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Benfica 2-1 Marítimo: Coimbra e Benfica dão-se bem

cabeçalho benfica

Coimbra voltou a ser amiga do Benfica. Pela quarta vez, a cidade dos estudantes recebeu a final da Taça da Liga. Os encarnados marcaram a terceira presença no Estádio Cidade de Coimbra, e venceram outras tantas vezes, vincando a supremacia que têm tido sobre os seus adversários nesta competição – venceu seis das oito edições já disputadas.

O resultado voltou a registar a margem mínima e, curiosamente, foi exactamente o mesmo das outras finais ganhas: Paços de Ferreira e Gil Vicente também foram derrotados por 2-1.

À semelhança destes encontros, o Benfica também teve de sofrer para levar o “caneco” para Lisboa. Até ao primeiro golo, esbarrou numa organização irrepreensível da equipa do Marítimo, que teve como “coordenador principal” Danilo Pereira, sempre exemplarmente colocado de forma a impedir o ataque organizado do Benfica.

A zona central estava, por isso, impedida. Posto isto, apostou-se nas laterais, com uma maior envolvência dos defesas das alas encarnadas no momento ofensivo. Essa maior presença nos corredores trouxe frutos ao dispersar a zona defensiva do Marítimo, pois tornou a mesma mais permeável no centro do terreno, permitindo a primeira oportunidade do jogo aos encarnados à passagem do minuto 19 – Lima isolado, atirou ao lado da baliza de Salin.

Isto parece ter feito acordar os jogadores maritimistas, que voltaram a compactar-se, tapando as vias de acesso à baliza defendida por Salin, não se coibindo de recorrer à agressividade para o fazer (três amarelos em três minutos ilustram-na), porém, talvez amedrontados pelos amarelos de Carlos Xistra, esqueceram-se de marcar Jonas, que, num lance de insistência, aproveitou um cruzamento de Jardel para cabecear com algum à vontade para o golo inaugural da partida.

O Marítimo entrou determinado em busca do sonho, do golo do empate que lhe permitisse averbar aquele que seria o seu primeiro troféu na era moderna do futebol português. Criou perigo por Rúben Ferreira, que fugiu a Maxi Pereira e quase conseguiu restabelecer a igualdade. Porém, a determinação em vencer não pode ser engolida pela emoção sob pena de a vitória ser hipotecada, e só assim se pode entender a atitude de Raul Silva (ver momento do jogo e fora-de-jogo), ao ser expulso de forma infantil.

O Benfica podia ter tirado partido disso e sentenciado o encontro, com duas boas oportunidades desperdiçadas por Jonas e Maxi, porém, o Marítimo não desistiu e, numa diagonal fantástica, assistido por Fransérgio, João Diogo ganhou, em velocidade, as costas aos centrais do Benfica, fintou Júlio César e fez reacender a incerteza sobre o resultado final.

Ola John desbloqueou o jogo Fonte: Facebook do Benfica
Ola John desbloqueou o jogo encarnado
Fonte: Facebook do Benfica

O Benfica, com o estatuto de favorito, amplificado pelo facto de jogar em superioridade numérica, fez o que lhe competia. Procurou o golo de forma incessante, ainda que esbarrando na organização defensiva do Marítimo, que se manteve inatacável, revelando uma enorme racionalidade. Prova desta é o facto de a primeira grande oportunidade de perigo do Benfica após o golo sofrido ter acontecido apenas 13 minutos depois do tento encaixado, e de bola parada – Gaitán, numa execução lindíssima de um livre directo, atirou a poucos centímetros da baliza de Salin.

Depois disto, saiu Pizzi, entrou Talisca e a equipa “ganhou criatividade” (conforme afirmou Jorge Jesus). As coisas mudaram, de facto. Antes de Maxi estar perto do golo, aos 76 minutos, Jonas teve a possibilidade de fazer o segundo da conta de pessoal mas falhou como não costuma fazer (aos 70 e aos 72 minutos) mas os adeptos viriam a perdoar o brasileiro, que mais tarde fez um trabalho magnífico (três toques, três adversários fora do lance) antes de assistir Ola John para aquele que seria o golo da vitória.

Até ao final, o Marítimo ainda tentou a sua sorte, mas já jogava com mais coração que cabeça. Esteve irrepreensivelmente organizado durante 80 minutos, mas contra uma equipa com o ataque do Benfica, isso é insuficiente para lhe “roubar” um troféu.

A Figura do Jogo:

Jonas – Marcou o primeiro e metade do segundo golo dos encarnados. É legítimo dizer que o Benfica lhe deve esta Taça da Liga. Não só pelo que marcou mas pelo que fez jogar, desde o meio-campo encarnado até ao contrário, de um lado para o outro. A mobilidade de Jonas é impressionante, quase tanto como o seu sublime toque de bola.

O Fora-de-jogo:

Raúl Silva – Esqueceu-se de marcar Jonas no golo inaugural e agarrou o brasileiro quando este não apresentava perigo especial no lance em causa. Levou o segundo amarelo por isso. Um erro infantil que pode ter sido decisivo para o fim do encontro.

O Momento do jogo:

Minuto 48 – “Se jogar contra o Benfica, contra 11, já é difícil, fazê-lo contra 10 ainda é mais” é uma frase muito repetida ao longo da época. Não deixa de ser verdade, e apesar de o Marítimo ter conseguido empatar jogando em inferioridade numérica e de ter sustido o ataque do Benfica até aos 80 minutos, aquilo que se jogou nos 10 minutos finais podia ser diferente (Marega poderia ainda estar em jogo, pois Ivo Vieira poderia não necessitar de tirar do campo a sua referência ofensiva ou de, pelo menos, deixar de ter uma no relvado).

Foto de capa: Facebook do Benfica

À procura do tri na terra dos kiwis

futebol de formação cabeçalho

A selecção nacional de sub-20 prepara-se para fazer a sua décima participação num Campeonato do Mundo da categoria, procurando, na Nova Zelândia, assegurar o seu terceiro título mundial, isto depois das conquistas de 1989, na Arábia Saudita, e de 1991, em Portugal.

Não podendo considerar-se a grande favorita, distinção que terá de ficar para selecções como a do Brasil, Argentina e Alemanha, a verdade é que a equipa das quinas apresenta-se na “terra dos kiwis” pelo menos como candidata a chegar longe na competição, devendo os quartos-de-final serem vistos como uma espécie de fasquia mínima para a nossa selecção.

A história

A selecção nacional de sub-20 já participou em nove edições do Mundial, somando dois títulos (1989 e 1991), um segundo lugar (2011) e um terceiro lugar (1995), isto para além de uma eliminação nos quartos-de-final (1979) e três eliminações nos oitavos de final (1999, 2007 e 2013).

Aliás, apenas por uma vez Portugal não passou a fase de grupos da competição, mais concretamente em 1993, quando somou por derrotas os três jogos realizados, com Alemanha (0-1), Uruguai (1-2) e Gana (0-2). Curiosamente, essa competição foi disputada igualmente na Oceânia, mas na Austrália, esperando-se outra sorte no regresso ao referido continente.

