Pedro Soares Gonçalves abordou o crescimento do futebol angolano. Treinador português destacou os cerca de 50 jogadores profissionais a atuar no estrangeiro»
Numa conversa com o Bola na Rede, Pedro Soares Gonçalves, treinador da seleção principal de Angola expôs em números o crescimento do futebol angolano: são hoje mais de 50 jogadores a atuar no estrangeiro, tanto em Portugal como no resto do mundo.
Além de Pedro Bondo, reforço do Sporting para a próxima temporada, e da comitiva angolana que encanta no Estrela da Amadora, vários são os jogadores internacionais angolanos a atuar em Portugal.
Kadú, guarda-redes formado no FC Porto, transferiu-se recentemente do FC Alverca para o FC Oliveira do Hospital. Um percurso na Liga 3 que, segundo Pedro Soares Gonçalves encontrou «uma liga competitiva que puxa por ele e lhe permite alimentar o sonho de continuar estar na seleção de Angola».
Beni Mukendi, médio que chegou ao Casa Pia AC em janeiro é um dos jogadores da nova formada dos Palancas que se destacou em 2019 no Mundial Sub-17. Para Pedro Soares Gonçalves, o salto precoce para Portugal, onde assinou pelo CD Trofense é uma prova da «regularidade e consistência apreciadas por toda a gente».
Quanto a Nélson da Luz, virtuoso extremo do Vitória SC, apesar do passado na seleção angolana é, neste momento, uma carta fora do baralho dos elegíveis para vestir a camisola dos Palancas.
«O Nélson nem sempre teve a melhor atitude na seleção e neste momento, quase por autoexclusão, não faz parte da bolsa de selecionáveis. A maturidade chega, a visão da vida muda e a minha expectativa é que o Nélson tenha uma diferente perspetiva da vida. Se alinhar com o nosso compromisso pode voltar a estar em consideração, mas, neste momento, pelo comportamento que teve não faz parte dos jogadores passíveis de convocar», explicou Pedro Soares Gonçalves.
Quanto aos jogadores que levam as cores angolanas aos quatros cantos do mundo, Pedro Soares Gonçalves destacou a mudança «do panorama e nas perspetivas de carreira» dos jogadores angolanos que agora têm «ambição de jogar ao mais alto nível». Entre estes, destacam-se, a título de exemplo, dois jogadores com muitos minutos na Serie A – M’Bala Nzola, avançado do Spezia Calcio 1906 que está no radar da AS Roma, e Zito Luvumbo, extremo titular indiscutível do Cagliari Calcio – e em Inglaterra, onde Lucas João brilhou nos últimos anos.
«Depois do Reading FC, o Lucas João está sem clube. Terminou o contrato e está em negociações, mas é importante resolver a situação o quanto antes. Ele é soberano para decidir o melhor para a careira, mas como conselheiro prefiro que esteja integrado para fazer a pré-época e que inicie a época a competir», salientou Pedro Soares Gonçalves que espera ter o goleador bem conhecido do público português em forma para o encontro decisivo de Angola no apuramento para a fase final do Campeonato Africano das Nações.
Pelo Médio Oriente atuam também dois dos maiores nomes do futebol angolano: Gelson Dala (Al Wakrah SC, Catar) e Hélder Costa (emprestado em 2022/23 pelo Leeds United FC ao Al Ittihad FC da Arábia Saudita).
«Os jogadores têm de olhar pelas suas carreiras, pelas suas famílias, pelo pós-jogador profissional e respeitamos a decisão deles. O Gelson entendeu ter uma boa oportunidade de carreira no Catar, financeiramente é o critério mais importante neste momento, mas com influência do ponto de vista desportivo. Apesar de ser um campeonato com qualidade, não é competitivo ao nível que nós desejaríamos e é algo distante de Angola, criando algumas dificuldades em viagens. O Gelson Dala é um talento e um dos meninos queridos do futebol angolano que se destaca pela qualidade técnica, pela capacidade de finalização e pela visão de jogo. Tem capacidade para atuar em campeonatos mais competitivos, mas respeitamos a decisão do jogador», afirmou Pedro Soares Gonçalves sobre o jovem que foi visto em Alvalade como uma grande promessa do clube.
Se a Arábia Saudita «é uma porta de entrada para os jogadores angolanos», Pedro Soares Gonçalves não deixou de identificar duas limitações do campeonato do país: «as altas temperaturas que levam a horas de jogo impróprias para o alto rendimento, com impacto ao longo do tempo» e a «décalage entre os jogadores estrangeiros e os jogadores árabes, ainda não há muitos a alto nível competitivo como vimos recentemente em Portugal».
O treinador angolano levantou ainda um pouco do pano sobre o futuro de Hélder Costa: «tanto quanto sei continuará na Liga Saudita, possivelmente não no mesmo clube», sentenciou o treinador da seleção angolana.
Lê aqui as declarações de Pedro Soares Gonçalves sobre os quatro jogadores angolanos do Estrela da Amadora e sobre a contratação de Pedro Bondo para o Sporting CP.
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