma bola ao ferro. Foi a melhor oportunidade em toda a partida para o Irão. O intervalo chegava, e a vitória assentava bem à única equipa que realmente jogou para ganhar. No outro jogo, Messi, carrasco do Irão na partida anterior, ajudava estes ao marcar os dois golos com que a Argentina vencia a Nigéria. Tudo feito para o Irão passar, só bastava a vitória.

Com tudo a favor do Irão, Queiroz teve de arriscar na segunda parte. Mas nem assim a equipa tornou-se mais perigosa. A espaços, conseguiam subir à área bósnia, mas sem resultados práticos. Era a Bósnia quem mandava e quem chegou ao segundo golo, por Pjanic. Os sonhos do Irão começavam a desaparecer e, se alguma esperança ainda houve quando Reza reduziu, essa morreu na jogada a seguir, em que Vrsajevic fez o terceiro golo e ditou o resultado final.

Jogadores da Bósnia saem de cabeça erguida Fonte: FIFA
Jogadores da Bósnia saem de cabeça erguida
Fonte: FIFA

É um resultado que assenta bem aos bósnios, que saem do Mundial de cabeça erguida. Fica a ideia de que esta podia fazer mais. A derrota com a Nigéria foi decisiva, e lembro que nesse jogo anularam mal um golo que daria vantagem à Bósnia. Mas ficam bases lançadas para o próximo Euro, nesta que foi a primeira participação no Mundial.

Quanto ao Irão, era de se pedir mais neste jogo. É verdade que esta equipa tem de jogar assim, não tem argumentos para ter um jogo de posse e domínio, mas mesmo assim esperava mais do contra-ataque iraniano. Esperava um jogo à imagem da Grécia, forte a defender e rápido no contra-ataque. Em vez disso, uma atitude demasiado passiva e de expectativa, que correu mal. Ainda assim, fica para Queiroz e os seus jogadores o facto de terem lutado até à última jornada pelo apuramento com as armas que tinham. Há aqui bons jogadores, como Reza, e fica a ideia de que, com melhores jogadores no meio-campo, a história podia ter sido outra.

A Figura:

Edin Dzeko – É o melhor jogador desta selecção. Marcou, esteve sempre activo em campo e foi o melhor em campo.

O Fora-de-Jogo:

Atitude do Irão – Se no jogo com a Argentina elogiei a solidariedade e espírito de união dos iranianos, hoje há que criticar a sua atitude. Para quem tinha de ganhar, os iranianos nunca fizeram por isso, tendo uma atitude mais passiva e expectante mas que resultou mal.

Argentina 3-2 Nigéria: Os melhores seguem para os oitavos

logo mundial bnr

Clique para ver os golos.
Clique para ver as estatísticas.

O RESCALDO

Impossível voltar a fazer um rescaldo sobre esta equipa da Argentina sem descarregar as minhas frustrações em Alejandro Sabella, tal como fiz no meu último artigo. Está à vista de todos e já não existem comentários possíveis para tanto analfabetismo tático. Tanta qualidade e matéria-prima desperdiçadas por um homem que simplesmente não sabe ler um encontro de futebol. Sem querer falar da ausência de Enzo Pérez das opções, pergunto como é que este iluminado técnico pretende fazer movimentar um meio-campo com Gago ao lado de Mascherano? Ninguém sabe. Depois do 5-3-2 (ou 3-5-2), do 4-4-2, a Argentina, hoje, pareceu mais apresentar-se num 4-2-4, em que era Di María o único capaz de pegar na bola e levá-la até Messi. É completamente frustrante vermos todos os grandes jogadores que a Argentina tem à sua disposição e percebermos que tudo aquilo daria para mais. Sim, os argentinos seguem para os oitavos com o pleno de vitórias. Mas nada altera o meu pensamento: esta Argentina produziria muito mais, se tivesse outro treinador.

Sem saber ler nem escrever, Sabella pode até ser campeão do mundo, mas tudo se deve ao vastíssimo leque de opções de qualidade que tem à sua disposição. O quarteto da frente composto por Di María, Messi, Agüero e Higuaín (ou Lavezzi) é que será responsável por toda a sorte da Argentina no Mundial. Se Sabella não insistir em fazer disparates como estes últimos, quem sabe, até poderemos estar a olhar para o futuro campeão do mundo. Um ataque de sonho que tem em Messi o seu expoente máximo de criatividade e de capacidade de decisão. Uma das (poucas) boas opções de Sabella durante este Mundial foi colocar o craque do Barcelona solto atrás dos avançados. Os dois golos (3′ e 46′) marcados pelo argentino exemplificam bem aquilo que se esperava: Messi está de volta à melhor forma. Não tenho dúvidas em afirmar que se arrisca a ser a grande figura deste Mundial, caso a Argentina chegue longe na fase a eliminar. Para que tal aconteça, basta que a Argentina mantenha a sua forte aposta nas transições rápidas e fé para que Messi e Di María estejam em dia de inspiração. Ao contrário de muita gente, não vejo a defesa como um ponto fraco, muito embora esteja longe de ser o maior dos apreciadores de Federico Fernández e de Rojo no lado esquerdo – ele que hoje até marcou o golo do triunfo aos 50 minutos. Quem tem Garay, Zabaleta e um trinco como Mascherano a apoiar todos os processos defensivos, arrisca-se a ser eficaz. E é assim que tem sido para os comandados de Sabella.

Quem tem Messi arrisca-se a ser campeão do mundo Fonte: FIFA
Quem tem Messi arrisca-se a ser campeão do mundo
Fonte: FIFA

Por outro lado, a Nigéria hoje comprovou aquilo que já tinha vindo a observar: depois de um início comprometedor frente ao Irão, recompôs-se e está agora na luta por uma campanha histórica neste Mundial. Há muita qualidade nos nigerianos. Desde o guarda-redes Enyeama, aos laterais Omeruo e Oshaniwa, que conferem alguma dinâmica ofensiva à equipa, passando pelo craque da equipa, John Obi Mikel, e acabando numa tripla ofensiva que tem em Musa a sua principal referência desequilibradora. Se não existisse Messi, hoje estaria tudo a falar neste extremo muitíssimo rápido do CSKA, que tantos problemas deu aos defesas argentinos. Fantástica atuação deste jogador que tem as portas abertas do Mundial para continuar a espalhar talento nos jogos que vai disputando.

