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Tuchel devolve a esperança ao Dortmund

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Quando um ciclo termina, outro inicia-se. A saída de Jurgen Klopp do comando técnico do Borussia Dortmund deu-nos, então, a conhecer o final de uma era na Vestfália, que teve a duração de sete anos repletos de êxitos, mas que também teve momentos menos positivos, como a desilusão que foi a temporada transata. A sua sucessão está a cargo de Thomas Tuchel – técnico alemão que teve percurso similar ao de Kloppo antes de chegar aos Die Borussen -, que começou a época a todo o gás e está a realizar uma primeira metade de época a um nível assinalável.

Embora não exista grande probabilidade de que consiga contrastar já esta temporada com o domínio do Bayern Munique, o Dortmund encontra-se apenas a cinco pontos dos comandados de Pep Guardiola e é de salientar que estão isolados no segundo posto da Bundesliga, com nove pontos de avanço sobre Monchengladbach e Hertha de Berlim, terceiro e quarto classificados. Nesta primeira volta, o conjunto de Tuchel já conseguiu triunfos importantes na caminhada para os seus objetivos no campeonato, ao vencer alguns dos principais adversários diretos aos lugares cimeiros da tabela, como o Wolfsburgo, o Schalke 04, o Leverkusen e o Monchengladbach. No que diz respeito às competições europeias, o Dortmund apurou-se para os dezasseis avos de final da Liga Europa, competição na qual os Die Borussen são uns dos principais favoritos à sua conquista, o que, embora não signifique um encaixe financeiro que atraia clubes deste nível, pode constituir um valor simbólico e anímico para a equipa.

Em poucos meses desde que está ao comando do emblema da Vestfália, nota-se já o toque e contributo de Thomas Tuchel no sistema tático do Dortmund, referente a épocas passadas. O rigor tático do técnico alemão de 42 anos tem sido proveitoso para o Dortmund. A equipa não só continua forte na manobra contraofensiva (fruto das características e da velocidade dos homens da frente de ataque) como tem um maior domínio durante os jogos sobre a posse de bola, que é trocada entre os jogadores de forma mais fluida, o que permite pautar o ritmo e ter um maior controlo nas partidas. É de referir, também, a pressão alta executada pela equipa aquando da perda de bola, que resulta muitas vezes na rápida recuperação do esférico.

Os índices ofensivos dos Die Borussen têm sido o maior destaque até agora e os números são bem evidentes nessa questão, pois são já 42 os golos marcados pela equipa em apenas 15 encontros no campeonato, fator bem demonstrativo do tipo de futebol implementado por Tuchel na sua nova casa. O sistema tático utilizado tem feito sobressair o melhor de Aubameyang, avançado gabonês que se tem apresentado a alto nível durante a temporada e é o melhor marcador do campeonato com 17 golos, à frente de nomes como Robert Lewandowski ou Thomas Muller. Importante para a o sucesso da equipa tem sido, também, o contributo de Marco Reus, Mkhitaryan e Ilkay Gundogan, que estão a apresentar-se a um nível bastante superior ao da época passada.

Tuchel tem vindo a apresentar resultados bastante positivos na sua primeira época em Dortmund Fonte: BVB Dortmund
Tuchel tem vindo a apresentar resultados bastante positivos na sua primeira época em Dortmund
Fonte: BVB Dortmund

O consentimento de Tuchel para a contratação de Julian Weigl foi uma decisão que veio a mostrar-se fulcral, pois o jovem médio alemão assumiu desde cedo a titularidade no onze inicial e tem sido preponderante no meio campo da equipa, ao assinar exibições bastante positivas nos compromissos já realizados, revelando ainda uma maturidade tática acima da média para a pouca experiência que tem. A utilização de Matthias Ginter, defesa central de origem, na lateral direita também tem dado resultados positivos.

Não obstante, há ainda domínios a melhorar, para que o Dortmund possa voltar a ser, de facto, uma ameaça séria e constante para o poderio do Bayern, principalmente no que concerne a erros no capítulo defensivo. O conjunto de Tuchel tem cometido falhas defensivas graves, que não podem ser perdoadas, e tem consentido vários golos; a título de exemplo, o Dortmund tem 20 golos sofridos em 15 jogos na Bundesliga, números acima do que seria regular para uma equipa do topo cimeiro da tabela classificativa e com os objetivos que este Dortmund tem. A goleada sofrida diante do Bayern por 5-1, ainda no início de outubro, a contar para o campeonato, demonstra bem esta situação. Este é, de facto, o principal defeito a apontar ao trabalho de Thomas Tuchel até então e é um sinal de que o técnico tem que trabalhar e aprimorar a manobra defensiva do seu conjunto, principalmente porque tem defesas de estofo mundial, como Mats Hummels ou Soktratis Papastathopoulos.

No entanto, depois de uma época menos bem conseguida, o Dortmund está de regresso à ribalta do futebol alemão, pelas mãos de Thomas Tuchel, retornando, assim, a alegria ao Signal Iduna Park – e que bem a merecem os adeptos deste histórico alemão, que são incansáveis no apoio à equipa e funcionam autenticamente como o 12.º jogador, seja em jogos caseiros ou fora de portas. São inúmeras as vezes em que os próprios jogadores do Dortmund se rendem aos adeptos e ao apoio que estes lhes dão.

Foto de Capa: BVB Dortmund

Olheiro BnR – Ezequiel Schelotto

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Sem clube desde o último Verão, o lateral/extremo-direito Ezequiel Matias Schelotto acabou finalmente de encontrar um novo rumo para a sua carreira, tendo sido confirmado recentemente como novo reforço do Sporting, clube português que já o seguia há imenso tempo e que até já o tinha procurado adquirir na última janela de transferências.

