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Grzegorz Krychowiak – O porta-estandarte de uma nova era no futebol polaco

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Legia Varsóvia, Widzew Lodz e Wisla Cracóvia eram nomes que punham em sentido qualquer adversário aquando dos sorteios para as diferentes competições europeias durante as décadas de 1970 e 1980. Foi precisamente durante os anos 70 que teve lugar a era dourada do futebol polaco, durante a qual, a reboque de jogadores como Kazimiers Deyna, Robert Gadocha, Grzegors Lato e Zbignew Boniek, o futebol das águias brancas do leste europeu tomou de assalto a modalidade no velho continente.

Os ventos de mudança trazidos pela Perestroika de Mikhail Gorbachev e pela luta do Solidarnosc de Lech Walesa em conjunto com a queda do governo autoritário do General Jaruzelski em 1990 marcaram também, de forma profunda, o futebol polaco, que só esporadicamente tem conseguido erguer-se novamente e, de certa forma, atrever-se a reclamar o tempo perdido no panorama da modalidade no continente europeu.

Grzegorz Krychowiak – O bravo guerreiro andaluz  Fonte: Página do Facebook do Krychowiak
Grzegorz Krychowiak – O bravo guerreiro andaluz
Fonte: Página do Facebook do Krychowiak

Todavia, o futebol polaco está novamente a atravessar um momento bastante positivo, não propriamente às expensas das equipas que compõem a sua liga nacional, mas sim graças à vasta legião de jogadores polacos que fazem parte dos plantéis de grandes equipas por essa Europa fora.

Adam Nawalka, o homem que assumiu o controlo da selecção polaca em 2013, veio pôr fim a vários anos de inconsistência e de alguns resultados que roçaram a mediocridade, conseguindo de certa forma captar aquela essência que fez a Polónia afirmar-se nas décadas de 1970 e 1980. Nawalka tem introduzido na equipa alguns jovens jogadores e outros mais experientes, que actuam na Ekstraklasa, numa clara tentativa de relançar o futebol dentro daquela imponente nação do leste europeu.

Apesar de todos os seus esforços, são ainda os jogadores que jogam fora do seu país que têm dado grandes alegrias (a Polónia ocupa o primeiro lugar no Grupo D de apuramento para o Euro 2016) aos exigentes adeptos polacos. Um desses homens é do Sevilha, dá pelo nome de Grzegorz Krychowiak e ganhou recentemente a Liga Europa ao serviço da equipa andaluza. O médio defensivo de 25 anos é definitivamente um dos melhores do mundo a jogar na sua posição e foi um elemento de vital importância na equipa de Unai Emery esta temporada. Krychowiak chegou a Sevilha no Verão passado, vindo do Stade de Reims, e passou de um mero médio defensivo, extremamente regular, ao segundo jogador mais cotado da Liga Europa, de acordo com as estatísticas do website whoscored.com. Krychowiak é o pêndulo da equipa sevilhana. Sabe sair a jogar desde trás, tem um posicionamento em campo quase perfeito, recupera bolas como ninguém e tem uma inteligência muito acima da média dentro das quatro linhas, algo que lhe permite ler o jogo de forma quase sempre certeira, antecipando com isso as jogadas dos adversários.

Krychowiak nasceu em Gryfice, uma cidade situada na belíssima região da Pomerânia, e, ao contrário daquilo que se possa pensar, embora gostasse de futebol, não fazia tenções de ser jogador profissional. Foi graças à insistência do seu irmão, que já lhe reconhecia talento por essa altura, que se inscreveu na academia do Orzeł Mrzeżyno. Alguns anos mais tarde, o então jovem Krychowiak mudou-se para o Arka Gdynia, uma equipa com pergaminhos no futebol polaco, e as suas boas exibições despertaram o interesse dos franceses Girondins de Bordeaux, clube pelo qual assinou em 2006 e do qual fez parte até 2012, ainda que na maior parte desse tempo tenha jogado por empréstimo no Stade de Reims e no Nantes.

Krychowiak, o homem a quem Unai Emery entregou os comandos do meio-campo sevilhano  Fonte: Página do Facebook do Krychowiak
Krychowiak, o homem a quem Unai Emery entregou os comandos do meio-campo sevilhano
Fonte: Página do Facebook do Krychowiak

Em dois anos apenas, tudo mudou para o poderoso médio polaco, primeiro no Stade de Reims e esta época no Sevilha. Krychowiak puxou dos galões e provou ser uma das melhores contratações da Liga Espanhola na temporada que agora chegou ao fim, e começou também a ser uma presença de peso na selecção do seu país. O médio, que marcou na final de Varsóvia na passada quarta-feira, é agora um dos alvos do Real Madrid para a próxima época, mas uma mudança para a capital espanhola não parece estar nos planos futuros do jogador polaco, que afirmou recentemente querer continuar ao serviço dos andaluzes e até dispensou algum do seu tempo para cantar um hino sevilhano e colocá-lo na sua conta pessoal no Twitter.

Krycho é o porta-estandarte de uma nova e ambiciosa geração de talentosos jogadores polacos, da qual fazem parte, entre outros, Robert Lewandowski, Arkadiusz Milik, Kamil Grosicki, Lukasz Teodorczyk e Michal Kucharczyk, e que irá seguramente tomar o futebol do velho continente de “assalto” e quem sabe devolver ao futebol do seu país aquela mística que se perdeu algures no tempo, há mais de um quarto de século.

Foto de Capa: Página do Facebook do Krychowiak

Que a ganância não nos vença

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Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e… Invicta. Gosto de pensar que a cultura do norte é diferente. Gosto de pensar que os gentios do norte são mais agressivos (no bom sentido), mais aguerridos, não dão uma luta por perdida. E que berram e reclamam quando as coisas não correm bem.

Gosto de pensar que os jogadores do norte suam sangue, morrem em campo, dão-se ao clube por amor à camisola. E que isso não chega para vencer mas já é o suficiente para assustar o adversário. Gosto ainda de pensar que o habitat natural de um dragão é um temido covil e que nem a princesa, que neste caso é redonda, vale o inglório esforço de quem a tenta raptar.

Na vida desportiva todos ganham e todos perdem. A perfeição não existe e estaria a ser demasiado injusto se não compreendesse a dificuldade que é jogar com obrigação de vencer. Não há como roubar títulos à cidade mas que ela sirva de inspiração por bons e largos anos. Cem, se puder ser.

Quero “fechar” a época desportiva com esta crónica. E pedir ao Futebol Clube do Porto que procure ser invicto. Invicto na vida, na sociedade, no contexto onde está inserido. Que não se cinja apenas à nomenclatura de “máquina de fazer dinheiro” mas que procure recordar-se de que, acima de tudo, é um clube de futebol. E um clube de futebol é composto pela SAD, pelo treinador, pelos jogadores… e pelos adeptos.