Sobre a partida em si, vitória natural da Argentina, que se fez novamente valer das individualidades para vencer o encontro. A Nigéria tem algumas debilidades a nível defensivo e nunca teve grandes argumentos para travar o ímpeto atacante dos argentinos. Foi provavelmente este o grande motivo para que neste encontro tenha havido um vencedor e um vencido. Ainda assim, tanto uma equipa como a outra, fizeram por merecer o apuramento para a fase seguinte da competição.

A Figura:

Lionel Messi volta a ser decisivo. Dois golos (já vão 4 na competição) e muita confiança adquirida. Está mais do que pronto para ser ele a comandar a equipa Alvi Celeste ao título de campeã do mundo.

O Fora-de-Jogo:

Podia ser Sabella, mas como não quero continuar a bater na mesma tecla, opto por Fernando Gago. Não acrescenta rigorosamente nada ao meio-campo argentino e está num baixíssimo estado de forma. Muito lento e pesado, bem diferente do jogador que foi noutros tempos.

Em Direto da Copa #6

emdiretodacopa

Cheguei finalmente a Manaus, palco onde a Selecção Nacional escorregou há dias frente aos Estados Unidos, e estou pronto para acompanhar já de seguida o Suiça-Honduras da última jornada do Grupo E. Ainda cheia de portugueses, a cidade é uma surpresa pela positiva. O calor e a humidade são um exagero, como já se esperava, mas tudo o resto parece uma total novidade para os visitantes: um povo muito hospitaleiro, bons restaurantes e uma movida que não pára no centro da cidade, com uma mistura impressionante de adeptos que vieram apenas para viver o espírito da Copa. No “Bar do Armando”, por exemplo (espaço português que é o principal ponto de encontro dos fãs de todas as cores), encontrei dezenas de colombianos que fizeram uma viagem de 3 dias de barco só para poderem estar aqui no Brasil. Como muitos outros, não irão ver nenhum jogo, mas vieram respirar o ambiente da Copa. E esse é que é o espírito.

Já agora, falemos de bola também, já que os Oitavos-de-Final estão aí à porta. Com a equipa das Quinas a desiludir os adeptos, vale-nos pelo menos a consolação de que várias equipas europeias de nomeada também ficaram aquém das expectativas. Espanha, Itália e Inglaterra foram afastadas do torneio e há equipas sul-americanas a confirmarem-se como autênticos underdogs, tomando de assalto o coração dos adeptos que por cá circulam. Não há ninguém que não me fale na Costa Rica, no México, no Chile ou na Colômbia como grandes favoritas dos torcedores e muitos deles gostariam de ver um destes outsiders chegar à final. Difícil mas, se formos a julgar pelo entusiasmo e pelo apoio que estas equipas têm vindo a ter um pouco por todo o Brasil, não me admiraria muito ver uma delas entrar no Maracanã a 13 de Julho.

Por mim, vou continuar junto da delegação Suiça e volto a arrancar para Porto Seguro mal termine o jogo, na esperança de que o Mundial para eles não tenha terminado aqui. Deixo-vos com uma foto do Arena Amazonas (foto de cabeçalho), visto de lá de baixo do relvado no dia anterior ao desafio. Continuem ligados, porque eu fico até ao fim…

Obrigado e um abraço,
João Cunha

Colômbia 4–1 Japão: Um pleno que deixa todos alerta

logo mundial bnrClique aqui para ver os golos.
Clique aqui para ver as estatísticas.

O RESCALDO

Na última jornada do Grupo C estava praticamente tudo por decidir. A selecção colombiana já tinha a passagem para os oitavos-de-final garantida, mas ainda tinha de confirmar a sua posição: se primeiro ou segundo lugar. As restantes três equipas tinham tudo em aberto, embora o Japão tivesse a tarefa mais complicada, pois era a única selecção que não dependia de si mesma para seguir em frente.

Foi neste contexto que Japão e Colômbia se defrontaram no Arena Pantanal, em Cuiabá. Los Cafeteros entraram com um onze muito alterado (oito mudanças), enquanto que o Japão apostou no seu melhor onze para atacar uma difícil partida. O jogo começou com um domínio da Colômbia, que durante os primeiros cinco minutos procurou abrir espaços na defesa nipónica, mas esta manteve-se sólida e não quebrou. Passada a pressão inicial por parte dos sul-americanos, o Japão começou a ficar por cima do encontro, tendo criado perigo em algumas ocasiões. E é precisamente por este crescente domínio asiático que se pode dizer que o golo de Cuadrado, na conversão de uma grande penalidade bem assinalada por Pedro Proença ao minuto 17, veio um pouco contra a corrente do jogo. Um pontapé fortíssimo para o meio da baliza que abria o marcador e punha a Colômbia bem posicionada para alcançar o primeiro lugar do grupo – marca que seria conseguida apenas com um empate.

O Japão teve de reagir e fê-lo da melhor forma. Apresentou um futebol ofensivo e rápido, explorando sobretudo o corredor direito do ataque e chegando por diversas vezes a zonas de finalização. Foi, aliás, através de um ataque pelo franco direito que os nipónicos, mesmo em cima do intervalo, chegaram à igualdade, repondo alguma justiça no marcador. Uma bela jogada de Honda que acabou num cruzamento milimétrico para a cabeça de Okazaki, que não vacilou e colocou a bola nas redes colombianas.

Na segunda parte, a parceria James-Jackson resultou em três golos  Fonte: Getty Images
Na segunda parte, a parceria James-Jackson resultou em três golos
Fonte: Getty Images

A segunda parte foi algo diferente. E isso deveu-se, em grande parte, a um dos dois jogadores que Pékerman decidiu lançar no regresso do descanso: James Rodríguez. As duas equipas entraram com vontade de tornar o resultado mais favorável. Mas foi a Colômbia, através do inspiradíssimo jogador do Mónaco, que começou a fazer das suas bem cedo, dando mais dinâmica aos ataques dos cafeteros.

Aos 55 minutos o futebol ofensivo dos sul-americanos acabou em golo. Uma jogada em que Santiago Arias deixou a bola nos pés de James Rodríguez, que desmarcou Jackson Martínez, com o jogador do FC Porto a atirar para o fundo da baliza. Uma conclusão perfeita que devolveu a Colômbia à liderança do resultado.