Nascido na Argentina a 23 de Maio de 1989, o atleta polivalente representou emblemas como o Velez Sarsfield e o Banfield, no país das Pampas, ainda que tenha sido em Itália que passou a maior parte da sua carreira, tendo mesmo chegado a internacional A pela Squadra Azzurra, mais concretamente num amigável diante da Inglaterra.

De sublinhar que esse percurso pelo futebol italiano iniciou-se em 2008, no Cesena, clube onde Ezequiel Schelotto haveria de permanecer por três temporadas, num périplo marcado pela ascensão do terceiro ao primeiro escalão e pela realização de 66 jogos oficiais (oito golos).

Um saltimbanco do Calcio

Na temporada de 2010/11, última em que representou o Cesena, Ezequiel Schelotto já representava esse emblema por empréstimo da Atalanta, sendo que o futebolista de origem argentina nem sequer haveria de terminar essa sua época de estreia na Série A nos Cavallucci Marini, acabando por ser cedido no Catania  (14 jogos, um golo) na segunda metade dessa campanha.

Ora, o Atalanta, que havia contratado o internacional italiano no Verão de 2010, apenas o veria representar efectivamente o clube a partir de 2011/12, temporada que marcou o regresso do clube de Bérgamo à Série A, sendo que Schelotto haveria de criar um grande impacto nesse período, somando um total de 56 jogos (dois golos) e conseguindo mesmo o salto para o Inter de Milão.

Aos nerazzurri, aliás, esteve vinculado até ao último Verão, ainda que nem sempre os tenha representado, somando apenas um total de 13 jogos  (um golo) e acabando nesse mesmo período por acumular cedências a emblemas como o Sassuolo (12 jogos, um golo – 2013/14); Parma (16 jogos, quatro golos – 2013/14); e Chievo (29 jogos – 2014/15).

Ezequiel Schelotto tem sido incansável no apoio à sua equipa através das redes sociais Fonte: Facebook Oficial de Ezequiel Schelotto
Ezequiel Schelotto tem sido incansável no apoio à sua equipa através das redes sociais
Fonte: Facebook Oficial de Ezequiel Schelotto

Uma locomotiva que não é um prodígio técnico

Ezequiel Schelotto é um futebolista que actua preferencialmente como extremo-direito, tendo como principais valências a sua velocidade, a explosividade e a capacidade física, sendo acima de tudo um jogador especialmente perigoso quando embalado de trás e com espaço para progredir no terreno.

Estas características, aliadas ao facto de ser apenas mediano em termos técnicos, tornam o internacional italiano menos habilitado para criar desequilíbrios se não tiver esse mesmo espaço, parecendo então mais indicado para explorar situações de contra-ataque, algo que já lhe mereceu o rótulo de não ser um “extremo de equipa grande”.

Nesse seguimento, talvez seja como um lateral-direito de perfil ofensivo que Jorge Jesus o imagine preferencialmente no Sporting, até porque à sua velocidade e envergadura física (1,87 metros, 81 quilos) há ainda que acrescentar a natural inteligência táctica de quem actuou tantos anos no Calcio.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

Sporting CP 3–1 Besiktas JK: Meia hora de luxo arrasou com os turcos

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Jorge Jesus deixou as poupanças de lado, apresentando o seu melhor onze, esta noite, em Alvalade. Mas o Sporting acabou por  entrar mal na partida, fazendo uma primeira parte sem chama e com muitos erros. O meio campo do Besiktas, com Ozyakup e Hutchinson, muito bem auxiliados pelo argentino Sosa, apresentava muita intensidade e tinha superioridade numérica perante a dupla Adrien-William. A juntar a isto, algumas hesitações no setor defensivo, principalmente de Naldo e Paulo Oliveira, enervaram um pouco os “leões”, que usaram e abusaram do futebol direto, onde Slimani raramente ganhou duelos aéreos perante Rhodolfo e Tosic. A defesa do Sporting esteve tão nervosa que alguns passes errados criaram o pânico perto da área de Rui Patrício e começaram a enervar também os adeptos. Depois de um cruzamento de trivela delicioso,  obra de Quaresma, em que Mario Gomez não conseguu dominar o esférico, foi Sahan a ter duas chances para inaugurar o marcador em Alvalade. Na primeira, atirou às malhas laterais, na segunda viu Rui Patrício negar-lhe o golo com uma grande defesa.

Retirando uma arrancada poderosa de William Carvalho, apenas travada em falta à entrada da área por Quaresma, e outra de Bryan Ruiz, o Sporting pouco criou em termos ofensivos. Montero esteve inoperante e Slimani muito desapoiado.  Os passes do futebol rendilhado dos “verde e brancos” raramente correram bem e, assim, Tolga Zengin, guardião turco, teve uns primeiros 45 minutos bastante tranquilos.

Na segunda parte, Jesus lançou Gelson Martins em campo, colocando João Mário no centro do terreno, com Adrien e William. O Sporting entrou bem, a jogar mais posicionado no meio campo turco, mas no final do primeiro quarto de hora da segunda metade, o Besiktas chegou ao golo. Uma perda de bola de João Pereira deixou a equipa descompensada e Quaresma, com a ala livre, cruzou de trivela para Gomez encostar na pequena área. O Besiktas ficou  em vantagem e Jorge Jesus retirou imediatamente Adrien para colocar Teo Gutiérrez, regressado após lesão. O Sporting cresceu, chegou-se à frente e empatou aos 67 minutos. Bryan abriu o livro e colocou a bola em Slimani, que se desmarcava entre os centrais. O argelino dominou em esforço e depois confirmou o empate na partida.

