Feminino
100 METROS
Há três grandes favoritas e por isso pode ser tentador dizer que os lugares do pódio serão todos ocupados por elas, mas sabemos que o Atletismo não funciona assim. Elaine Thompson (JAM) e Shelly-Ann Fraser-Pryce (JAM) são as líderes do ano (10.73 nos Nacionais Jamaicanos) e deverão ter um pequeno grau de favoritismo em relação a Dina Asher-Smith (GBR), que mesmo assim venceu a final da Diamond League, derrotando Fraser-Pryce. Ainda não se sabe se Asher-Smith terá o que é preciso para correr em 10.7, caso isso seja necessário para vencer, mas desde os Europeus de Berlim que sabemos que ela não tem medo de grandes palcos e que vai à procura de melhorar os seus recordes pessoais nos 100 e nos 200.
Marie-Josée Ta Lou (CIV) que alcançou duas Pratas em Londres é também uma forte candidata às medalhas, existindo muita curiosidade para perceber o que a atual campeã mundial, muito afetada por lesões, Tori Bowie (USA) poderá trazer para Doha. Há ainda dúvidas se a jovem promessa, Briana Williams (JAM), poderá competir por estar envolvida num caso de doping (alegadamente acidental).
200 METROS
A prova fica, de certa forma, marcada pela ausência de Shaunae Miller-Uibo (BAH), a grande dominadora da distância que se viu obrigada a escolher apenas os 400 por conflitos de calendário. Será preciso uma grande marca para esquecer essa ausência e essa pode bem vir de Dina Asher-Smith (GBR), que no ano passado já correu em 21.89s. As jamaicanas terão também uma palavra a dizer. Elaine Thompson (JAM) é geralmente mais forte do que Fraser-Pryce (JAM) nesta prova, mas parece longe dos tempos em que correu em 21.66s. Ta Lou (CIV) volta a ser candidata às medalhas e a campeã mundial, Dafne Schippers (HOL), pondera apenas fazer esta distância em Doha, assumindo uma aposta total na sua melhor prova.
400 METROS
Será um grande duelo entre Shaunae Miller-Uibo (BAH) e Salwa Eid Naser (BHR). Miller-Uibo, apesar de tudo, tem o favoritismo, ao ter já baixado dos 49 segundos, mas atenção que Naser aproximou-se muito dessa marca no ano passado no Mónaco (49.08s). Será que iremos ter duas atletas a baixar dos 49 segundos na mesma prova? Seria fantástico. As duas não se têm enfrentado muito (no circuito da Diamond League, Miller-Uibo tem dado preferência aos 200 metros), tendo apenas se encontrado uma vez nos últimos dois anos (na épica prova do Mónaco), pelo que as expectativas são enormes. Como candidatas ao Bronze, teremos vários norte-americanas, entre elas a campeã mundial, Phyllis Francis, e jamaicanas com o destaque a ir para Shericka Jackson).
800 METROS
Este é agora um novo evento, com a nova regulamentação para atletas com elevados níveis de testosterona. Caster Semenya, Francine Niyonsaba e Margaret Wambui não estarão mais por aqui e o lote de favoritos é agora encabeçado pela norte-americana Ajee Wilson, que foi Bronze em Londres. Entre outras candidatas, temos Natoya Goule (JAM), Lynsey Sharp (GBR), Eunice Sum (KEN) e duas outras norte-americanas, Raevyn Rogers (USA) e Hanna Green (USA). Não se espere também uma prova tão rápida. Wilson é rápida, mas não é Semenya e os 800 metros deverão agora voltar a ser uma prova de estratégias diferentes, ao contrário dos últimos anos, que tem sido basicamente um contra-relógio.
1.500 METROS
Chegou a ser perspetivado como um dos grandes eventos dos campeonatos, mas tem sofrido baixas atrás de baixas e está agora muito em aberto. Faith Kipyegon (KEN) é a campeã mundial, mas fez apenas duas provas este ano (oitava melhor em 2019), pelo que não se sabe em que forma estará em Doha. Laura Muir (GBR) é outra favorita que lida com problemas de lesões e está até em dúvida para os Mundiais. Sifan Hassan (HOL) ainda não decidiu se fará a distância (é opção também nos 5.000 e 10.000) e Genzebe Dibaba (ETH) será uma baixa confirmada por lesão.
No melhor cenário, a única baixa até pode ser apenas Dibaba (que nada fez em Londres, verdade seja dita…), mas há ainda muitas dúvidas entre as favoritas. Na segunda linha, há várias fortes candidatas à espreita. Entre elas, constam nomes como Gudaf Tsegay (ETH), Konstanze Klosterhalfen (GER), Shelby Houlihan (USA) ou Jenny Simpson (USA).