1.
Rúben Amorim (Sporting CP) – O meu primeiro lugar vai para um homem que, há menos de seis meses atrás, nem sequer estava a treinar ao mais alto nível (tanto que ainda nem sequer tem a graduação necessária para tal). Porém, acho que vai ser a nossa próxima “coqueluche”, em termos de treinadores, nos próximos anos. Vou até mais longe: o Sporting CP foi muitíssimo inteligente em ter “pago” os 10 milhões pelo técnico que estava no SC Braga. Estamos a falar de uma aposta de futuro e de passar à frente da concorrência direta. O facto de ele ter aceitado é que me causa mais desconforto, porque não acho que o Sporting CP tenha a estrutura necessária para fazer singrar seja quem for.
Considero que aprendeu muito com Jorge Jesus. Ter como “modelo” um treinador que tanto admiro e que tem muita qualidade pode ajudar a explicar o seu sucesso. Em cima disto tudo, o facto de me transmitir uma ideia de que é mais equilibrado no controlo das suas emoções do que o treinador do Clube de Regatas do Flamengo diz muito sobre a sua postura, e pode até transmitir mais “tranquilidade” ao plantel.
O seu 3-4-3 preferido – se quiserem, 5-4-1 em processo defensivo – é um modelo que não vemos assim tantas vezes em solo nacional, o que demonstra que monta as equipas com um cunho muito próprio e uma tremenda vontade de trazer coisas novas ao nosso panorama desportivo, com intérpretes tantas vezes acusados de não inovar (o que eu discordo).
Parece ter ido “beber” inspiração à escola italiana, mas com algumas nuances: enquanto que os transalpinos privilegiavam a consistência defensiva com esta tática, Ruben Amorim parece privilegiar o ataque, através de uns alas sempre mais ofensivos do que defensivos, defesas que saibam sair a jogar com a bola nos pés e extremos que aparecem na área para finalizar. Aliás, assim que chegou ao Sporting CP, vindo de Braga, colocou logo a sua tática à prova. Apesar de ter sido contra um adversário com muitas fragilidades e que viu dois cartões vermelhos, passou com distinção. Onde tem de melhorar é precisamente na consistência defensiva, algo que vai acontecer nos próximos tempos, penso eu.
É certo, o plantel do SC Braga está bem composto para este ano, mas quem ganha a FC Porto (2x), Sporting CP (2x) e SL Benfica (1x) no espaço de um mês e meio (para competições diferentes) é treinador de equipas grandes, e vai-se tornar ainda melhor.
Nota: Há mais treinadores sobre os quais gostaria de falar, mas o top que idealizei tinha só cinco integrantes. Então tive de deixar João Pedro Sousa, Vítor Oliveira ou João Henriques, que também admiro, de fora.
Artigo revisto por Mariana Plácido