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Teo deu descanso aos leões e viu amarelo por um festejo incomum
Fonte: Sporting CP

O vulcão verde e branco entrou em erupção, e cinco minutos depois, Bryan Ruiz colocou os “leões” em vantagem. Depois de um toque subtil de João Mário, o costarriquenho ficou sozinho na área e fuzilou Tolga Zengin. O Sporting ficou confortável, com um grande ímpeto ofensivo, perante uma equipa do Besiktas que estava cansada e sem argumentos para contrariar a evidente superioridade leonina. A cereja em cima do bolo surgiu quando Teo Gutiérrez coroou o regresso com mais um golo. Após assistência de Gelson, o colombiano “sentou” Tosic e ainda teve tempo de perguntar a Zengin para que lado queria a bola. Depois, tirou o “spray” ao árbitro e escreveu no relvado, protagonizando um momento hilariante em Alvalade.

Até ao fim, tempo para controlar a partida e para algumas habilidades de Gelson Martins, deixando a cabeça em água aos desesperados turcos. A equipa orientada por Senol Gunes ficou totalmente perdida em campo, perante a dinâmica apresentada pelo Sporting na segunda parte.

Assim sendo, o Sporting passou em segundo lugar no grupo. Falta agora saber como é que os leões vão encarar esta competição quando começar a fase a eliminar.

A Figura:

Bryan Ruiz – O costarriquenho foi um autêntico maestro.  Na primeira parte, foi dos poucos jogadores lúcidos dos “verde e brancos”. Na segunda metade, esteve nos melhores momentos da equipa de Alvalade, fazendo uma assistência primorosa para o golo de Slimani e apontando, ele próprio, o golo que consumou a reviravolta. Bryan Ruiz deu largas à magia em Alvalade.

O Fora-de-Jogo:

João Pereira – Mais uma vez, foi o elo mais fraco. Teve uma perda de bola que resultou no golo turco e nunca conseguiu encontrar uma forma eficaz de parar Quaresma. É certo que a defesa leonina não esteve bem, mas João Pereira foi o mais inseguro.

ACF Fiorentina 1-0 CF “Os Belenenses”: Perde-se um jogo, ganha-se uma equipa

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liga europa

Muitos sonharam com outro desfecho, mas esses tantos sabiam do quão difícil seria concretizá-lo. A lei do mais forte imperou, e o mais provável acabou mesmo por acontecer: o Belenenses perdeu com a Fiorentina, e saiu da Liga Europa, sendo inútil a ajuda do Basileia, na Polónia, ao derrotar o Lech, pois seria, também, necessária a vitória dos azuis do Restelo na casa do actual vice-líder do campeonato italiano.

Porém, há muita coisa boa que Sá Pinto pode aproveitar deste jogo para mostrar aos seus jogadores na altura de os motivar, nomeadamente a forma como souberam consentir, sobretudo na primeira parte, o domínio do jogo viola, fechando espaços no último terço do terreno, impedindo situações de perigo provenientes de jogadas de bola corrida. Era um Belenenses bem organizado, sem medo da ocasião, do adversário ou do recinto.

Essa tal organização obrigou os orientados por Paulo Sousa a procurar outras vias que não as convencionais para chegar às redes de Ventura, e recorreram à bomba, por Marcos Alonso, num disparo no meio da rua que passou a rasar o poste direito da baliza do guardião português, antes de sofrer um desvio “azul”. Na sequência do canto, Babacar, ao primeiro poste cabeceou à barra e fez tremer a formação portuguesa, por instantes, até se reorganizar outra vez, ao ponto destes terem sido os dois únicos lances de perigo da Fiorentina na primeira parte.

À entrada para o segundo tempo, a atitude do Belenenses não mudou muito, mas a Fiorentina sentiu-se incomodada com a ousadia do visitante, que lhe ia ocupando o espaço de que tanto gosta para jogar e causando problemas num jogo que nem sequer era a sua prioridade (Paulo Sousa montou a equipa claramente a pensar no confronto com a Juventus, no próximo fim-de-semana, deixando Ilicic, Kalini, Bernadeschi ou Vecino no banco). Começaram a surgir dúvidas num problema que não tinham equacionado, e isso não podia ser permitido no Artemio Franchi. Assim, os viola arregaçaram as mangas e foram para o campo com outra força, atirando uma bola à barra logo nos primeiros instantes da primeira parte e, na sequência da jogada, ainda conseguiram incomodar Ventura (primeiro Alonso, depois Babacar… outra vez).

Babacar festeja com Pasquale o único golo do encontro Fonte: Facebook Oficial da ACF Fiorentina
Babacar festeja com Pasquale o único golo do encontro
Fonte: Facebook Oficial da ACF Fiorentina

Os italianos entraram transfigurados, mas ainda não era suficiente para resolver a pedra no sapato que este Belenenses, inesperadamente, estava a ser, e Paulo Sousa teve mesmo de intervir, chamando Vecino e Bernadeschi ao jogo. A dinâmica da equipa mudou para melhor, o meio-campo tinha outra harmonia e a forma como se partia para o ataque tinha mais fluidez, surgindo assim o único golo da partida, numa saída rápida para o ataque, liderada por Verdu e finalizada por Babacar, explorando bem uma das poucas deficiências que o Belenenses teve durante a partida (transição ataque-defesa mal conseguida).

