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Holanda 0-0 Costa Rica (4-3 g.p): A sabedoria desfez a muralha

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Pela primeira vez na história, Holanda e Costa Rica defrontavam-se num jogo oficial. Não havia portanto melhor palco que o Arena Fonte Nova, em Salvador da Bahia, para assistir a um encontro histórico que valia o último passaporte para as meias-finais do Campeonato do Mundo. De um lado, uma das equipas mais dominadoras da competição: depois da goleada aplicada naquele mesmo estádio frente à campeã do mundo Espanha, a Holanda chegava a esta partida decisiva vinda de um suado apuramento conquistado nos últimos minutos frente ao México. Do outro, tínhamos aquela que é considerada a grande revelação da prova: a Costa Rica. Treinada por Jorge Luís Pinto e comandada dentro de campo pelo gigante Keylor Navas e pela temível dupla Joel Campbell-Bryan Ruiz, os costa-riquenhos entravam em campo com o sonho de continuar a construir o castelo de sonho que começou a ser projetado no chamado “grupo da morte”, um grupo com três ex-campeões mundiais, em que a Costa Rica levou a melhor.

Holanda e Costa Rica começaram esta partida de forma desfalcada: na equipa de Louis Van Gaal, destaque para as ausências do lesionado De Jong e de Paul Verhaegh, que foram rendidos por Bruno Martins Indi e Memphis Depay. Com estas alterações, Van Gaal continuou com a opção de colocar o “camaleão tático” Kuyt na lateral direita, deixando Blind como defesa-esquerdo e optando por uma defesa com 3 centrais. No meio-campo, Wijnaldum atuou como médio mais recuado, dando apoio ao médio criativo Wesley Sneijder, que tinha como principal função alimentar os três avançados da equipa: Depay na ala esquerda, Arjen Robben no flanco direito e Robin Van Persie no centro do ataque. Em contrapartida, a Costa Rica apenas fez uma alteração no onze, com Jorge Luís Pinto a lançar Johnny Acosta para o lugar do castigado Óscar Duarte. Ao olhar para o esquema tático das equipas percebia-se que, apesar da diferença natural entre os protagonistas da partida, Van Gaal e Pinto tinham projetado o mesmo sistema tático, com 3 jogadores no eixo da defesa, 2 médios-centro, 2 alas com projeção ofensiva e 3 jogadores libertos na frente de ataque.

Como seria de esperar, os primeiros minutos da partida mostraram uma equipa holandesa a querer tomar conta da partida. Com um ritmo de jogo pouco intenso, muito em virtude das dificuldades que foi encontrando na primeira fase de construção, a seleção de Van Gaal nunca conseguiu imprimir muito dinamismo ao seu jogo ofensivo e apenas a criatividade de Sneijder ao serviço do jogo pelas faixas de Depay e Robben ia criando perigo à baliza de Navas. Do lado costa-riquenho, José Luís Pinto optou por não se esconder da partida e não teve receio do ponto forte da “laranja mecânica”: o jogo pelas alas. Por isso, não raras vezes os laterais Gamboa e Diaz incorporaram-se no jogo ofensivo da Costa Rica, que deixou na primeira parte Bryan Ruiz como homem mais avançado da equipa, com Tejeda e Bolaños como apoios no meio-campo e Joel Campbell a surgir como falso extremo direito para aproveitar o contra-ataque. Ainda assim, não se pode dizer que qualquer das estratégias tenha tido resultados práticos na primeira parte, pois a Costa Rica apenas aos 34 minutos, na sequência de um livre direto, assustou Cillessen; enquanto a Holanda, apesar de ter criado três boas ocasiões de golo (Van Persie aos 21 minutos, Memphis Depay aos 28 e Sneijder aos 36 minutos) nunca conseguiu justificar uma possível vantagem no marcador. Com efeito, o nulo nos primeiros quarenta e cinco minutos aceitava-se, não obstante as três belas intervenções feitas no primeiro tempo por Keylor Navas.

Robben foi sempre o elemento mais perigoso da selecção laranja  Fonte: Getty Images
Robben foi sempre o elemento mais perigoso da selecção laranja
Fonte: Getty Images

No segundo tempo, pouco se alterou. Do lado holandês, continuavam as dificuldades na construção do jogo ofensivo, com Van Persie preso à marcação dos três centrais da Costa Rica e Memphis Depay muito longe do nível a que já habituou os adeptos holandeses na competição. Por isso, durante os primeiros 20-25 minutos da segunda parte, apenas as arrancadas pela direita de Arjen Robben e a inteligência técnico-tática de Wesley Sneijder iam colocando em perigo o jogo da seleção da Costa Rica, que apesar de continuar a não criar perigo junto à defensiva holandesa ia nos primeiros minutos do segundo tempo controlando os vários momentos do jogo. A apatia tática da Holanda levou Louis Van Gaal a mexer (e bem) na equipa: retirou o apagado Depay das quatro linhas para colocar no seu lugar Jeremain Lens. Com esta alteração, para além do sangue novo que trouxe à seleção holandesa, Van Gaal deu à equipa um ritmo mais intenso e dinâmico, que permitiu à “laranja mecânica” encostar a seleção da Costa Rica às cordas pela primeira vez na partida no último quarto de hora da partida. A mudança no xadrez laranja teve resultados imediatos e nos últimos quinze minutos os holandeses poderiam mesmo ter alcançado uma vantagem decisiva para o apuramento para meias-finais. Sneijder, com um remate ao poste aos 82 minutos, e Van Persie em três ocasiões (83, 88 e bola ao poste aos 92 minutos) estiveram bem perto do golo da vitória. Por mérito de Navas e com a “bênção” dos postes da sua baliza, os costa-riquenhos conseguiram superar o momento mais complicado que tiveram durante o período regulamentar e, contrariando aquilo que se poderia esperar, acabaram por conseguir levar o jogo até ao prolongamento.

