Elas, tal como eles, também correm. E correm para vencer. Portanto, a primeira regra quando se fala de futebol feminino é uma e só uma (bem dourada): colocar de parte quaisquer preconceitos. Porque dentro das quatro linhas joga-se futebol e os melhores dias do ano do futebol feminino estão a chegar. De 6 de junho a 5 de julho, no Canadá, as melhores das melhores lutam entre si pelo título de Campeãs do Mundo.
Acompanharo Mundial de Futebol Feminino de 2011 – aquele que em terras germânicas fez despoletar verdadeiramente a modalidade para um outro patamar – transformou a competição feminina numa prova mais mediática. E mediática aparece como a palavra-chave: os números de adeptos a seguir as equipas, tanto pela internet como in loco, nos estádios, aumentou significativamente e, com isso, os contratos publicitários e as transmissões televisivas.
Aqui, a National Women’s Soccer League assumiu um grande papel. O futebol feminino já existia antes da popularidade de Alex Morgan e Hope Solo e da reestruturação do campeonato norte-americano, sim, mas foi com a ascensão da equipa nacional norte-americana (vice-campeã mundial em 2011, numa final épica perdida para o Japão e que teve como ‘vingança’ o ouro conquistado em Londres’12) que o futebol, no ocidente, e o soccer, na metade norte do continente americano, começaram a ganhar um outro impacto.
Assim, a NWSL preencheu – em paralelo com os sucessos europeus (a Suécia e a Alemanha têm vindo a ser os maiores destaques desde há muito) – os anos vagos de ‘grandes competições’ enquanto equipas locais começam a construir bases para poder competir com outros países ao nível de mediatismo. Não é fácil. Ao contrário do futebol masculino, onde estão já construídos grandes alicerces em todos os países, com os seus ‘grandes’ e ‘históricos’, no futebol feminino por muitos clubes ‘de região e cidade’ – chamemos-lhes assim – que haja, ainda são as selecções que reinam. E, consequentemente, os Europeus, Mundiais, Jogos Olímpicos e… a Algarve Cup. Mas já lá vamos!
Criarnovos hábitos não é fácil. Criar novos hábitos quando do outro lado está uma ‘variante’ tão acompanhada quanto o futebol masculino, ainda menos fácil. Mas nisso os Estados Unidos foram exímios. Fugiram à tentação de se promover ao repescar os rostos mais comentados nas redes sociais e promoveram o seu futebol como mais ninguém. Criaram um produto, uma marca, uma paixão. E agora, mesmo com todos os esforços da Major League Soccer (que também passou por um rebranding), o soccer que reina é o feminino.
Alex Morgan, ao centro, é uma das figuras do futebol nos EUA Fonte: Facebook de Alex Morgan
Na Europa a realidade é outra, todos o sabemos, mas mais para Oriente o cenário volta a ser parecido com o norte-americano: o Japão (actual campeão em título), a China e a Coreia do Sul assumem papéis muito importantes na definição e construção da escalada global do futebol feminino.
Por estas e por outras razões, o Campeonato do Mundo de Futebol Feminino de 2016, que arranca já no próximo dia 6 de junho, no Canadá, será o maior da história.
As melhores do mundo passam por Portugal
Não é só “lá fora” que o esforço por promover o futebol feminino tem vindo a ser feito. Não, longe de ser verdade. Com uma selecção e campeonatos nacionais cada vez mais estabelecidos, a principal luta vem, ainda, a ser a organização de competições internacionais que trazem ao país as melhores. Falamos das melhores das melhores.
Em 2014, a 22 de maio, Tyresö e Wolfsburg deslocaram-se ao Estádio do Restelo, em Lisboa, para disputarem a final da Liga dos Campeões feminina. Perante 11.000 espetadores – uma vez mais, 11.000 espetadores, como em poucos jogos de equipas ‘secundárias’ se vê em Portugal – deram espectáculo. Celebraram-se sete (!) golos antes da vitória ser confirmada pelas alemãs, que assim se sagraram campeãs europeias numa das finais de maior impacto dos últimos anos.
Há poucas semanas, à semelhança de todas as épocas, jogou-se a Algarve Cup. Na região algarvia, com o sol que lhe é tão característico e… com todas as melhores do mundo. O convite é sempre bem correspondido. Desde a selecção portuguesa à sueca e à norte-americana, não esquecendo todas as outras potências do futebol mundial, voltou a festejar-se o hábito anual de Portugal receber (como não há igual) as melhores selecções do mundo de futebol feminino.
“Jorge Jesus no Sporting? Ahahah, vocês não têm dinheiro para nada”. “Só nos vossos sonhos é que o Jesus vai para Alvalade”. Foram coisas destas que os Sportinguistas tiveram de ler e ouvir logo que surgiram os primeiros e tímidos indícios de que Bruno de Carvalho poderia estar a tentar trazer o treinador do Benfica. Confesso, portanto, que me está a dar “um ganda goze”, como disse um dia o novo técnico do meu clube, assistir às reacções benfiquistas a esta vinda de Jorge Jesus para o Sporting.
De repente acabaram as reacções desdenhosas e condescendentes por parte dos rivais, que agora se mostram repentinamente muito preocupados com a saúde financeira do Sporting e voltam a ir buscar ao baú das memórias o pior de Jorge Jesus, numa tentativa de menorizarem os efeitos daquela que será (aguardo confirmações oficiais, porque atá lá nunca se sabe…) a transferência-sensação deste mercado.