Os vinte minutos seguintes foram muito disputados de parte a parte, com o Japão à espera de encontrar o golo que pudesse devolver alguma esperança à equipa e com a Colômbia à procura de acabar com quaisquer dúvidas sobre quem iria sair vencedor. Um jogo bem jogado e do agrado de qualquer apreciador de futebol.

Mas foi a selecção sul-americana que ampliou o marcador ao passar do minuto 77 com um lance magnífico: um excelente passe de James Rodríguez desmarcou Jackson Martínez, que, com a frieza e classe que lhe são reconhecidas, dominou o esférico, sentou um defesa nipónico e, sem tomar balanço, rematou para o confortável 3-1 que punha a Colômbia no primeiro lugar do grupo.

Foi a altura ideal para Pékerman voltar a mexer na equipa e dar a oportunidade a Mondragón, de guarda-redes de 43 anos, de entrar em campo e fazer história. Esta substituição permitiu ao guardião colombiano tornar-se no jogador mais velho de sempre a disputar um Campeonato do Mundo.

O encontro estava decidido mas James Rodríguez não quis acabar a partida sem espalhar mais magia. Num lance de génio e só ao alcance dos melhores, o ex-jogador do FC do Porto brindou todos aqueles que assistiam ao jogo com um golo brilhante. Depois de driblar Yoshida, um dos dois centrais japoneses, picou a bola por cima de Kawashima, estabelecendo o resultado final em 4-1.

James deitou por terra quaisquer esperanças que o japoneses ainda tivessem  Fonte: Getty Images
James deitou por terra quaisquer esperanças que o japoneses ainda tivessem
Fonte: Getty Images

O Japão diz assim adeus ao Mundial 2014, ao passo que a Colômbia segue em frente com um pleno (três vitórias em outros tantos encontros) e com dez golos marcados contra apenas dois sofridos. Uma selecção a ter em conta para o que resta da competição, com um protagonista que pode vir a tornar-se numa das figuras deste Mundial: James Rodríguez. Agora, Los Cafeteros terão de defrontar a selecção do Uruguai nos oitavos-de-final.

 

A Figura

James Rodríguez – a sua entrada revolucionou por completo o jogo colombiano. Apenas com 45 minutos de jogo conseguiu fazer duas assistências e um golo fundamentais para este triunfo seguro da selecção sul-americana. Apesar do bis de Jackson Martínez, o protagonista deste encontro foi o jovem jogador do Mónaco.

O Fora-de-Jogo

Quintero – não soube aproveitar a oportunidade que Pékerman lhe deu ao oferecer-lhe a titularidade. Jogo discreto do jovem jogador do FC Porto, que não conseguiu dar seguimento à boa exibição no jogo contra a Costa do Marfim.

Grécia 2-1 Costa do Marfim: Os deuses fizeram horas-extra

logo mundial bnr

Clique para ver os golos.
Clique para ver as estatísticas.

O RESCALDO

Há quem acredite que o futebol é um dos desportos mais imprevisíveis, sobretudo porque aquando do primeiro apito do árbitro, para o início da partida, ninguém sabe muito bem aquilo que vem do jogo. Apesar das diferenças entre equipas, que podem apresentar melhores ou piores jogadores, mais ou menos noções táticas daquilo que é o jogo, o futebol revela em si uma surpresa constante, em que o David não raras vezes surpreende o Golias.

Pode-lhe ter parecido estranho este primeiro parágrafo de análise à partida desta noite do Estádio Castelão, em Fortaleza. Mas, caro leitor, não lhe preciso de recordar, até pelas lembranças negativas que isso traz, a vitória mais do que inesperada da Grécia no Euro 2004. Daquele “conjunto de bons rapazes”, que não pareciam colocar qualquer tipo de receio nos adversários, surgiram campeões da europa à custa de Portugal. Depois dessa conquista histórica para os helénicos, a seleção grega tornou-se uma espécie de camaleão do futebol mundial: a cada competição de seleções que passa, todo o adepto já olha para os gregos de forma diferente, como se fosse uma seleção que pode surpreender sempre, mesmo que quando se olhe para o onze inicial, pouca qualidade superlativa se reconheça.

Esta equipa, que parece gostar do risco e de jogar sempre contra as probabilidades, entrava esta noite em Fortaleza com a “simples” missão de repetir a história, numa missão que parecia difícil perante a forte Costa do Marfim mas que não se adivinhava impossível para os gregos, depois de todo o histórico que a seleção já traz do passado recente. Com apenas 1 ponto conquistado em duas partidas, contra os 3 pontos dos africanos, a seleção comandada por Fernando Santos aparentava não ter tarefa fácil para chegar aos oitavos-de-final, principalmente pela falta de qualidade do seu futebol até ao momento no Mundial. Com um estilo de jogo que já não surpreende ninguém, que privilegia o momento defensivo e que raras vezes contempla a entrada no último terço do adversário, a seleção helénica teria que fazer bem mais na partida decisiva para alcançar o único resultado que lhe chegava para continuar com o sonho de permanecer no Brasil: a vitória. No onze grego, de realçar a entrada do médio-ala direito Lazaros Christodoulopolos e Karagounis para as saídas dos habituais titulares Gekas e Katsouranis. Do lado dos costa-marfinenses, o técnico Sabri Lamouchi optou por colocar Didier Drogba no onze, remetendo Wilfried Bony para o banco de suplentes.

Drogba despediu-se da selecção costa-marfinense da pior forma  Fonte: Getty Images
Drogba despediu-se da selecção costa-marfinense da pior forma
Fonte: Getty Images

Numa primeira parte muito amarrada taticamente, a Grécia surpreendeu a equipa africana. Com uma ideia de jogo que procurava dar o comando de jogo aos costa-marfinenses, Fernando Santos quis, como em tantas outras ocasiões, jogar no erro decisivo e dar a estocada final no adversário quando este menos o esperasse. E acabou por consegui-lo em parte nos primeiros quarenta e cinco minutos pois, ainda que com domínio territorial e na posse de bola, a Costa do Marfim raramente assustou a defensiva grega na primeira parte. De facto, e apesar das duas substituições forçadas do lado dos gregos (Kone e Karnezis foram substituídos por Samaris e Glykos), foram os gregos que tiveram as melhores oportunidades de golo no primeiro tempo, com destaque para uma bola à trave enviada pelo lateral esquerdo Holebas. A inteligente estratégia do treinador português acabou por dar frutos já bem perto do intervalo, quando Samaris aos 43’ aproveitou da melhor forma uma perda de bola africana para dar à seleção grega uma vantagem que lhe permitia colocar-se, ainda que provisoriamente, em lugar de apuramento para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo do Brasil.