A forte investida da seleção de Louis Van Gaal acabou por ter continuidade no tempo-extra. Na primeira parte do prolongamento continuou o domínio holandês: fruto do desgaste físico da seleção da Costa Rica, a Holanda foi conseguindo aproximar-se da baliza adversária com maior perigo à medida que os minutos iam passando. Com Robben cada vez mais presente na dinâmica ofensiva da equipa e Robin Van Persie a conseguir progressivamente libertar-se da pressão defensiva adversária, os holandeses foram ameaçando o golo. Nesse período, destaque para um cabeceamento de Vlaar aos 93 minutos que apenas não deu em festejos holandeses devido a nova enorme defesa da muralha em forma de guarda-redes Keylor Navas. Ao fazer entrar Jan Huntelaar para o lugar de Bruno Martins Indi no início da segunda parte do prolongamento, Van Gaal procurou dar mais poder de fogo ofensivo aos holandeses. Ainda assim, a Costa Rica soltou-se das amarras táticas a que esteve agarrada durante 105 minutos e aos 116 podia mesmo ter chegado ao golo, permitindo uma bela defesa a Cillessen após remate de Ureña, que havia entrado no decorrer do segundo tempo para o lugar do apagado Joel Campbell. Logo na resposta, nova bola ao ferro para a equipa holandesa, num remate fortíssimo de Sneijder aos 118 minutos que Keylor Navas apenas conseguiu desviar com o olhar para a barra da baliza da Costa Rica. A garra tática e emocional da Costa Rica acabou por dar os seus frutos e, tal como havia acontecido frente à Grécia, a equipa de Jorge Luís Pinto conseguiu, mesmo contra todas as probabilidades, levar a decisão para as grandes penalidades. Para a luta decisiva na marca dos 11 metros, Louis Van Gaal decidiu arriscar e gastar a terceira e última substituição colocando o guarda-redes Tim Krul no lugar de Cillessen.

Navas, um dos melhores guarda-redes do Mundial'2014, voltou a ser decisivo  Fonte: Getty Images
Navas, um dos melhores guarda-redes do Mundial’2014, voltou a ser decisivo
Fonte: Getty Images

Na lotaria dos penáltis, a Holanda acabou por ser mais forte: em quatro remates, a seleção laranja não falhou uma única oportunidade; ao invés, a Costa Rica permitiu duas defesas ao herói Tim Krul, com os falhanços de Bryan Ruiz e Umaña. A Holanda atinge assim novamente as meias-finais de um Campeonato do Mundo e, depois do segundo lugar alcançado em 2010, a seleção de Van Gaal começa a ameaçar nova presença no jogo decisivo. Quanto à Costa Rica, restam apenas elogios para uma seleção desconhecida à partida e engrandecida na saída da competição, com Keylor Navas como figura central. Agora é esperar por quarta-feira, pelo Argentina–Holanda, mais um clássico do futebol mundial. A sabedoria de Van Gaal revelou-se fundamental para este apuramento. Num golpe de génio, o futuro técnico do Manchester United foi buscar uma carta escondida ao banco que se revelou decisiva nos penáltis: Tim Krul, pois claro. O único capaz de derrubar o sonho da Costa Rica.

 

A Figura

Keylor Navas – Seriam poucos, ou mesmo nenhuns, aqueles que apostariam na presença da Costa Rica nas meias-finais do Campeonato do Mundo. Na batalha contra os holandeses, a Costa Rica raramente criou perigo e teve no momento defensivo o seu ponto mais forte. Por isso, ao longo dos 120 minutos Keylor Navas foi o homem mais em jogo do lado dos costa-riquenhos: sempre seguro entre os postes, não raras vezes evitou o golo anunciado dos holandeses.

O Fora-de-Jogo

Joel Campbell – Completamente fora do jogo, o avançado da Costa Rica nunca conseguiu ser perigoso enquanto esteve em campo. Sai do Mundial sem brilho e sem conseguir levar a sua seleção mais longe na competição.

Argentina 1-0 Bélgica: o sono belga no controlo argentino

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O RESCALDO

28 anos depois de Maradona ser Maradona, quis o destino que Argentina e Bélgica voltassem a cruzar caminhos na Copa. Desta feita, não numa meia-final mas no acesso a esta. Do lado alviceleste, os sonhos argentinos liderados por Messi e Di María, que suportam a verdadeira anarquia táctica em que Alejandro Sabella envolveu esta equipa. Na Bélgica, um conjunto mais coeso, racional e seguro a servir o génio de Hazard. Na verdade, este era o primeiro grande teste para qualquer uma das equipas, que até agora apenas tinham defrontado selecções de menor nomeada. Para sorte desta Argentina desequilibrada defensivamente, este seria o primeiro duelo em que defrontavam uma equipa que não se preocuparia apenas com o momento defensivo do jogo. A Bélgica vinha em crescendo de forma desde o início da competição, situação proporcionada pela muito pouca experiência dos jogadores nestas andanças. Assim, não seria de todo errado pensar numa certa vantagem argentina, dada a maior maturidade da selecção das pampas. E ter Messi é suficiente para que nem seja preciso pensar em mais razões para esse favoritismo.

Com a já habitual insistência de Sabella nos jogadores em quem confia e não nos mais indicados para o jogo argentino, Demichelis (mais experiente) entrou para o lugar de Fernández, Basanta para o do castigado Rojo e… Biglia fez as vezes de Gago. Enzo Pérez, o melhor médio-centro desta selecção, que continue à espera enquanto este duplo-pivot desprovido de qualquer lógica continua a impedir o melhor futebol da equipa. Do lado belga, surpreendeu a inclusão de Mirallas no ataque, em detrimento de Mertens, um dos agitadores do ataque de Wilmots.