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Pedroto e Pinto da Costa: uma dupla imbatível
Fonte: fcporto.pt

O Futebol Clube do Porto, como o próprio nome indica, é um clube desportivo. Um clube do povo e para o povo, impulsionador de uma rivalidade história. Porquê? Porque foi competente. Porque foi rigoroso. Porque ambicionou voar mais alto e, acima de tudo, foi um apaixonado. Apaixonou-se pelos títulos, pelo Olimpo do futebol. Conheceu os deuses e com eles travou amizade.

Assim, quero hoje pedir que o dinheiro que se encaixou na Liga dos Campeões não seja motivo de satisfação. É fundamental para um alívio económico e nada mais. O Futebol Clube do Porto tem de ser capaz de mais, muito mais. Não pode ser apenas uma “máquina de fazer dinheiro”. Não pode ser burguês. Não pode defender-se com os títulos do passado.

No fundo… tem de se manter invicto a vícios do presente. E que a ganância não nos vença.

Foto de capa: fcporto.pt

O desafio de jogar numa Equipa B – Entrevista com Pité

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Luís Pedro de Freitas Pinto Trabulo, mais conhecido por Pité no mundo do futebol, juntou-se ao Bola na Rede para uma grande conversa sobre ele e sobre futebol. O jovem jogador contou como é jogar numa equipa B, a diferença para as outras equipas e falou também do seu futuro e dos jogadores da equipa B que podem vingar na equipa principal do FC O Porto.

Bola Na Rede (BnR): Desde sempre quiseste ser jogador de futebol?

Pité (P): Desde que me lembro é a coisa que mais gosto de fazer. E claro que, se me perguntassem o que queria fazer da minha vida, respondia ser jogador de futebol, porque para um miúdo que pratica e vive intensamente a modalidade, chegar a esse patamar é o sonho, que no meu caso se concretizou.

BnR: Achas que tens o que é preciso para jogar na Primeira Liga?

P: Acho que sim, o meu objetivo é esse!

BnR: Qual é que é tua liga favorita?

P: As duas ligas profissionais portuguesas são as que acompanho com mais regularidade, mas quando posso gosto bastante de ver a liga espanhola e a inglesa.

BnR: Tens interesse em jogar em algum clube estrangeiro em especial?

P: Não tenho nenhum clube em concreto… Respondo dizendo que ambiciono jogar num clube de Champions League.

BnR: Quem foi o jogador do FC Porto B que te impressionou mais?

P: Pergunta difícil… Todos os meus colegas têm as suas características únicas capazes de impressionar qualquer um. Mas se calhar o Gudiño, por ser tão jovem e já apresentar uma segurança tão grande na baliza, faz defesas do outro mundo.

BnR: Achas que o Diego Reyes tem o que é preciso para triunfar na equipa A do Porto?

P: É uma posição com concorrência muito forte na equipa do FC Porto. Mas acredito que quando tiver oportunidades vai mostrar a sua grande qualidade.

BnR: Notaste diferenças entre o Beira-Mar e o FC Porto B?

P: Claro, todos os clubes são diferentes. E, como é natural, mudar-me para um clube com a dimensão do Porto requer uma pequena adaptação pois é uma realidade diferente. Em termos das condições que nos são dadas pelo clube, dão-nos tudo para que consigamos estar sempre no nosso melhor e para que tentemos atingir o nosso rendimento máximo.

Pité em acção no Beira-Mar Fonte: Facebook de Pité
Pité em acção no Beira-Mar
Fonte: Facebook Oficial de Pité

BnR: Achas que o Luís Castro podia ter sucesso na Primeira Liga?

P: Sim, e vendo a forma como trabalha acho que irá chegar a outros patamares!

BnR: Quais foram as coisas em que mais melhoraste este ano, futebolisticamente falando?

P: Sinto que estou a evoluir bastante em termos táticos, em saber que zonas do campo devo percorrer em cada posição que desempenho na equipa

BnR: Achas que o Victor Garcia podia substituir o Danilo?

P: Quando o Danilo sair, o FC Porto está muito bem servido de laterais direitos na equipa B- Não só o Garcia como o David têm grande qualidade e acredito que podem chegar ao nível do Danilo.

BNR: Qual a posição em que te sentes mais confortável a jogar?

P: Sou médio ofensivo de raiz, mas também gosto de jogar a médio interior ou a extremo.

BnR: Que achas do ressurgimento das equipas B?

P: Acho que é um espaço privilegiado para jovens oriundos tanto da formação do clube ou, como eu, de outros clubes continuarem a desenvolver-se num nível já bastante exigente como a segunda liga, sendo acompanhados de muito perto pelos responsáveis da respetiva equipa A.

Pité foi um dos destaques do Porto B Fonte: Facebook de Pité
Pité foi um dos destaques do Porto B
Fonte: Facebook Oficial de Pité

BnR: Qual o jogador do plantel principal do FC Porto que mais te impressionou?

P: Fiz alguns treinos com a equipa A, mas respondo a essa pergunta baseando me mais nos jogos que vi. Gosto muito do Herrera, Brahimi e do Jackson.

BnR: Achas que o Gonçalo Paciência pode ser o número 9 que a seleção portuguesa busca desde a retirada internacional do Pauleta?

P: Para além da qualidade que está à vista de todos, é muito jovem, com uma margem de progressão enorme e acredito que breve vai ser uma realidade na seleção.

BnR: Tens alguma finta favorita?

P: Sim, tenho uma que gosto bastante de fazer, em que a bola está colada a relva e faço uma espécie de colher para fazer a bola passar por cima do defesa. (Video da finta disponível AQUI)

BnR: Achas que o futebol português precisa de reforçar a aposta em jogadores portugueses?

P: Acho que sim, já está mais que provado que o jovem português tem qualidade para jogar ao mais alto nível.

BnR: Qual é que é para ti o melhor onze do campeonato português?

P:

Sem Título

BnR: O que achas da criação da UEFA Youth League? Achas que foi o pedaço que faltavam para o desenvolvimento de jovens futebolistas?

P: Acho que é importante uma competição que os aproxime de uma outra realidade que são os jogos internacionais, que normalmente só se conseguem em torneios de verão ou final de época. E dá-lhes outra perspetiva do futebol que se desenvolve para lá de Portugal.

BnR: Encontras jogadores nas equipas B do Sporting e do Benfica com potencial?

P: Mais uma pergunta difícil. As equipas B estão recheadas de jogadores de enorme qualidade sendo muito difícil prever quais os jogadores que se vão destacar. Dos encontros que já tive com ambas as equipas destaco o Tobias Figueiredo, que agora se tem afirmado na equipa A do Sporting, e do lado do Benfica talvez o Hélder Costa.