No início da segunda parte, a Costa do Marfim rapidamente demonstrou que vinha para o segundo tempo mais rápida e sobretudo mais pragmática no ataque à baliza de Glykos. Com efeito, o assalto inicial feito pelos marfinenses sobretudo nos primeiros 15 minutos da segunda parte levou a equipa de Fernando Santos a recuar linhas. Ainda assim, e apesar de não ter o controlo do resultado, os gregos pareciam ter o controlo do jogo, continuando a criar as melhores oportunidades do jogo e sobretudo a nunca deixarem os africanos se aproximar com demasiado perigo das suas redes. Aos 58’ e aos 68’, Salpingidis (grande defesa de Barry) e Karagounis (remate à trave) estiveram bem perto de dar o xeque-mate na partida e assim colocar a sua seleção entre as dezasseis melhores da competição. Contudo, e como em tantas outras ocasiões, a eficácia falou mais alto e a Grécia acabou mesmo por sofrer o empate, num golo apontado por Wilfried Bony à passagem do minuto 73. Sem que nada o fizesse prever, a equipa de Lamouchi via-se em vantagem na corrida pelo apuramento, perante uma Grécia que parecia contar com uma sorte madrasta na decisiva noite de Fortaleza.

Samaras deu a vitória à Grécia nos descontos  Fonte: Getty Images
Samaras deu a vitória à Grécia nos descontos
Fonte: Getty Images

Contudo, desengane-se quem acha que a história ficou por aqui, que este foi o último capítulo desta história, e que a Grécia não renasceu das cinzas para repetir tudo aquilo que já tinha feito. Do nada, e como em não raras ocasiões, o espírito de luta dos guerreiros gregos ressurgiu no Brasil e em 15 minutos de raça e sofrimento, a equipa de Fernando Santos não desarmou na luta por aquilo que fez por merecer ao longo da partida. Depois de novo remate de Torosidis, aos 80 minutos, ao poste e de uma grande oportunidade de Salpingidis, o minuto 92 acabou por ser decisivo para Fernando Santos, quando o árbitro da partida assinalou, e bem, uma grande penalidade sobre a grande figura da equipa, Samaras. A partir daquele momento, faltava apenas o toque final do avançado do Celtic que, na ponta das botas, e perante um imponente Barry, fez a Grécia entrar novamente na história, alcançando pela primeira vez o apuramento para os oitavos-de-final de um campeonato do Mundo. Contas feitas, a história acabou por se repetir e contra tudo e contra todos, quem acabou de pé foi novamente a Grécia. Pode-se falar de sorte, felicidade, de estrelinha de campeão. Mas a sorte também é feita por quem merece e hoje a Grécia mereceu-a. E isto porque esta noite, os deuses fizeram horas extras.

 

A Figura

Grécia – Um espírito de garra e determinação levaram os gregos novamente a fazerem história no futebol mundial. O apuramento para os oitavos-de-final é mais do que merecido depois de uma excelente exibição esta noite frente à Costa do Marfim. Agora, venha a Costa Rica, a grande surpresa da prova. E por falar em surpresas, se há equipa que pode continuar a surpreender, é a grega. Aguardemos pela fase decisiva da prova.

O Fora-de-Jogo

Drogba – É quase um “pecado” colocar o experiente avançado como desilusão do jogo mas, como figura principal da Costa do Marfim, acaba por levar com o “cartão vermelho”. Nunca foi capaz de levar a equipa às costas rumo a um apuramento que os africanos acabaram por não fazer merecer. Uma despedida ingrata de Drogba da seleção nacional.

Costa Rica 0-0 Inglaterra: Uma mera formalidade

logo mundial bnr

Clique aqui para ver os highlights.
Clique aqui para ver as estatísticas.

O RESCALDO

Era lógico que, há umas semanas, quando se olhasse para o calendário do Mundial e respectivo agendamento das jornadas, se pensasse que este Costa Rica-Inglaterra viesse a colocar frente a frente, nesta fase, uma equipa já eliminada e outra com o passaporte para os oitavos-de-final previamente garantido. Esse raciocínio imperou mas a lógica do (suposto) mais forte nem tanto: a equipa centro-americana estava já apurada e apenas precisava deste encontro para confirmar o primeiro lugar no grupo D; a Inglaterra, por sua vez, com boas prestações mas zero pontos, jogava a honra e o desafio de não terminar o grupo a seco.

A equipa costa-riquenha apresentou uma equipa titular semelhante à do jogo diante da Itália, apenas trocando Umanã e Bolaños por Miller e Brenes, mantendo um esquema de 5-4-1 muito móvel e dinâmico; do lado inglês, Roy Hodgson promoveu uma série de alterações, com uma onze claramente a olhar para o futuro.

Por certo relacionado com alguma falta de motivação da equipa inglesa, a Costa Rica tomou conta da partida bem cedo: os artistas do costume – Bryan Ruiz e Joel Campbell – voltaram a dizer ‘presente’ e foram assumindo as despesas do jogo, recuando para ajudar a organizar, dando show e espalhando perfume, sempre com muita qualidade técnica e mobilidade, deixando Brenes como uma espécie de avançado mais fixo e tendo nas costas, no espaço ‘6’, um ponto de equilíbrio de nome Celso Borges e uma estação de serviço por onde todo o jogo costa-riquenho passa – Tejeda –, antes de chegar, precisamente, aos elementos ‘mais’ desta equipa.

Do lado inglês, Wilshere e Barkley tentavam dar um ar da sua graça, com vários pormenores de classe – eles que têm tanto futebol nos pés quanto sonhos para esta Inglaterra do futuro. Sturridge surgiu sempre muito sozinho na frente, Milner pouco apareceu em jogo e Lallana nem sempre foi consequente (ainda que a equipa dos três leões tenha subido ligeiramente de produção quando estes, sensivelmente a meio da primeira parte, trocaram de flanco).