'La Pipita' Higuaín atirou a Argentina para a meia-final Fonte: Eurosport
‘La Pipita’ Higuaín atirou a Argentina para a meia-final
Fonte: Eurosport

Ainda o relógio não tinha batido nos dez minutos de jogo e já a Argentina se colocava em vantagem no marcador. Aproveitando a displicência defensiva que a Bélgica apresentou durante toda a primeira parte, Messi desembaraçou-se da preguiça de Fellaini e, após ressalto num passe de Di María, Higuaín disparou sem hipóteses para Courtois. Melhor início de jogo para o lado alviceleste era impossível e cabia à Bélgica a resposta. Resposta essa que não chegou. Sem capacidade de pressão no centro do terreno e com evidentes dificuldades na ligação defesa-ataque, a equipa do Velho Continente foi uma mera amostra daquilo de que é capaz. Serviu a saída por lesão de Di María para percebermos até onde pode ir a casmurrice de Sabella, que ainda vê em Enzo o extremo-direito do Estudiantes de 2011. A Argentina perdia um dos motores da sua manobra ofensiva mas ganhava mais músculo e capacidade de segurar a bola. O resultado ao intervalo materializava a ligeira superioridade sul-americana frente a uma Bélgica apática, para quem estesmata-mata” ainda são um corpo estranho.

Com a Argentina confortavelmente instalada sobre a vantagem no resultado, no segundo tempo esperava-se uma Bélgica diferente em tudo, algo que voltou a não acontecer. Apenas um cabeceamento de Fellaini para registo futuro numa Bélgica completamente desinspirada, que teve em Fellaini e Witsel uma dupla com mais cabelo do que intensidade e em Hazard um génio fora do jogo. Total apatia do conjunto europeu, que com quatro centrais de raiz de início e um duo de meio-campo tão vazio de ideias se entregou à experiência do adversário. Ficou a imagem de uma equipa que consegue mas não quis, quando nesta Copa já tivemos verdadeiros exemplos de quem tanto quis mas não conseguiu: Argélia, E.U.A ou Grécia são exemplos para a Bélgica levar em conta no futuro. A geração de ouro terá muito que crescer e, sobretudo, correr, porque da teoria à prática ainda vai muito no futebol. Para a Argentina, é o regresso a uma meia-final de um Mundial 24 anos depois. Mais forte colectivamente e no momento defensivo, o sonho é possível.

A Figura
Higuaín – A exibição argentina também esteve longe de encher o olho, mas Gonzalo Higuaín esteve em excelente plano. Marcou o único golo da partida, teve mais oportunidades para isso e deu dinâmica ao ataque argentino.

O Fora-de-Jogo
Bélgica – Deplorável a exibição belga nesta partida. A geração de ouro ainda tem pés de barro e pouco andamento para jogos de barba rija.

Um piloto a observar

cab desportos motorizados

Diogo Gago é provavelmente um nome que não diz nada à maioria dos portugueses e que pouco diz aos que gostam de ralis mas que não acompanham de forma “fiel” a modalidade em Portugal.

Gago é um dos pilotos em que os portugueses podem depositar mais esperanças para o futuro, visto ter cada vez mais um ritmo consolidado e estar a fazer uma aposta séria na sua carreira. O piloto algarvio está a correr em Portugal, Espanha e França neste momento, o que lhe traz um ritmo e experiência muito superiores à grande maioria dos pilotos portugueses. Mas se a participação nestes três campeonatos é importante, para mim, existe uma falha grave na sua participação: o piloto corre em cada campeonato com um carro diferente. Em Portugal corre com um Citröen C2 R2, em Espanha corre no troféu da Suzuki com um Suzuki Swift Sport, e em França corre com um Peugeot 208 R2. Se as diferenças de carros podem ser boas por não permitirem uma habituação excessiva a um só carro, ter de conhecer três também me parece excessivo. Para melhorar este aspeto e reduzir de três para dois carros, considero que o piloto devia começar a usar em Portugal o carro da marca do leão, que usa em França.

Diogo Gago em ação em França.  Fonte: Facebook de Diogo Gago
Diogo Gago em ação em França.
Fonte: Facebook de Diogo Gago

A nível de resultados, estes têm sido sempre equilibrados, e penso que posso afirmar que são melhores no estrangeiro do que em Portugal; no passado fim de semana, na primeira participação em França deste ano, o piloto do Algarve ficou em terceiro, não ficando no primeiro lugar apenas devido a uma penalização dada ainda antes do início da prova.

O algarvio é sem dúvida um talento com muito futuro, e podemos esperar voos mais altos para o mesmo. Ainda estamos a meio da temporada de 2014, mas para a época de 2015 o piloto deveria continuar a apostar em carros ‘R2’ e de preferência num carro melhor do que o C2 com que corre no nosso país; mas em vez de correr em três campeonatos nacionais devia, na minha opinião, correr ou no europeu ou no mundial, e se pudesse ir testando e até fazer uma ou outra prova de R5 ou carro do género. Em 2016 deveria então mudar de classe para um muito mais competitivo R5, de forma a sustentar todo o seu desenvolvimento e mostrar todas as suas qualidades.

Brasil 2–1 Colômbia: centrais goleadores ditam fim do sonho colombiano

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O RESCALDO

O segundo jogo dos quartos-de-final do Mundial era um dos mais aguardados de toda a competição. De um lado estavam os anfitriões, desejosos de fazer esquecer uma prestação pobre diante do Chile e com o sonho de celebrar o hexacampeonato em casa sempre em mente. Do outro lado, a Colômbia, uma das selecções- sensação deste Mundial, liderada pelo inconfundível James Rodriguéz – melhor marcador da prova (5 golos) e indiscutivelmente uma das figuras do Mundial até então. O embate sul-americano prometia e bastaram 6 minutos para a primeira explosão de alegria no Arena Castelão em Fortaleza. Neymar bate o canto e Thiago Silva aparece sozinho ao segundo poste para inaugurar o marcador, num lance em que a defesa Colombiana fica muito mal na fotografia. Zapata e Yepes falham a intercepção e Sanchéz parece esquecer-se do central brasileiro, que só precisou de encostar.