Os nossos 21

Podendo escolher apenas 21 jogadores para a viagem até à Nova Zelândia, certamente que o seleccionador Hélio Sousa teve dificuldade em fazer a convocatória, sendo de salientar a ausência de Rafael Ramos (Orlando City), até porque só foi chamado um lateral-direito de raiz (Mauro Riquicho), e a de Francisco Geraldes (Sporting), sendo Rony o único “dez” do grupo.

De qualquer maneira, e atendendo à limitação de vagas, pode dizer-se que Hélio Sousa teve o cuidado de escolher um grupo minimamente abrangente, composto pelos seguintes elementos: os guarda-redes André Moreira (Moreirense – emprestado pelo Atlético de Madrid), Guilherme Oliveira (Sporting) e Tiago Sá (Sp. Braga); os defesas Nélson Monte (Rio Ave), Domingos Duarte (Sporting), João Nunes (Benfica), Mauro Riquicho (Sporting), Rafa (FC Porto) e Rebocho (Benfica); os médios Estrela (Orlando City), Tomás Podstawski (FC Porto), Janio Bikel (Heerenveen), Raphael Guzzo (Chaves – emprestado pelo Benfica), Francisco Ramos (FC Porto) e Rony (Lille – emprestado pelo Manchester City); e os avançados André Silva (FC Porto), Gelson Martins (Sporting), Gonçalo Guedes (Benfica), Nuno Santos (Benfica), João Vigário (Vitória de Guimarães) e Ivo Rodrigues (Vitória de Guimarães – emprestado pelo FC Porto).

Os jogadores às ordens de Hélio Sousa estão no grupo com Colômbia, Qatar e Senegal Fonte: Seleções de Portugal
Os jogadores às ordens de Hélio Sousa estão no grupo com Colômbia, Qatar e Senegal
Fonte: Seleções de Portugal

Rony é a principal figura

Apesar de a equipa das quinas apresentar boas opções em todos os sectores do terreno, é justo admitir que é no ataque que surgem as principais figuras, sendo importante chamar a atenção para a capacidade de desequilíbrio de Nuno Santos e Gelson Martins, para a polivalência de Gonçalo Guedes e Ivo Rodrigues e para o goleador André Silva.

Ainda assim, a referência principal desta selecção é o médio-ofensivo Rony, futebolista que está vinculado ao Manchester City desde 2011/12 e que na actual temporada, aos 19 anos, já somou 27 jogos (três golos) pela equipa principal do Lille. Afinal, trata-se de um jogador tecnicista e que se destaca pela sua grande visão de jogo, capacidade de desequilíbrio e qualidade no passe, prometendo ser o maestro do jogo ofensivo da selecção nacional.

Grupo C obrigará a suar

Portugal, que chega a este Mundial como vice-campeão europeu, estará na primeira linha dos outsiders a ganharem o certame, isto logo após o Brasil, Argentina e Alemanha, mas é certo que a tarefa da selecção nacional de sub-20 começará a ser complicada logo na fase de grupos da competição.

Afinal, integrada no Grupo C, juntamente com Colômbia, Senegal e Qatar, a equipa das quinas defrontará nada mais nada menos que o vice-campeão sul-americano, o vice-campeão africano e o campeão asiático, isto num agrupamento que é de longe um dos mais fortes da competição.

De qualquer maneira, pelo seu valor colectivo e individual, Portugal terá todas as condições de discutir o primeiro lugar com a selecção colombiana, sendo que uma eventual eliminação na primeira fase do Mundial será sempre uma enorme surpresa.

Foto de Capa: Facebook das Seleções de Portugal

Está despedido!

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cab basquetebol nacional

A vida dos treinadores de basquetebol dos escalões de formação não está fácil. O campo de recrutamento em Portugal é cada dia mais diminuto, a modalidade perdeu muito do seu espaço e o futebol cedo recruta “tudo e todos”. Em grandes dificuldades económicas, os clubes, na sua maioria falidos, recorrem ao patrocínio dos pais, que suportam a maioria das despesas. Não surpreende pois que cada vez mais a interferências da maioria deles seja maior, sem entenderem bem o seu papel e complicando a vida aos treinadores, na sua grande maioria jovens. Alguns assumem a figura de pais/treinadores e na maior parte das vezes não conseguem despir a farda de pais. Outros sem conhecimentos da modalidade e do desporto vão para diretores ou seccionistas. Ambos, muitas vezes, desligam-se da modalidade quando os filhos acabam a formação.

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O problema não é obviamente exclusivo nacional. Encontrei no site Pro Shot Shooting System uma boa reflexão do tema. Relatava Paul Hoover, o responsável do sistema, que nas últimas duas semanas tinham sido despedidos dois dos seus amigos treinadores (um estava no “High School” de New Jersey e outro estava na “NAIA”). A razão justificativa de tais despedimentos era: “Os pais não estavam contentes com o tempo de jogo dos seus filhos na equipa.”

Isto é muito preocupante e, infelizmente, está a ser cada vez mais frequente no desporto. Sempre acreditámos que o tempo de jogo de cada atleta é uma decisão apenas e só do treinador, que coloca a jogar quem bem entende. Então, por que razão são os treinadores demitidos por causa do tempo de jogo? Vivemos na era dos direitos. Assim, muitos pais e atletas acreditam que têm direito a jogar o tempo todo. De onde vem essa noção? Provavelmente tudo começa em casa, e o facto de em Portugal a maioria pagar uma mensalidade leva-os a pensar assim.

Recordo um episódio recente em que uma mãe reivindicava um treino suplementar porque a filha não tinha sido convocada para o jogo do fim de semana, logo tinha direito a uma “aula” suplementar seguindo a regra em vigor nas escolas. Os regulamentos definem em alguns escalões o tempo mínimo para a participação de cada jovem. Para jogarem mais tempo, os jovens têm de conquistar minutos com trabalho e disciplina.

Os pais não estão nos treinos todos os dias e não sabem o que realmente lá se passa. Mas o que realmente preocupa a maioria é saber se os seus filhos jogam ou não. E se não jogam a “vingança” pode colocar o lugar do treinador em perigo. Temos notado que ultimamente houve uma mudança radical na forma como muitos pais olham para o basquetebol. No passado, a crença era a de que o basquetebol e os desportos em geral ajudavam a compreender e a suplantar as adversidades. Muitos de nós crescemos com o ditado “quando as coisas ficam difíceis, o trabalho duro vai recomeçar.”