A primeira parte disputou-se sempre muito a meio-campo e as oportunidades de golo rarearam – as excepções foram remates perigosos de Campbell e Sturridge e um livre cobrado por Celso Borges, que beijou a barra, depois de um toque precioso do keeper Foster.

ruiz
Bryan Ruiz foi um quebra-cabeças para a Inglaterra
Fonte: Fifa.com

Depois de um primeiro tempo em que se dispensaram as balizas e em que a equipa comandada pelo colombiano Jorge Luís Pinto deu sempre a sensação de, se não dominar, controlar o jogo, a segunda parte foi bastante diferente. Os ingleses vieram do intervalo com outra disposição e, por consequência, mostraram-se mais motivados e com vontade de colocar outra velocidade no seu jogo. É certo que nunca dispuseram de oportunidades flagrantes mas assumiram a partida e foram para cima de uma equipa costa-riquenha que, à medida que o tempo foi passando, se retraiu e foi pensando mais no jogo dos oitavos-de-final (as saídas de Campbell e Borges foram paradigmáticas).

Por outro lado, a cada substituição operada por Roy Hodgson, a Inglaterra ia melhorando: primeiro Sterling, depois Gerrard e a seguir Rooney, para as saídas de Lallana, Wilshere e Milner. Os ingleses estiverem muito mais em jogo, dominaram e procuraram sempre o golo –foi Sturridge, ao minuto 64, quem mais perto esteve de desfeitear o sempre seguro e eficaz Keylor Navas – mas, por um motivo ou por outro, nunca conseguiram concretizar as oportunidades de que foram dispondo.

Tudo somado, o resultado acaba por aceitar-se: a Costa Rica esteve sempre por cima da partida nos primeiros quarenta e cinco minutos, enquanto que a Inglaterra, com outros índices motivacionais, surgiu na segunda parte muito mais proactiva e à procura dos primeiros três pontos, algo que acabou por não lograr.

A equipa costa-riquenha consumou a passagem aos oitavos-de-final (e em primeiro lugar do grupo), o que significa o igualar da sua melhor marca na história dos Campeonatos do Mundo, sendo que a disciplina, o fervor e qualidade técnica que demonstrou nesta primeira fase abre boas perspectivas àquela que está a ser a maior surpresa desta ‘Copa’. Por seu turno, a Inglaterra apresentou um futebol muito interessante e envolvente, pelo que a marca de um ponto em três jogos é claramente amarga e, até, um pouco cruel do ponto de vista da qualidade futebolística demonstrada; sobra, no entanto, o consolo e a ilusão de uma equipa que tem ainda muito por onde crescer e com intérpretes com um potencial tremendo, que, por certo, com outros níveis de maturidade, farão da Inglaterra um adversário a temer nas próximas competições. Mesmo que jogadores como Lampard ou Gerrard, muito provavelmente, estejam apenas aí presentes enquanto adeptos.

A Figura

Bryan Ruiz – o costa-riquenho de 28 anos tem distribuído classe, qualidade técnica e visão de jogo pelos estádios do Brasil’2014 por onde tem passado. Hoje não foi excepção e na primeira parte, principalmente, voltou a causar estragos e a deixar o sector defensivo dos ingleses à nora com as suas movimentações (muitas vezes em parceria com o craque Joel Campbell).

O Fora de Jogo

James Milner – é um jogador muito voluntarioso e esforçado, e isto não soa a elogio, pois é tudo o quanto se diz normalmente de um jogador que não seja propriamente talentoso. No jogo de hoje, Milner nunca causou grandes estragos, pois nunca deu grande profundidade ao jogo inglês nem se juntou ao meio-campo quando tal era necessário para garantir a supremacia (ou, pelo menos, igualdade) numérica face ao opositor. Esteve longe do jogo durante muito tempo e a sua saída pecou por tardia.

Itália 0-1 Uruguai: Godín acabou com as aspirações transalpinas

logo mundial bnr

Clique aqui para ver os golos.
Clique aqui para ver as estatísticas.

O RESCALDO

O Itália – Uruguai era um dos jogos mais esperados da terceira jornada da fase de grupos do Mundial, uma vez que em causa estava a vaga restante do grupo D.

Para definir quem iria acompanhar a Costa Rica na qualificação para a fase a eliminar, antevia-se um jogo muito tático mas repleto de intensidade. A Itália apostava na sua habitual postura mais defensiva, e expectante, para ver como iria correr o jogo, sabendo que o empate chegava para se qualificar. Já ao Uruguai só a vitória interessava, e, por isso, esperava-se grande agressividade e capacidade de luta por parte dos sul-americanos.

O jogo começou de uma forma muito cautelosa por parte das duas equipas, que sabiam que qualquer golo poderia ser fatal para as suas aspirações. Na fase inicial do jogo ambas estavam ainda à procura de se encaixar, cabendo à Itália a gestão do jogo de uma forma mais tranquila.

O jogo acabou por estabilizar na primeira parte e houve momentos perigosos para cada um dos lados, estando a Itália por cima com mais lances. Contudo, o mais perigoso pertenceu ao ataque do Uruguai. O primeiro tempo ficou assim marcado pela enorme agressividade e intensidade colocada pelos jogadores ao disputar cada lance, não conseguindo no entanto transportar essa agressividade e intensidade para a criação de lances de perigo e ataques continuados.

A segunda parte iniciava-se com baixas de peso para cada lado. Se do lado da Itália saía o virtuoso Balotelli, do lado do Uruguai saía uma das peças chave, Lodeiro. A seleção celeste procurava, nesta altura, espaços mais adiantados do terreno correndo maiores riscos, e chegou-se a pedir penalty sobre Cavani, num lance muito duvidoso. Contudo, a tática italiana caiu por terra com a expulsão de Marchisio,  num lance também muito polémico. A entrada dura podia, na minha opinião, ter sido resolvida pelo árbitro com o amarelo e devido aviso ao jogador, mas o árbitro mexicano assim não o entendeu.

Com um a menos, a postura da Itália era ainda mais defensiva, uma vez que iria ter que defender o resultado perante um Uruguai que adquiria um aumento de moral. Suárez tornava-se o jogador mais proeminente do Uruguai e tentava bater Buffon, que ia dando uma excelente réplica. Porém, o avançado celeste não esteve sempre em evidência pelas melhores razões e parece ter voltado a morder um adversário, desta vez Chiellini.

