As maiores lições aprendidas em 2022 | Ciclismo

    4. O ciclismo espanhol está (quase) de volta

    Um dos tópicos quentes da última década disse respeito à sucessão no ciclismo espanhol, a quem ia suceder ao tridente de Alberto Contador, Joaquim Rodríguez e Alejandro Valverde como os nomes grandes do ciclismo. A Espanha é um país com tradição enorme no ciclismo sendo que este “tridente” já era sucessor de nomes como Miguel Indurain, Roberto Heras e “Perico Delgado”.

    Contudo, por volta de 2015, era notório que estes três nomes, mesmo já numa idade avançada eram os nomes maiores do ciclismo espanhol e que nenhum outro ciclista espanhol se aproximava do seu nível, sobretudo em corridas de três semanas. O mais próximo era Samuel Sanchéz e pertencia à mesma geração.

    Foram surgindo nomes como Ion e Gorka Izagirre, Jesús Herrada e Omar Fraille, capazes de ganhar etapas e fechar top 10 em grandes voltas, vencer corridas de uma semana, mas que nunca foram capazes de disputar um lugar no pódio em qualquer grande volta nem de repercutir sucessos com a mesma dimensão que outros nomes históricos do ciclismo espanhol.

    O mesmo pode ser dito sobre Mikel Landa. O ciclista basco fez pódio por duas ocasiões na Volta a Itália (em 2015 e em 2022), corrida na qual também levou para casa a classificação da montanha em 2017. O seu estilo atacante, persistente e sob a égide de uma aparente perspetiva de “tudo ou nada” levou mesmo à criação do conceito de “Landismo”.

    Todavia, o “Landismo” nunca se materializou em grandes vitórias no que a classificações gerais diz respeito, ainda que efetivamente tenha criado uma certa imprevisibilidade em corridas que, caso contrário, teriam sido completamente monótonas (ver Tour 2017)

    Aos 33 anos, Landa continua a ser um ciclista capaz de lutar pela vitória em grandes corridas, mas durante vários anos foi um caso praticamente isolado e mesmo assim níveis abaixo de nomes como Christopher Froome, Primoz Roglic e Tadej Pogacar.

    A partir de 2018, o ciclismo espanhol passava a contar com mais um grande nome: Enric Mas consolidava o estatuto de maior promessa do ciclismo castelhano, ao ficar em segundo da Vuelta, no ano de 2018, com apenas 22 anos. A ligação pessoal entre Alberto Contador e Enric Mas sempre foi conhecida, com o “Pistoleiro” a apontar o jovem espanhol como seu sucessor.

    Mas ficava assim com uma fasquia muito elevada à qual, até hoje, nunca foi capaz de corresponder na totalidade. Três vezes vice-campeão da Volta a Espanha, segundo também na Volta à Lombardia, tem também duas presenças no top 5 final da Volta a França. Com 26 anos, é um ciclista com um futuro ainda muito promissor pela frente, mas o público espanhol foi sempre bastante incisivo no que a apontar as falhas de performance de Mas diz respeito.

    Foi preciso chegar a 2022 para que uma nova onda promissora de talento espanhol começasse a emergir: entram em cena Carlos Rodríguez e Juan Ayuso. Rodríguez está na INEOS desde 2020, e em 2021 ficou na segunda posição do Tour de l’Avenir, depois de uma exibição de luxo na última etapa com chegada em alto no Col du Petit Saint Bernard.

    2022 foi mesmo o ano de explosão para o ciclista de Almuñécar. Ganhou a 5ª etapa da Volta ao País Basco, sagrou-se campeão espanhol de fundo e esteve na luta pelo pódio da Vuelta até bem perto do final, quando uma queda na etapa 18 acabou por lesionar o espanhol da INEOS, acabando por ficar apenas na sétima posição.

    Juan Ayuso chegou ao World Tour com apenas 19 anos, depois de ter feito o que queria, praticamente, das corridas de juniores em Espanha, ao serviço da Bathco Cycling Team. Logo em 2021, a UAE Team Emirates viu logo o potencial de Ayuso, que também teve em 2022 o primeiro grande ano de afirmação e de forma clara, logo com um pódio na Vuelta, na primeira grande volta que fez e para a qual nem sequer partiu como líder, mas sim como um gregário de João Almeida. A isto junta também top 5 na Volta a Romandia e na Volta à Catalunha.

    Dois ciclistas fenomenais que em conjunto com Enric Mas prometem trazer de volta uma expressividade espanhola na luta por grandes vitórias, seja em corridas de três semanas ou de apenas um dia.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.