Mundiais de Atletismo – Guia para Doha 2019 #2: Aqueles que ambicionam o topo do Mundo

    400 METROS BARREIRAS

    Para muitos este será o evento dos Campeonatos. Não temos dúvidas de que a qualidade será muita e que poderemos ver, pela primeira vez na história, três atletas abaixo dos 47 segundos numa prova. Isto se Abderrahman Samba (QAT) se apresentar em Doha nas melhores condições, depois de ter sofrido lesões na segunda metade da temporada.

    Esse facto faz com que Karsten Warholm (NOR) e Rai Benjamin (USA) partam com um ligeiro favoritismo para Doha, sendo que os dois já fizeram história este ano ao estarem na primeira prova, em que ambos baixaram dos 47 segundos (pode também dizer-se que Benjamin foi o segundo classificado mais rápido de sempre). Warholm saiu por cima na final da Diamond League em Zurique, com uma marca de 46.92 (o segundo tempo mais rápido de sempre) e tem também a experiência de já ter importantes títulos no bolso, incluindo o título mundial desta disciplina em Londres. Rai Benjamin em Zurique correu em 46.98s, marca que também é o melhor pessoal de Abderrahman Samba.

    Três dos quatro atletas mais rápidos de sempre, três dos únicos quatro que baixaram dos 47 segundos estarão em Doha e isso só poderá significar que teremos um grande espectáculo. O recorde de Kevin Young (46.78s) pode ainda parecer distante, mas não é bem assim. A segunda melhor marca da carreira de Young foi 47.18s, pelo que, olhando para as marcas que o trio que estará em Doha já fez, os 46.7s são perfeitamente realistas. O atual recorde mundial dura desde os Olímpicos de Barcelona, em 1992.

    SALTO EM ALTURA

    Estes pareciam ser os campeonatos ideais para Mutaz Essa Barshim tentar o recorde mundial e ser campeão mundial em casa. Infelizmente, a estrela do Qatar lesionou-se a meio da temporada passada e só regressou à competição em Julho deste ano, não apresentando ainda os níveis habituais. Ainda assim, pode até lutar pelo Ouro, pois o nível da Altura tem sido relativamente baixo, sem termos um atleta a destacar-se. O ranking é liderado por Maksim Nedasekau (BLR), que saltou 2.35m já neste mês.

    Depois há 20 atletas cujos melhores resultados este ano estiveram entre 2.30 e 2.33 metros, o que demonstra bem o quão nivelada (infelizmente alguns centímetros abaixo do que gostaríamos) está a Altura. Ilya Ivanyuk (RUS), Andriy Protsenko (UKR), Majd Ghazal (SYR), Bohdan Bondarenko (UKR), Brandon Starc (AUS) ou Yu Wang (CHI) são nomes a considerar, mas apostar num vencedor é praticamente uma aposta cega.

    SALTO COM VARA

    Aqui espera-se uma excelente competição com a participação dos grandes nomes do momento. Cinco dos integrantes da casa dos 6 metros estarão em Doha e entre eles dividem o favoritismo. Sam Kendricks (USA) é o atual campeão mundial e é também o líder mundial desta temporada com um novo recorde pessoal de 6.06 metros. Para voltar a vencer tem que bater, por exemplo, Renaud Lavillenie que nunca saltou tão alto ao ar livre (6.05 como melhor), mas que detém o recorde mundial da Vara, pois em Pista Coberta já saltou a 6.16 metros! Lesões têm afetado um pouco a sua temporada e vê-lo com o Ouro seria uma surpresa.

    Tal como seria se víssemos Thiago Braz da Silva (BRA) com essa medalha. É campeão olímpico, mas desde aí tinha estado praticamente desaparecido até saltar 5.92 metros no Mónaco este ano. A nossa aposta é que o Ouro cairá para Kendricks, Lisek ou Duplantis. Piotr Lisek (POL) foi durante muito tempo o líder da temporada (6.02 metros como novo recorde pessoal), mas parece em queda e não tem mais demonstrado essa forma desde o meeting do Mónaco. Já o jovem Armand Duplantis (SWE) tem feito uma época regular e já provou que adora grandes palcos, como quando nos Europeus de Berlim saltou incríveis 6.05 metros. Será muito bom.

    SALTO EM COMPRIMENTO

    Parecia que poderia ser um dos eventos do ano, mas, verdade seja dita, não tem estado ao nível das expectativas. Claro que todos esqueceremos isso se Juan Miguel Echevarría (CUB) e Luvo Manyonga (RSA) forem a Doha brilhar. Echevarría já deu um ar da sua graça na final da Diamond League de Zurique quando saltou 8.65 metros, mais 25 centímetros do que qualquer outro atleta dos presentes saltou este ano! Manyonga tem feito uma época abaixo do esperado, ainda tendo como melhor “apenas” 8.37 metros.

    O Comprimento é uma das disciplinas mais complexas para repetir picos de forma e percebe-se que a aposta esteja toda nestes Mundiais. Entre outros candidatos a medalhas temos o campeão olímpico Jeff Henderson (USA), o campeão europeu Miltiadis Tentoglou (GRE), Tajay Gayle (JAM) ou Shoutarou Shiroyama (JAP), que progrediu 39 centímetros este ano (já vai em 8.40m)!

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.