Havia ainda muito jogo pela frente e a Colômbia mostrou-se empenhada em dar a volta. Cuadrado, aos 10 minutos, deixou o aviso à nação brasileira que ainda festejava o golo madrugador, com um remate potente a sair muito perto da baliza de Júlio César. No entanto, a selecção brasileira queria mais, e continuou a carregar no acelerador. Fora algumas saídas velozes em contra-ataque e uma ou outra jogada de insistência colombiana, a primeira parte foi do total domínio canarinho, com Hulk e Neymar a serem os responsáveis pelas maiores ocasiões de perigo. A Colômbia aguentava como podia aquele que era sem qualquer dúvida o melhor Brasil da prova até ao momento – forte, organizado, entrosado e perigosíssimo. Num jogo aberto, aguerrido e intensamente disputado (25 faltas só na primeira parte), as oportunidades seguiram-se a um ritmo alucinante, mas o 1 – 0 manteve-se até ao intervalo.

No segundo tempo, mais do mesmo. Brasil por cima e jogo muito emotivo, com o árbitro espanhol Velasco Carballo a ter de interromper a partida por inúmeras vezes tal era a agressividade de parte a parte. Aos 65 minutos marca a Colômbia depois de grande confusão na área… mas o lance é anulado por fora-de-jogo. E como dita a gíria futebolística, quem não marca, sofre. Desta vez, a proeza coube ao outro central canarinho, David Luiz, que aos 69 minutos faz um verdadeiro golaço de livre directo após uma falta cometida por James sobre Hulk. 2 a 0, num “tiro do meio da rua” que é um verdadeiro hino ao futebol.

Esta tem selo. David Luiz, num golo para ver e rever. Fonte: FIFA
Esta tem selo. David Luiz, num golo para ver e rever.
Fonte: FIFA

Inconformada, a selecção colombiana continuou incessantemente à procura do golo que faltava para a relançar na partida, e aos 78 minutos a sua insistência foi finalmente recompensada. Júlio César comete penálti sobre Bacca e na conversão James não perdoa e faz o 1-2, naquele que foi o sexto tento do avançado na presente edição do Mundial. Com 10 minutos de tempo regulamentar por jogar, a Colômbia foi para cima do Brasil com tudo o que tinha, mas a redondinha teimou em não entrar por uma segunda vez.

O Brasil está nas meias-finais do Mundial depois de um jogo durinho em que se fez valer da veia goleadora dos seus defesas-centrais. A agressividade acabou por ser o antídoto ideal para o jogo fluído dos colombianos, que saem do Mundial de cabeça erguida. Quanto ao Brasil, o sonho de festejar o hexa em casa pode estar cada vez mais perto, mas adivinham-se muitas dificuldades para a equipa de Scolari – Neymar saiu de maca nos minutos finais do encontro depois de uma dura entrada de Zuniga e tudo indica que irá falhar os restantes jogos do Mundial. Segue-se a poderosa Alemanha nas meias-finais veremos até onde vai o escrete sem a sua maior estrela.
A Figura
David Luiz
– Exibição quase irrepreensível do central brasileiro, carimbada com um golo de antologia. Melhor era difícil.
O Fora-de-Jogo
Agressividade em excesso – Se do lado do Brasil pareceu estratégia, a Colômbia soube responder à letra. Foram 54 (!) as faltas assinaladas pelo árbitro da partida na totalidade do encontro, que mostrou apenas 4 amarelos, dois para cada lado. É certo que há jogos assim, mas houve muitos cartões que ficaram por mostrar.

Alemanha 1-0 França: O regresso do pragmatismo europeu… e no fim ganha a Alemanha

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O RESCALDO

Se há coisa que nos tem chegado a nós, europeus, durante este Mundial, é um futebol diferente. Mais destemido, dizem os defensores do meio copo cheio. Mais desorganizado, dirão os que preferem ver que o meio copo também está metade vazio. O resultado tem sido quase sempre futebol mais apelativo, imprevisível e com os conjuntos a equilibrarem-se entre si. Estamos todos felizes, ou quase todos… Todos menos os treinadores. Por isso, Low e Deschamps preparam-nos duas equipas pragmáticas, equilibradas e competitivas para o primeiro embate destes quartos de final. Cá está o nosso bem conhecido futebol europeu!

O jogo iniciou-se inclusive com algumas semelhanças na estrutura das equipas: 4x3x3 clássico de parte a parte, procura pela saída de jogo a partir de trás, trio forte no meio e muita dinâmica na linha mais adiantada. A diferença acabou por recair na estratégia sem bola visto que a Alemanha optou por uma entrada mais agressiva a evitar que os franceses conseguissem iniciar o jogo sem dificuldades. Por outro lado, a equipa de Benzema e companhia mostrou-se muito passiva e demasiado preocupada com as coberturas defensivas sempre que a posse estava do lado alemão e isso acabou por levar quase a um esquecimento da bola que deveria ser sempre uma referência a nível defensivo. O golo acabou por chegar no minuto 13 através de uma bola parada irrepreensivelmente executada por Kroos à qual Hummels respondeu muito bem batendo Varane nas alturas.

Hummels superiorizou-se a Varane e fez o primeiro e único golo da partida  Fonte: FIFA
Hummels superiorizou-se a Varane e fez o primeiro e único golo da partida
Fonte: FIFA

O jogo não mudou muito com o golo e manteve-se bastante equilibrado. A Alemanha e sobretudo Low souberam aprender com as dificuldades vividas com a Algéria e melhoraram nalguns aspectos em que tinham apresentado carências. A profundidade dos laterais foi melhorada com a passagem de Lahm para o corredor direito (saindo Mertesacker da equipa e passando Boateng para o meio) e o meio-campo também saiu reforçado com a entrada de Khedira que proporcionou a Kroos maior liberdade ofensiva que o craque alemão aproveitou da melhor forma. Já Didier Deschamps só conseguiu corrigir a apatia no momento sem bola da sua equipa ao intervalo, de onde os gauleses regressaram com uma outra atitude que proporcionou à Alemanha mais dificuldades. Matuidi soltou-se no meio e esse foi um pormenor importante no desenrolar do jogo. Valbuena, Griezmann e Benzema foram incomodando os defesas alemães mas, contra a corrente do jogo, até acabou por ser Schurlle (que entrou para o lugar de Klose) a ter a melhor oportunidade da segunda parte, mas desperdiçou-a com um remate frouxo. Do outro lado, ora Hummels – o melhor em campo, ora Neuer a negar o golo que forçaria o prolongamento.