Diego Godín festeja golo da vitória Fonte: Claudio Villa/Getty Images
Diego Godín festeja golo da vitória
Fonte: Claudio Villa/Getty Images

Já, em cima dos 81 minutos, através de canto, foi Godín a colocar a seleção sul-americana na frente com uma excelente finalização de cabeça. O jogador demonstra que o ano de sonho que tem vivido não é uma simples coincidência e está mais uma vez em grande, desta feita pela seleção. Tem sido seguríssimo a defender, e acabou por salvar a sua seleção de uma despedida precoce. Grande central, que demonstra o porquê de Simeone o considerar indispensável no Atlético.

A 10 minutos do final, as aspirações italianas caíam por terra, e apesar de tentar chegar à frente, sob comando de Pirlo, o que fazia não era suficiente. Nem a presença de Buffon, nos últimos minutos do encontro, conseguiu fazer a diferença na área adversária.

A Itália fica pelo caminho e é mais uma seleção europeia a marcar a viagem de regresso de terras de Vera Cruz. São já quatro as seleções do velho continente arredadas da competição, quando apenas três grupos estão decididos.

Quanto ao Uruguai demonstra que mais uma vez a sua raça compensa e demonstra que este é um grande ano para as seleções do continente americano.

 

A Figura

Diego Godín– o central é o jogador mais influente da defesa Uruguaia e tem demonstrado uma grande segurança na abordagem dos jogos decisivos – não só não falha na defesa, como ainda vai decidir no ataque. Desta vez carimbou a qualificação da sua seleção para o “mata-mata”. Será certamente um dos grandes cobiçados do mercado de transferências.

O Fora-de-Jogo

Marco Rodríguez– foi figura num encontro no qual não deveria ter sido. Não soube lidar com a enorme intensidade colocada em jogo pelos jogadores e acabou por expulsar Marchisio numa decisão no mínimo exagerada. Foi um lance que marcou o jogo e dificultou e muito a tarefa da seleção Italiana. Podia ainda ter expulso Suárez na sua tentativa de agressão, contudo era uma decisão difícil de tomar, e nem na repetição a ação é clara.

Croácia 1-3 México: Aztecas nos Oitavos!

logo mundial bnr

Clique aqui para ver os golos.
Clique aqui para ver as estatísticas.

O RESCALDO

O México e a Croácia entraram esta noite em campo com a ambição de carimbar o passaporte para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo. Se aos centro-americanos bastava o empate para garantir o segundo lugar, os europeus necessitavam dos três pontos para seguir em frente na competição. O México, que voltou a demonstrar grande solidez defensiva, um sentido colectivo muito forte e uma interessante dinâmica atacante – com largura e profundidade –, acabou por ser um justíssimo vencedor e chega aos oitavos-de-final pela sexta vez consecutiva desde 1994.

A Croácia, num esquema ligeiramente diferente daquele que havia usado nas duas primeiras partidas, entrou mais forte no jogo. Rakitic apareceu como único pivot defensivo, cabendo a Modric e a Pranjic a tarefa de assumir o meio-campo e servir o trio de ataque composto por Mandzukic, Olic e Perisic. Ao desfazer o duplo pivot Rakitic-Modric, que jogava com um médio ofensivo à sua frente (Kovacevic ou Sammir), Kovac terá procurado libertar Modric para situações em que pudesse fazer o último passe – solução um pouco mais ofensiva -, mas essa acabaria por se revelar uma aposta perdida pelo treinador balcânico.

O México, igual a si próprio, fechou bem todos os caminhos para a baliza, compondo um bloco muito difícil de ultrapassar – os três centrais estiveram muito concentrados (e Rafa Márquez é um primor a sair a jogar; aos 35 anos continua a fazer a diferença), os três médios trabalharam intensamente em todos os momentos do jogo (todos em excelente plano – Herrera sobre a direita, Guardado sobre a esquerda e Vásquez como pivot) e os dois laterais nunca deixaram de estar atentos às movimentações nos corredores (Aguilar e Layun, competentíssimos a atacar e a defender).

Os aztecas, mesmo oferecendo o domínio à Croácia, nunca deixaram de ter o controlo sobre o jogo. Procurando transições mais rápidas e apostando num futebol mais vertical e objectivo do que o do adversário, até foi o México a beneficiar das principais ocasiões do primeiro tempo – Herrera, num remate de pé esquerdo que bateu com um estrondo nos ferros, foi o protagonista do grande lance da metade inicial.

Herrera e Guardado - os dois elos de ligação entre a defesa e o ataque do México estiveram em grande  Fonte: Getty Images
Herrera e Guardado – os elos de ligação entre a defesa e o ataque do México estiveram em grande
Fonte: Getty Images

Na segunda parte, os europeus voltaram a entrar mais fortes e pressionantes, mas rapidamente os pupilos de Miguel Herrera deram a volta ao texto. Já por cima, o México chegou à vantagem pelo capitão Márquez, que se antecipou a Corluka num canto e cabeceou para a liderança. Com três minutos volvidos, num ataque extremamente bem desenhado, Peralta assistiu Guardado para o 0-2. Pouco tempo depois, Chicharito “matou” o jogo – Guardado bateu um canto sobre a direita, Márquez desviou de cabeça e o avançado do United finalizou ao segundo poste. Em dez minutos, três golos dos guerreiros aztecas e a sentença de morte para a Croácia. O golo de honra dos Vatreni ainda chegou antes do cair do pano – Perisic correspondeu da melhor forma ao passe de calcanhar de Rakitic e bateu Ochoa pela primeira vez em mais de 200 minutos. Com este golo, o México perdeu a possibilidade de concluir a fase de grupos sem golos sofridos e a Croácia trouxe justiça ao placard e dignidade à derrota.

A Croácia despede-se deste Mundial com boas indicações, apesar das duas derrotas. Fez o que pode contra o Brasil e o senhor do apito na primeira jornada, fez o que lhe competia ao golear os Camarões na segunda ronda, e hoje, procurando sempre a baliza adversária, acabou por deixar uma imagem positiva mas revelou-se impotente perante a intensidade dos mexicanos. Os croatas têm uma equipa muito interessante, com Rakitic e Modric como principais figuras, e dá a sensação de que num grupo menos complicado poderiam ter obtido outra classificação.