A verdade é que as certezas benfiquistas quanto à não vinda de Jesus para Alvalade eram um pouco optimistas demais. Arranjar 4 milhões por época não é mais do que abdicar da compra de um novo Slavchev e treinar o Sporting é, neste momento, mais aliciante do que treinar o Benfica. A isto acresce o facto de Jesus ser um conhecido Sportinguista. Muitos esqueceram-se de tudo isto. Não quiseram olhar para a hipótese “Jesus no Sporting” de forma séria e agora assiste-se, no universo benfiquista, a um nítido desamparo e a um estado de pré-pânico. É o que dá o excesso de soberba.
Jesus fez 16 jogos pelo Sporting em 1975/76, marcando 4 golos Fonte: Fórum SCP
E é bom lembrar que o emblema da Luz está longe de ser virgem nesta questão de trazer jogadores do Sporting. Estamos a falar de um clube que criou a sua secção de futsal (começando logo na 1ª divisão e contornando as regras, já agora) indo buscar dois jogadores a Alvalade, repetindo-se esses actos até aos dias de hoje; que sustentou grande parte da sua década passada na qualidade de um futebolista, Simão Sabrosa, que tinha sido dos leões; que, no atletismo, tem constantemente deitado mão a alguns dos nossos melhores valores. Não podem, por isso queixar-se muito. Por outro lado, é bom ver as reacções quando os papéis se invertem.
Pela minha parte, apenas aceitaria a saída de Marco Silva se viesse Jesus. Foi o que, ao que tudo indica, aconteceu. E em que é que o até agora treinador do Benfica pode ser útil ao Sporting? Desde logo, é um técnico ambicioso, experiente e habituado a ganhar. A isso junta-se o facto de o Benfica ter uma defesa muito sólida, onde jogadores de nível mediano como Jardel ou Eliseu se superaram e estabilizaram, como também um ataque objectivo, fluido, pressionante e pragmático, mesmo quando não joga bem.
É verdade que, agora, Jesus vai ter de começar tudo do início, mas não é menos verdade que é ele a pessoa indicada para identificar e corrigir os graves problemas que devastaram a defesa verde-e-branca, comprometendo desde cedo a temporada leonina. No que diz respeito ao sector atacante, espero que Jesus se mantenha fiel aos seus princípios e que aposte em Montero no apoio a outro avançado. O Sporting sairia a ganhar. De resto, é também um nome sonante que pode não só ser decisivo na compra de novos reforços como também ajudar a segurar alguns jogadores actuais. E roubá-lo ao Benfica é matar dois coelhos de uma cajadada: não só os rivais ficam mais fracos e levam uma valente “bicada”, como o Sporting fica mais forte. Melhor era impossível!
Jesus no Jamor em 2002, na zona dos adeptos do Sporting. O seu amor pelo clube é antigo, ou não fosse ele filho de um companheiro de equipa de Peyroteo
Já no que diz respeito a pontos fracos, existe um que há muito aponto a Jesus: o facto de o seu maior inimigo ser ele próprio. É um grande treinador, mas talvez se ache ainda melhor do que é e nem sempre tenha a capacidade para reconhecer que errou. De resto, não estou preocupado com os rumores de desinvestimento na formação. Face ao orçamento limitado, qualquer treinador que venha para Alvalade sabe de antemão que não haverá Di Marías nem Gaitáns. Mas também sabe que, para encontrar talentos nas camadas jovens, não podia estar em muitos clubes melhores do que o Sporting.
Ressalvo ainda que, obviamente, contratar Jesus não é sinónimo de ser campeão. O Sporting continua com menos dinheiro e menos poder de bastidores do que os rivais, e as ajudas da arbitragem decerto não acompanharão o treinador nesta viagem. Ainda assim, pesados os prós e os contras, uma coisa é certa: independentemente dos resultados futuros, Bruno de Carvalho foi buscar o melhor treinador que podia.
Numa entrevista feita há um ano, e cuja citação não consegui recuperar, Jesus contava um episódio da sua juventude em que um amigo apareceu à porta de sua casa para irem tomar café com duas raparigas, tendo o futuro treinador preferido ficar a ouvir o relato de um jogo europeu do Sporting. Não era segredo para ninguém que o filho de Virgolino Jesus, que jogou no Sporting na altura de Peyroteo, era Sportinguista. O próprio Jorge foi atleta leonino. Agora, passados quase quarenta anos, volta pela porta grande, para treinar o clube do seu coração. Que daqui a pelo menos três épocas também saia por essa porta, é o meu desejo.
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P.S. 1: independentemente daquilo que se tenha passado, tenho pena que Marco Silva saia e não acho que tenha sido bem tratado na festa da taça quando, ao contrário de Inácio, não teve direito a ser chamado em nome próprio. Terá sempre a minha gratidão por ter quebrado o nosso jejum de troféus. Mesmo nunca tendo conseguido estabilizar a defesa por completo nem impedido a quebra da equipa na segunda metade da época, tem boas qualidades e vai evoluir. Se não fosse por Jesus, seria o meu treinador.
P.S.2: não queria deixar de dizer que os valores envolvidos e a proveniência destes não me agradam minimamente, e espero pelo esclarecimento das contrapartidas. O futebol é um mundo podre…
P.S. 3: “Para mim o presidente do Sporting ia para o manicómio. Absolutamente inacreditável. Loucura”. Foi esta a reacção de Dias da Cunha à contratação de Jesus. De facto, com Sportinguistas destes, quem precisa de rivais… Os verdadeiros Sportinguistas devem manter-se alerta, porque a antiga casta ainda não disse a sua última palavra. Eles andam aí, e mais cedo ou mais tarde tentarão de novo tomar o clube.