O basquetebol também ajudou muitos jovens a desenvolverem uma ética de trabalho. Os que eram melhores jogadores eram assim porque trabalhavam muito mais e de forma muito intensa as suas habilidades. Como dizia Michael Jordan, “com o fracasso também se aprende”. Nos velhos tempos, jogar não era um direito. Era algo que se conquistava com trabalho e dedicação. E quando os jovens se queixavam aos pais estes diziam: “Tu precisas é de trabalhar muito mais.

basquetebol pai e fillho

Recentemente um treinador comentou: “o problema que vejo é que a criança, mal entra no carro após o treino ou jogo, a primeira coisa que ouve dos pais é: divertiste-te, filho?” Os treinos no basquetebol devem ser intensos, disciplinados e servir de experiência para as aprendizagens; não têm necessariamente de ser divertidos. A diversão deve vir só depois dos treinos ou dos jogos, como experiências de uma equipa que é bem sucedida e trabalha com uma direção e objetivo concretos. Não é assim que pensam muitos pais e “treinadores”, que acreditam que o desporto deve ser divertido ao longo de cada treino e dos jogos. “E se o pequeno “Johnny” ou a “Susie” não se estão a divertir com o basquetebol, então há algo de errado com esse treinador”.

Finalmente, quando um Diretor despede um treinador com base no tempo de jogo, devia ser também imediatamente demitido. Preocupam-se mais em agradar os pais do que com o que é realmente importante. Os treinadores nunca deviam estar preocupados com quem joga ou não e com o facto de isso irritar um certo grupo de pais, apenas porque o seu trabalho pode estar em perigo.

Razões para demitir um treinador devem incluir apenas e só mau comportamento, apatia, fraco motivador ou falta de compreensão de como ensinar o jogo. Em nenhum momento o treinador deve incluir o tempo de jogo como sua preocupação.

Hábitos velhos, Dragão novo?

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cabeçalho fc porto

A época ainda agora terminou para o Dragão. No entanto, os sócios e simpatizantes portistas já tiraram todas as ilações que tinham a tirar da temporada 2014/15: com um dos plantéis mais prolíficos a nível de qualidade técnica e star power que o FC Porto já teve na sua história, Lopetegui não conseguiu conquistar um único título, o que traduz o trabalho de um ano em quocientes nulos.

Mas eu gosto de pensar que esta é uma visão demasiado linear e extremista. Como adepto do FC Porto, quero, acima de tudo, acreditar que os títulos vão voltar e que tal acontecerá já na próxima época. Porque uma época sem títulos é, para mim, algo anti-natural; vejamos: nasci em 1993, o que significa que, em 21 anos de existência, “festejei” 14 títulos do meu clube. E se for feita uma análise mais detalhada daquilo que foi o FC Porto ao longo da estação que agora finda, há pontos positivos a ter em conta:
– Praticou-se o futebol mais atrativo das últimas 4 épocas;- O estilo e filosofia de jogo “tiki-taka” já estão implementados;
– Desde 2008/09 que o FC Porto não atingia os quartos de final da Liga dos Campeões;
– O Bayern de Munique (indiscutivelmente, uma das melhores equipas da atualidade) foi vulgarizado no Dragão;
– “Explosão” definitiva de Jackson, Danilo e o regresso do melhor Quaresma.

Não, caro leitor. Nenhum destes tópicos apaga o facto do FC Porto ter acabado a Liga em segundo, atrás do seu maior rival. Não apagam a goleada sofrida em Munique. E muito menos apagam os momentos de displicência (viagens à Madeira e empate no Restelo) que custaram o campeonato ao clube. Estes momentos são, aliás, aqueles que julgo serem as maiores falhas do FC Porto ao longo de toda a época. Quando o Benfica escorregou, o Porto não soube aproveitar. E, com isso, qualquer argumentação baseada em “colinho” e ajudas ao Benfica caiu por terra.

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Danilo sai do FC Porto rumo ao Real Madrid
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Agora, e como já referi anteriormente, há que acreditar. Num futuro mais risonho. Mas, em termos concretos, como vai ser forjado esse futuro? O jornal O JOGO dá conta da continuidade de Lopetegui e de que o basco já planeia a nova época. Esta continuidade parece-me fulcral, tendo em conta que o “Projeto Lopetegui” foi desenhado para três anos e desistir agora seria dar um tiro nos alicerces que a estrutura do FC Porto quer cimentar. Quer queiramos quer não, Lopetegui acabou por conseguir implementar o “seu” modelo de jogo no Dragão. O futebol praticado pelos azuis e brancos já não era tão atrativo desde Villas-Boas, e será crucial que o estilo não se desvaneça. Porque todos gostamos de ver o nosso clube ganhar, mas, se o puder fazer jogando bem, ainda sabe melhor. E agora toco num ponto mais pessoal: já não havia um treinador no FC Porto que inflamasse tanto a relação com o Benfica. Podem acusar-me de críticas, mas acho que este constante despique e trocas de galhardetes entre os dois clubes são fundamentais para a criação de faísca que alimente a chama do Dragão. Era quando se sentia picado que o FC Porto se dava melhor. Não vejo porque não possa voltar a ser assim. Por tudo isto, prefiro pôr de lado as conversas que envolvem a vinda de Marco Silva ou de qualquer outro treinador para o Olival. Prefiro continuar com um Lopetegui mais consciente da realidade do clube e do campeonato em que se insere. E com uma pressão extra, a de (desta vez) estar mesmo obrigado a ganhar.

Para ganhar, o plantel tem de, pelo menos, manter a qualidade e diversidade que teve este ano. A tarefa não se adivinha simples. Danilo já tem a sua saída consumada (para o Real Madrid) e é natural que Jackson também tenha as malas feitas; o próprio jogador já admitiu que esta seria a sua última época de dragão ao peito e, convenhamos, será a sua última oportunidade para “dar o salto”. A grandeza do FC Porto é imensurável, mas o chamamento de campeonatos mais apelativos parece incontornável. Depois, temos as mais que prováveis saídas de Casemiro, Óliver e, quiçá, Brahimi. Muitas baixas de vulto, que parecem quase impossíveis de colmatar. Ainda assim, o FC Porto já nos habituou a arranjar soluções ano após ano, e creio que a tendência não se vai alterar neste defeso. O foco da estrutura portista terá de se orientar para o reforço de três posições: a de lateral direito, de médio defensivo e de ponta de lança. Ricardo Pereira pode ter muito boa vontade, mas as fragilidades a defender ainda são por demais óbvias e o Porto precisa de alguém que se possa assumir como titular de imediato, para minimizar ao máximo a ausência da locomotiva que Danilo é. Nomes? Atrevo-me a dizer os de Fabinho (do Mónaco – um cenário muito hipotético, visto que o Mónaco acabou de comprar os seus direitos desportivos ao Rio Ave) e Santiago Arias (ex-Sporting), que se assumiu como titular no PSV Eindhoven, onde se sagrou campeão holandês. Não vou falar sobre Marcos Rocha do Atlético Mineiro (já apontado aos dragões), visto que nunca vi o brasileiro em ação.

