Sonho do Olimpo #4: O primeiro ouro feminino que salvou a pátria

    A SALVADORA DA PÁTRIA

    Rosa Mota, portuense de gema, viajou até Seul e susteve nas costas o peso da nação conseguindo o tão desejado ouro, sendo que, em adição, a portuguesa tornou-se a primeira mulher lusa a conquistar uma medalha de ouro numa prova olímpica.

    Depois de «banhada» em bronze», e do bom prenúncio deixado em Los Angeles nos jogos de 1984, a expectativa era imensa para os Jogos de Seul, e Rosa Mota não deixou Portugal ficar mal. A comitiva de atletismo, que curiosamente até vivia tempos auspiciosos: Carlos Lopes, em Los Angeles, já havia conseguido o ouro. Quatro ano depois, Rosa Mota repetiu o feito, desta feita, no lado feminino.

    Rosa Mota fez história com 30 anos de idade
    Fonte: COP

    Ainda assim, nem tudo foi bom (ou bonito) até à maratona de Seul. Os desagrados entre Rosa Mota, José Pedrosa e a Federação Portuguesa de Atletismo, nomeadamente com Fernando Mota, na altura diretor técnico nacional, acabaram por ficar muito famosos…E com isto, a presença nos Jogos Olímpicos de Seul chegou a estar em perigo, o que obrigou mesmo à intervenção do ministro da Educação – Roberto Carneiro.

    A origem do problema esteve na ausência de Mota no Mundial de 15 Km em estrada, uma vez que a atleta e o seu treinador entenderam que seria negativo participar na competição dois meses depois da maratona do Mundial de Roma’87 (que ganhou) e em época de Jogos Olímpicos. A Federação não concordou com a decisão e acabou por suspender a atleta. Apesar disso, os problemas não inflacionaram o desempenho da atleta, que acabou por fazer uma feitura para nunca esquecer em Seul.

    Reveja aqui a corrida histórica de Rosa Mota

    Voltemos ao ponto central do artigo. Foi uma super Rosa Mota – na defesa dos seus títulos de campeã europeia e mundial – que não deixou escapar o ouro para ‘pernas alheias’. Com este resultado histórico, a portuense transformou-se então na primeira portuguesa a ganhar um título olímpico, que reforçou (e de que maneira) o estatuto épico desta vitória.

    Rosa Mota, como referido, chegou aos Jogos Olímpicos de Seul com uma enorme pressão, já que as vitórias portentosas que havia conseguido nos Europeus e Mundiais anteriores levavam a crer que o único resultado desejável seria o Ouro. E assim concretizou-se. O esforço da atleta foi recompensado, e de relembrar, Mota ultrapassou a temível Katrin Doerre, que somava 13 vitórias em 16 competições na altura da competição.

    Uma corrida histórica que ficou marcada no quilómetro 38. Foi uma luta até ao fim, com as principais favoritas na maratona a correrem ao lado da portuguesa, mas…eis que aparece o momento do golpe final: no quilómetro 38 a portuguesa isolou-se e conseguiu uma subida ao topo, que ficará para sempre marcada na história dos Jogos Olímpicos, e principalmente, na história do atletismo feminino.

    É caso para dizer que Rosa Mota foi verdadeiramente a «salvadora da pátria», numa prova olímpica que apenas deixa saudades pela prestação incrível da atleta portuguesa.

     

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    Diogo Silva
    Diogo Silvahttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo lembra-se de seguir futebol religiosamente desde que nasceu, e de se apaixonar pelo basquetebol assim que começou a praticar a modalidade (prática que durou uma década). O diálogo desportivo, nas longas viagens de carro com o pai, fez o Diogo sonhar com um jornalismo apaixonado e virtuoso.