No geral, uma vitória justa mas que também poderia ter sido perfeitamente um empate, face à reacção francesa no segundo tempo. A França sai da prova sem se poder queixar muito da sua prestação que acabou frente a uma das mais fortes candidatas ao título e a Alemanha segue para as meias mas sem deslumbrar. Brasil ou Colômbia estarão no seu caminho e, seja qual for, será um adversário bastante distinto do que foi a França.

A Figura

Hummels – Autor do golo alemão mas nem precisaria disso para ser apontado como o melhor em campo: autoritário desde o início ao fim, foi um autêntico pesadelo para Benzema nas várias vezes em que o francês parecia já ter conseguido desequilibrar. Até ao momento, candidato a melhor central do Mundial.

O Fora-de-Jogo

Pouco espectáculo – Não é justo exigir aos treinadores que sejam autores de um jogo desorganizado que favoreça os ataques em detrimento das defesas e, ainda mais, que satisfaça adeptos e não os próprios interesses. Mas não faltam na Europa exemplos de que é possível conjugar bom futebol com eficácia e, hoje, o encontro foi marcado por duas equipas com pragmatismo a mais… pelo menos para o que tem sido esta competição fantástica.

E agora, Luisito?

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Escrevo com o coração, com a razão, com a incerteza. Mas, acima de tudo, com a revolta de ter de o fazer. E são muitas as perguntas. Porquê, Luis? Porquê tu e agora? Porquê pela terceira vez na carreira, em pleno Campeonato do Mundo, depois de uma época fantástica e a caminho de uma outra que tudo tinha para o ser novamente? E agora, o que se segue?

Visto que o espaço onde este texto possa vir a ser publicado é, em parte, destinado à opinião, seguirei esses contornos. E começo: do meu ponto de vista – assíduo seguidor do Liverpool Football Club e admirador confesso de Luis Suárez – é simples. Ficaria banido para sempre de praticar desporto profissional. Tal como teria ficado Pepe após o tão triste incidente frente ao Barcelona e muitos outros.

Se o Mundial de Futebol é já o assunto mais falado de sempre no Facebook – para que se perceba ainda melhor a dimensão da competição, o encontro dos USA frente a Portugal foi visto por mais norte-americanos do que, por vezes, determinados jogos da final da NBA –, o incidente que envolveu o uruguaio frente à Itália, mais particularmente com Giorgio Chiellini, não fica atrás.

Luís Suárez ganha, entenda-se, 200.000£ por semana. Duzentas mil libras por semana. Feitas as contas, são 10.400.000£ por ano, ou seja, ‘encaixa’ cerca de treze milhões de euros anuais. Com treze milhões de euros anuais (fora contratos publicitários) e todo o mediatismo de que é alvo, não pode, em momento algum, tentar morder um adversário. Mas fê-lo. Pela terceira vez na sua carreira e, agora, como jogador que mais golos marcou em todo o mundo numa temporada e… perante os olhos de todo o globo terreste.

Jogar futebol profissional exige a um atleta um determinado comportamento em campo. Jogar futebol profissional na liga mais mediática do mundo e numa selecção que participa no Campeonato Mundial de Futebol exige um comportamento ainda mais exemplar. Durante aqueles 90 minutos, nações juntam-se com os olhos postos em vinte e duas dessas pessoas. E durante os 90 minutos essas mesmas nações seguem, muitas vezes, o seu exemplo. Talvez não o devessem fazer, mas seguem. E Luís Suárez passou, pela terceira vez na sua carreira, a mensagem de que, quando os pés não são suficientes para se levar a melhor numa jogada, a boca (e os dentes) são apropriados para mostrar toda a insatisfação.

O valor está lá. É tão claro quanto a água e de discutível nada tem. Mas apenas o futebolístico. Quanto ao monetário, desceu de forma dramática após o incidente; o uruguaio perdeu mesmo o patrocínio da 888 Poker e a Adidas retirou todas as campanhas que tem com a imagem de Suárez. A mordidela não parece, no entanto, tirar o sono ao Barcelona, que se mostra interessado em adicionar o seu passe à mesma gaveta onde estão os de Messi e Neymar. E agora, o que se segue?

Pinceladas da Copa: oitavos-de-final

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Brasil 1-1 Chile
(3-2 após grandes penalidades)

O ‘Maracanazo’ esteve a uma trave de ter um remake agora em Belo Horizonte. Enquanto o Brasil encravava e soluçava perante a estratégia arquitectada na careca de Sampaoli, a fortuna fez as vezes de Neymar e foi resolvendo os problemas ao ‘escrete’ – com um autogolo, esbarrando a bomba de Pinilla no último suspiro do prolongamento e salvando os corações brasileiros no penalty de Mena. A ‘Canarinha’ continua a mostrar mais qualidade individual do que colectiva e muitos mais passos de samba desarranjado do que futebol de candidato. Com outra clarividência (e Arturo Vidal) mas sempre nas asas de Alexis, o Chile poderia ter sido tão feliz quanto o seu futebol, pensado pelo discípulo de Bielsa, é rápido e louco – e fez por merecê-lo. A Nossa Senhora do Caravaggio escreveu mais uma página na íntima relação que mantém com Scolari mas, com este Brasil, a estrelinha dificilmente estará sempre do seu lado – e aí, ou surge futebol ou a sexta estrela no uniforme mais titulado do Mundo não passará de uma miragem em 2014.