BnR: Dos jogadores que se encontram retirados, sentes mais saudades de ver jogar quem?

P: Ryan Giggs.

BnR: Achas que com Julen Lopetegui o FC Porto pode vir a apostar mais na formação?

P: Acho que começar com a promoção do Ruben Neves a equipa principal já é razão para acreditar que sim. Mas também com situações mais recentes, como a do Gonçalo ou do Ivo. O Ivo porque antes de ser emprestado tinha-se estreado na equipa principal.

Foto de capa: Facebook Oficial de Pité

A nossa sustentabilidade: isto tem de dar mais!

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Acabou o campeonato, e a época desportiva 2014-2015 caminha a passos largos para o final. No que se refere à juventude e à formação existem alguns nomes que é obrigatório destacar, contudo ficamos com a sensação de que poderia ou deveria haver mais jovens a ser destacados em artigos desta natureza. Sobretudo jovens formados em Portugal que se vão afirmando, oferecendo corpo ao espetáculo e dando sustentabilidade à prova.

Há algo que é de difícil compreensão: como é que o nosso campeonato e as restantes provas (assim como as nossas seleções) desejam sobreviver de forma sistematicamente insustentável no que se refere à entrada de novos jogadores? Insustentável no sentido em que é a partir do desenvolvimento de novos e de jovens valores que se pode conferir sustentabilidade ao sistema. Clubes, campeonatos e seleções só existem porque existem atletas para jogar, e é evidente que em Portugal é fundamental reforçar esta questão.

A forma como em Portugal se contorna este assunto é, desde há largos anos, a aposta no menor esforço e no menor dispêndio de recursos: contratar barato ou muito caro no estrangeiro. Comprar feito e com risco intermédio. Gerar dívida atrás de dívida. Isto é algo que não deixa de ser interessante para um país sem dinheiro. Assim, vamos bloqueando a formação, vamos dando espaço a agentes que já chegam formados e vai-se agravando a dívida e o passivo. A entrada de jovens atletas formados em Portugal continua com números baixos, mas endividamento e prejuízo das organizações tende a manter-se alto. Isto é insustentável.

Para que haja uma estrutura sustentável é necessário que a própria organização se consiga reproduzir, que consiga gerar recursos dentro de si mesma e sustentar os seus pilares. Uma forma de o fazer passa sobretudo por formar jovens atletas e formar os mesmos com as qualidades necessárias para que os mesmos consigam, a curto ou médio prazo, assumir o espetáculo para o qual estão a ser encaminhados.

Pois formar por formar não faz sentido, lançar talento para o “lixo” faz ainda menos. Gerar dívida porque não nos apetece perder tempo e ter trabalho é simplesmente patetice. É urgente tornar as nossas provas e as nossas estruturas sustentáveis, é urgente cobrir saídas e retiradas com jovens atletas, com atletas de qualidade e com atletas formados nos nossos clubes. É fundamental formar para o clube, formar para o todo competitivo.

O nosso futebol, o nosso modo de operação, as nossas estruturas e as nossas dinâmicas não são sustentáveis. A liga portuguesa não é a liga inglesa nem tampouco a liga espanhola. Se queremos chegar ao topo há que revitalizar, há que saber reproduzir o sistema, e sobretudo saber reproduzir bem e com uma evolução constante positiva. Ou seja: reprodução, rejuvenescimento e melhoria contínuas.

É fundamental que a Federação Portuguesa de Futebol, a Liga de Clubes e os próprios clubes compreendam que é necessário revitalizar, dinamizar e sustentar o nosso sistema. E sim, pois claro, vivemos num país “falido” com um futebol que vive acima das fracas possibilidades financeiras. Ora, se assim é, há que olhar para dentro e pensar que o futuro sustentável está aqui mesmo dentro de nós. Olhem para a pequena “mina de ouro” que brota através dos relvados e pelados deste país e criem uma dinâmica sustentável que nos faça crescer e ganhar.

Hélio Sousa à conversa com os internacionais sub-20 portugueses Fonte: FPF/Célio Agostinho
Hélio Sousa à conversa com os internacionais sub-20 portugueses
Fonte: FPF/Célio Agostinho

Quanto aos nomes que se destacaram nesta época desportiva, creio que esta edição 2014-2015 da liga nos revelou alguns jovens que certamente vamos seguir com expectativa no futuro. Rúben Neves e Hernâni são dois dos jovens mais entusiasmantes que podemos encontrar nos grandes e que nesta época ganharam espaço e visibilidade. Gonçalo Paciência e Gonçalo Guedes têm deixado apontamentos extremamente positivos, mas há que saber esperar. Seria positivo ver mais juventude e qualidade desta nos três grandes do nosso futebol.

Pizzi, André André, Bruno Moreira, Ricardo Valente, Miguel Rosa e Marco Matias já não são “benjamins” – estão entre os 24 e os 27 anos de idade – contudo são jovens formados em Portugal e que nesta época se afirmaram desportivamente. Penso que estes rapazes indicam o caminho que podemos percorrer. Demonstram sobretudo que há qualidade e potencial – algo que, apesar das “trapalhadas”, Portugal nunca deixou de ter.

Tomané e Alex continuam a ser nomes a ter debaixo de olho; a boa regeneração do Vitória de Guimarães dependeu em boa parte, entre outros nomes, destes dois jovens. Ederson Morais e Diego Lopes, não sendo portugueses, fizeram grande parte da formação em Portugal. Com a camisola do Rio Ave tornaram-se dois dos mais promissores futebolistas do nosso campeonato. Merecem espaço de destaque, sem dúvida. A qualidade não engana.

Zé Luís apenas chegou a Portugal como Júnior para representar o Gil Vicente. Mas também ele é um dos nomes mais fortes da liga portuguesa. Continuaremos a ouvir falar em Zé Luís? 2015-2016 o dirá.

Por fim, gostaria de destacar Danilo Pereira. Jovem com reconhecido valor desde há alguns anos. Com apenas 23 anos já experimentou Itália, Grécia e Holanda. Sem razão aparente não teve espaço em Portugal e andou em tais aventuras pela Europa. Voltou a Portugal para vestir a camisola do Marítimo e é hoje, na minha opinião, um dos melhores médios defensivos do futebol português. Talento, intensidade e potenciais elevados fazem dele um jovem promissor. Será que “chegará lá”? Veremos o que o futuro lhe reserva.

