5 heróis improváveis no dérbi SL Benfica x Sporting CP

    5.

    Abdel Sabry (1999-2000, 33ª Jornada da Primeira Liga) – Corria o campeonato a favor do Leão, com o título quase no bolso, faltando uma vitória de confirmação a duas jornadas do fim. Augusto Inácio, que tinha assumido a equipa com a época em andamento, conseguiu criar dinâmica positiva e o plantel correspondeu com vitórias em catadupa, sobressaindo especialmente o rendimento superlativo de Acosta, olhado com reticências depois duma época de estreia insuficiente.

    No outro banco sentava-se Jupp Heynckes, técnico de classe mundial, mas sem ovos para construir uma super-equipa à sua maneira, como o Real Madrid, campeão europeu em 1998. O seu Benfica não era super, era equipa que seguia aos solavancos no último lugar do pódio e pouco mais podia acrescentar em contas de campeonato.

    Ainda assim, o alemão acreditava na capacidade da equipa em estragar a festa adversária, curiosidade que Inácio confidenciou em Abril último à SportTV: “Antes do jogo, fomos almoçar os dois ao Solar dos Presuntos. Tudo na desportiva. Ele tinha-me dito: ‘Vais perder, mas vais ser campeão’. No jogo, a tática dele foi estranha, colocou titulares no banco e jogou à retranca. Nos primeiros 20 minutos só deu Sporting. Quando vi que não íamos marcar, pensei: ‘Queres ver que este malandro, num contra-ataque, vai-me estragar a festa?’. O que é certo é que o Sabry marcou, num livre. No final, ele disse-me: ‘Eu disse-te que ganhávamos… Mas vais ser campeão na mesma, porque mereces”.

    Ora, foi Sabry o grande herói de um jogo disputado num Alvalade em clima de festa, onde a presença do Benfica, como visitante, apimentava a celebração dos adeptos leoninos, sedentos de títulos depois de 18 anos de impaciente espera.

    Acontece que a equipa não correspondeu à histeria geral, que nem um dilúvio vindo dos céus ajudou a dissipar: todos davam por garantidos os três pontos, acreditavam que a sua equipa era melhor e frustrados foram ficando à medida que os minutos de jogo passavam e o resultado se mantinha inalterável, num zero a zero chato. O Benfica esperava retraído, sossegado na rectaguarda e sem grandes ganâncias.

    Sabry, gingão fantasista à moda antiga, só entra aos 50’ para liderar os contra-ataques e aproveitar brechas na defensiva adversária, balanceada cada vez mais para a frente. É numa destas situações, já na entrada para o período complementar, que João Tomás é rasteirado junto à linha da grande área. Sabry assume, levanta a gola, beija a bola e mete-a em arco sobre a barreira, deixando Schmeichel e todo os que estavam no estádio pregados ao chão, adiando a grande celebração verde-e-branca e obrigando a mais uma semana de espera, até à vitória em Vidal Pinheiro por 4-0.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.