A esperança, que não era assim tanta à partida, pareceu desaparecer, por instantes, mas o orgulhou tomou as rédeas do encontro e o resultado foi um Belenenses a ganhar território à Fiorentina, circulando bem a bola no reduto italiano em busca de, pelo menos, um empate que lhe desse um ânimo extra…

… mas a verdade é que não foi preciso esse golo. A atitude demonstrada pelo Belenenses durante este jogo merece todas as palmas que os seus jogadores e equipa técnica receberão na chegada a Lisboa, e dá alento para os desafios domésticos que se avizinham.

A Figura:

Joan Verdú (ACF Fiorentina) – Foi o motor da equipa viola e o principal responsável da extraordinária dinâmica do meio-campo da sua equipa, comandando um autêntico carrossel em perfeita harmonia, sabendo como se comportar em todos os momentos do jogo, fazendo uso e abuso da sua capacidade de passe para tentar causar desequilíbrios (92 % de acerto, em 64 passes) e da sua inteligência táctica para travar todas as aspirações de criação de oportunidade de perigo por parte do Belenenses. Como se não bastasse, ainda assistiu Babacar para o único golo do encontro. Um senhor jogador!

O Fora-de-Jogo:

Kuca (CF “Os Belenenses”) – Custa destacar alguém do Belenenses para este “galardão”, pela atitude dos azuis do Restelo, mas Kuca está intimamente ligado ao golo da Fiorentina, encontrando-se mal posicionado no momento de saída do adversário, falhando a antecipação a Verdu, que aproveitou para oferecer a Babacar o único golo do jogo.

Foto de Capa: Facebook Oficial do CF “Os Belenenses”

O céu ao virar da esquina

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1. É um paradoxo interessante. Nos últimos sete anos, o Benfica nem sempre fez tudo bem; embora, a bem da verdade, nunca como nesta época havia feito tudo tão mal. Para já, estes “calimeros” – como todos fomos esta semana carinhosamente diagnosticados por um iminente comentador afecto a um rival – têm presença assegurada no sorteio que reúne as melhores dezasseis equipas do futebol europeu. Tendo em conta as circunstâncias, parece-me, neste caso, que o assunto fica instantaneamente arrumado com balanço positivo: a nível desportivo, a realidade não permitirá muito melhor e, quanto a receitas, teremos já atingido valores acima do expectável, superando mesmo a prestação de contas dos plantéis com mais qualidade e quantidade das épocas anteriores.

O percurso do Benfica na Liga dos Campeões demonstra duas verdades contraditórias (que, aviso desde já, prometem ser confusas ao leitor): esta equipa, com as suas lacunas, visíveis a olho nu, é demasiado curta para a grandeza do clube e a ambição dos adeptos. Porém, isso não invalida que, mantendo esta rota de crescimento – com Renato Sanches no “onze” e os regressos de Nelson Semedo e Salvio –, seja capaz de continuar a ser competitiva lá fora e, sobretudo, ter ainda uma palavra a dizer no plano interno, onde, felizmente, não há tubarões à vista, mas onde apenas flutuam uns peixes graúdos e uns moluscos tentaculares, possíveis de serem pescados ou contornados.

Confesso que, há bem pouco tempo, era incapaz de imaginar um desfecho feliz para este campeonato; no entanto, torna-se cada vez mais impossível, vendo os jogos dos nossos principais adversários, impedir que uma luz de esperança me ilumine o distante fundo do túnel. O que me angustia verdadeiramente é a convicção consciente de que esta época, bem pensada e preparada, teria sido, muito provavelmente, o mais tranquilo passeio no parque dos títulos da minha memória.

A força inigualável dos sócios e adeptos benfiquistas é uma das "armas" que o clube não dispensa; Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
A força inigualável dos sócios e adeptos benfiquistas é uma das “armas” que o clube não dispensa
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

2. Rui Vitória tem errado? Sim, é verdade – posso até encher um bloco de notas com coisas que faria diferente. Mas tento sempre ser justo e creio, visceralmente, que o nosso treinador tem vindo a crescer com o grupo: melhorou no discurso – essencial neste patamar – e libertou-se, finalmente, da herança táctica de Jorge Jesus, começando a definir e a aplicar as suas próprias ideias de jogo com que sempre justificou um percurso célere até ao topo. Não lhe peçam, no entanto, milagres: este Atlético de Madrid de Simeone venceria o campeonato português com siestas pelo meio e só não se apercebe disso quem tem Maccabi de Tel Aviv ou Skenderbeu como termo de comparação. Rui Vitória já demonstrou que, com as “ferramentas” certas, tem as competências necessárias para nos levar às vitórias e de regresso aos títulos.

Concluo assim, recorrendo friamente à observação e à memória: a Norte, Lopetegui para estar de pedra e cal (a coberto do estatuto de aposta presidencial); aqui ao lado, é a bazófia que, normalmente, lá para o fim do jogo e do campeonato, costuma resolver a questão. Com a vantagem de Rui Vitória deter um carácter irrepreensível, como homem e profissional – e, para isso, não é necessário ir até à Albânia ou a Bilbau para fazermos comparações.

3. Sublinho a ideia de que o Benfica de hoje tem todas as condições – físicas e humanas e financeiras – para ultrapassar qualquer obstáculo com que se depare em território nacional. Poderá, eventualmente, perder um ou outro título (como se confirmou já nesta época), mas a regra, essa, terá de cumprir o destino natural e cadente feito à medida do próprio clube. Para isso, basta alavancar e tornar constante a eficácia e a eficiência da estrutura, o que, nos últimos meses não foi devidamente concretizado, devido, essencialmente, a uma alteração polémica e profunda de protagonistas e de estratégia.