Para o lugar de Casemiro, o mercado é, neste momento, algo escasso. Não é fácil encontrar um jogador que seja incisivo na hora de destruir jogo adversário e que, simultaneamente, dê fluidez às transições ofensivas da equipa. Fala-se muito em Sergi Darder, do Málaga, mas não me parece que seja a solução ideal. O espanhol não é trinco de origem e a equipa pode-se ressentir disso mesmo, tendo em conta que joga apenas com um médio mais recuado. André André e Sérgio Oliveira (já contratados, segundo O JOGO) não são médios defensivos. Sugeriria outro espanhol para a vaga: Oriol Romeu. Ainda contratualmente ligado ao Chelsea, é trinco de raiz, e, tendo sido formado no Barcelona, a sua qualidade na saída de jogo parece ser um dado adquirido. Aos 23 anos parece estar na idade certa para se afirmar num grande clube, e o facto de ter uma comunidade espanhola à espera no Dragão pode facilitar a sua adaptação, após sucessivos empréstimos.

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Alberto Bueno é uma das caras novas do FC Porto
Fonte: Página de Facebook de Alberto Bueno

Por fim, para o lugar do capitão Jackson Martínez, há que encontrar alguém que saiba, em primeiro lugar, assumir a responsabilidade de carregar às costas uma herança pesadíssima. É que com Jackson não contaram apenas os (muitos) golos. Contaram as rotações, as assistências, o jogo de costas para a baliza. Avançados como o colombiano estão em vias de extinção e, como tal, não me vou alongar muito nem avançar o nome de possíveis substitutos. Apenas escrevo o seguinte, direcionado ao substituto do ‘Cha Cha Cha’: sejas quem fores, lembra-te que Jackson veio depois de Falcao e conseguiu dar conta do recado. Consegues esconder essas duas sombras? E não, não estou a colocar esta questão ao Alberto Bueno.

Treinador e jogadores. Falta o topo da pirâmide e, ao mesmo tempo, a base de tudo. Não tenho qualquer tipo de autoridade ou conhecimento para falar do que se passa na SAD e direção do FC Porto, mas acho que é seguro dizer que quase todos os verdadeiros portistas sentem que se passa algo de anormal no topo da “cadeia alimentar” azul e branca. Há que recuperar a firmeza de outros tempos e o cariz de “caixa forte” que a tão badalada “estrutura” sempre transmitiu cá para fora. É por aí que o FC Porto 2015/16 tem de começar. Para voltar a ser campeão, o FC Porto tem de dar apoio ao seu treinador, ter um bom plantel e, primeiramente, mostrar aos seus adeptos que quer mesmo ser campeão e que a sua identidade não se perdeu. Os jogadores podem ser de 15 nacionalidades diferentes, mas a mística… Essa aprende-se em qualquer língua, tem é que se saber onde está e quem a carrega tem de saber transmiti-la. Não vamos varrer da memória o que se passou esta temporada. O FC Porto tem de aprender com os erros. Mas agora… Venha lá essa nova época.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

O balanço do Sporting de 2014/15

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a norte de alvalade

Terminou no fim-de-semana passado a Liga NOS 2014/15. O Sporting terminou a competição em terceiro lugar. Pelas reacções pode-se concluir que há quem entenda que o copo ficou meio cheio e quem olhe e o veja meio vazio.

Sobre esta questão creio que o melhor comentário tenha sido feito no blogue ‘Jogo Direto‘ e que está em linha com as ideias que aqui fui deixando. Tal não deve ser estranho dado o facto de se tratar de uma análise externa, despida por isso quer da emoção clubista ou de uma visão de facção, tão tradicional no Sporting:

«(…) creio que o Sporting terá feito um campeonato positivo. Se compararmos com os registos históricos das últimas décadas, essa tem de ser claramente a conclusão, mesmo que isso não tenha chegado sequer para lutar pelo título. O Sporting, a este propósito, está numa situação atípica, porque não é uma equipa que tenha uma referência comparativa clara no panorama do futebol português actual. A sua ambição incontornável é a luta pelo título, mas não parece justo que se exija estar permanentemente no patamar de rivais que se preparam com condições orçamentais muito mais favoráveis.

Por outro lado, o Braga também não é uma referência suficientemente ambiciosa para a dimensão do Sporting. O habitual é que as equipas estabeleçam para si próprias metas comparativas (ser campeão, chegar à Europa ou não descer), dependendo estas sempre dos desempenhos alheios, mas não tem de ser assim. Pode-se perfeitamente definir metas próprias, como um número de pontos a alcançar, ou mesmo de golos marcados e sofridos, e no caso do Sporting creio que é isso que fará racionalmente mais sentido. Assim, e voltando ao inicio, não creio que se possa fazer um balanço negativo do campeonato do Sporting, se atentarmos apenas aos resultados da própria equipa.»

Estatisticamente o Sporting realizou uma época muito semelhante à temporada anterior. Os 76 pontos obtidos em 34 jornadas correspondem a uma média de 2,24 pontos/jogo, por comparação com os 2,23 pontos/jogo da época passada. A maior diferença está no número de golos marcados – 54 (1,87/jogo) – 20 (0,67/jogo) o ano passado, 67 (1,98/jogo) – 29 (0,85/jogo) este ano, mas não substancial. Estes números de certa forma espelham as diferenças entre os modelos de jogo de Jardim e Marco Silva. Jardim preferiu um modelo com menos risco, auxiliado por melhores e mais estáveis opções para defesa.

Rojo e Maurício não só formaram uma dupla mais funcional como também mais duradoura que das nove vezes que Marco Silva se viu obrigado a fazer mudanças no sector. Fica a interrogação sobre se à entrada de Nani na equipa para o sector dianteiro não deveria ter correspondido uma maior eficácia concretizadora e se isso seria possível mantendo os mesmos protagonistas, Slimani e Montero.

É hora de se fazer o balanço do que correu bem e mal neste ano Fonte: Sporting Clube de Portugal
É hora de se fazer o balanço do que correu bem e mal neste ano
Fonte: Sporting Clube de Portugal

A análise dos números diz-nos que o Sporting teve uma performance competitiva acima das suas médias habituais. O problema é que essa superação da média habitual apenas nos garantiria neste século o último titulo obtido em 2001/02 e o de 2004/05, também campeonato de 34 jornadas, em que o campeão SLB registou apenas 65 pontos. Os nossos 76 pontos deste ano seriam mais do que suficientes para ter então passado sem grandes sobressaltos. Repare-se no entanto no que eram os plantéis então à disposição de Boloni e de Peseiro e o que hoje existe, para que a avaliação seja justa.

O problema é claro: o Sporting não luta apenas com um mas com dois adversários com mais recursos. E, ou eles têm conseguido ser melhores que nós em simultâneo, ou pelo menos um deles consegue superar a nossa performance. Não conseguindo realizar médias superiores a 2,3 pontos/jogo a história recente diz-nos que o melhor que podemos esperar é o segundo lugar.

Outro dado estatístico deste ano a concitar discussão foi o número elevado de empates concedidos. Se todos eles contam para o resultado final, foram os empates em casa, onde deveríamos mandar, os que mais foram “responsabilizados” pela impossibilidade de lutar por mais do que o terceiro lugar obtido. Uns acham que é um problema do treinador, outros do valor dos jogadores.