Apesar de aqui encontrarmos diversos nomes com talento e com um potencial bastante assinalável, creio que com um plano de desenvolvimento sustentável e uma reforma no futebol português profissional e de formação seria natural assistir à multiplicação de jovens em destaque. Não querendo ser pessimista penso que atualmente o cenário poderia ser melhor e tenho a certeza de que a nossa realidade poderia “dar mais”. É tudo uma questão de reflexão e ação. Pensem nisso.

PS: A seleção nacional de sub-20 está prestes a entrar em ação no Campeonato do Mundo de sub-20. O passado recente deste grupo de trabalho e o plantel atual permitem antever um bom desempenho. Contudo, o mais importante passa por observar o crescimento dos jovens que dão corpo aos sub-20. Estamos perante um grupo que nos pode devolver esperança; vejamos se todos os interessados vão fazer o trabalho de casa.

Foto de Capa: Federação Portuguesa de Futebol

Giro d’Italia: Alberto Contador dominou

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O Giro d’Italia terminou ontem após 21 dias de puro espetáculo. No começo da primeira das três grandes voltas da temporada partiam como grandes favoritos à vitória final o espanhol Alberto Contador, que viria mesmo a conquistar a prova pela 2.ª vez (na prática ganhou três, mas perdeu uma na secretaria) na sua carreira, o australiano Richie Porte, que a certa altura as casas de apostas deram como grande favorito a ganhar o Giro, e Fabio Aru, que esteve quase para não participar devido a problemas estomacais e acabou mesmo por terminar em 2.º lugar e conquistar ainda 2 etapas. Contudo, houve muito, mas muito mais espetáculo naquela que para mim foi uma das melhores grandes voltas dos últimos anos.

Os melhores do Giro 2015:

  • Alberto Contador – o espanhol, que desde cedo disse publicamente que estava apenas a 80/85% das suas capacidades, isto, claro, tendo em vista o Tour, dominou por completo a prova italiana. Quase sempre sozinho contra 2, 3 ou mesmo 4 elementos da equipa Astana, Contador conseguiu na grande maioria das vezes dar excelente conta de si; não fosse a etapa número 20, onde o espanhol esteve em clara quebra e chegando mesmo a perder mais de 2 minutos para Fabiu Aru, e a vantagem seria acima dos 4 minutos. Não posso deixar de destacar a etapa número 16, que ligava Pinzolo a Aprica, onde Alberto Contador realizou uma das melhores exibições de ciclismo a que alguma vez assisti. Chapeó, Alberto Contador.
  • Mikel Landa/Fabio Aru – a dupla da Astana apresentou-se em grande nível durante toda a volta a Itália, excetuando uma ou outra ocasião, alias como tem vindo a ser habitual nos últimos anos no pelotão internacional, Fabio Aru e Mikel Landa, não fosse o tempo perdido no contrarrelógio, área onde ambos tem claramente que melhorar, poderiam ter complicado bastante a vida a Contador. Aru e Landa são, na minha opinião, os sucessores de Vincenzo Nibali e Alberto Contador, respetivamente.
  • Andrey Amador – o ciclista da Movistar, contra todas as expectativas, conseguiu alcançar um fabuloso 4º lugar; sem realizar nenhuma grande exibição, Amador fez da consistência a sua grande arma, chegando mesmo a certo ponto assaltar o pódio.
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Contador (rosa) dominou a grande maioria da Volta a Itália.
Fonte: Facebook Oficial Alberto Contador

Resta-me ainda neste capitulo atribuir algumas menções honrosas: Ryder Hesjedal – Os anos parecem não passar para o canadiano. Realizando uma corrida em crescendo de forma, conseguiu um honroso 5º lugar,; Giovanni Visconti – Quando mutios pensavam que a camisola de melhor trepador iria para Benat Intxausti ou Steven Kruijswijk, o italiano surpreendeu e conquistou, desta forma, a Maglia Azzurra ; Philippe Gilbert – o belga, que não se conseguiu impor nas clássicas das Ardenas,  parece estar de volta à boa forma a e venceu 2 etapas em solo italiano.

Os piores do Giro 2015:

  • Richie Porte – o australiano, que, até aqui, vinha a realizar uma excelente temporada, não conseguiu aproveitar a grande, e vamos ver se não única, oportunidade de conquistar uma grande volta; Acabando mesmo por desistir da prova, Porte pareceu acusar bastante a pressão e nem o motorhome (secção de luxo do autocarro construído propositadamente para o Giro) conseguiu ajudar o australiano. Azares a mais para um ciclista que pretende conquistar uma prova de 3 semanas.
  • Astana – A equipa cazaque, liderada por Alexandre Vinokourov, não pode estar contente com a sua prestação; mesmo tendo em linha de conta que conquistou 5 etapas e colocou 2 ciclistas no pódio, penso que, se tivesse “jogado” de forma mais inteligente, poderia ter conseguido levar Aru ou Landa, talvez esta duvida tenha sido o grande problema, à conquista do Giro.

Uma pequena nota ainda para André Cardoso: o ciclista português voltou a fechar topo 25 numa grande volta, mais precisamente no 21º lugar. Mais uma excelente prestação de André Cardoso.

Foram 3 semanas de puro espetáculo! Como disse anteriormente, o Giro d’Italia de 2015 foi uma das melhores grandes voltas dos últimos anos.

Resta-nos agora ansiosamente esperar pelo Tour de France; Froome, Nibali, Quintana, Contador e ainda o nosso Rui Costa prometem não defraudar as expectativas.

Fotode Capa: Facebook Oficial Giro d’Italia

Sporting 2-2 SC Braga (3-1 gp): Vitória ao leme do lema do leão

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Esforço, Dedicação, Devoção e Glória: provavelmente as quatro premissas que guiam o leão nunca fizeram tanto sentido como depois do jogo de hoje. Numa glória titânica, com 120 minutos e tantos capítulos para contar, foi o Sporting quem procurou mais a felicidade de ser feliz. E no final, a Taça acabou mesmo por lhe sorrir. E com todo o mérito.

Mas vamos por partes: esta final da Taça de Portugal tem tudo para ser recordada como uma das melhores da história. Em primeiro lugar, porque as equipas deram tudo; em segundo, porque houve emoção até ao último instante e por último, porque no fim, acabou por vencer quem mais fez por isso. Ainda assim, no meio do enredo desta final absolutamente imprevisível, é impossível não olhar para esta batalha entre leões e bracarenses como um jogo onde a sucessão de erros de parte a parte foi evidente em toda a linha. Do lado sportinguista, Marco Silva optou pelo seu onze de gala, colocando Cédric a titular, remetendo Miguel Lopes e colocando Islam Slimani em vez de Montero na frente de ataque. No SC Braga, Sérgio Conceição optou pelo clássico 4x2x3x1, colocando Mauro e Luiz Carlos à frente do quarteto defensivo, procurando reduzir ao máximo um dos pontos mais fortes dos leões: o jogo entre linhas. No ataque, Pardo e Rafa procuravam sempre que possível a transição, deixando Rúben Micael como a principal muleta de apoio ao ponta de lança Éder.