Colômbia 2-0 Uruguai

Só pode ter sido capricho! Haveria o palco brasileiro de cruzar as duas formas mais bonitas de futebol da América do Sul dos últimos anos. E de servir de testemunho. Aquele ‘Uru’ que surpreendeu em 2010 e que apaixonou em 2011, na Copa América, vencendo-a, levado pela mão do gentleman Tabaréz e exponenciado pela magia de Forlán, pela feroz capacidade goleadora de Suarez, pelo improviso de Cavani e por uns quantos ‘pitbull’ atrás deste trio, caiu, rendido à nova coqueluche cafetera. Esta Colômbia é o projecto de futebol mais apaixonante da Copa e tem em James a estrela suprema, anjo com pés de veludo, impondo a si mesmo a herança de Falcão e o papel de guia de sonhos de uma nação inteira. No banco, o avô Mondragón beija Pekerman a cada momento de maior magia, a cada etapa de um percurso que tem laivos de um romance improvável – a Colômbia pode mesmo sonhar ser campeã do Mundo, mas já se habilitou a ser a campeã do mais importante título: a da nossa memória. Enquanto isso, foi um poema de golo e alegria, foi James em mais um dia.

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Cavani e Forlán foram impotentes perante a força colombiana
Fonte: Getty images

Holanda 2-1 México

A coerência poderá ser uma questão de contexto. Van Gaal passou toda uma carreira a pregar uma ideia de futebol, ensinando e enriquecendo os seus aprendizes, e agora, chegado ao maior palco, alterou tudo aquilo em que acreditava. A página inicial do bloco de notas que religiosamente o acompanha estará, por certo, a esta hora, ainda confusa por perceber que de si consta uma Laranja que dá hoje ao jogo um sumo com paladar bem diferente – (provavelmente) por não ter Strootman para a ‘Copa’, Louis, com grande astúcia, montou uma equipa em 5-3-2 que vive para dar bola aos dois motores da frente, Robben e Van Persie. Diante do México, porém, Van Gaal foi ao baú buscar as raízes do seu 4-3-3 e foi isso que lhe permitiu seguir em frente. Porque, mais do que coerência, é bom ter memória. Do outro lado, o verdadeiramente espectacular Miguel Herrera vai deixar saudades – liderado pelo seu guia espiritual, Rafa Marquez, este México deixou litros e litros de perfume de qualidade de jogo, mas, no momento decisivo, nem as dúzias de mãos que Ochoa tem lhe valeu. Porque a Herrera ainda falta, pelo menos, uma coisa: saber ser Van Gaal.

Costa Rica 1-1 Grécia
(5-3 após grandes penalidades)

A ironia do futebol nascerá sempre dos resultados. No encontro entre as duas maiores surpresas presentes nos Oitavos, nunca tal premissa esteve tão marcadamente presente. O Mundial até pode ser dos guarda-redes, mas há um nome que figurará a letras grandes e gordas: Keylor Navas. Mesmo que esta Costa Rica – e, sobretudo, Bryan Ruiz e Joel Campbell – nos faça sorrir, é o seu super keeper que nos deixa com um brilho nos olhos. A destreza, agilidade e qualidade de posicionamento faz todas as suas defesas parecerem irrisoriamente fáceis. Mesmo que argumentemos, interiormente, que não pode ser assim tão difícil – afinal, do outro lado está só a Grécia. Continuamos a olhar para estes gregos com o desdém que talvez eles mereçam e o desfecho do jogo, per si, amenizou os espíritos de quem se sentiu minimamente vingado – por uma vez, e na frieza da ironia, a Grécia perdeu da mesma forma como sempre ganhou.

Soccer: World Cup-Italy vs Costa Rica
Keylor Navas. Uma das figuras do Mundial’2014
Fonte: fansided.com

França 2-0 Nigéria

Desconheço as odds que apontavam para a vitória da França na Copa quando a selecção montada por Deschamps desembarcou no Brasil. Ao contrário de outros tempos, faltava a figura de proa (Ribery) e o malabarista (Nasri). Mas, na ignorância, haveríamos de encontrar nos ‘Bleus’ doses desmesuradas de fiabilidade na defesa, de intensidade no meio-campo e de versatilidade no último terço – e, com e por isso, uma das mais poderosas equipas. Diante da Nigéria, tiveram ainda a inteligência de especular com o jogo e de alimentar o que sempre atraiçoa as equipas africanas: as expectativas. Enyama foi o maior paradigma dos conjuntos que chegam da África (subsariana, sobretudo): brilham, encantam, conquistam-nos com a ingenuidade e velocidade do seu jogo e, quando já estamos enleados pelo seu futebol, atraiçoam-nos, desatando, qual jogador de ténis sub-100 em Roland Garros, a cometer erros não forçados. E, por isso, invariavelmente, perdem.

Alemanha 2-1 Argélia
(após prolongamento)

Por mais farta e aprazível que seja uma refeição, nunca é sensato dispensar uma sobremesa, ainda para mais quando ela tem todo o aspecto de prometer um conteúdo muito mais extraordinário do que a forma. O Alemanha-Argélia foi isto mesmo: o 0-0 no final dos 90 minutos não reflectia o jogo tão bem jogado e disputado quanto emocionante que foi e, por isso, o prolongamento era um guloso desejo de quem desejava um golo que fosse para ficar saciado por completo. A sobremesa era, no entanto, muito melhor do que aquilo que fora apresentado: Mbolhi voltou a ser humano e sofreu dois golos; a Argélia, no último assomo da crença com que o seu jogo sempre foi pautado ao longo do Mundial, marcou e transformou cãibras em esperança durante 30 segundos. Por certo que nem Low esperava sofrer tanto, nem Halilhodzic almejava fazer do conjunto argelino uma equipa no sentido mais puro e verdadeiro da palavra. Sem IVA e com poesia, o amante guloso agradece(u).