P.S.4: Até agora, a reacção que mais me faz acreditar que Jesus vem mesmo foi a de João Gabriel. E que gozo me está a dar ver esta figura desprezível de cabeça perdida e sem saber para onde se virar. O abominável dirigente, que não tem mais nenhuma função perceptível no Benfica a não ser lançar bílis contra os rivais, deve estar a ter uma boa quinta-feira. Há uns anos, depois de ter ganho uma Taça da Liga ao Sporting de forma fraudulenta, veio dizer, com o troféu ao lado e para gáudio de muitos adeptos, que o Benfica tinha “muito orgulho nesta Taça da Liga”. Pois bem, nós temos muito orgulho no nosso treinador Jorge Jesus. É a vida…
Foto de capa: site oficial do Sport Lisboa e Benfica
Plano financeiro: ai jesus, como é que conseguiram…
No dia 14 de Março de 2011, Bruno de Carvalho, candidato pela primeira vez à presidência do Sporting, anunciou ter investidores russos dispostos a investir no clube e, mais concretamente, no seu futebol. Nas eleições, venceu Godinho Lopes mas, até lá, Bruno de Carvalho foi catalogado de mil e uma formas pejorativas e as pessoas riram-se dos supostos investidores.
Até hoje a história é conhecida. Bruno de Carvalho voltou a candidatar-se e, na segunda tentativa, tornou-se presidente do Sporting Clube de Portugal. Na sua primeira grande missão, tornou possível uma reestruturação que poderá ter salvo o clube da falência. Mexeu em muitos poderes internos instalados, cortou em muitos custos desajustados e, há poucos dias, o Jornal de Negócios anunciou: o Sporting apresenta resultados líquidos em 3057% superiores aos do mesmo trimestre do ano anterior e resultados operacionais que cresceram em 580% relativamente ao mesmo período. O passivo também diminuiu.
Perante estes factos, por um lado, é interessante a súbita preocupação do país com as contas leoninas: obrigado, mas quem apresentou até aqui este trabalho, saberá o que está a fazer; por outro, para se subir de nível é preciso subir o investimento – como em tudo na vida. De qualquer forma, é praticamente consumado que o dossier Jesus está a ser suportado por… investidores que BdC conseguiu.
Riam-se agora.
Plano desportivo: o treinador superior ao do Real Madrid
Desportivamente, o Sporting tinha um bom treinador com o qual a sua estrutura não tinha uma boa relação. Quer se queira ou não, existia um problema porque a relação treinador/presidente é importante para o destino da equipa gerida por essas duas figuras. Com ou sem Jesus, o Sporting ia com quase certeza absoluta dispensar Marco Silva. Assim sendo, e embora me pareça que não é o único superior a Marco Silva, Jorge Jesus seria a única solução capaz de fazer o universo Sportinguista não eclodir perante a saída do treinador que venceu a Taça de Portugal. Mais do que isso: com Jesus, o Sporting garante um técnico (bem) superior ao anterior. Basta relembrar o que era o Benfica antes deste ciclo de seis anos – um título em quinze anos, quatro anos consecutivos atrás do Sporting de Paulo Bento, largos anos sem nenhuma final europeia.
Para além de todas as qualidades reconhecidas no plano táctico – com a excelência defensiva à cabeça -, Jesus é reconhecido pela valorização individual que consegue a partir das potencialidades dos seus jogadores. Sendo o plantel do Sporting bastante jovem e recheado de jogadores a quem se augura grande futuro, este poderá ser o treinador indicado para fazer alguns possíveis grandes jogadores em reais grandes jogadores.
Para finalizar quanto à valia de Jorge Jesus, e por muito que pareça presunção mas não o é, uma curiosidade: o Sporting e o Real Madrid contrataram ambos um treinador no dia de ontem. E o do Sporting é melhor.
Formação: os clichés de quem só hoje se lembrou dos miúdos
Sobre a formação há dois pontos fulcrais a ser esclarecidos. Primeiro, que Marco Silva apenas apostou realmente em Tobias Figueiredo (e por real necessidade, como se sabe) e que, até agora, nunca se tinha verificado o sinal de alarme para com a Academia de Alcochete como tem sido entoado nas últimas 24h. Wallyson, por exemplo, poderia perfeitamente ter sido aposta em determinada altura em que Adrien atravessava uma forma negativa. O próprio Tobias passou meses a ver Sarr e Maurício actuarem. Por outro lado, é cliché a história de que “Jesus não aposta na formação” e de que outros treinadores o fazem com insistência. Os treinadores querem ganhar – todos! E para isso usam aqueles que entendem ser os que mais garantias lhes dão. Se Jesus tinha disponíveis recursos que lhe permitiam contratar os jogadores que desejava, e se na formação do Benfica não existiam soluções de maior (com excepção de Bernardo Silva), é normal que o fizesse. Provavelmente no Sporting o cenário será outro. Não me parece que seja o treinador a ignorar os talentos de Alcochete em detrimento de jogadores piores. Se houver um investimento em reforços também… óptimo. Os jovens da formação não terão com que se preocupar: os que são realmente bons continuarão a poder aparecer e, sobretudo, fá-lo-ão como merecem, sem necessidade de salvar um colectivo fraco e com a tranquilidade e tempo para crescer, ao contrário do que tem sido norma no Sporting. Afinal a transição formação/equipa principal foi sempre apontado como um dos pontos a melhorar… lembram-se?
Perante toda esta nova conjectura, convém relembrar que nenhum treinador garante o que quer que seja. Nem Marco Silva, nem Jesus, nem Guardiola. A chegada de Jorge Jesus é, indubitavelmente, uma boa notícia para o Sporting mas não é garante do que for. Os melhores treinadores deixam as suas equipas mais perto do sucesso e, nessa óptica, o clube de Alvalade está um pouco mais perto do sucesso… e o da Luz um pouco mais longe. Ainda assim, expectativa para ver como será a relação Jesus/Bruno de Carvalho – lembrando que são duas personalidades muito mais parecidas do que eram Marco Silva/Bruno de Carvalho, com tudo o que isso possa significar. Mas o presidente leonino sabe que, este ano, tem menos margem para novos conflictos com o treinador – primeiro porque se tornaria reincidente na matéria, segundo porque Jesus não será tão comedido na reacção.