Ainda assim, e apesar da estratégia previsivelmente defensiva, o que é facto é que coube ao Sporting as rédeas da partida nos primeiros minutos. Com uma pressão alta e um bloco subido, os instantes iniciais trouxeram um Braga claramente apostado a jogar em transições rápidas. E foi dessa forma, a apostar mais no erro do adversário do que a procurar criá-lo, que o Braga chegou à vantagem: do lado esquerdo, Djavan ultrapassou tudo e todos e deixou Cédric com a única opção de o derrubar. Dentro da área, Marco Ferreira não teve outra oportunidade que não a expulsão do lateral leonino. Na conversão do castigo máximo, Éder não falhava perante Rui Patrício e na primeira bola que enviava à baliza, o Braga adiantava-se no marcador. O golo mexeu com o jogo e com as equipas: o Braga tranquilizou-se, assentou jogo e o Sporting, sem nada que o fizesse prever, reduziu a intensidade do seu jogo. No banco, Marco Silva cometeu um erro primário, ao colocar Miguel Lopes no relvado para retirar João Mário do miolo. Do meu ponto de vista, o treinador sportinguista cometeu um erro primário em termos táticos. Quando mais precisava do meio campo, Marco Silva perdeu-o ao retirar o único elemento capaz de desmontar o duplo pivô adversário e de jogar entre linhas. Apenas nove minutos depois do primeiro golo da final, o Braga acabou por dar a segunda machadada no sonho leonino: novamente do lado esquerdo do ataque, Miguel Lopes (exibição medíocre) deixou-se antecipar por Rafa que depois, perante Rui Patrício, fez o 0-2 para a equipa de Conceição.

Bom, possivelmente a esmagadora maioria dos adeptos acreditaria que com uma vantagem folgada no marcador e com uma vantagem em termos numéricos, o resto da final da Taça de Portugal seria um mero exercício de confirmação de algo que parecia evidente, de que o Braga acabaria por conquistar a segunda Taça de Portugal da sua história. Bem vistas as coisas, e apesar do Sporting ter criado algumas ocasiões de perigo – com Nani e Slimani sempre a empurrarem a equipa para a frente – a verdade é que, até bem perto do minuto 90, a estratégia do Braga estava a correr de forma perfeita. No segundo tempo, a equipa de Sérgio Conceição havia entrado taticamente mais equilibrada, perdendo menos bolas e sobretudo ganhando o controlo do jogo, deixando-o correr ao ritmo que mais lhe interessava. Mesmo que Marco Silva tenha procurado emendar a mão, ao colocar Montero e Mané nos lugares de Miguel Lopes e Carrillo, a tarefa de recuperação do Sporting parecia um exercício demasiado difícil, até para o mais fanático dos adeptos leoninos.

A verdade é que, depois de lances de perigo de um e de outro lado, o Sporting acabou por arrancar para dez minutos finais de uma alma absolutamente impressionantes. Por um lado, culpa do Sp. Braga, que decidiu jogar com o relógio – as perdas de tempo dos seus jogadores foram demasiadas durante a segunda parte – cedo demais. Mas mais do que o demérito do Braga, houve foi muito crer e vontade do Sporting, que acabou por aproveitar dois brindes da defesa contrária para chegar a um prolongamento absolutamente merecido. Neste jogo de lotaria, primeiro foi Baiano que decidiu dar de mão beijada a Slimani a oportunidade de reduzir o marcador; depois, aos 90 + 2 minutos, foi Aderlan Santos que cometeu um erro primário ao deixar passar a bola por cima de si, deixando Montero perante Kritciuk, que pouco pôde fazer.

O Sporting somou a 16.ª Taça de Portugal da sua história Fonte: FPF
O Sporting somou a 16.ª Taça de Portugal da sua história
Fonte: FPF

O Jamor estava ao rubro: quando nada o fazia prever, o Sporting renascia das cinzas. Mesmo que as forças tivessem caído progressivamente ao longo do segundo tempo, até devido à inferioridade numérica, o que é facto é que a alma leonina acabou por superar o cansaço físico. Com o empate, a componente psicológica foi totalmente para o lado sportinguista. Do lado bracarense, a desolação do treinador e dos jogadores parecia sinónimo de que só faltava mesmo o golpe final para que o Braga visse a Taça de Portugal decididamente fugir-lhe da mão. No prolongamento, como seria expectável, o medo de perder acabou por se superiorizar à vontade de ganhar. Com menos um homem em campo, o Sporting optou por recuar o bloco e deixar o ritmo da partida no controlo do adversário. Um adversário que, mesmo jogando com mais um elemento durante quase toda a partida, raramente mostrou armas para desmontar uma estratégia que foi crescendo à medida que a alma do leão crescia.

Nos trinta minutos de prolongamento, apenas Nani e Salvador Agra estiveram perto de decidir a final. Do lado leonino, a bola do internacional português passou a centímetros do poste esquerdo da baliza do Braga; do lado bracarense, Agra acabou por ver Rui Patrício fazer uma defesa enorme a salvar o terceiro e decisivo golo da equipa da cidade dos arcebispos. Até ao final dos 120 minutos, Mauro ainda foi expulso, por falta sobre Adrien, colocando os dois tabuleiros em igualdade. E isso acabou por levar com que até final, as equipas tenham procurado mais as grandes penalidades do que outra coisa. Na decisão da marca dos onze metros, a história acabou por não falhar e a vitória acabou por sorrir a quem fez mais por isso: em quatro grandes penalidades, o Braga falhou três, levando a que apenas três golos leoninos tenham sido suficientes para que, sete anos depois, a alegria pela conquista de um troféu tenha voltado aos rostos leoninos. E diga-se, caro leitor, que possivelmente nenhum adepto sportinguista poderia ter pensado em melhor forma de o conseguir.

Sem nunca desistir, o Sporting foi sempre à luta e acabou por ganhar uma das finais mais épicas da história da Taça de Portugal. Com um Patrício enorme, uma defesa onde os centrais foram de betão, um meio-campo inconstante e um ataque intenso – com Nani e Slimani em destaque – Marco Silva acaba por conseguir algo pelo qual lutou durante toda a época. E isto porque bem vistas as coisas, talvez ele seja mesmo o homem que mais mereça tudo o que aconteceu esta tarde. Com esforço, garra, devoção e glória. Uma vitória à Sporting. Tão simples quanto isso.