Quanto a mim ambas as condicionantes concorreram para o resultado final, juntamente com as especificidades da nossa Liga, em particular, a forma como jogam as equipas que habitualmente nos sucedem na tabela. E se Marco Silva dispusesse do plantel do FCP? Ou, ao contrário, que resultados obteria Lopetegui com o nosso lote de jogadores? Desta equação deixo de fora Jorge Jesus, porque me parece estar a um nível superior de qualquer outro treinador em exercício na Liga.

Alguns dados estatísticos avulso que caracterizam a época agora finda e que, de certa forma, concorrem para a análise de copo meio cheio/meio vazio:

  • Nunca estivemos em primeiro ou segundo lugar, tendo estabilizado no terceiro lugar
  • Não perdemos em casa, o que já não acontecia há muitos anos- Número elevado de empates (10)
  • Série de 13 jogos sem perder
  • Não perdemos com o actual campeão (1-1)
  • Não ganhamos a nenhum dos dois maiores rivais
  • Enorme dificuldade com as equipas do escalão abaixo (que lutam pela Europa), tendo registado apenas 63,33% dos pontos possíveis (19 em 30).
  • Sofremos golos em 65% dos jogos (22), 11 deles em casa, o que explica em muitos casos o número elevado de empates.
  • Marcamos em 94% dos jogos (32), o que equivale apenas a 2 jogos (Guimarães e FCP fora) sem marcar.
  • O Sporting fecha a Liga sendo a equipa com menos derrotas.

Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal

O regresso dos finlandeses voadores

cab desportos motorizados

É preciso recuar até 2001 para encontrar um finlandês a vencer o Rali de Portugal. Tommi Mäkinen foi o vencedor daquela que viria a ser a despedida do WRC de Portugal e do norte do país até 2015. Latvala foi o grande vencedor deste ano tendo batido Ogier por 8.2s, uma margem muito pequena que mostra a competitividade da prova.

Margem pequena que mostra que se não fosse o facto de Ogier ter aberto (os pilotos em rali2 por vezes saíam à sua frente) a estrada todos os dias muito provavelmente teria vencido a prova. Este é mesmo o tema de maior polémica tendo o francês dito logo após o rali que “muita gente ficou contente com este rali porque é aborrecido quando o melhor ganha sempre”, palavras fortes apontadas à FIA, pois com as novas regras o líder do campeonato é que abre a estrada, algo que faz perder alguns segundos por PEC.

Apesar de não ser grande fã do francês, é preciso dar-lhe razão neste aspecto, pois assim o melhor é sempre prejudicado e tira um pouco de brilho à competição. O sistema adotado no ERC (Europeu de ralis) e que curiosamente começou no WRC é mais justo. Para quem não sabe, este sistema consiste numa qualificação na manhã antes do início do rali e em que do mais rápido para o mais lento vão escolhendo a sua posição de saída. Depois, ao segundo e terceiro dia de prova a ordem de partida dos 5 ou 10 (esta escolha cabe à organização da prova) primeiros é a inversa à da classificação.

Além da qualidade desportiva o rali de Portugal proporciona imagens fantásticas Facebook Oficial ŠKODA Motorsport
Além da qualidade desportiva o rali de Portugal proporciona imagens fantásticas
Facebook Oficial ŠKODA Motorsport

Mas voltando ao rali de Portugal, a Volkswagen voltou a meter os seus três pilotos no pódio, pois Mikkelsen ficou em terceiro. A marca alemã mais uma vez mostrou que tem o melhor carro do mundial, pois em Portugal quer a Ford quer a Citroen apresentavam evoluções nos seus carros.

No WRC2 o grande destaque foi para a estreia do Skoda Fabia R5. O carro checo não venceu, mas ficou com as duas posições mais baixas do pódio e mostrou a qualidade que já todos esperávamos. Nesta categoria o vencedor foi Nasser Al-Attyah num Ford Fiesta RRC. No WRC3 e JWRC o vencedor foi Quentin Gilbert num Citroen DS3 R3T MAX e na Drive Dmack Cup o vencedor Max Vatanen num Fiesta R2.

Fora de competição mas com interesse o melhor português foi Miguel Campos num Fiesta R5, que ficou em 20º. A completar o pódio ficaram Miguel Jorge Barbosa (23º) e Elias Barros (48º), ambos com carro igual ao vencedor entre os portugueses.

O público, que a organização diz ter correspondido a 2 milhões, era o maior medo da organização, mas esteve exemplar no seu comportamento, o que é sempre de salutar depois de tantos medos.

Antevisão (http://www.bolanarede.pt/?p=25642)

Dois primeiros dias (http://www.bolanarede.pt/?p=25718)

Foto de Capa: Facebook Oficial Jari-Matti Latvala

UFC 187 – É melhor não duvidar

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É certo que ainda só vamos em Maio, mas o UFC 187 é o principal candidato a evento do ano. A força dos nomes aliada à qualidade dos combates fez com que este fosse um dos mais empolgantes até ao momento. Desde as vitórias de Cormier e Weidman até ao domínio de Cerrone, passando pelo combate entre Travis Browne e Andrei Arlovsky, que pode muito bem vir a ser o combate do ano, UFC 187 em momento algum retirou bocejos do espectador.

O primeiro combate foi, talvez, o menos interessante (e mesmo assim…) quando comparado com os restantes do cartaz principal. Isso talvez se deva ao facto de ter sido o único a ir a decisão. Ao longo de 5 rondas, Joseph Benavidez e John Moraga disputaram um combate que, inicialmente, até estava bastante renhido, com destaque para um belly to belly suplex de Moraga, mas que a partir da segunda ronda teve mais domínio de Benavidez, que conseguiu abrir um corte no escalpe do seu adversário. Benavidez por muitas vezes levou o combate para o chão, onde o seu domínio foi claro. No final, a decisão foi para Benavidez, de forma unânime.

Esqueçam o Mayweather v Pacquiao: vejam (se ainda não o fizeram) Browne vs Arlovsky. Um verdadeiro espetáculo de desportos de combate. O bielorusso, que é um dos históricos do MMA, era tido como algo do passado, isto após ter perdido 4 combates seguidos entre 2009 e 2011. No entanto, desde que voltou à UFC que só tem ganho… E de forma assertiva! O mesmo se passou no combate contra Travis Browne, seu amigo de longa data e #3 do ranking de Peso Pesado.

As minhas palavras nunca farão jus àquela que é, sem claro oponente, candidata a luta do ano. Posto isto, não a descreverei. Não por preguiça, mas por achar que é algo de visualização absolutamente obrigatória.  Uma coisa é certa: Arlovsky voltou para ter um título à cintura. Que Velasquez ou Werdum (lutam daqui a duas semanas para unificarem os títulos) se preparem.