Confesso que ainda estou algo perplexo. A confirmar-se que Jorge Jesus vai ser treinador do Sporting Clube de Portugal – e parece mesmo que sim – é uma jogada de mestre por parte de Bruno de Carvalho. Afinal de contas, e é bom que todos se apercebam disto, ainda na segunda-feira, nos festejos da conquista da Taça de Portugal, na Câmara de Lisboa, muitos dos adeptos do Sporting gritavam efusivamente o nome de Marco Silva. Ora bem, a contratação de Jorge Jesus muda completamente o cenário; não tenho grandes duvidas de que por esta altura a nação leonina está em jubilo total. Afinal de contas, Bruno de Carvalho acaba de “roubar” um treinador que conseguiu ser bicampeão nacional pelo eterno rival, o que já não acontecia há 31 anos.
Várias fontes indicam que Jorge Jesus (na imagem) irá assinar pelo Sporting por 3 épocas. Fonte: Facebook Oficial Sport Lisboa e Benfica
O Sporting Clube de Portugal é um clube de princípios e, tendo isto em conta, resta saber em que condições e com que promessas o treinador português aceitou assinar pelo equipa leonina. Terá Jesus aceitado treinar o Sporting com o compromisso de aproveitar a academia de Alcochete? Ou, pelo contrario, terá o presidente Bruno de Carvalho prometido mundos e fundos a Jorge Jesus?
Nesta altura poucos terão pensado nisto, mas, e Marco Silva? É bom recordar que o antigo treinador do Estoril ainda é treinador do Sporting e tem um contrato de 3 anos por cumprir; em que condições sai o atual treinador leonino? Terá o Sporting que pagar mais uma vez para despedir um treinador?
No entanto, todas as questões que acabei de referir em nada invalidam a genialidade deste trunfo que Bruno de Carvalho acabou de jogar. Sejamos sinceros, mesmo que não se verifique a aposta na formação; mesmo que o Sporting pague uma indeminização bastante alta a Marco Silva; mesmo que o Sporting aumente o seu orçamento para transferências e pague uma fortuna a Jorge Jesus, caso o Sporting se sagre campeão nacional na próxima temporada, nada disto interessará para a massa adepta leonina. Em suma, o Sporting ganha em duas frentes: fica mais forte e enfraquece o eterno rival.
Como adepto do Sporting, e ainda a tentar assimilar todas estas informações, espero apenas que Bruno de Carvalho saiba o que está a fazer e, sobretudo, que esteja a pensar como presidente do Sporting Clube de Portugal e não como adepto de uma das claques de apoio.
Uma visão Benfiquista
Jorge Jesus no Sporting. A ser verdade, é uma das, senão “A” bomba do futebol português do século XXI. É sabido que “JJ” é sportinguista, mas não cabe na cabeça de ninguém ver o treinador que deu o bicampeonato ao Benfica partir para o rival da segunda circular na época imediatamente a seguir ao feito. Caso se confirme a notícia, lá terá de caber.
Posto isto, que será do Benfica?
É importante que isto fique explícito: já existia Sport Lisboa e Benfica antes de Jesus. Apesar de a saída do treinador oriundo da Amadora parecer um duro golpe, o clube continua e terá de se reorganizar de acordo com essa realidade. O homem que tem sido apontado como o escolhido para liderar as águias a novas alturas é Rui Vitória, actual treinador do Vitória de Guimarães.
À partida, parece que não colmata na perfeição a saída de Jesus do comando técnico do Benfica. No entanto, Vitória tem tido um percurso bastante interessante no Guimarães. Desengane-se o leitor que pensa que aquilo que direi a seguir é em jeito de afronta, mas, ao comando do Guimarães, e no que toca a palmarés, Rui Vitória tem tantos títulos quanto o Sporting nos últimos anos. E, porque o fez com o Guimarães, não com o Sporting, só pode ser um indicador positivo.
Rui Vitória é perfeito para o plano de Vieira no que toca ao futuro do Benfica, que é, diga-se, o único que realmente faz sentido, tendo em conta a conjuntura económica do clube. Para além de ter a experiência de trabalhar com poucos recursos e de ter potenciado alguns jovens jogadores (Hernâni, Ricardo Pereira e André André são bons exemplos), Rui Vitória já conhece os cantos à casa, dos tempos em que foi treinador de juniores dos encarnados.
Caso seja escolhido, Rui Vitória (na foto) será uma boa opção para comandar os encarnados ao “Tri” Fonte: Facebook Oficial Vitória Sport Clube
A pressão de suceder a Jesus será intensa, é certo. “JJ” pegou num Benfica sem cultura vencedora e, em seis anos, fê-lo vencer 3 campeonatos, 1 Taça de Portugal, 5 Taças da Liga e 1 Supertaça. Isto, para não falar das duas finais europeias em que o Benfica marcou presença. O palmarés recente do Glorioso é imponente – mas Rui Vitória terá muito por onde pegar. Vitória terá o privilégio de tomar as rédeas de um Benfica “à Benfica”, com duas excelentes referências no balneário – Luisão e Maxi Pereira -, que farão de tudo para que a equipa não se esqueça da sensação de ganhar. Esses tempos, diga-se, já lá vão.
Quanto a Jesus, esse não terá vida fácil em Alvalade. A pressão de se mudar para o rival directo do Benfica vai, certamente, fazer-se sentir. E mais: Jorge Jesus é conhecido por gostar de ter total envolvimento e controlo das equipas que comanda. À partida isso ser-lhe-á concedido por Bruno de Carvalho, mas veremos se assim continuará a ser se a dada altura a situação ficar mais negra.