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Diante da Alemanha, Mbolhi defendeu (quase) tudo
Fonte: noticias.bol.uol.com.br

Argentina 1-0 Suíça
(após prolongamento)

Falar desta Argentina é debruçarmo-nos sobre a melhor matéria-prima nas mãos do pior artista. A albiceleste continua a ser uma equipa-montanha cujo ponto mais alto é o meio-campo, onde tudo se divide e separa: de um lado da colina os que só defendem; do outro lado, os que só atacam, vendo em Messi uma outra forma de ser Maradona. E em Dí Maria, Sísifo. No desenlace da gloriosa carreira de Hitzfeld, a esperança suíça vivia na ponta da chuteira de Shakiri e no espírito guerreiro de Rodriguez (talvez o melhor defesa esquerdo da Copa), atraiçoada, sobretudo, quando, embriagada pelos ‘olés’ que conseguiu despertar no público, se esqueceu da baliza de Romero. A Suíça teve oportunidade de ser feliz – não o foi, primeiro por incompetência, depois porque Scolari deixou que Sabella adoptasse Caravaggio por uma fracção de segundo. Como uma verdadeira pintura, o grande plano televisivo de Lavezzi a benzer-se resume tudo: era preciso Deus. E esse continua a jogar com o ‘10’ da Argentina, ao lado do feliz, por uma vez, Sísifo – e só estes dois alimentam o direito de esta ‘equipa’ se achar candidata.

Bélgica 2-1 EUA
(após prolongamento)

Honrando os seus maiores antepassados, os belgas entraram no jogo como uns verdadeiros Diabos Vermelhos. E foram batendo… Origi, Hazard, Mertens, De Bruyne, até Vertonghen, todos eles, fazendo muitos, pareciam sempre poucos para o que se estava a construir. Para os EUA, a baliza-alvo estava ainda muito longe: bem por detrás dos três metros de estilo capilar de Witsel ou Fellaini. Enquanto a Bélgica ia batendo, os novos heróis de Obama, pelo cérebro Bradley e pelas locomotivas Beasley e Yetlin, começavam a desbravar caminho (e cabelo) e a ver Cortouis, ainda que lá longe. A certa altura, com tanto ataque e contra-ataque, afigurou-se-nos como sendo um jogo da Copa de Futsal. E a Bélgica ia batendo e ia batendo e ia batendo. E Howard estava sempre lá! Desafiando o recorde de defesas num único jogo e, mais do que isso, a impossibilidade da omnipresença; só um monstro para o derrubar. Lukaku aceitou o repto e tratou de humanizar o colega do Everton e keeper americano. De repente, voltaram a saborear o sucesso dos anos 80 e a euforia descontraída tomou conta de cada uma das chuteiras dos comandados de Wilmots – a inesgotável alma dos EUA, porém, ainda acreditava e revigorou-se com o pequeno Green. Foi ele quem materializou o enorme espírito norte-americano em golo, dando (mais) justiça e justeza ao resultado. O resultado de um show – na verdade, de um (s)Howard.

O Mundial do Latino

logo mundial bnr

Nós, latinos, herdámos o sangue quente da nossa ascendência. Alegramo-nos e revoltamo-nos com facilidade. Deixamo-nos engolir pela irracionalidade, pela paixão. Somos, sobretudo, dados a estados de alma.

O futebol propicia-os a cada remate que queima a relva antes de rasar o poste, a cada defesa impossível ou a cada corte milagroso sobre a linha de baliza. Não precisamos de ter sido educados a gostar de uma das equipas em jogo para vibrar com cada um destes momentos, porque até podemos escolher uma pela qual torcer no decurso do encontro. Acaba por ser indiferente porque  queremos, sobretudo, sentir, criar empatias. Viver a emoção e a responsabilidade de quem lá está dentro e entrar em euforia ou revolta consoante aquilo que a partida nos trouxer.

Para nós, pessoas dadas a emoções, este Mundial tem sido absolutamente fantástico. Cada minuto de cada jogo parece trazer algo inesperado, imprevisível, como se o início de cada jogo oferecesse doses iguais de favoritismo para cada lado, independentemente das selecções em confronto.

Pudemos sentir isso em vários jogos da fase de grupos, começando na goleada da Holanda à campeã Espanha (1-5), passando pelas vitórias da Costa Rica ante Uruguai e Itália e pelo nulo imposto por Ochoa ao Brasil, e terminando no empate da Argélia ante a Rússia. Houve, obviamente, mais momentos emocionantes neste período da prova, mas estes são excelentes exemplos do quão fantástico tem sido este Mundial para nós, pessoas dadas a estados de alma.

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O Alemanha-Argélia foi um dos jogos mais emocionantes deste Mundial
Fonte: copadomundo.uol.com.br

Felizmente, a espectacularidade prolongou-se durante a fase a eliminar e, na primeira ronda, não faltou emoção a qualquer um dos oito encontros. O encontro mais previsível e condizente, no seu decurso, com aquilo que se previa que acontecesse terá sido o Colômbia – Uruguai, mas mesmo aí o espectáculo não desiludiu, com todas as diabruras que James e companhia proporcionaram ao público do novo Maracanã. Fora este, houve penalties em duas partidas (para além do Costa Rica – Grécia, o Brasil foi empurrado pelo Chile para essa “lotaria”, não se apurando por uma trave que ainda agora deve estar a tremer), grandes selecções (Holanda e França) com imensas dificuldades em levar de vencidos, nos 90 minutos, adversários cotados com poucas ou nenhumas chances de causar surpresa (México e Nigéria), e ainda três prolongamentos de encontros tanto imprevisíveis, como o Argentina-Suíça, como espectaculares, como foi o caso do Bélgica-EUA e do Alemanha-Argélia…

… sobretudo este. Foi o emanar de todas as emoções que nós, latinos, sentimos ao ver um jogo de futebol. Houve espectacularidade, momentos de quase-glória, solidariedade, garra, sacrifício, desespero e frustração. Mas só de um lado. O único com o qual nós nos poderíamos identificar. O habitual outsider por quem costumamos torcer e que trouxe a jogo toda a ingenuidade do futebol, aquela que se nota no futebol de qualquer rua ou complexo desportivo alugado entre amigos, fosse por miúdos ou por gente grande, cuja única preocupação é jogar, entregando-se com toda a alma ao desporto que amam, não ligando ao preço que terão de pagar… ou venham a receber.

A Argélia mostrou-nos o que é o futebol sem preço. Como nós, latinos, queremos que seja. Foi a “prenda” mais bonita que este Mundial, recheado delas, nos trouxe.