Esta é, aliás, a fase por que esperei tantos anos, desde a longa recuperação do clube, iniciada na aurora do século, até à transição para a modernidade. Em nenhum sector, a força da nossa marca é, actualmente, comparável com a dos nossos rivais: como é facilmente verificável, através dos feitos e dos números. Falta, todavia, concretizar essa distância, de forma efectiva e definitiva, dentro das quatro linhas – pois a simpatia dos anunciantes (os das camisolas, da televisão ou, aguarda-se, do estádio) não durará sem glória. Será este o grande objectivo para o próximo par de anos: fazer regressar e fixar a hegemonia do Benfica no futebol português.

FC Groningen 0-0 SC Braga: À vontade, mas não à vontadinha

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O SC Braga conseguiu um saboroso empate na visita ao reduto do Groningen. Com este resultado, os bracarenses mantêm o primeiro lugar no Grupo F da Liga Europa e, por isso, são cabeças de série no sorteio da próxima segunda feira para os dezasseis avos da competição. O jogo frente aos holandeses tinha para o Braga um único objetivo: manter o primeiro lugar do grupo. Para que isso fosse uma realidade, bastava pontuar frente ao Groningen, último classificado deste agrupamento com apenas 1 ponto conquistado em 5 jogos. Competitivamente, o encontro era pouco apetecível para os portugueses e, por isso, não é de estranhar a exibição desconcentrada que os pupilos de Paulo Fonseca fizeram durante o primeiro tempo desta sexta e última jornada da Fase de Grupos.

Com Wilson Eduardo como principal surpresa no onze – Rui Fonte ficou no banco – o Braga entrou mal na partida e não raras vezes foi surpreendido pelos holandeses. O Groningen, com Linssen e Rosnak a partir das alas, instalou-se no meio campo bracarense e, fruto de um bloco alto e uma pressão intensa, controlou o ritmo da partida durante o primeiro tempo. Marcelo Goiano, lateral esquerdo adaptado fruto da ausência de Djavan, teve sempre muita dificuldade para parar os ataques holandeses, sendo que foi pelo lado direito do ataque que o Groningen foi criando perigo para Matheus. Aos 14 minutos, Hateboer ganhou as costas a Goiano e só não inaugurou o marcador porque falhou de forma inacreditável perante Matheus.

Do lado bracarense, as dificuldades na construção de jogo foram evidentes. Luiz Carlos era o espelho da incapacidade do Braga e foram vários os passes que o médio defensivo fez. Vukcevic e Rafa eram os homens mais esclarecidos e foi do sérvio que surgiu o único lance de registo no primeiro tempo. Vukcevic decidiu queimar linhas, progredir no terreno e fazer uma assistência para um remate de Alan que só Padt evitou que terminasse em golo. Esse, porém, foi apenas um lance de exceção em 45 minutos claramente dominados pelo Groningen. Aliás, até ao intervalo, só um gigante Matheus evitou que Hoesen, isolado, fizesse o 1-0.

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Crislan e Pedro Santos entraram muito bem na partida
Fonte: cidadeverde.com

Ao intervalo, pouco se alterou. O frio em solo holandês parecia continuar a congelar as ideias do Braga e, logo aos 50 minutos, o remate de Tibbling voltou a passar muito perto da baliza dos bracarenses. A verdade é que esse lance despertou a equipa de Paulo Fonseca. A partir desse momento, o Groningen foi sucumbindo à maior pressão bracarense. A entrada de Crislan foi um dos momentos que contribuiu para o crescimento exibicional da equipa. Hassan não estava a ser eficaz na missão ofensiva e o avançado brasileiro veio dar mais intensidade e dinâmica ao jogo ofensivo do Braga. Wilson Eduardo, aos 65, foi isolado por Crislan mas, somente perante Padt, não conseguiu faturar. 5 minutos após, o brasileiro não se fez rogado e, na sequência de um canto, cabeceou de forma fulminante para uma defesa tremenda de Padt.

O Sp. Braga estava por cima do jogo, dinâmico à procura de uma vitória que apenas servia para confirmar uma liderança mais do que justificada no Grupo F. Alan, Rafa e Pedro Santos – que entrou no último quarto de hora para o lugar do capitão – foram dando sempre largura e profundidade ao jogo bracarense. No ataque, a dupla Crislan/Wilson Eduardo ia criando perigo junto à defensiva holandesa. Até final, os bracarenses estiveram em três ocasiões novamente perto do golo: primeiro, o extremo formado no Sporting rematou ao lado na sequência de um livre, depois, foi a vez de Pedro Santos rematar para uma intervenção atenta de Padt; em último lugar, novamente Crislan a acertar no ferro da baliza dos holandeses.

O domínio do encontro foi repartido – primeira parte para o Groningen, segundo tempo para o Braga – mas, no que diz respeito a oportunidades de golo, fica um sabor amargo para os guerreiros do Minho depois de tanta ineficácia. Ainda assim, parece claro que, com uma atitude diferente e mais concentrada durante os primeiros quarenta e cinco minutos, os portugueses podiam com toda a naturalidade terem saído de solo holandês com mais 3 pontos no bolso. Todavia, o mais importante está feito: liderança no Grupo F e posição privilegiada para o sorteio dos dezasseis avos de final. O sonho do Sporting de Braga na Liga Europa continua em fevereiro.