Enquanto benfiquista, tenho o máximo de respeito pelo “Mister” Jesus. Mas, agora, o meu mister será outro. E é com esse que todos nós temos de contar. O Benfica há-de continuar a somar e a seguir. Que o Tricampeonato do Benfica se escreva com Vitória.
Autores: Duarte Pereira da Silva (Sporting) e Gonçalo Caseiro (Benfica)
Foto de Capa: Facebook Oficial Sport Lisboa e Benfica
As vitórias de Novak Djokovic, que venceu pela primeira vez em Roland Garros Rafael Nadal; Andy Murray, que, curiosamente, também venceu pela primeira vez David Ferrer em terra batida, e ainda a derrota de Roger Federer perante Stan Wawrinka, que também nunca tinha ganhado a Federer em Roland Garros, marcam o fim de uma era na história do ténis.
Novak Djokovic VS Rafael Nadal
Novak Djokovic entrou bastante forte no encontro e rapidamente se adiantou para 4-0 na primeira partida. No entanto, e como é apanágio do espanhol, Nadal rapidamente recuperou dos 2 breaks de desvantagem e igualou a partida a 4 jogos. A primeira partida, que viria a cair para o lado do sérvio, por 7-5, viria a decidir-se em pequenos detalhes, de resto, como todo o encontro, na minha opinião.
O espanhol, que, mesmo perdendo o encontro, realizou o melhor encontro da temporada de terra batida, voltou a tremer em momentos importantes no segundo set: quando servia a 4-3, apesar de ainda ter salvado break points, voltou a sofrer o break e colocava Djokovic a servir para o fecho da segunda partida; o sérvio não tremeu e acabaria mesmo por se colocar a vencer por 2 sets a 0.
No terceiro set, Nadal, que pareceu acusar a derrota do segundo set, não mais conseguiu perturbar Djokovic. O sérvio, como é normal, começou a jogar mais solto e parecia estar em estado de graça. Terminava, desta forma, a invencibilidade de Nadal frente a Djokovic em Roland Garros.
Numa análise mais técnica, penso que a “ausência” da direita paralela de Rafael Nadal, que tantas vitórias lhe deu perante o sérvio, combinada com a agressividade de Djokovic, foram a chave para o triunfo do número 1 mundial. Será desta que o pupilo de Boris Becker vence Roland Garros?
Andy Murray VS David Ferrer
Andy Murray, que chegou a Roland Garros após realizar a sua melhor temporada em terra batida – conquistou 2 titulos no pó de tijolo, Munique (ATP250) e Madrid (Masters100) – voltou a realizar uma excelente exibição. David Ferrer nunca pareceu ser capaz de incomodar verdadeiramente o escocês.
No 1º set, Murray, que até chegou a salvar 1 set point, esteve sempre bastante confortável. O escocês chegou a dispor do seu serviço a 5-3 para vencer o primeiro set, mas só foi capaz de concretizar a sua superioridade no tie-break (7-4). No segundo set, a superioridade do escocês foi ainda mais evidente. Murray, sempre bastante agressivo, dominou por completo a segunda partida e coloca-se, tal como Djokovic, a vencer por 2 sets a 0. Ferrer parecia não ter armas no seu jogo que fossem capazes de perturbar minimamente o escocês.
Quando nada o fazia prever, e após o escocês desperdiçar uma vantagem de 3-0, na terceira partida, David Ferrer nunca baixou os braços, alias, como é habito, e conseguiu mesmo vencer o terceiro set por 7-5. No entanto, e, diga-se, com toda a justiça, Andy Murray voltou a elevar o seu nível de jogo e venceu com toda a autoridade o quarto set por 6-1. Foi a primeira vez na sua carreira em que o escocês bateu David Ferrer em terra batida.
Djokovic e Murray, num encontro que será uma reedição da final do Australian Open 2015, vão disputar, na sexta-feira, um lugar na final do Grand Slam parisiense.
Andy Murray e Novak Djokovic reeditam, desta forma, a final do Australian Open 2015 Fonte: Facebook Oficial de The Guardian
O fim de uma era ?
As derrotas de Rafael Nadal, frente a Djokovic, e de Roger Federer, perante Stan Wawrinka, marcam o fim de uma era na história do ténis (embora Rafa já tenha vindo negar tal coisa). O espanhol e o suíço, nos últimos tempos, não têm sido capazes de superiorizar-se aos restantes jogadores de top do circuito. Contudo, nada apaga o que ambos fizeram pela modalidade. Rafael Nadal é, sem margem para dúvidas, o melhor jogador de todos os tempos em terra batida e também um dos melhores de sempre, e Roger Federer é, na minha opinião, o melhor jogador da história da modalidade.
Um grande obrigado a Federer e Nadal por tudo aquilo que fizeram e, não tenho duvidas, continuarão a fazê-lo, seja dentro ou fora do campo. No meu caso, e com certeza terão sido para milhões de praticantes por todo o mundo, exemplos a seguir.
Sete anos depois, o Sporting volta a estar onde merece. A espera não valeu a pena porque nunca vale a pena entregar mais de meia década de bandeja aos rivais, mas tudo isso já acabou. A eleição da actual direcção constituiu um corte com o passado que vai sendo cada vez mais visível. O jogo de ontem marcou o fim de um período negro sem troféus, com a pior classificação de sempre no futebol pelo meio e com o futuro do clube seriamente comprometido. Esta taça foi muitíssimo importante para quebrar o enguiço, para que jogadores e adeptos tenham voltado a sentir o que é ser o melhor e, também. para alimentar a maior potência desportiva nacional, que vive de títulos.