Figura do Jogo: Rui Patrício/Nani/Slimani – Depois de uma exibição como a de hoje, possivelmente seria justo que a equipa do Sporting fosse colocada toda em ponto de igualdade como figuras do jogo. Ainda assim, permita-me que destaque a exibição enorme de Rui Patrício – que segurou a equipa no prolongamento – de Nani, que empurrou a equipa para a frente do primeiro ao último momento; e para Slimani, que foi provavelmente a face mais visível da garra e determinação com que o Sporting disputou esta final da Taça.

Fora de Jogo: Sp. Braga – A estratégia era simples: aproveitar o erro contrário e em transição decidir o jogo a seu favor. Até aos 80 minutos, tudo parecia perfeito. A vantagem de dois golos era o espelho de um jogo que corria de feição ao Braga, mesmo que a equipa nunca tenha estado totalmente equilibrada taticamente durante a partida. Os dois golos sofridos em dez minutos e a derrota nas grandes penalidades acaba por ser um castigo merecido para uma equipa que julgou-se vencedora bem antes do que seria suposto.

Foto de Capa: Federação Portuguesa de Futebol

Libertadores: uma pré-Copa América?

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Jogaram-se, há bem pouco tempo, as respetivas duas rondas dos quartos-de-final da Copa dos Libertadores da América. Isto permite-nos tirar algumas conclusões: o domínio brasileiro já não é tão evidente (resta apenas uma equipa em prova); a tradição argentina também já não é o que era mas, apesar disso, conseguiu colocar o histórico River Plate nas meias-finais; as equipas uruguaias há muito que andam afastadas destas contendas.

O Cruzeiro venceu o River Plate, por 1-0, em pleno Estádio Monumental, em Buenos Aires, capital argentina. Grande resultado, que os mineiros não conseguiram gerir em casa. Foi uma derrota humilhante por 0-3. Perder com um grande do futebol argentino e mundial como é o River nunca foi nem será uma vergonha. Mas neste contexto, onde os cruzeirenses tinham muito melhor equipa – vindo embalados de um bicampeonato conquistado no Brasil –, poderiam e deveriam ter feito bem melhor. Até porque ao River Plate, no que parece faltar em talento, não falta em força de vontade. E muitas vezes é assim que se vencem jogos. Foi essa garra que fez com que os alvi-rubros subissem de divisão e ganhassem a Copa Sul-americana (equivalente à liga Europa). É uma equipa a ter em conta, até pelo emblema que carrega no peito. Recorde-se que os “Milionários”, como são conhecidos, passaram com o Boca Juniors, num super-clássico vergonhoso para todos os argentinos, onde imperou a violência no La Bombonera.

O Internacional de Porto Alegre, outro dos times brasileiros em prova, não logrou mais que uma derrota por 1-0 no terreno dos colombianos do Santa Fé. Só que em casa, num ambiente infernal, o Colorado venceu por 2-0, num autêntico massacre e numa partida em que se verificaram duas expulsões para os forasteiros. O Inter, para já, assume-se como o grande candidato a vencer o troféu. Não menos candidato é o Tigres, do México: uma vitória convincente sobre o Emelec, do Equador. Três golos marcados e nenhum sofrido. Ao discreto Guaraní, do Paraguai, bastou marcar apenas um golo em 180 minutos de eliminatória, pois o Racing (Argentina) foi incapaz sequer de o fazer no mesmo número de minutos.

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Juan celebra o 1-0 diante dos colombianos do Santa Fé
Fonte: ndonline.com.br

Ou seja, há uma grande probabilidade de haver um clube que nunca antes havia levantado a pesada taça de campeão das Américas a conseguir fazê-lo. O que não é necessariamente mau. Lembremos o caso do S.Lorenzo – o clube do papa –, que venceu pela primeira vez no ano passado. A tradição ganha-se na atualidade. No triunfar e no passar dos anos.

Como fazer o paralelismo com a Copa América de Nações, jogada proximamente no Chile? A meu ver, penso que poderá haver surpresas. A Colômbia, por exemplo, tendo uma boa seleção, terá uma palavra a dizer. Já o Uruguai… não me parece. Os celestes encantaram o mundo entre 2010 e 2012, sensivelmente, quando atingiram o quarto lugar no Mundial da África do Sul e, no ano seguinte, se sagraram, na Argentina, campeões continentais. É preciso lembrar os mais esquecidos de que o Uruguai é a seleção mais titulada do mundo: Copas América, Campeonatos do Mundo e medalhas de ouro olímpicas figuram entre os principais títulos. A Argentina vem de um vice no Mundial e não ganha nenhum título desde 1993. O Brasil parece ter rejuvenescido no déjà-vu de Dunga. O próprio Chile terá a força extra de jogar em casa… A Bolívia e o Perú são outsiders. A Venezuela acordou para a febre do futebol e coloca mais dificuldades aos adversários. O Paraguai… depois de anos com classificações tranquilas para os Mundiais, é agora uma incógnita.

Espetáculo não faltará, certamente. Resta saber quem levará o caneco para casa. A Copa América é a competição de seleções mais antiga do mundo. Foi criada em 1916. Quem a vence ostenta o título de campeão sub-continental, visto que o México e a Jamaica, fora da América do Sul, são os únicos intrusos na competição. Até já se pensou nos nomes de Portugal e Espanha, pelas óbvias relações dos ibéricos com aquela região… Para o ano, em 2016, vai-se jogar uma Copa América especial, de modo a celebrar o centenário da competição. Esta contará com todos os países do continente americano e será jogada… nos Estados Unidos. Ver para crer, ou talvez não.

 Foto de capa: spfc.terra.com.br

Mundial Sub-20 – Portugal 3-0 Senegal: De pés na terra e asas abertas

cab seleçao nacional portugal

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A Seleção Nacional de Sub-20 entrou da melhor maneira no Mundial da Nova Zelândia, com uma vitória clara, por 3-0, frente ao Senegal, vice-campeão africano da categoria. Apesar dos números expressivos, é importante realçar que os comandados de Hélio Sousa só atingiram a tranquilidade em cima do minuto 90, naquele que foi um jogo marcado pelo desperdício de oportunidades lusas.

No entanto, a vantagem portuguesa começou a desenhar-se bem cedo. Ainda os adeptos se sentavam nas bancadas e já Gelson Martins correspondia da melhor maneira a um belo passe de André Silva. Primeiro minuto de jogo, 1-0 para Portugal. Na cara de Ibrahima Sy, guarda-redes senegalês, que ainda tocou na bola, o jogador do Sporting não tremeu e apontou o quarto golo mais rápido da história dos Campeonatos do Mundo de Sub-20.