O combate entre Arlovsky (esq.) e Browne (dir.) é um combate de "ver para crer". Fonte: ufc.com
O combate entre Arlovsky (esq.) e Browne (dir.) é um combate de “ver para crer”.
Fonte: ufc.com

Seguiu-se o combate entre Donald Cerrone e John Makdessi, que substituiu o lesionado Khabib Nurmagomedov, adversário original de Cerrone. Este foi mais um ao estilo de “Cowboy”, que, curiosamente lutou contra “The Bull”. Cerrone “agarrou o touro pelos cornos” e dominou Makdessi, o qual nunca mostrou ter real capacidade para dar luta ao #3 do ranking de Peso Leve. Na segunda ronda, Cerrone entrou fortíssimo, acertando bastante boas sequências que, visivelmente, estavam a surtir o seu efeito.

Após uma cotovelada ao queixo, Cerrone desferiu um pontapé alto que fez Makdessi… desistir! Soube-se após a luta que o canadense partiu o maxilar com o pontapé, o que só demostra a brutalidade do jogo de pés de Cerrone e aquilo que Dos Anjos tem à espera na sua primeira defesa de título. Dana White já o confirmou! Finalmente Cerrone terá a sua chance, após oito vitórias seguidas. Um combate a não perder.

“Parem de duvidar de mim, juntem-se à equipa. É o meu último convite” – foram estas a palavras de Weidman após o verdadeiro desmantelamento de Vitor Belfort. Peço, desde já, desculpa pelo “anti-climax”, mas pouco mais há a dizer do que isso: desmantelamento. Belfort pareceu uma sombra daquilo que era quando usava terapia de substituição hormonal. Apesar de ter entrado bem, encostando Weidman à rede com uma distribuição furiosa de socos, acabou por ficar sem caixa depressa, sendo derrubado.

Apesar da faixa preta em jiu-jitsu, Belfort parecia um amador: para se proteger do “ground and pound” de Weidman deu as costas, ficando numa posição ainda menos vantajosa do que antes. Weidman não parou de golpear, Belfort não parou de se proteger em vão. O árbitro acabou por parar, dando assim a vitória ao americano, que tem feito uma carreira de “acabar” com lendas do MMA brasileiro. A lista conta com vitórias contra Anderson Silva (duas vezes), Lyoto Machida e Vitor Belfort. Por esta altura, não há mesmo como questionar a competência de Weidman: é um campeão invicto, e, contra a concorrência que já teve, isso há de significar algo.

Weidman (topo) desferiu uma verdadeira tareia a Belfort (baixo), defendendo assim o título. Fonte: ufc.com
Weidman (topo) desferiu uma verdadeira tareia a Belfort (baixo), defendendo assim o título.
Fonte: ufc.com

Quer se queira quer não, o fantasma de Jon Jones pairou mesmo sobre o octógono, mas não foi durante o combate entre Daniel Cormier e Anthony Johnson. Este teve o seu próprio valor, e não poderia ter começado de melhor maneira: Johnson deu um verdadeiro aviso a Cormier ao desferir uma direita que abalou o antigo olímpico, mas que teria deixado qualquer outro lutador estatelado no centro do octógono. Cormier caiu, de facto, mas rapidamente se levantou. Percebendo que em pé não teria chance, procurou sempre o derrube e o jogo no chão. A ronda, no entanto, foi para Johnson.

A segunda foi diferente: só Cormier. O rei do “grind” fez juz ao seu nome, pegando em Johnson, plantando-o no octógono e desgastando-o com o seu peso. De quando em vez desferia alguns golpes, com destaque para uma cotovelada que abriu o sobrolho de “Rumble”. À entrada para a terceira ronda, Johnson estava magoado e exausto.

Cormier percebeu isso. Apesar de Johnson ter feito um esforço inicial, derrubando provisoriamente “DC”, este rapidamente ganhou o controlo do combate. Encostou Johnson à rede e arrastou-o para o chão. Por entre alguns golpes, Cormier colocou sorrateiramente um braço por debaixo do queixo de Johnson. Ajustou-o e fechou um mata-leão. Ou melhor, “O” mata-leão. Aquele que lhe deu o título de Peso Meio-Pesado. Depois da derrota contra Jones, Cormier conseguiu cumpriu o seu sonho (com um aviso de menos de quatro semanas!) de vencer um título na UFC.

Eis um momento que ficará para a história: o "coroar" de Cormier (frente) por Johnson (trás).
Eis um momento que ficará para a história: o “coroar” de Cormier (frente) por Johnson (trás).
Fonte: ufc.com

E só depois de o fazer o fantasma de Jones pairou sobre o octógono. Em curtas declarações após o combate, Cormier disse: “Jon Jones, trata das tuas m*****, estou à tua espera!”. Muitos se questionam se Cormier poderá vencer Jones à segunda tentativa. A maior parte considera que, por não o ter vencido, não é campeão com mérito. Isto porque Jones nunca perdeu o título, pelo menos dentro do octógono. Mas é aí que reside o cerne da questão: Cormier tem tudo para ser um bom campeão, dentro e fora do octógono, algo que Jones tinha muita dificuldade em fazer. É certo que “DC” terá sempre uma mancha no currículo, mas não é isso que o diminuirá enquanto detentor do título. Jones era o melhor Peso Meio-Pesado do mundo, o melhor “pound for pound” do mundo. Decidiu deitar tudo a perder, pelo que a culpa é apenas sua. Poderá ser difícil de acostumar, mas Cormier é agora o melhor Meio-Pesado.  E essa é uma realidade de que não devemos estar descontentes. Será um reinado que tanto Cormier como os fãs irão desfrutar – antevêem-se combates como “Cormier v Bader” ou “Cormier v Gustafsson”. “DC” tem imenso para dar, e, se há coisa que Arlovsky, Weidman e Cormier nos ensinaram no final do UFC 187 é que “é melhor não duvidar”.

O tr(i)ajeto

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paixaovermelha

Na era do futebol moderno, é absolutamente imprescindível que qualquer clube tenha um projeto económico e desportivo solidificado que vá ao encontro dos objetivos propostos, mas, principalmente, que seja altamente eficaz a potenciar os valores desse mesmo clube. Já não é uma questão de projetar o futuro; é, sim, a necessidade de sobreviver numa selva onde a desigualdade de forças aumenta a cada dia. No entanto, todo e qualquer projeto está sujeito a falhas ou, de uma forma mais bárbara, ao falhanço.

O projeto do Benfica, nestes últimos anos, mudou o paradigma do futebol português. Com Jorge Jesus ao comando da equipa técnica, Luís Filipe Vieira conduziu um projeto com a clara intenção de recuperar a hegemonia do futebol nacional e, caso fosse possível, reaver o prestígio internacional. Com a conquista do bicampeonato, a nível nacional, o projeto esteve perto de atingir a perfeição. Três campeonatos em seis possíveis não é excelente, mas é demasiado bom se tivermos em conta o passado negros dos últimos vinte anos. Para além disso, o Benfica conquistou uma Taça de Portugal (chegou a outra final), cinco Taças da Liga (que podem ser seis) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (que podem ser duas). Repito, não sendo perfeito, o Benfica demonstrou uma grande força a nível interno neste último projeto.