Já muito se falou do jogo em si, por isso digo apenas que seria muito injusto perder a final uma vez que, mesmo com 10 jogadores, o Sporting foi a melhor equipa. Quero somente destacar a qualidade de Rui Patrício, decisivo no fim do prolongamento e nos penáltis, a segurança de Paulo Oliveira e Ewerton, que estiveram enormes e compensaram as más exibições dos laterais, o sentido de oportunidade de Slimani e de Montero, que resgataram a partida, e o Esforço, Dedicação e Devoção de todos, mesmo quando talvez já não acreditassem, que levou a que o clube voltasse a atingir a Glória. A entrega dos jogadores, sem excepção, foi fulcral para a reviravolta. Mais do que quererem ganhar a Taça, fizeram por isso e foram recompensados.
Pela primeira vez, a Taça de Portugal foi decidida através de penáltis Fonte: Sporting CP
Ora, tendo em consideração o nível exibicional e a atitude da equipa, a eventualidade de uma derrota seria duplamente injusta. Tive oportunidade de ir ao Estádio do Jamor pela primeira vez na minha vida e, para meu próprio espanto, o resultado que se verificou até aos 93 minutos não motivou em mim revolta, mas sim uma enorme tristeza que me roubava praticamente qualquer reacção. Felizmente, no domingo a equipa teve a ponta de sorte que lhe escapou tantas vezes nesta época plena de auto-golos, golos sofridos de forma bizarra e/ou no último minuto. Mas também só a teve porque acreditou, porque foi para cima do Braga, porque suou até não poder mais. Quem não soubesse que os minhotos estavam em superioridade numérica, nunca acreditaria.
Fora de campo, foi extraordinário ver a comunhão entre jogadores e adeptos. Que os Sportinguistas são os mais fiéis do país já não é novidade, mas é incrível testemunhar tamanha capacidade de mobilização por causa de uma taça. A festa em Alvalade foi o exemplo mais recente e apetece perguntar o que acontecerá no dia em que se conquistar o tão ansiado campeonato…! A este propósito, aliás, boas notícias parecem anunciar-se: Bruno de Carvalho foi agora muito mais cauteloso a lidar com a questão da candidatura ao título na próxima época do que havia sido no lançamento desta última. Essa atitude é a única que faz sentido, porque protege o grupo de trabalho e leva as coisas jogo a jogo. E não assumir a candidatura é diferente de não querer ser campeão.
Antes de terminar, não consigo deixar de dizer o bem que me sabe esta vitória não só pelo que ela significa para o Sporting mas, também, por tudo o que uma derrota acarretaria. Arrisco dizer, não querendo parecer ingrato, que perder esta Taça faria ainda mais mossa do que o bem que nos fez ganhá-la. Morrer na praia seria letal do ponto de vista psicológico e reforçaria a ideia de que o Sporting estava condenado a não ser feliz.
Primeiro no Jamor e depois em Alvalade, os adeptos protagonizaram mais um momento único
Perder para o Braga faria o gáudio dos tais “seis milhões” de que falava António Salvador, muitos dos quais dizem que só os outros é que são “antis” mas vivem para pisar o Sporting. Nos media, não faltaria quem recomeçasse cinicamente a reforçar a ideia lunática, e adormecida desde que o Sporting deixou de andar à deriva, de que o Braga roubou aos leões o estatuto de clube grande. Lamento, mas quem já tinha afiado as facas vai ter de guardá-las para uma outra altura.
No último domingo foi dado mais um grito de revolta, o maior desde 2013. Daqui para a frente, o percurso leonino só pode continuar a ser o mesmo: realismo, pés assentes no chão mas uma vontade enorme de melhorar cada vez mais. Sabemos que não vai ser fácil, porque o clube dispõe de menos argumentos do que os rivais tanto a nível financeiro como de bastidores, mas não pode ser de outra forma. O Sporting é um clube diferente dos outros, um clube sobre o qual já não faz sentido dizer-se que nunca vai acabar, mas sim que está a ressuscitar. Estamos vivos!
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P.S.: pode haver quem diga que é fácil ter-se fair play nos bons momentos mas, assim como disse que seria injusto o Braga vencer a Taça, não quero terminar este texto sem deixar uma palavra de apreço pelo finalista vencido. Os arsenalistas têm vários jogadores de qualidade, fizeram um grande percurso e sei, por experiência própria, o que é perder uma final de forma dramática.
23 anos, actua preferencialmente como extremo esquerdo, mas não se coíbe de aparecer com frequência na zona de finalização. Um dos jogadores que mais se destacou na campanha acima das expectativas do Pas Giannina (sexto lugar). Deu nas vistas ao ponto de ter chamado a atenção do PAOK, que está perto de assegurar os seus serviços para a próxima temporada. A confirmar-se a transferência, terá que lutar por um lugar numa equipa com objectivos assumidamente mais ambiciosos e com selo de competições europeias.
Ao segundo jogo, a segunda vitória. Depois de ter vencido, esta madrugada, o Qatar por claros quatro golos sem resposta, a Seleção Nacional assegurou a passagem aos oitavos de final do Campeonato do Mundo de Sub-20. Na tarde chuvosa de Hamilton (Nova Zelândia), Ivo Rodrigues, avançado do FC Porto emprestado ao Vitória de Guimarães, foi o MVP, ao apontar dois golos e assistir João Vigário para o último tento da partida.