A vantagem não fez a equipa das quinas baixar o ritmo de jogo, e os primeiros dez minutos da partida foram marcados por intensa pressão sobre a saída de bola do Senegal, que procurou sempre construir jogo desde o seu reduto defensivo. Mas a congénere africana acabou por se libertar e, com um estilo descomplexado, criou, aos 14 minutos, a melhor oportunidade de que dispôs em todo o jogo: Koné isolou-se e rematou para defesa apertada de André Moreira. O guarda-redes do Moreirense foi o escolhido de Hélio Sousa para a baliza portuguesa, em detrimento de Tiago Sá (Sp. Braga).

O resto da primeira parte manteve a toada ofensiva das duas equipas, com Portugal a tentar sair para o ataque em transições rápidas através de Gonçalo Guedes, que rubricou uma boa exibição, e Rony Lopes, mais infeliz nas suas ações durante o jogo. Pelo meio, André Silva ainda falhou uma boa oportunidade, quando na ressaca de um pontapé de canto rematou frouxo para a defesa de Sy. Ao intervalo, vantagem mínima para Portugal. De destacar o acerto da dupla de centrais portuguesa, composta por João Nunes e Domingos Duarte, e os laterais Riquicho e Rafa, que souberam sempre equilibrar as ações ofensivas com as funções defensivas.

Foi, aliás, com base nesse equilíbrio que a Seleção Nacional começou a segunda parte a explanar melhor o seu jogo, do modo que lhe é mais característico. Com um futebol mais apoiado, a ideia de jogo do Senegal foi completamente “engolida”, chegando apenas esporadicamente à baliza de André Moreira, e cedo se percebeu que seria só uma questão de tempo até Portugal alargar a vantagem. Mas o que se seguiu foi um festival de oportunidades desperdiçadas. Raphael Guzzo foi o primeiro: levou a bola a bater na barra com um remate à entrada da área, após passe de Rafa. Seguiram-se Gelson Martins (por duas vezes), Rony e André Silva, tendo este último travado um duelo particularmente interessante com o guarda-redes Sy.

Face à incerteza no resultado, Hélio Sousa fez a primeira substituição aos 73 minutos de jogo. A entrada de Francisco Ramos para o lugar de Gonçalo Guedes entregou por completo o jogo a Portugal, que dominou o meio-campo a seu bel-prazer a partir desse momento. Mas seria a última substituição a traduzir o domínio luso em golos: Nuno Santos, no espaço de três minutos, cruzou para André Silva corresponder com uma cabeçada certeira (aos 90) e, de seguida, encarregou-se de picar a bola por cima de Sy, já na compensação, concretizando um golo de belo efeito para fixar o 3-0 final. O derradeiro apito surgiria segundos depois.

Gelson Martins e André Silva marcaram dois dos três golos que derrotaram o Senegal Fonte: Página do Facebook das Seleções de Portugal
Gelson Martins e André Silva marcaram dois dos três golos que derrotaram o Senegal
Fonte: Página do Facebook das Seleções de Portugal

Três pontos amealhados e o primeiro lugar do grupo assegurado. A Colômbia venceu o Qatar por 1-0, deixando Portugal em vantagem à conta dos golos marcados. As ilações a retirar deste jogo assentam na excelente segunda parte que a turma de Hélio Sousa realizou. Com um modelo de jogo bem definido, esta equipa alia a solidariedade entre os setores ao valor individual dos jogadores, uma mistura que pode dar muitas alegrias aos portugueses nas próximas três semanas. Não foi uma exibição deslumbrante.

Foi antes uma exibição segura, com os pés bem assentes na terra. Segurança essa que foi embalada por alas dinâmicas e que deixam antever um percurso promissor para a seleção portuguesa. Segue-se o Qatar, na quarta-feira. Em caso de vitória, Portugal assegura desde logo a passagem aos oitavos de final. Por agora, fica a ideia de que… temos equipa.

Figura(s) do jogo:

Laterais portugueses – Mauro Riquicho e Rafa deram a entender desde cedo que iam causar muitas dores de cabeça aos adversários. Sempre inteligentes nas decisões que tomaram, subiram no terreno sempre que puderam (principalmente Rafa), sem nunca descurar as tarefas defensivas, onde se mostraram sempre pragmáticos e autoritários. Foram as “asas” que elevaram o jogo de Portugal para um patamar mais elevado.

Fora-de-jogo:

Rony Lopes – A “estrela” da companhia desiludiu neste primeiro certame. Apesar da vontade que demonstrou de pegar na bola e conduzir os contra-ataques portugueses, nunca se conseguiu libertar verdadeiramente das marcações senegalesas e não acertou com os tempos de passe. A equipa precisa de que o médio do Man. City (emprestado ao Lille) mostre mais, de modo a ganhar imprevisibilidade e magia.

Foto de Capa: Página do Facebook das Seleções de Portugal

Borussia Dortmund 1-3 Wolfsburgo: Pragmatismo dá direito a taça

cab bundesliga liga alema

Saída inglória de Klopp e Kehl. Um Wolfsburgo pragmático levou a melhor sobre um Dortmund inconsequente e sem ideias e conquistou a sua primeira Taça da Alemanha. A turma de Dieter Hecking começou a perder, mas deu a volta e mostrou-se melhor perante os 75 mil espectadores que criaram um ambiente fantástico em Berlim. 

Uma entrada pressionante do Dortmund proporcionou o primeiro golo, marcado pelo gabonês Aubemayang, que servido de forma excelente por Kagawa bateu o guarda-redes Diego Benaglio. Aos 22 minutos, o Wolfsburgo ganhou um livre à medida de Naldo, que com um tiraço de fora de área obrigou Langerak a largar a bola para a frente, aparecendo Luiz Gustavo de forma rápida a repor a igualdade. O Dortmund tentava impor o seu futebol mas acabou por sofrer o segundo golo numa jogada vistosa, onde Caligiuri serviu de peito o belga De Bruyne, que desferiu um remate colocado, deixando o Wolfsburgo em vantagem no Olympiastadion. Passados cinco minutos, numa jogada de envolvimento da turma de Dieter Hecking, Perisic tirou um cruzamento com régua e esquadro que foi teleguiado para a cabeça de Bast Dost, que não perdoou e colocou o Wolfsburgo com uma vantagem de dois golos antes do intervalo.