 Jesus e Vieira, as duas caras de um projeto de sucesso do Benfica Fonte: Facebook do Benfica
Jesus e Vieira, as duas caras de um projeto de sucesso do Benfica
Fonte: Facebook do Benfica

No escalão internacional, a história muda de figura, ainda que a glória tenha estado a poucos centímetros das nossas mãos. Foram duas finais da Liga Europa perdidas, que, ainda assim, permitiram ao Benfica beneficiar de algum reconhecimento do mundo do futebol. Em suma, foi um projeto de sucesso, obviamente.

Resta-nos saber se o trajeto deste projeto terá o seu fim já na próxima sexta-feira, depois da partida frente ao Marítimo, ou se, pelo contrário, o caminho deste plano está longe de se extinguir.

O que é certo é que, independentemente da continuidade deste projeto ou da implantação de um novo, a conquista do tricampeonato terá obrigatoriamente de se tornar a prioridade máxima.

A qualidade desportiva que o Benfica alcançou nestes últimos anos tem claramente o dedo de Jorge Jesus, mas os objetivos do clube não podem ser revistos em momento algum, fique ou não o treinador português ao comando da equipa.

Felizmente para nós, já não é uma questão de treinador, mas sim de mentalidade. E foi precisamente essa falta de mentalidade vencedora, a cultura de vitória semana após semana, que tanta falta fez ao Benfica durante anos a fio. Agora que a recuperámos, caros leitores, este é o único traço que o Benfica não pode trocar, vender ou emprestar. Enquanto tivermos essa identidade em nós, estaremos sempre mais perto do sucesso.

Foto de capa: Sport Lisboa e Benfica

Sevilha 3-2 Dnipro: os reis da segunda

internacional cabeçalho

Na final da Liga Europa, em Varsóvia, que opôs Sevilha e Dnipro, foram os espanhóis a sorrir no fim, confirmando, assim, o destacado favoritismo com que partiam para o encontro. O clube que conta com os portugueses Daniel Carriço (titular), Beto e Diogo Figueiras levantou o troféu (Liga Europa/Taça UEFA) pela quarta vez na sua história, tornando-se no clube mais galardoado da competição.

Numa partida desta dimensão, foi notório o desejo de ambas as equipas em vencerem, tendo em conta que o prémio era bem aliciante: uma entrada direta na fase de grupos da Liga dos Campeões, algo que acontece pela primeira vez na história destas competições (e que vale, desde logo, 12 milhões de euros). Assim sendo, Espanha poderá ser o país mais representado na Champions da próxima época, isto se o Valência passar o play-off de acesso, de modo a juntar-se a Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madrid e, agora, Sevilha.

Os minutos iniciais viram os andaluzes controlarem o ritmo do jogo, com posse de bola e a tentarem criar perigo junto à área adversária, culminando com uma grande penalidade a favor do Sevilha, cometida sobre José Antonio Reyes que a equipa de arbitragem deixou por marcar. Porém foi o Dnipro (com Bruno Gama entre os suplentes), que esteve presente pela primeira vez na final de uma competição europeia, a inaugurar o marcador e bem cedo, logo aos sete minutos, na primeira vez que chegaram à baliza de Sergio Rico, numa jogada a quatro toques, fazendo lembrar o antigo futebol inglês, finalizada por Kalinic com um golpe de cabeça, em resposta a cruzamento de Matheus (antigo jogador do Sporting de Braga).

A partir daí, a sorte parecia favorecer o Dnipro, que pretendia fazer história em Varsóvia, tendo em conta que a equipa ucraniana havia vencido seis dos sete jogos na Liga Europa deste ano nos quais marcou o primeiro golo. Só que os campeões em título pretendiam algo diferente. Tendo estado por cima durante largo tempo na primeira parte, ao impor a sua alma de combate no jogo, o Sevilha protagonizou a cambalhota no marcador, com golos do polaco Grzegorz Krychowiak (aos 28’) e do colombiano Carlos Bacca (aos 31’). Mas, numa autêntica prova de que esta partida estava a ser disputada ao mais alto nível, o Dnipro voltou a restabelecer a igualdade no marcador, através do capitão dos ucranianos, Rotan, num livre direto bem marcado, no qual o guarda-redes Sergio Rico poderia ter ficado melhor na fotografia. Saiu, então, tudo em aberto para o intervalo.

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Varsóvia foi o palco da final entre Sevilha e Dnipro
Fonte: Facebook da UEFA Europa League

O segundo tempo viu o ritmo baixar em relação à vibrante primeira parte e foi o Sevilha a chegar-se à frente no momento determinante. Aos 72 minutos, perto da reta final do encontro, Vitolo aproveitou um erro da defesa adversária para fazer a assistência para o colombiano Bacca, figura de destaque, que fez o bis na partida e pôs o marcador em 3-2, resultado que perdurou até final. Até ao jogo terminar, ainda houve apreensão em torno de Matheus, que caiu sozinho no relvado, aparentemente tendo desmaiado, sendo posteriormente levado de maca para fora do relvado.

Uma palavra de apreço, ainda, para o Dnipro, cuja caminhada histórica, na qual eliminou vários adversários de maior portento europeu, apenas terminou na final, sendo um honroso vice-campeão. Caíram, mas de pé e com orgulho. E atenção ao que esta equipa, alinhavada no emergente talento da sua estrela, Konoplyanka, pode alcançar num futuro bem próximo.

O Sevilha conquistou, assim, a Liga Europa pela segunda vez consecutiva, afirmando-se, cada vez mais, como o clube a temer na competição. De salientar que três portugueses festejaram: Daniel Carriço (o único que participou no jogo e o atual recordista de jogos), Diogo Figueiras e Beto (herói na final do ano passado, que conquistou pela terceira vez este troféu). Agora, seguir-se-ão os milhões das Champions para os comandados de Unai Emery.

A Figura:

Carlos Bacca – Avançado colombiano confirmou o estatuto de goleador e afirmou-se como a figura de destaque da partida. Na primeira parte fez o golo que deu a primeira vantagem na partida ao Sevilha e na segunda, isolado por Vitolo, não tremeu e foi decisivo ao dar a vitória aos andaluzes, num momento crucial.  Com um bis, e ainda uma assistência para o golo de Krychowiak, Bacca deu a quarta Liga Europa/Taça UEFA ao seu clube.

O fora-de-jogo:

Dnipro sem conseguir segurar vantagem – A equipa ucraniana apanhou-se em vantagem no marcador logo no início da partida, porém não conseguiu contrariar o favoritismo e poderio ofensivo que o Sevilha vinha a demonstrar na partida, o que resultou na cambalhota no marcador por intermédio dos andaluzes ainda na primeira parte. Certamente que se o Dnipro tivesse conseguido segurar a vantagem até momentos mais avançados do jogo, poderia ter sido feliz no final.