Já o México voltou a provar que é uma equipa muito bem orientada. Apesar de Miguel Herrera ter chegado ao comando técnico da selecção há pouco tempo (a qualificação para o Mundial esteve em risco e houve uma dança de treinadores durante esse período negro), nota-se que a equipa tem uma ideia de jogo muito clara e raramente se descompõe. Este 3-5-2 tem dado frutos. Com um super-Ochoa na baliza, três centrais impecáveis no posicionamento (Rodriguez e Moreno secundam muito bem o capitão Rafa Márquez, que aparece como líbero e primeiro construtor), dois laterais muito enérgicos e completos (Layun e Aguilar são fortes em todos os momentos do jogo e hoje terão feito as exibições mais convincentes no torneio), um trio de meio-campo versátil e dinâmico (Vásquez, o mais baixinho, compensa todas as movimentações dos colegas e é muito eficaz na primeira zona de construção e de pressão; Herrera e Guardado actuam como médios interiores box-to-box, fundamentais na transição ofensiva e a fechar o meio-campo sem bola) e dois homens rápidos e móveis na frente, capazes de perturbar qualquer defesa adversária (Gio dos Santos, o mais genial, até esteve um pouco ausente do jogo de hoje, mas trabalha sempre muito e é um desbloqueador; Peralta, que roubou o lugar a Chicarito na dianteira, é o finalizador da equipa, mas procura constantemente espaço nas alas – é rápido, bom tecnicamente e muito batalhador), o México já é uma das boas surpresas deste Mundial 2014.

O carismático Miguel Herrera tem-se revelado um timoneiro muito competente  Fonte: Getty Images
O carismático Miguel Herrera tem-se revelado um timoneiro muito competente
Fonte: Getty Images

O choque táctico entre o 3-5-2 do México e o 3-5-2 da Holanda, agendado já para o próximo Domingo, já me está a criar “água na boca”. A Laranja Mecânica tem sido apontada pelos analistas como uma das principais favoritas à conquista do ceptro, mas terá pela frente um osso muito duro de roer. La Verde tem uma defesa coesa mas algo lenta, pelo que a chave do jogo estará em evitar que os holandeses usem a sua grande arma – a exploração dos espaços nas costas da defesa adversária, através das iniciativas de Sneijder, Van Persie e, claro, Robben. Nesse sentido, a ausência do pivot Vásquez, suspenso por acumulação de amarelos, poderá ser difícil de colmatar por Miguel Herrera. Se conseguir parar as diabruras dos homens da frente da Holanda, o México tem aqui uma hipótese de fazer história. Talento e organização parecem não faltar!

A Figura

Hector Herrera merece esta distinção. Houve mais jogadores mexicanos a assinar exibições muitíssimo positivas (Márquez, Aguilar ou Guardado estiveram fantásticos), mas o médio do FC Porto pegou na batuta e assumiu-se como o grande maestro do meio-campo azteca. Com confiança, é outro jogador! Capaz de fazer tudo e mais alguma coisa – cruza, remata, passa curto, passa longo, rouba bolas, contemporiza, ultrapassa jogadores no um para um… enfim, um box-to-box de altíssimo nível -, é um dos melhores centro-campistas deste Mundial até ao momento.

O Fora-de-Jogo

De Mario Mandzukic, soberbo no Euro 2012 e com uma estreia muito interessante no Mundial 2014 diante dos Camarões, esperava-se mais neste jogo. É certo que o esquema táctico pode não o ter favorecido – a bola praticamente não lhe chegou aos pés -, mas deveria ter procurado outros espaços. Foi uma nulidade no ataque croata.

Brasil 4-1 Camarões: A vitória do povo nos pés de um menino de rua

logo mundial bnr

 

Clique aqui para ver os golos.
Clique aqui para ver as estatísticas.

Em cada canto do Brasil se sente a “Copa”. Para o bem, para o mal, com agrado ou insatisfação, o povo brasileiro não é indiferente à maior competição de futebol do mundo. O que passa para o Mundo, através das imagens televisivas deste jogo, é a vontade daqueles que são pro-Copa de ver a sua seleção chegar longe e a galvanização que isso provoca na performance de quem os representa em campo. O Estádio Mané Garrincha foi pequeno para acolher o entusiasmo que esta Copa provoca no povo brasileiro, mas suficiente para catapultar o Brasil para inícios fulgurantes em ambas as partes, que valeram dois dos quatro golos com que golearam os Camarões, mantendo assim um registo 100% vitorioso em jogos disputados contra equipas africanas em Campeonatos do Mundo (7 jogos, 7 vitórias, 20-2 em golos).

A canarinha começou por explorar, portanto, o apoio do seu povo, a que juntou alguma passividade do seu adversário, dando azo a que a equipa brasileira procurasse o jogo directo, com resultados bem vistosos: duas oportunidades de perigo nos primeiros 10 minutos. Não houve desânimo em Brasília porque gostava do que se via, e a equipa parecia focada na busca do “gol” que parecia ser apenas uma formalidade com o decorrer do tempo. Assim foi e a pressão alta brasileira trouxe dividendos, com Luiz Gustavo a ganhar uma bola no meio-campo contrário, explorando rapidamente o corredor para servir um Neymar completamente solto de marcação que inaugurou o marcador.

Esperar-se-ia um jogo de sentido único a partir daqui, devido à péssima exibição dos Camarões no último jogo e devido às ausências de Eto’o e Alex Song, referências dos Leões Indomáveis. Mas isso não se verificou. A partir do golo do Brasil, a selecção africana parece ter ganho ascendente motivacional, ganhando a maior parte das bolas divididas ao seu adversário, traduzindo-se isto numa série de cantos que deu resultados práticos: primeiro Matip avisou, com um cabeceamento (desviado) à trave, depois marcou na sequência de uma jogada de insistência após o canto que esse lance de perigo “trouxe”.

neymar1
Neymar bisou e foi a figura da partida
Fonte: FIFA World Cup (Facebook)

A partir do golo dos Camarões, a canarinha pareceu encolher-se e a agressividade africana começou a ganhar supermacia, ganhando terreno e domínio ao Brasil… mas felizmente para o povo brasileiro, Neymar estava em dia sim e afastou qualquer sombra de dúvida sobre a qualificação brasileira rumo aos oitavos, rasgando a defesa contrária num lance individual vistoso para recolocar a tricolor em vantagem.