Luiz Gustavo deu o empate ao Wolfsburg Fonte: Facebook do Wolfsburg
Luiz Gustavo deu o empate ao Wolfsburg
Fonte: Facebook do Wolfsburg

A segunda parte começou com o Wolfsburgo a aproveitar as constantes perdas de bola do Dortmund, e, com um passe fantástico de De Bruyne, Caligiuri apareceu isolado e proporcionou uma defesa preciosa de Langerak. A luta a meio-campo continuou e foi o Dortmund que conseguiu uma grande oportunidade, com Kagawa a tirar tinta ao poste. Aos 65 minutos, Hummels perdeu uma bola no meio-campo e deixou a sua equipa em contrapé. Caligiuri surgiu frente a frente com o guarda-redes Langerak e conseguiu fazer a bola passar por ele, mas Durm salvou o lance e deu esperança à sua equipa. O jogo continuava a favor do Wolsfburgo e, apesar de Benaglio ter que dizer “presente” algumas vezes, não existiram razões que levassem a crer que o Dortmund ia conseguir superar-se.

A equipa de Hecking mostrou-se sempre mais eficaz e conquistou um título bastante desejado para concluir uma época fantástica. Dos pupilos de Klopp pode dizer-se que este é o fim de uma linha para muitos. Uma despedida fraca para um treinador que marcou uma época na Alemanha e voltou a dar vida a uma equipa que andava moribunda.

A figura:

Kevin De Bruyne – Mourinho nem sabe o jogador fantástico que perdeu. O melhor jogador da Bundesliga é claramente um elemento “mais” nesta equipa, que joga e faz jogar. Marcou mais um golo e deixou a sua marca neste título.

O fora-de-jogo:

Marco Reus – O fantástico jogador alemão não esteve à sua altura. A equipa não esteve bem e o craque não conseguiu impor o seu jogo e desequilibrar como é seu costume. Terá sido o último jogo de Reus?

Foto de capa: Facebook do Wolfsburg

Arsenal 4-0 Aston Villa: Fazer história parece e foi fácil

cab premier league liga inglesa

Não se tratava da final do Campeonato do Mundo, mas o ambiente que se vivia no Estádio de Wembley, instantes antes do início da final da Taça de Inglaterra, assim fazia parecer. As 90 mil almas que lotaram o mítico palco acalentavam a esperança de ver o respectivo clube erguer um dos troféus com mais mística no mundo do futebol e deixavam-se contagiar por essa ilusão, que se propagava em sorrisos, cânticos ou danças de crianças, adolescentes, adultos e idosos, que iam comprovando que a boa disposição não escolhe idades e que o futebol ainda é uma das coisas mais agregadoras que temos neste mundo.

A atmosfera era, portanto, um factor que condicionava os corações de todos os 25 homens (22 jogadores + três árbitros) que subiram ao relvado de Wembley. Felizes por estarem num dos jogos mais emblemáticos do calendário futebolístico, mas nervosos e acelerados pela responsabilidade que isso acarreta.

Assim se explicam as sucessivas oportunidades falhadas pelo Arsenal e a permissividade do Aston Villa nos primeiros 30 minutos do encontro – Koscielny, Ramsey por duas vezes e Walcott, explorando sobretudo o lado direito da defesa do Aston Villa, tiveram a seu dispor oportunidades flagrantes e desperdiçaram-nas com algum demérito próprio, mas também com algumas responsabilidades de Shay Given, que esteve à altura do jogo, nomeadamente com uma defesa enorme ao cabeceamento do defesa-central dos londrinos.

Iam apertando os gunners, quase sufocando o Aston Villa, que só ia respirando (vulgo “disputar o jogo”) graças à concentração e ao posicionamento da sua dupla de centrais (Ron Vlaar e Jores Okore), muitas vezes testada pelos passes à procura da velocidade de Walcott, quase sempre neutralizada pela organização defensiva dos Villains.

Walcott abriu o marcador Fonte: Facebook da Premier League
Walcott abriu o marcador
Fonte: Facebook da Premier League

Por volta da meia hora de jogo, as coisas pareciam estar a ficar mais calmas para o lado dos Villains. O Arsenal deixou de criar perigo e de conseguir penetrar o último terço do terreno dando a impressão de que os gunners tinham ficado com pólvora seca. Puro engano. Estavam apenas a recarregar. Walcott lançou Nacho Monreal na ala (outra vez a exploração do lado direito da defesa dos villains), este cruzou para Alexis, que cabeceou para Walcott finalizar o que havia começado. Estava feito o golo inaugural e, até ao final do primeiro tempo, foi uma questão de gerir o jogo.

A segunda parte iniciou-se com uma toada diferente. O Aston Villa parecia ir atrás do resultado e mostrava-se seguro no controlo do encontro. Parecia, outra vez, que o Arsenal tinha ficado sem pólvora, mas mais uma vez estava apenas a recarregar. E o disparo que dilatou a vantagem foi dos bons: um “tiro” poderosíssimo de Alexis Sanchez desde o meio da rua para as redes defendidas por Shay Given (poderia ter feito mais). Estava feito o 2-0, e a partir daí o Aston Villa, estranhamente, rendeu-se. Estavam 40 minutos para jogar, para inverter a tendência, mas os Villains terão achado que não valia a pena lutar pelo resultado e conformaram-se, revelando uma permeabilidade defensiva enorme perfeitamente ilustrada no lance do terceiro golo: Mertesacker apareceu, sem oposição, a responder de uma maneira pouco ortodoxa (com o ombro!) ao canto batido por Cazorla para praticamente sentenciar o encontro.

Até ao final, parece ter havido um pacto de não-agressão e houve poucos motivos de interesse até ao golo que fechou o resultado: assistido por Oxlade-Chamberlain, Giroud “molhou a sopa”, fugido da marcação.

Apesar das facilidades com que se deparou, o Arsenal e Wenger atingiram números históricos: os gunners tornaram-se no clube inglês com mais Taças de Inglaterra (12), ultrapassando o United, e o treinador francês igualou George Ramsay no número de “Fa Cup” conquistadas, sendo agora, a par do escocês, o técnico mais titulado nesta competição.

 

Figura do jogo:

Alexis Sanchéz – O chileno tem o privilégio de jogar ao lado de atletas comparáveis a ele no que ao talento diz respeito, mas isso não invalida que não possa ter mérito na forma como consegue mexer no encontro. Sempre que pegava na bola, dava a sensação de que algo de novo estaria próximo de acontecer, e, por duas vezes, aconteceu mesmo: assistiu o Walcott para o primeiro golo e marcou, ele mesmo, o segundo.

Fora-de-jogo:

Alan Hutton – O lado esquerdo do ataque do Arsenal foi o mais explorado pelos gunners, e por lá surgiu o golo que desbloqueou o encontro. É certo que o poder de fogo do Arsenal assusta, mas isso não justifica tudo. A passividade da defesa do Aston Villa também, nomeadamente de Alan Hutton, frequentemente desposicionado e desconcentrado, permitindo o avolumar de oportunidades criadas (e consequente “crescimento” no jogo) pelos londrinos.

Foto de capa: Facebook do Arsenal