Cedo se percebeu que o Qatar não representaria ameaça às intenções lusas. Apesar de ter tomado a iniciativa nos primeiros cinco minutos, a seleção do Médio Oriente entregou pouco depois o domínio das operações a Portugal, que se limitou a fazer um jogo paciente e sem grande verticalidade, confiante de que o golo acabaria por surgir. A verdade é que, com 34 minutos decorridos, e após uma meia hora algo aborrecida e com escassas oportunidades, André Silva desfez o nulo. Gelson Martins fletiu para o meio e serviu numa bandeja o ponta-de-lança, que só precisou de desviar a bola do guarda-redes Yousef Hassan. Foi o segundo golo de André Silva na competição.
Antes do intervalo, Ivo Rodrigues ainda ampliou a vantagem, com um grande golo: Rony Lopes (uns furos acima do último jogo) cruzou rasteiro, a defesa catarense afastou, mas Francisco Ramos recuperou à entrada da área e assistiu Ivo, que, de bicicleta, desfeiteou Hassan pela segunda vez.
No balanço da primeira parte, domínio de Portugal em toda a linha (31%-69% em posse de bola) e aposta ganha do selecionador Hélio Sousa, ao colocar em Francisco Ramos e Ivo Rodrigues em campo como titulares (saíram Guzzo e Gonçalo Guedes); os dois jogadores do FC Porto estiveram em bom plano, e Francisco Ramos denotou um entendimento notável com o capitão Tomás Podstawski.
Na etapa complementar, o Qatar jogou de modo mais aberto, algo que acabou por beneficiar Portugal, já que a congénere asiática abriu muitos espaços no reduto defensivo. No entanto, foi aos 48 minutos que surgiu a melhor oportunidade do jogo para os catarenses. Almoez, numa boa jogada individual, levou o esférico a passar bem perto do poste da baliza à guarda de André Moreira. Depois, André Silva ensaiou o remate por três vezes, de cabeça e de fora da área, por duas vezes.
André Silva voltou a exibir-se a grande nível e já leva 2 golos em 2 jogos na competição Fonte: Página do Facebook das Seleções de Portugal
O terceiro golo surgiu já depois das entradas de Janio Bikel e Nuno Santos. O segundo, à semelhança do que já tinha feito frente ao Senegal, cruzou para mais um golo: Ivo Rodrigues concretizou, de cabeça, o segundo da conta pessoal. O mesmo Ivo, poucos minutos depois, “trocou as voltas” ao lateral Shanin e entregou a João Vigário (substituto de André Silva), que rematou de primeira e colocado para fechar as contas da partida.
Portugal voltou a deixar bem patente o seu ADN neste Mundial. Jogo seguro dos pupilos de Hélio Sousa, com muita maturidade e bom aproveitamento dos espaços criados, ora pelo adversário, ora pelo bom entendimento entre os jogadores. Além do destaque Ivo Rodrigues, nota francamente positiva para Rafa, Francisco Ramos, Gelson Martins e André Silva, que, até ser substituído, foi fundamental na largura que deu ao jogo ofensivo lusitano. Em suma, mais uma exibição assente na força coletiva de uma equipa (na verdadeira acepção da palavra) que permite aos portugueses sonhar.
O próximo jogo já será contra um adversário de maior valia. No papel, a Colômbia é o único adversário capaz de disputar o primeiro lugar do grupo com Portugal. Para a Seleção, será um teste mais sério, para pôr à prova a fibra dos jovens portugueses contra uma equipa sul-americana, que tem presenteado os adeptos com alguns dos mais brilhantes momentos e golos das últimas edições dos Mundiais Sub-20. Ainda assim, mantendo o ritmo até aqui apresentado, a equipa portuguesa deverá estar à altura do desafio.
A Figura
Ivo Rodrigues – A sua inclusão no onze inicial foi aposta ganha pelo selecionador. Dois golos e uma assistência já seriam motivo mais do que suficiente para esta escolha, mas o avançado não se limitou a isso. Foi dos mais dinâmicos na primeira parte, procurando sempre descobrir o ponta-de-lança com passes em profundidade, e combinou muito bem com os laterais Rafa e Riquicho. Terá ultrapassado Gonçalo Guedes na corrida por um lugar cativo na equipa.
O Fora-de-Jogo
Defesa do Qatar – Apesar de se saber que o valor dos asiáticos não se compara com o da equipa das quinas, esperava-se mais dos vencedores da Taça da Ásia Sub-19. Quase toda a defesa (a começar no guarda-redes) cometeu erros de principiante e nunca pareceu capaz de aguentar a rotação do ataque português. Se o Qatar chegar a receber o Mundial de 2022, esta deverá ser a base da seleção anfitriã, e está mais do que visto que há muito trabalho a ser desenvolvido.
Foto de Capa: Página do Facebook das Seleções de Portugal
Fala-se pouco do futebol francês. Por volta da mesma altura, curiosamente, o futebol alemão ganhou um novo protagonismo e o gaulês, campeonato histórico, perdeu preponderância. Em Portugal, esse desvio de atenção deveu-se, em muito, à saída de Pedro Pauleta do Paris Saint-Germain, e consequente fim de carreira. Mas, na Europa, as razões foram outras.
A década de 90 foi o palco do apogeu do futebol francês. Depois do escândalo de resultados combinados do Marselha, a Ligue 1 vivia tempos quase inéditos no futebol europeu: em seis anos, foram campeãs seis equipas diferentes. Não havia continuidade, consistência ou estabilidade; ainda assim, a qualidade futebolística era acima da média, e a principal liga francesa era um verdadeiro laboratório de jogadores que, mais tarde, saltariam para campeonatos com mais destaque nas competições europeias.