A Figura:

Matheus/Padt/Crislan – Para que o nulo se tivesse mantido durante todo o encontro, em muito contribuíram os dois guarda redes. Padt e Matheus fizeram várias defesas de relevo que impediram os golos adversários. Relativamente a Crislan, é de realçar a excelente entrada em campo do avançado brasileiro. Apesar de estar apenas 30 minutos em campo, as duas bolas que enviou aos erros demonstram bem a qualidade que pôs no jogo.

O Fora-de-Jogo:

Marcelo Goiano – O lateral esquerdo adaptado foi nitidamente o elo mais fraco da exibição bracarense. Durante o primeiro tempo, Goiano nunca conseguiu parar os avançados holandeses e as dificuldades sentidas foram enormes. Na segunda parte, destaque negativo para o cartão amarelo que levou e que o impede de jogar a primeira mão dos dezasseis avos de final.

Diego Costa a brincar com o fogo

internacional cabeçalho

Em Espanha, ontem, ninguém viu o Chelsea – Porto. O grande jogo em perspetiva era o Mourinho – Casillas, esse duelo que ainda vai gerando acesas discussões em conversas de café e programas de comentário futebolístico (o que acaba por não ser algo muito diferente, diga-se). No entanto, o jogo de que mais se falou no final acabou por ser o Diego Costa – Casillas. Eu explico.

Estava tudo preparado para o Casillas – Mourinho. Um dos dois iria, pela primeira vez na carreira, ser eliminado da Liga dos Campeões ainda na fase de grupos e as câmaras estiveram sempre atentas aos momentos em que os dois se poderiam cruzar. Basta lembrar aquele tempo todo em que estivemos a ver Mourinho encostado à parede no início da segunda parte, só para assistir ao momento em que Casillas passaria por ali. É curioso como, mesmo aqui em Espanha, não se prestou grande atenção aos restantes espanhóis das duas equipas: Lopetegui, Marcano e Tello de um lado; Azpilicueta, Fàbregas, Pedro e Diego Costa do outro. Mourinho e Casillas atraíam todas as atenções.

Até na foto, Diego Costa parece querer problemas Fonte: Facebook Oficial do Diego Costa
Até na foto, Diego Costa parece querer problemas
Fonte: Facebook Oficial de Diego Costa

O problema é que Diego Costa é daqueles tipos que não gosta de passar despercebido e, ao minuto 19, decidiu roubar a cena: correu atrás de uma bola perdida que Casillas segurou tranquilamente e, apesar de a bola estar nas mãos do guarda-redes, Diego Costa achou que seria uma boa ocasião para lhe dar um toque no pé. Casillas caiu, Diego Costa viu o amarelo e os dois acabaram a discutir um com o outro. Visto de Portugal, talvez tenha parecido apenas mais um lance de Diego Costa a ser Diego Costa. Visto aqui de Espanha, foi muito mais do que isso. Foi o avançado da seleção espanhola, que nunca se conseguiu integrar nem com os colegas, nem com o estilo de jogo de Espanha, a dar um toque completamente desnecessário no capitão da seleção espanhola.

O Twitter encheu-se (ainda mais) de gente a pedir a saída do avançado da seleção e a verdade é que não faltam potenciais substitutos para o ataque de nuestros hermanos. Além de Álvaro Morata e Paco Alcácer, que têm sido habitualmente convocados, há ainda Agirretxe, Lucas Pérez e Aduriz, que já superaram a barreira dos 10 golos na Liga em apenas 14 jornadas, e também Negredo, Soldado, Llorente e Fernando Torres.

No final, Diego Costa explicou que tudo não passou de uma brincadeira: “Un poco de broma”, disse o jogador do Chelsea. A mim parece-me que Diego Costa está a brincar com o fogo.

Foto de Capa: Chelsea FC

Até já, Rogério Ceni!

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Eu conheci Ceni quando ainda era menino. Conheci Ceni quando estranhava que um guarda-redes pudesse avançar para lá da linha de meio-campo. E estranhava ainda mais que pudesse fazer golos. E golos bonitos. E em maior quantidade do que muitos jogadores da frente. E estranhava as narrações de TV, que, excitadas, clamavam: “mais um grande golo de Ceni!”. E nunca entendi aquela lealdade que quase roça a fidelidade de um cachorro. A classe que demonstrava em campo. A bondade e solidariedade para os companheiros – mesmo que fossem de outra equipa. Ceni foi o rival que os adversários odiaram amar.

Mas eu só conheci verdadeiramente Ceni quando perguntei a um amigo meu que é adepto fanático do tricolor Paulista qual era a figura maior do São Paulo. A estrela que brilha mais intensamente que as outras. Sim, porque todos os grandes clubes têm a sua estrela, por mais que outras por lá tenham passado. O Benfica tem Eusébio, o Real tem Di Stéfano, o Santos tem Pelé, o Botafogo tem Garrincha, o Flamengo tem Zico. Enfim. Ele respondeu: “Para mim? Só há um. Rogério Ceni!”. Nunca tinha pensado nisso. Foi aí que me apercebi da importância de Rogério para os São Paulinos.

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Rogério Ceni, uma lenda do mundo do futebol
Fonte: Facebook Oficial de Rogério Ceni

Enfim, eu poderia falar dos recordes pessoais de Ceni, como o de ser o décimo melhor marcador da história de um clube como o São Paulo – com 129 tentos marcados – ou o facto de ser o jogador do mundo com mais jogos realizados por um só clube – 1117 jogos – e o maior capitão da história do futebol mundial – mais de 850 jogos.

São muitos anos de fidelidade a um clube, que lhe permitiu vencer, entre outros títulos, três Campeonatos Brasileiros de Futebol (de forma seguida), em 2006, 2007 e 2008, duas Libertadores da América, duas Intercontinentais, e ainda três Estaduais. Ganhou tudo o que havia para conquistar. Só não venceu o avançar do tempo. Mas esse ninguém consegue vencer.

