– Guerreiro no Minho –
“O Braga não deixa a desejar em nada em relação ao Sporting”
BnR: Em 2017/2018, acabas por ser emprestado ao Sporting de Braga, fazendo parte do negócio que levou Rodrigo Battaglia para Alvalade. Agradou-te esta cedência?
J: Sim, também foi uma decisão minha. O António Salvador ligou-me e eu aceitei logo, porque precisava de jogar. No segundo ano com Jorge Jesus, fiz muito menos jogos (…) como é que posso dizer isto? Houve outras situações das quais só eu tenho conhecimento… mas que também aconteceram com outros jogadores. Então fui para um time bom, com um bom treinador – que também me ligou para me convencer – e fui muito feliz em Braga.
BnR: Acabas por fazer quase 40 jogos, naquela que foi a tua temporada mais profícua. Querias ter continuado em Braga?
J: Gostava muito, porque tinha feito uma excelente época, em que batemos diversos recordes. O Abel perguntou-me se gostava de continuar, eu disse-lhe que sim e o António Salvador fez uma proposta ao Sporting, mas não se concretizou e voltei. Quando cheguei, disse ao José Peseiro “Mister, quero sair”. “Não, tu comigo vais jogar, porque gosto das tuas características”, disse-me. O resto já se sabe.
BnR: Tendo vivido por dentro ambas as realidades, consegues estabelecer uma comparação entre Sporting e Sporting de Braga?
J: O Sporting de Braga não deixa a desejar em nada em relação ao Sporting CP. Digo-te com toda a certeza. A estrutura do Sporting de Braga não permite confusões e não sai matéria para os jornais, ao contrário do Sporting, que é uma bagunça danada; é certo que a massa adepta sportinguista é muito maior que a do Braga, mas não justifica tudo. E as condições em Braga eram top, o centro de treinos, o estádio, a cidade…
BnR: Está na ordem do dia a justiça de uma eventual convocatória de Paulinho e Ricardo Horta para a Seleção Portuguesa. Qual é a tua opinião sobre estes dois jogadores?
J: Qualquer jogador que está num clube grande a fazer um grande campeonato tem de ser selecionável. No caso do Horta, continuo até hoje sem perceber o porquê de ainda não ter tido uma oportunidade: pelo jogador que é, pelos golos que marca… esta época já tem mais de 20 golos [23]. Que lhes deem uma chance de, pelo menos, ir lá e mostrar o seu valor. Há vários jogadores que fazem menos e estão sempre nas convocatórias; às vezes nem jogam e vão porque são representados por fulano tal.
BnR: É inevitável falar-te da invasão a Alcochete. O que quero perguntar-te é como é que um Homem, à distância, lida com a notícia daquele acontecimento.
J: Foi um acontecimento muito estranho. Quando soube, fiquei muito chateado. Tive o livramento de não estar lá, porque eu sou um cara muito esquentado e não sei o que poderia acontecer. O meu pai dizia-me “se você apanha na rua, você vai apanhar em casa”. Se os adeptos querem criticar e fazer barulho tem de ser no estádio, não têm que ir à nossa casa ou partir o nosso carro; isso não vai adiantar nada!
BnR: Recentemente passou-se algo semelhante com no Benfica.
J: Não vai adiantar nada! Podem partir o carro dez vezes, que o seguro vai pagar dez vezes. Se nos ameaçarem, vão fazer o quê? Vão-nos matar? Fiquei mesmo muito triste e liguei logo aos meus colegas.
BnR: Como é que os encontraste?
J: Abaladaços! Alguns estavam machucados… é algo pelo qual não quero passar e tenho dó de quem tenha passado. É igual a você fazer o seu trabalho na redação e nós, que somos consumidores, não gostamos do que escreve e vamos partir o seu escritório. Não pode ser! E o pior é que mancha o clube, não os adeptos que foram lá! Quando havia momentos mais tensos enquanto estava no Sporting, eu dizia aos adeptos “Querem quebrar nossas pernas, fazer-nos sentir mal? Não vão ao estádio! É o pior castigo para os jogadores”.