A magia do jogador do menino-querido prolongou-se no primeiro tempo, com uma jogada absolutamente fantástica entre ele e Óscar, ambos em perfeita harmonia – a objetividade tática do futebol de alta competição e a magia do futebol de rua num dos momentos altos desta Copa.

Este lance poderá ter sido preponderante por ter acontecido perto do fim do intervalo, pois o Brasil entrou sequioso de golos… e conseguiu-o numa jogada de excelente envolvência ofensiva, onde estiveram, de forma ativa, três dos quatro membros do setor mais recuado sem posse: Dani Alves abriu para David Luiz, que cruzou para Fred marcar, beneficiando do “arrastar” de marcações de Thiago Silva.

A partir daqui o jogo foi completamente controlado pelo Brasil, que deu prioridade à circulação de bola no seu meio-campo, conseguida pela entrada de Fernadinho e pela substituição de Hulk por Ramires, que passou a atuar numa zona mais central do terreno…

… contudo, este desacelerar do ritmo do jogo poderia ter consequências nefastas (o México chegou a estar a um golo de garantir o primeiro lugar), mas Fernadinho, aproveitando perda de bola contrária, arrumou com a questão. O Brasil está apurado para os oitavos-de-final qualificando-se em primeiro lugar, conforme se lhe exigia.

 

A Figura

Neymar – A cada toque de bola seu sente-se a irreverência de um qualquer miúdo brasileiro a jogar descalço com os amigos. É a ilustração perfeita do futebol brasileiro, um “brinca-na-areia” incorrigível, mas objetivo e com um talento que lhe dá uma margem de manobra para qualquer eventual perda de bola. Sozinho, galvanizou a equipa e foi o principal responsável pela vitória canarinha.

O Fora-de-Jogo:

Hulk – Dono de um porte físico temível e de uma aceleração impressionante, apoiado por talento de primeira linha mundial e tendo por opositor direto um lateral-esquerdo que não é o habitual numa defesa permeável, Hulk seria um dos jogadores em campo com mais a seu favor para desequilibrar e ser o homem do jogo. Não o foi. Faltou-lhe muito para o ser. Que é craque, ninguém dúvida, mas faltar-lhe-à alguma confiança para ser o Hulk que todos os brasileiros querem na Copa.

Austrália 0-3 Espanha: Jogo fraco com sabor amargo

logo mundial bnr

Clique aqui para ver os golos.
Clique aqui para ver as estatísticas.

O RESCALDO

No encontro desta tarde não havia já nada para decidir: tanto Espanha como Austrália já estavam eliminadas, devido às duas derrotas que ambas obtiveram em outros tantos jogos. No caso da campeã do mundo, este duelo servia também – ou até mesmo somente – para salvar a honra e não sair sem nenhuma vitória deste Mundial. Os cangurus, por outro lado, estavam ali apenas para cumprir calendário. A selecção australiana é a 62ª do ranking da FIFA – o que significa que se as fases finais do campeonato tivessem o dobro das equipas a Austrália seria, ainda assim, a terceira pior formação, isto partindo do pressuposto de que este duvidoso ranking reflectisse a realidade devidamente –, pelo que o desfecho deste jogo era mais do que previsível. Aqueles que assistiram a este jogo estariam apenas interessados em ver como Espanha iria reagir ao facto de ter sido eliminada precocemente deste Mundial.

A selecção de Nuestros Hermanos entrou com um onze pouco habitual, relegando alguns titulares indiscutíveis para o banco de suplentes e fazendo entrar jogadores menos utilizados. Talvez por isso, e juntando o facto de ser um jogo em que nada se decidia, este encontro tenha sido algo pobre – o que também já era expectável.

Os primeiros quinze minutos foram incaracterísticos  tendo sido até a Austrália a criar os lances mais perigosos. Mas a selecção espanhola rapidamente se encontrou e tomou conta do jogo, tendo em Villa a maior referência de uma equipa triste e desmotivada. Foi, aliás, o avançado do Atlético de Madrid que marcou o primeiro golo, a dez minutos do intervalo, num lance de elevada nota técnica, abrindo o marcador com um toque sublime de calcanhar que finalizou uma bonita jogada de La Roja.

Villa foi o melhor jogador do encontro e marcou desta forma o golo inaugural Fonte: FIFA
Villa foi o melhor jogador do encontro e marcou desta forma o golo inaugural
Fonte: FIFA

O intervalo chegou e o encontro resumia-se a três palavras: pobre, expectável e desinteressante. A segunda parte começou e Espanha continuava a dominar. Mas ao minuto 59 deu-se o momento mais surpreendente: Villa, que estava a ser o melhor em campo e que realizava, provavelmente, o último jogo internacional da sua carreira, foi substituído. Ninguém esperava a saída do avançado e talvez por isso ninguém tenha sabido reagir dignamente à despedida do melhor marcador de sempre da selecção espanhola. O próprio David Villa, num misto de sentimentos, emocionou-se e chateou-se com a sua saída.

Os restantes 30 minutos de jogo decorreram com um domínio claro de La Roja, que não fazendo mais do que aquilo que era necessário aumentou por duas vezes o marcador: aos 69 minutos, golo de Silva depois de um delicioso passe de Iniesta; e aos 82 minutos, num lance de classe de Juan Mata, que, depois de um bom domínio, parou a bola e colocou-a com calma entre as pernas do guardião australiano.

Foi assim que Espanha se despediu deste Mundial, que marcou o fim de uma época gloriosa e admirável de uma selecção que fascinou o mundo de 2008 a 2012, conquistando dois europeus e um campeonato do mundo. La Roja fecha assim um ciclo, despedindo-se com um amargo sabor de boca. O testemunho passará para outra selecção, mas tal acontecerá enquanto os jogadores espanhóis já estiverem de férias.

Figura:

David Villa – o avançado espanhol fez uma excelente primeira parte e marcou um golo de elevada nota artística, o que o tornou na figura deste jogo com pouca história. É uma pena que o adeus de Villa à selcção não tenha sido aquele com que, certamente, o avançado colchonero sonhara. É pouco para aquele que solidificou hoje o estatuto de melhor marcador de sempre da selecção espanhola.

Fora-de-jogo:

Vicente Del Bosque – o seleccionador espanhol não figura nesta rubrica apenas por não ter sido sensível quando fez sair Villa cedo demais do encontro, mas também por ser o principal responsável pelas fracas exibições de Espanha neste Mundial. Pedia-se mais.