Foto de Capa: Facebook Oficial de Rogério Ceni

Watford F.C. – Lutar cedo e cedo manter dá descanso e permite crescer

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O Watford, equipa londrina treinada por Quique Flores, antigo treinador do SL Benfica, ocupa atualmente o nono posto da Premier League (à condição), nove pontos acima da linha de água, e está a quatro dos lugares de qualificação europeia.

Os Hornets subiram este ano à Barclays Premier League (BPL) depois de uma excelente campanha no Championship, em que alcançaram o segundo lugar (subida direta), com 89 pontos, a apenas um do surpreendente campeão, Bournemouth. Na luta pela subida mostraram ter veia goleadora. A dupla Deeney e Ighalo – 21 e 20 golos respetivamente – liderou o ataque, contribuindo, desta forma, para a equipa alcançar o segundo melhor registo ofensivo da competição, com 91 golos.

Este ano, numa competição muito mais exigente (sem querer desprezar a competitividade e a exigência do segundo escalão do futebol inglês) e com bastante mais qualidade, a equipa de Quique era uma das candidatas à dura luta pela manutenção. Para sobreviver, o treinador espanhol decidiu reforçar o plantel com jogadores de qualidade e já com alguma experiência. Trouxe, por isso, jogadores como Valon Behrami (ex-Hamburgo), Étienne Capoue, que não conseguiu vingar no Tottenham, Holebas (ex-Roma), Prodl (Ex-Bremen), Nyom (ex-Granada) e ainda adquiriu em definitivo Ighalo, que tinha estado emprestado no clube na época anterior.

A época começou com uma sempre difícil deslocação a Goodison Park, para defrontar o Everton. A partida terminou com um empate a duas bolas, com o Watford a deixar boas indicações, fazendo um excelente jogo. A dupla do meio campo, Capoue e Behrami, serviu como um autêntico tampão, provocando ao Everton muitas dificuldades nas transições pelo meio e na troca de bola. Aliás, a equipa de Liverpool só não perdeu porque Koné assinou um excelente golo ao minuto 86.

O início de época foi, no entanto, muito difícil para os recém-promovidos. Seguiram-se dois empates a zero em casa, com o West Brom e os Saints, e uma derrota, por duas bolas a zero, no reduto do Manchester City. A primeira vitória só surgiu à quinta jornada, no Vicarage Road, frente ao Swansea, por 1-0. A partir daqui, a performance dos Hornets melhorou e, nas dez partidas seguintes, obtiveram cinco vitórias, um empate e quatro derrotas (frente ao Palace, ao Arsenal, ao United e ao espetacular Leicester City). O sucesso deve-se, principalmente, à qualidade defensiva que a equipa do treinador castelhano tem demonstrado.

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A dupla de atacantes, Deeney e Ighalo, continua a render
Fonte: Watford FC

O Watford apresenta normalmente uma defesa composta por Gomes na baliza (guarda-redes muito experiente e conhecedor do futebol inglês) e por uma linha de quatro defesas: Nyom na direita, Cathcart como primeira opção para o centro da defesa, Aké/Britos, ou por vezes Prodl ao seu lado, e Anya na esquerda (sendo que o holandês cedido pelo Chelsea também já fez a posição). Além disso, Capoue, que está a fazer uma excelente época, e Watson, que está em grande forma e suplantou Behrami, ficam no meio campo, onde colaboram também no trabalho defensivo. Deste modo, a equipa é atualmente a sexta melhor defesa do campeonato, a par do Manchester City, com 16 golos sofridos.

Para além da defesa, a já referida dupla de atacantes, formada por Troy Deeney e Odion Ighalo, continua a render, e, juntos, já levam 12 golos (oito do nigeriano e quatro do inglês). São jogadores que trabalham muito bem juntos e, além de atacar, ajudam a defender. Demonstram qualidade no transporte de bola, especialmente Ighalo, e são muito fortes fisicamente, o que lhes dá maior presença na área.

Poderá, por tudo isto, dizer-se que a época está a correr muito bem e que os adeptos estarão certamente satisfeitos com o desempenho da equipa. Quanto mais cedo garantirem, teoricamente, a manutenção (leia-se: quanto mais cedo obtiverem uma vantagem tranquila sobre a linha de água), mais cedo poderão começar a preparar a próxima época, sem o sobressalto da despromoção. Uma época tranquila permite que os jogadores ponham em campo todo o seu futebol, possibilita o crescimento da equipa, evita nervosismos e problemas de balneário causados pelo medo e pela frustração da possibilidade de descida.

Em suma, se assim se confirmar, e se os Hornets conseguirem a tão desejada época tranquila (não acredito que sejam candidatos à qualificação europeia), poderão começar a procurar, finalmente, assentar no escalão de topo do futebol inglês. Os londrinos têm uma equipa muito interessante, onde jogadores como Deeney, Ighalo, Capoue, Nyom e Cathcart são claramente pedras fulcrais e com as quais se pode formar a base de uma boa equipa. Têm ainda outras opções de grande qualidade, tais como Watson, Abdi, Anya e Berghuis.

Quique Flores parece ter encontrado o seu lugar, está a fazer um excelente trabalho e está a orquestrar aquela que é, na minha opinião, além do Leicester, a melhor surpresa da época.