Foto de Capa: Facebook da UEFA Europa League

Ajax, uma revolução na formação

cab reportagem bola na rede

O Bola na Rede sentou-se lado a lado com Paulo Bento, Domingos Paciência, José Couceiro, Ricardo Sá Pinto e muitos, muitos outros, no Fórum do Treinador em que se debateu o que às vezes falta debater no jornalismo desportivo: o futebol propriamente dito. Falou-se de lesões e das formas de as evitar, das experiências e virtudes dos treinadores portugueses que vão para o estrangeiro, da tecnologia e de como os treinadores a podem incorporar nas suas funções mas foi Ruben Jongkind, responsável pelo desenvolvimento de talentos da formação do Ajax, quem emprestou as mais interessantes ideias. Sobre a forma como é e como será a formação daqui em diante, o membro da estrutura do Ajax apresentou ideias como a divisão dos jovens em três grupos de desenvolvimento (Sub-7/Sub-12, Sub-13/Sub-16, Sub-17/Sub-21) ao invés dos escalões utilizados na Europa, a implementação de treinos na rua e de Futsal, para os sub-12 ou o acompanhamento aos jovens por três mentores, focando o desenvolvimento no individual ao invés do colectivo.

O Ajax sempre foi uma referência na formação. Provavelmente, dado os resultados apresentados, seria um dos clubes no mundo que menos necessidade teria de mudar. Mas, como todos aqueles que se querem manter no topo, o Ajax não se contenta com o sucesso passado e, ao olhar para dentro, altera e inova.

Os grupos de desenvolvimento

Ruben Jongkind surpreendeu ao apresentar uma nova forma de divisão sectorial: Sub-7/Sub-12, Sub-13/Sub-16, Sub-17/Sub-21 em vez dos escalões muito mais restritos que, por norma, não permitem a confluência de jovens com mais de dois anos de diferença. Qual o objectivo do Ajax? Promover às crianças estímulos competitivos maiores e dificuldades acrescidas. Em Portugal, Sporting, Benfica e Porto têm equipas infinitamente superiores às restantes (os resultados provam-no). Mas essa superioridade não estagna o desenvolvimento dos jovens? Não se tornariam melhores se competissem com equipas de um valor competitivo equivalente ao seu? Se pensarmos, as crianças que actuam nos grandes portugueses, no final de uma época… jogaram apenas 4x contra equipas de qualidade similar à sua. Se os jovens são promovidos aos escalões acima dos seus? Sim, claro. Mas, no caso do Ajax, essa promoção não acontece apenas para os dois ou três melhores jogadores, mas para todos. E não acontece apenas no momento de um jogo em específico, mas de forma regular.

Os treinos na rua e de Futsal

“Em Portugal é normal jogar em campos reduzidos. Na Holanda não. Estamos a mudar isso”. Se o Futsal é uma modalidade que predomina muito mais em Portugal e Espanha, comparativamente com os outros grandes países europeus futebolisticamente falando, também é verdade que cá não há o hábito de colocar jogadores de Futebol a praticar Futsal para o seu desenvolvimento. O benefício consiste em tentar inverter o cada vez menor tempo de prática em idades inferiores, visto que no futebol de rua ou no Futsal cada jogador tem um tempo de actividade directa (com bola ou, se sem ela, a disputá-la) muito superior ao Futebol de 7 ou, principalmente, ao de 11. Mais do que componentes tácticas ou físicas, em idades mais baixas os aspectos fundamentais a ser trabalhados são os técnicos, e nada há melhor para o desenvolvimento desses aspectos do que o tempo de prática. Nesse sentido, diz Ruben Jongkind, “há sempre um parque de estacionamento livre“. Para além disso, o Futsal e o Futebol na rua significam tornar cada vez mais rápido o raciocínio e a tomada de decisão, pela intensidade que o pouco espaço confere ao jogo.

Ruben Jongkind, no Fórum do Treinador Fonte: Facebook do Fórum do Treinador
Ruben Jongkind, no Fórum do Treinador
Fonte: Facebook do Fórum do Treinador

Os mentores 

Uma das ideias menos expectáveis terá sido a de que o foco do desenvolvimento nos jovens se centra no individual e não no colectivo. A razão, disse o holandês, é simples. “Um plantel inteiro nunca se estreou na equipa principal, chegam lá individualmente”. Por isso, o plano passa por colocar três profissionais, cada um na sua área predilecta, à volta do jogador e esperar que ele, desta forma, tenha todas as condições para não depender de factores externos que o possam prejudicar. Um treinador com quem se dá mal, por exemplo. Assim, os mentores têm um grupo de cerca de dez jogadores de diferentes idades (mas do mesmo grupo de desenvolvimento, conforme foi explicado anteriormente) e, uma vez por semana, orientam uma sessão de treino integrada pelos seus jovens… de diferentes idades. Outro dos objectivos e fundamentos é que “mais olhos analisam melhor” e, com vários mentores envolvidos, há uma maior capacidade de correcção de erros e de consequente evolução para os jogadores. No fim, tudo se trata de evolução. “A nossa forma de pensar mudou do ganhar para o desenvolver. Se o melhor jogador dos sub-17 deve ir aos sub-19, vai. Se perdemos, é igual. Chegámos a jogar com jogadores sub-15 na equipa sub-19”, encerrou Ruben Jongkind.

A alimentação de que a formação também precisa

Sobre a formação mas não só, o Ajax também planeia lançar os jogadores que não forma… ou que não forma desde início. Só no seu país, o clube de Amsterdão revelou que trabalha com mais de 40 equipas amadoras e 25 mil jogadores. Segundo diz, se “há menos peixe, tem de se pescar melhor”. O mesmo será dizer que, com o crescimento do scouting nos restantes clubes a coincidir com uma regressão do tempo de prática dos jovens, o Ajax tem de se aplicar para conseguir atrair os melhores jovens que ainda não estão nos maiores clubes holandeses. Para isso, o clube já sugeriu à federação holandesa aumentar as compensações aos clubes amadores em caso de transferências de forma a possibilitar a esses clubes condições que lhes permitam continuar a desenvolver bons talentos, mais tarde muito rentáveis para clubes como o Ajax ou PSV, mas que só o serão se desenvolvidos com qualidade na sua fase mais embrionária da formação.

Perante estas quatro questões fundamentais na formação do Ajax, uma das mais bem cotadas no mundo, resta a questão: e em Portugal, fariam sentido as mesmas medidas e a mesma linha de pensamento? Jongkind disse que em Portugal se olha mais para o resultado na formação e “que é uma forma de ver as coisas”. É a correcta? O tempo dirá se esta reformulação na academia do Ajax vai dar os seus frutos ou se não, mas o espírito inovador e a coragem para mudar terá de ser admitida aos dirigentes do Ajax que, sobretudo, não pretendem dormir nos louros passados.