«O que o Sporting fez comigo foi uma falta de respeito» – Entrevista BnR com Jefferson

    De Lugano, recebe-nos com um “fala, fera”, convidando-nos a juntar-nos à alcateia, ou não estivéssemos a falar com um leão. Natural da “Terra das Esmeraldas”, no coração da Bahia, fez-nos palpitar por voltar a vê-lo jogar e a manejar a bola como se de uma pedra preciosa se tratasse. Do Brasil, onde Deco lhe revelou o motivo da saída do Barcelona, a Portugal, país no qual conheceu o sabor agridoce da nossa gastronomia futebolística, pouco ficou por dizer. Na Suíça, a ocasião fez o ladrão e tem roubado a atenção dos que desconheciam o seu talento, apesar de “ainda não ter saído aquela banana”, fruto de quase um ano parado. Que se levantem as cortinas, pois o palco do Bola na Rede é de Jefferson Nascimento!

    Nota do autor: por opção editorial, a entrevista manteve parte da variante da língua portuguesa português brasileiro.

    – Muda de vida se tu não vives satisfeito –

    “Foi uma sacanagem o que me fizeram no Sporting”

    [A entrevista foi realizada a 16 de julho, um dia após o clássico que opôs FC Porto a Sporting]

    Bola na Rede: Viste o jogo, ontem?

    Jefferson: Cara, vi pouco. Fui vendo a primeira parte, mas depois deu um problema no meu telemóvel e o site não estava dando.

    BnR: Horas antes tiveste jogo contra o Thun.

    J: Exato, mas não joguei.

    BnR: Eu sei. Empataram 1-1.

    J: Nossa! Foi um resultado muito ruim para a gente…

    BnR: Porque assinaste pelo Lugano?

    J: A escolha pelo Lugano foi porque aconteceram várias situações que eu acho que todo o mundo sabe (…) a minha saída do Sporting foi um pouco turbulenta.

    Fonte: Facebook de Jefferson

    BnR: Já lá vamos.

    J: E surgiu o Lugano. Surgiram também propostas para voltar para o Brasil.

    BnR: Do Vasco da Gama e do Botafogo?

    J: Fiquei a saber que sim.

    BnR: O Professor Jesualdo também te queria levar para o Santos?

    J: Sim. No entanto, com a pandemia, tudo parou; o Lugano procurou-me e fez o convite. Lógico que não ia deixar passar esta oportunidade, de voltar ao mercado de novo. Os clubes achavam que eu estava machucado e vir para a Suíça foi bom para mim, porque voltei a treinar em equipa e a impulsionar novamente o meu futebol.

    BnR: O motivo pelo qual estiveste tanto tempo parado foi por pensarem que estavas lesionado?

    J: Sim, nunca foi por opção minha. Tanto que, quando saí do Sporting, não tive a malícia de perceber que foi uma sacanagem o que me fizeram: quando rescindi, foi depois do dia 31 de agosto, quando a janela fecha para todo o mundo, praticamente. Eu achava que podia ser inscrito em qualquer lado, por ser um jogador livre; foi falha minha e má-fé deles. Foram muitos anos a dar o meu melhor pelo clube e podiam ter-me dito algo do género “Olhe, você vai ficar sem jogar até dezembro, então pense bem”, mas não houve isso.

    BnR: Da tua parte havia disponibilidade para continuar no Sporting até dezembro?

    J: Sim, tinha mais um ano de contrato!

    BnR: Já recuperaste a melhor forma?

    J: A gente nunca está a meio, sempre quer dar mais! Tenho de saber gerir o esforço, porque um ano sem jogar não é fácil. O corpo já estava desabituado, então treino muito forte, jogo quarta-feira e domingo. Com certeza vou acabar a época em grande e o velho Jefferson está de volta.

    BnR: É a tua primeira experiência num país não lusófono. Como tem corrido?

    J: Está sendo top! Uma experiência nova e muito mais positiva do que pensei por, aqui, o pessoal falar italiano; dá para entender algumas coisas e, se todos os dias der uma estudada e conviver com as pessoas, aprende-se mais rápido. Se fosse alemão… estava perdido.

    BnR: Chegaste à Suíça em pleno período de pandemia.

    J: Tomamos cuidado, na medida do possível. Usamos máscara quando vamos ao supermercado e a outros lugares fechados, mas a galera aqui (…) os cafés estão todos lotados, o lago e o centro estão sempre cheios… o pessoal está meio tranquilo em relação ao coronavírus.

    BnR: Já te reconhecem na rua?

    J: É engraçado perguntares isso porque, há dias, estava sentado no café e veio um português: “Então, Jefferson! O que está a fazer por aqui? Está perdido?”. “Vim para cá jogar”, disse-lhe. “Então boa sorte, sou sportinguista”. Alguns brasileiros também me reconhecem e até os próprios suíços dizem “Aquele jogador do Lugano, bom jogador”. É bom voltar à atividade, ser reconhecido e não perder a alegria de jogar futebol.

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    Miguel Ferreira de Araújo
    Miguel Ferreira de Araújohttp://www.bolanarede.pt
    Um conjunto de felizes acasos, qual John Cusack, proporcionaram-lhe conciliar a Comunicação e o Jornalismo. Junte-se-lhes o Desporto e estão reunidas as condições para este licenciado em Estudos Portugueses e mestre em Ciências da Comunicação ser um profissional realizado.                                                                                                                                                 O Miguel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.