Foto de capa: Watford FC

Chelsea FC 2-0 FC Porto: Um confuso adeus à Liga dos Campeões

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Jogo crucial em Stamford Bridge, Porto e Chelsea disputaram uma vaga nos oitavos de final da Liga dos Campeões. Ao longo do dia já havia uma má notícia para os Dragões – André, lesionado, não ia a jogo. Herrera seria o principal substituto e provavelmente ocuparia um lugar no meio-campo descaído para a direita já que se esperava (pelo menos eu) que jogasse em 4-4-2. Mas para surpresa de todos o Porto apresentou-se em campo com 3 centrais e sem ponta-de-lança, formando uma espécie de 3-5-2 defensivo. Jogaram Indi, Marcano, Maicon, e nas laterais Maxi e Layun. O meio-campo seria a cargo de Danilo, Imbula e Herrera – não houve espaço para Rubén Neves – e o ataque estaria entregue a Corona e Brahimi.

O jogo começou com o Porto com vontade de ir para a frente fazendo com que o jogo ficasse muito combativo devido à parede defensiva do Chelsea mas rapidamente o plano de criar uma muralha defensiva ao Chelsea cai por água abaixo quando num lance de contra-ataque aos 12’ Marcano faz auto-golo num lance infeliz para os portugueses. Mas quando não acontecem lances infelizes ao Porto de Lopetegui?

A partir daí o Chelsea ficou confortável no jogo e o Porto ficou logo condicionado no jogo. Mas a estratégia de Lopetegui foi a principal causa da pobreza atacante portista. Sem ponta-de-lança para fazer de pivot, não havia forma de os extremos subirem no terreno já que eram estes que tinham de ir buscar a bola a zonas recuadas do terreno. Maxi e Layun nunca conseguiram dar a profundidade que um 3-5-2 tem de ter, ficando o Porto a jogar mais em 5-3-2. Das poucas vezes que o Porto chegou com a bola perto da área nunca conseguiu fazer perigo real pois não havia ninguém a entrar na zona de remate e isto transformou o ataque do Porto num grande zero. Exemplo disso foi um lance aos 31’ em que Corona podia ter cruzado e não o fez porque não tinha companheiros na área; enquanto esperava que chegassem reforços a equipa do Chelsea reposicionou-se. Era desesperante.

O jogo foi sendo sempre controlado pelos londrinos, que eram venenosos no contra-ataque. O Porto apresentou posse de bola acima dos 60%, mas absolutamente infrutífera. No outro jogo o Dínamo ganhava e a sorte sorria-lhes. Lopetegui ao longo da sua estadia no Porto já teve vários erros de estratégia mas assumo que muitas vezes concordo com a sua leitura no decorrer do jogo. Desta vez optou por deixar tudo igual para a 2ª parte, não se percebe!

Maicon não conseguiu impedir o primeiro golo Fonte: Champions League
Maicon não conseguiu impedir o primeiro golo
Fonte: Champions League

A 2ª parte começou como um “copy & paste” da primeira; Porto com bola em zonas recuados do meio-campo, bem longe da baliza e sem ter uma referência no ataque. Corona e Brahimi – os homens mais avançados dos portistas – viam-se frequentemente no meio-campo defensivo a vir buscar bola, os laterais pouca profundidade davam e o ataque era um deserto de atacantes. Tudo igual e o Basco não mexeu. Aproveitaram os ingleses, que aos 52’ marcaram por intermédio de Willian num grande remate em que Casillas parece não ter culpa. Aliás, até foi um jogo bem conseguido do guardião portista.

Já pouco havia a fazer. Então, só aí, o treinador mexeu na equipa. Entraram Aboubakar e Rubén Neves (que deve andar confuso por estes dias; umas vezes joga, outras não). Deviam ter estado na equipa inicial! Corona e Brahimi lutavam contra dois e três jogadores do Chelsea ao mesmo tempo, ora na linha, ora na área, ora no meio-campo. Só mesmo o talento individual fazia com que saíssem de situações complicadas, já que colectivamente o Porto foi curto e de pouca mobilidade.

Pouco se alterou, o jogo. O Porto apesar de ter mais profundidade nunca criou perigo e continuou a consentir contra-ataques perigosos ao adversário. Os centrais não sabiam quem marcar e foram apanhados várias vezes desposicionados e isto é culpa de Lopetegui.

A entrada de Tello aos 71’ deu alguma velocidade ao jogo mas o resultado estava feito. Não havia nada a fazer nesta noite. Fica a nota para um Chelsea que não está bem, algo que se notou no jogo. A falta de posicionamento portista foi tão gritante que contra uma equipa que estivesse em pico de forma podia ter dado um resultado embaraçante. O basco teima em não perceber que se a realidade não segue a teoria a culpa é da teoria e não da realidade. A ideia de Lopetegui era ter segurança defensiva para os contra-ataques ingleses e ter os laterais a dar profundidade. Enganou-se porque não analisou bem a equipa do Chelsea e porque não percebeu que jogar sem avançado só está ao alcance de equipas absolutamente rotinadas e mecanizadas.

No outro jogo diz-se que o Dínamo não fez um bom jogo e que podia ter sofrido golos. A sorte não quer nada connosco mas nós também andamos a afastar-nos dela. Golpe duríssimo à saída prematura da Liga dos Campeões; não estamos habituados a isto. O Porto vai ter que se “vingar” no campeonato se não o resto do ano vai ser penoso para todos e em especial para o treinador.

A figura:

Brahimi – um poço de criatividade numa equipa cinzenta. Correu muito e mexeu com o jogo.

O Fora-de-jogo:

Imbula – teve boas arrancadas mas foi vítima da confusão Lopeteguiana, por isso esteve escondido no jogo.

Foto de capa: Chelsea FC