Esta é a magia da relva – Wimbledon

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cab ténis

Está a decorrer mais uma edição do mítico torneio de Wimbledon. O tercerio Grand Slam da temporada e aquele que é para mim o torneio com mais classe do mundo, é também o mais pródigo em surpresa.

Isto porque não é só na relva dos campos de futebol que somos surpreendidos diariamente, agora ainda mais neste Mundial do Brasil. É também na relva do All England Club que diariamente somos surpreendidos com pontos, jogos e resultados que julgávamos impossíveis.

Falar de surpresa nesta edição de Wimbledon é falar de Nick Kyrgios. O australiano, de apenas 19 anos, derrotou nada mais nada menos que Rafael Nadal. O tradicional chegar, ver e vencer. Embora Milos Raonic tenha já tratado de mostrar que com ele não “se faz farinha” em relva, ao derrotá-lo em quatro sets, Kyrgios provou já ser a grande surpresa da edição deste ano.

O jovem australiano não teve medo de jogar contra o mais temível jogador do circuito. O braço não lhe pesou na hora de fazer o serviço de que precisava para conquistar os pontos de que precisava. É uma das mais surpreendentes vitórias, visto que Krygios ocupa ainda o 144º lugar do ranking ATP.

Australianos à parte, Grigor Dimitrov foi o autor de uma outra grande surpresa. A de derrotar o campeão em titulo e o tenista mais querido de Wimbledon, Andy Murray. Dimitrov venceu Murray em apenas três set’s para agora ter encontro marcado com Djokovic. Djokovic esse que se “viu grego” para vencer Marin Cilic em cinco sets.

wimbledon
Roger Federer e Novak Djokovic
Fonte: Barclaysatpworldtourfinals.com

Na parte inferior do quadro, Roger Federer, o campeonissímo suíço, derrotou o seu compatriota e amigo Stanislas Wawrinka. Não foi um encontro fácil, frente a um Wawrinka que está numa forma brutal – e, diria eu, mais seguro até do que Federer – mas o veterano ex-nº1 garantiu, desta vez sem dificuldades de maior, a passagem às meias-finais da edição de 2014 deste torneio de Wimbledon.

Roger Federer irá então defrontar Milos Raonic, o canadiano que conseguiu a façanha de derrotar Nick Krygios, a grande surpresa desta edição e que por isso parte assim com menos peso em cima. Raonic já fez o que tinha a fazer neste torneio de Wimbledon, embora, claro, uma vitória sobre Federer que dê acesso á final eleve Milos Raonic para um nível absolutamente diferente.

Se tivesse de apostar, apostaria numa final Federer contra Djokovic. Mas, como li já nas redes sociais, só o facto de não termos os “big 4” nas meias-finais tornou já esta edição de Wimbledon mais interessante. E esta, goste-se ou não, é a magia da relva.

Um passo maior do que a perna?

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cab Rugby

Soube-se ontem que o Sporting vai ocupar a vaga existente na Divisão de Honra deixada com a recusa do Caldas em subir, depois de se ter sagrado campeão da Primeira Divisão Nacional.

Esta foi uma decisão que, para mim – e para a maioria dos sportinguistas –, tem tanto de surpreendente como de incerta. Sé é certo que nós todos queremos ver o nosso clube na divisão máxima de qualquer modalidade, também é verdade que o queremos ver a vencer e a lutar por títulos, e o que se vai passar, caso não aconteçam mudanças muito grandes no plantel, é que vamos ter um Sporting que vai contar com derrotas em todos ou praticamente todos os jogos, sendo que em alguns a diferença talvez se situe em mais de 100 pontos.

Mas afinal o que fez o Sporting aceitar este convite? Segundo a Direção (recordar para os mais desatentos que a modalidade é autónoma, ou seja, não pertence mesmo ao clube), “a dimensão histórica do Sporting Clube de Portugal, o estatuto de fundador do rugby em Portugal, a responsabilidade de em qualquer modalidade ter de lutar para estar entre os melhores, pesou na decisão do clube.” Se não deixa de ser verdade que a importância e a dimensão de um clube como o Sporting, neste caso específico um dos fundadores da modalidade no país, são fatores de peso, a decisão não deixa de ser muito arriscada por estes fatores. Se recordarmos um caso recente e atual do Sporting vemos que o Hóquei em Patins (este ano regressa ao Sporting a nível sénior) teve um crescimento sustentado, começando na formação e indo crescendo com os seus jogadores. O basket leonino, que começou na mesma temporada que o rugby, também apresenta um plano semelhante ao do hóquei; começou com o escalão de minis em ambos os sexos e está a começar a crescer, com a criação do escalão de sub-14. Fora estes escalões, com a criação da modalidade apareceu uma equipa de sub-19 e sénior feminina. No rugby também se verifica este modelo, mas este passo pode ser uma machadada no seguimento deste rumo que vinha a ser acertado, pois o desenvolvimento e aceleramento vão ter de ser maiores do que o esperado.

O lema do clube é honrado em todos os jogos, mas será suficiente?  Fonte: Blogue SPVN
O lema do clube é honrado em todos os jogos, mas será suficiente?
Fonte: Blogue SPVN

Apesar disso, posso estar a ser injusto, pois até ao início da temporada podem aparecer reforços de peso que farão melhorar a equipa e com isso a sua qualidade. Para a melhoria da qualidade do plantel os patrocínios serão decisivos, e a criação do canal do Sporting poderá ser uma boa alavanca, já que os jogos em casa desta modalidade serão transmitidos no canal. Com isto, a visibilidade vai aumentar, proporcionando um maior retorno a quem patrocinar o clube. Mas com os dados atuais penso ser unânime para todos que este passo foi maior do que a perna, podendo prejudicar toda a secção.

Para já, a única coisa certa é que a equipa contará com o meu apoio e o de todos os sportinguistas em qualquer circunstância. O Estádio Universitário em Lisboa contará, como sempre, com boas molduras humanas no apoio ao Sporting e a quem o defende dentro de campo.