Além dos feitos internos, também a selecção nacional vivia uma época auspiciosa. A geração de Thierry Henry, Zinédine Zidane, Patrick Vieira, entre outros, conquistou o Campeonato do Mundo em casa, em 1998, e, dois anos depois, o Europeu. Eram as estrelas do futebol mundial. Os bleus eram o colectivo mais temido e respeitado. Mas em 2002, aquando do Mundial da Coreia e do Japão, tudo isto foi por água abaixo. O muito antecipado favoritismo deu azar aos franceses e, tal como podemos dizer de Portugal, a campanha por terras asiáticas foi um fiasco. Os gauleses vieram embora sem uma única vitória, e nem sequer um golo marcado.
E, a partir daqui, foi sempre a descer. Depois da presença do Mónaco na final da Liga dos Campeões, frente ao Porto, não mais uma equipa francesa se fez sentir na maior competição de clubes. Daí aos desentendimentos de Nicolas Anelka com o seleccionador Raymond Domenech, às greves dos jogadores e às fracas prestações em fases finais, foi um pequeno passo. Tudo isto contribuiu para que o futebol francês deixasse de ser um dos mais afamados palcos do desporto rei.
Poucos saberão que, este sábado, o PSG conquistou um inédito quadruplé. Ao vencer o Auxerre, na final da Taça Francesa, a equipa de Laurent Blanc juntou esse troféu à Supertaça, ao Campeonato Francês e à Taça da Liga. Espero que, com o ressurgimento do PSG, este futebol que tanto aprecio volte às páginas dos jornais. Ibrahimovic e companhia irão, com certeza, mostrar que o clube está empenhado em voltar à glória europeia e estabelecer uma verdadeira hegemonia de títulos em França.
128 jogadores estavam em prova no primeira domingo do torneio, mas restam agora apenas 8 para os quartos-de-final. Na parte superior do quadro, teremos a ‘final antecipada’ entre Djokovic e Nadal e também Murray vs Ferrer, enquanto que na metade inferior do quadro teremos Nishikori vs Tsonga e Wawrinka vs Federer. Vejamos os destaques da primeira semana do torneio.
Destaques positivos
-7 dos 8 primeiros cabeças-de-série atingiram os quartos-de-final, tal como na Austrália. Em Melbourne, foi Federer que ‘falhou’, aqui foi Berdych, derrotado pelo sempre perigoso Tsonga;
-Djokovic e Nishikori ainda não perderam qualquer set neste torneio, Tsonga, Federer, Nadal e Wawrinka perderam um cada, enquanto que Murray e Ferrer perderam dois;
-Cilic ia numa série de 19 sets consecutivos ganhos em torneios do Grand Slam, mas essa série foi interrompida por uma convincente derrota (6-2 6-2 6-4) contra David Ferrer, que assim atingiu os quartos-de-final de Roland Garros pelo quarto ano seguido;
-Cinco jogadores franceses chegaram aos oitavos de final, mas apenas Tsonga se qualificou para os quartos; Gasquet perdeu em 3 sets contra Djokovic, Chardy em 4 sets contra Murray, Simon em 3 contra Wawrinka e Monfils em 4 contra Federer;
-Kokkinakis e Coric ambos atingiram a terceira ronda, um feito assinalável para dois jovens de 18 anos. Kokkinakis bateu Basilashvili e recuperou de 0-2 em sets para vencer o seu compatriota Tomic, ao passo que Coric levou de vencida Querrey e Robredo em dois encontros muito disputados. Derrotas em 3 sets contra Djokovic (Kokkinakis) e Sock (Coric) em nada mancham o excelente desempenho destes dois jovens jogadores;
-O português João Sousa rubricou uma excelente prestação, vencendo facilmente Pospisil e tirando pela primeira vez na sua carreira um set a Andy Murray (ao sexto duelo entre ambos) e causando-lhe muitas dificuldades durante dois sets;
-Gael Monfils. O que se pode dizer acerca do Francês? A maneira como desperdiça o seu enorme talento com ténis ‘pouco inteligente’ pode deixar muitos irritados, mas a verdade é que os seus encontros são sempre espectáculos imperdíveis e esta semana não fugiu à regra.
Gael Monfis protagonizou até agora um dos melhores encontros do torneio. Fonte: Facebook Oficial de Roland Garros
Destaques negativos
-Grigor Dimitrov perdeu na 1ª ronda de Roland Garros pelo segundo ano consecutivo (Karlovic em 2014) sem sequer ganhar um set. Sock não era um adversário fácil, mas esperava-se bem mais de Dimitrov – que continua a mostrar-se incapaz de corresponder às expectativas que muitos têm dele;
-Garcia-Lopez tinha chegado à 4ª ronda o ano passado e parecia ter um quadro bastante favorável este ano, mas uma surpreendente derrota na primeira ronda contra Steve Johnson em 5 sets acabou com o seu torneio;
-Verdasco registou uma das piores derrotas da sua carreira, ao perder contra Benjamin Becker – apesar de ganhar dois sets por 6-0 e 6-1 -, um dos piores jogadores de terra batida do circuito;
-Bautista Agut foi dizimado por Rosol na segunda ronda – 6-4 6-2 6-2 – e vai assim abandonar o top 20 do ranking mundial após o torneio.
-Berdych perdeu pela primeira vez este ano contra um jogador fora do top 10 mundial, rubricando uma exibição muito frouxa contra Tsonga na quarta ronda, se bem que se especula com uma lesão nas costas o possa ter afectado nesse encontro.
Maior surpresa – De longe a vitória de Becker sobre Verdasco, dado a superfície. Algumas casas de apostas ofereciam odds de 20 numa vitória do alemão.
Melhor encontro – A vitória de Monfils contra Pablo Cuevas – um daqueles encontros ‘loucos’ que só pode mesmo acontecer com o Francês. O encontro parecia ganho por Cuevas a meio do quarto set, mas do nada Monfils começou a jogar um ténis sublime e deu a volta ao resultado.